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Prazer em julgamento
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Prazer em julgamento
E-book236 páginas3 horas

Prazer em julgamento

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Sobre este e-book

Lívia é uma psicóloga dedicada e tenente da aeronáutica. Vítima de um relacionamento abusivo no fim da adolescência, ela não se sente capaz de se relacionar de maneira saudável com outra pessoa. No entanto, um de seus primeiros pacientes é seu colega de farda Rodrigo Guerra, um piloto suspenso pelo comandante da base por arriscar sua vida e o equipamento com manobras ousadas demais no ar. Agora, ela não consegue evitar a eletricidade que percorre seu corpo toda vez que encontra Rodrigo, e o resultado dessa complexa relação entre terapeuta e paciente é imprevisível.
Prazer em julgamento, primeiro livro físico da escritora Nina Müller, fala da redescoberta da sexualidade e do prazer de uma mulher abalada pelos traumas do passado.
IdiomaPortuguês
EditoraEssência
Data de lançamento1 de ago. de 2017
ISBN9788542211689
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    Ansiosa pela história da Malu. Amei o livro muito romântico e ao mesmo tempo inspirador, parabéns ❤️

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Prazer em julgamento - Nina Muller

prazer.

1

Rodrigo

Meu relógio de pulso marcava quase oito horas, horário da minha consulta. Respirei fundo, maldizendo em pensamento os motivos que haviam me levado até ali. Não sabia o que tinha passado pela minha cabeça para infringir as normas da Força Aérea Brasileira (FAB). Logo eu, que sempre tinha sido tão responsável! Mas não adiantava reclamar. Eu teria que encarar minha advertência e fazer a análise psicológica que o coronel Eurico Correia havia exigido.

Eu estava absorto lendo aquela maldita documentação, quando ouvi barulho de salto alto batendo no chão. Levantei o olhar e vi uma garota caminhando, concentrada nos documentos que trazia nas mãos. Ela devia ter uns vinte e poucos anos, era bonita e baixinha. O cabelo castanho-claro estava preso em um coque, com alguns fios ligeiramente ondulados soltos. Os olhos amendoados eram castanho-escuros, a boca era bem desenhada e sensual, e o nariz, levemente arrebitado. Mesmo com o uniforme que vestia, pude ver que seus seios eram generosos. Analisei cada parte do corpo dela, e meu pau ficou duro imediatamente. E, se não bastasse o que já tinha visto, ela ficou de costas para mim. Meus olhos se fixaram em sua bunda, que balançava seguindo o movimento dos seus quadris.

A garota passou por mim deixando o rastro de seu perfume delicioso e me enlouquecendo de vez. Entretida com seus papéis, ela ignorou totalmente a minha presença e entrou na sala. Pisquei sem acreditar que aquela seria a minha psicóloga. Abri um sorriso ao pensar que essa análise não seria tão terrível como eu imaginava. Pelo contrário, poderia ser muito interessante.

Minutos depois, entrei na sala e me deparei com ela, que agora vestia um jaleco branco por cima do uniforme.

— Tenente! — A psicóloga se levantou rapidamente e bateu continência para mim.

Li seu nome em sua insígnia: tenente Lívia Maria Venturini. Encarei seu rosto e devolvi a continência no mesmo tom:

— Tenente!

— Bom dia! Por favor, sente-se. — Ela apontou para a cadeira diante de sua mesa, e eu me acomodei. — Eu sou a tenente Lívia Maria Venturini, sua psicóloga. — Enquanto ouvia, tentava processar o uso do pronome possessivo sua.

— Obrigado, tenente Venturini.

— Desculpe pelo atraso, eu ainda estou me acostumando com o trajeto do meu apartamento até aqui.

Sentei-me e olhei atentamente para ela. Seu rosto parecia familiar, então tentei buscar alguma recordação mais clara em minha memória. Não levei muito tempo para me lembrar da garota que pegou o buquê no casamento do meu primo e o entregou para mim. Era a Lívia.

— Tenente, você sabe o que eu fiz com as flores que me deu? — perguntei e ela ergueu a cabeça me olhando sem entender.

— Do que está falando?

— O buquê que você pegou no casamento do Conrado, lembra?

— Não sei do que está falando, tenente. Deve estar me confundindo com alguém. — Lívia corou e desviou os olhos para a papelada.

— Por que me deu aquele buquê? Não gostou das flores? — continuei com o tom zombeteiro.

— Elas me dão alergia — respondeu mudando rapidamente de assunto. — Podemos começar a sua análise, tenente? — indagou pegando a pasta de documentos, que com certeza continha os meus dados pessoais e profissionais.

— Claro que sim, tenente. — Dei um sorriso charmoso, e ela piscou sem graça.

Conforme lia o meu histórico, seus olhos se arregalavam. Não sabia se ela estava apavorada ou deslumbrada. A primeira suposição era a mais plausível e, ao terminar, Lívia me encarou com expressão de choque.

— Tenente Guerra… Rodrigo Guerra.

— Sim, sou eu! — Sorri, achando engraçado o modo como ela me olhava.

— Você é parente do juiz Eduardo Luís Guerra?

— Sim, sou primo dele. Vocês se conhecem?

— Não. Eu só o conheço de nome. — Ela baixou os olhos e voltou a analisar a minha ficha.

Desconfiei que Lívia estivesse mentindo, mas me contive e não perguntei nada. Lívia estava na festa de casamento do Conrado há alguns meses e me perguntei se ela era amiga da noiva. Ou talvez fosse amiga do Edu. Sabia que ele tinha se casado fazia quase um ano, mas eu estava em treinamento e não pude ir à cerimônia.

— Tenente, constam em sua ficha duas advertências e ambas por desobedecer a ordens durante as manobras de treino tático.

— Sim, tenente. Mas, veja bem, não foi desobediência.

— Foi o que então? Problemas em seguir ordens?

— Não, tenente! Nunca tive esse tipo de problema — respondi, já sem paciência. Santo Deus! Eu precisava me controlar. A garota estava apenas fazendo o seu trabalho, e eu… Bem, eu era seu paciente.

— Então, sente falta de concentração quando está voando? — Ela continuou com a postura ereta, muito atenta a mim.

— De forma alguma, tenente. Eu lhe provarei como o meu problema não tem nada a ver com concentração. Vou usar você como exemplo. — Ela piscou e segurou tão firme a caneta em suas mãos que os nós de seus dedos ficaram esbranquiçados. — Eu aposto que você acabou de passar no concurso da Aeronáutica e ainda está em estágio probatório. E que vem de uma família conservadora, provavelmente, católica: é o que me diz a medalhinha de Nossa Senhora Aparecida pendurada na sua pulseira de ouro. Está um pouco receosa quanto ao seu novo trabalho e deseja muito ser reconhecida por ele. É estudiosa e também muito determinada e audaciosa, embora esteja se sentido insegura diante das novidades em sua vida. Estou enganado?

Lívia engoliu em seco e quase quebrou a caneta que segurava. Peguei pesado, eu sabia. Mas o que podia fazer se estava sendo encurralado por ela?

Eu havia dado um chute. Não conhecia nada da vida de Lívia, mas estava louco para descobrir os segredos que ela escondia por trás daquele ar frio e de poucos amigos.

— O paciente aqui é você, tenente Guerra. Que isso fique bem claro.

— Desculpe, tenente Venturini. Não foi minha intenção deixá-la irritada.

— Eu sei que você deve estar odiando ter que fazer essas sessões de análise, não é mesmo? Você deve se achar o tal do seu esquadrão. Pensa que só porque pilota um caça é o rei dos céus — disparou, irritada, comprimindo os lábios carnudos cobertos de gloss cor-de-rosa.

Lívia estava achando que eu era um petulante filho da mãe? Eu detestava a galera do corpo clínico da Aeronáutica porque eles se achavam a pedra mais preciosa dentro da Base Aérea. Ainda mais essas meninas novas e inexperientes em estágio probatório que não sabiam porra nenhuma de nada.

— Tenente, eu confesso que detestei saber que tinha que fazer essa maldita análise. E está sendo ainda pior do que imaginava. Sabe por quê? — Ela arregalou os olhos, surpresa. — Porque eu esperava alguém mais experiente.

Ela bufou, e sua respiração se acelerou. A tenente me encarou com os olhos tomados pela raiva. Eu estava pouco me importando com o que ela pensava a meu respeito. Lívia não me conhecia, não sabia nada da minha vida, a não ser o que estava escrito na minha ficha. A essência do Lince, isso ela desconhecia.

— Tenente, o senhor esperava uma velha de sessenta anos e não uma garota de vinte e poucos? Sinto muito que tenha se decepcionado. — Ela sorriu sarcasticamente, me provocando. — Vamos voltar ao que interessa! O senhor está aqui porque infringiu regras e porque seu comportamento é hostil.

— Hostil?! — Arqueei uma sobrancelha tentando digerir a palavra. — Tenente, a senhora sabe apenas o que está escrito nesses documentos. Não me conhece de verdade, então não tire conclusões precipitadas a meu respeito.

— O senhor tem razão, tenente. Mas estou fazendo o meu trabalho. — Sem jeito, ela ajeitou os papéis e perguntou: — Podemos continuar?

— Claro.

— Ótimo. — Ela voltou a se concentrar em seu questionário. — Você sente algum tipo de desconforto quando está pilotando?

— Não! A única coisa melhor do que pilotar um caça é fazer sexo — respondi bem sério e segurei o riso quando vi a expressão de espanto em seu rosto.

As bochechas da tenente pegaram fogo, e ela piscou, remexendo-se na cadeira. Eu entendia os sinais que as mulheres faziam inconscientemente e poderia apostar que Lívia ficou excitada. Como ela seria entre quatro paredes? Com esse temperamento difícil, com certeza, era uma tigresa. Não seria uma má ideia experimentar. Aliás, era algo que eu estava levando muito em consideração. Adoraria domar a tenente Venturini e mostrar quem realmente era o tenente Rodrigo Guerra.

Balancei a cabeça afastando aqueles pensamentos impróprios e voltei a olhá-la. Ela ainda estava vermelha e com os olhos arregalados.

— Então, por que o senhor faz essas manobras arriscadas? — Lívia ignorou completamente o que eu havia dito e prosseguiu de maneira profissional.

— Eu faço porque gosto de adrenalina e também porque as manobras não são arriscadas. São apenas manobras táticas de voo — corrigi.

— Manobras táticas de voo? — repetiu, balançando a caneta entre seus dedos delicados com as unhas pintadas de vermelho. Lívia escreveu a sua primeira análise no papel e voltou a se concentrar em mim. — O senhor sabe a responsabilidade que tem, não é, tenente Guerra? Quando você está voando, não está pilotando um aviãozinho da esquadrilha da fumaça, e sim um avião que custa milhões ao governo.

— Tenente Venturini, a senhora está mais preocupada com o valor da aeronave do que com a minha segurança?

— Não. Claro que não. Eu só acho que o senhor arrisca demais a sua vida e a sua carreira.

— A tenente não sabe realmente o que é arriscar a vida. Mas, se quiser, eu posso mostrar coisas muito, muito excitantes. E tenho certeza de que vai adorar. — Seus olhos se arregalaram com a minha proposta. Com certeza, ela nunca tinha feito nada ousado em sua vida e devia achar que eu era um completo lunático.

— Eu entendi qual é a sua jogada. O senhor quer mostrar para todos da Base que pode fazer o que quiser, não é, Lince? — disse com ironia ao usar o meu codinome de voo.

— Uau! Parabéns, tenente. — Dei uma salva de palmas, e ela se enfureceu ainda mais. — Realmente, eu nunca havia pensado nessa hipótese.

— Não entendi qual foi a graça. Eu acabei de contar uma piada, é isso? — perguntou, inclinando o busto para a frente e me fazendo imaginar como eram seus seios sem aquele uniforme.

— Tenente, a senhora está enganada a meu respeito — falei, sério, me aproximando da mesa. — Eu não sou nenhum filhinho de papai. Pelo contrário, eu ralei muito para chegar aonde cheguei. E tem mais… — Ergui o indicador em sua direção. — Se eu sou considerado o melhor do meu esquadrão, é porque eu faço por merecer esse título.

— Você é muito prepotente mesmo, tenente.

Enquanto Lívia falava, eu via a sua língua se movendo. Cada vez mais desejava ter aquela boca em mim. Eu a imaginava ajoelhada na minha frente, agarrando o meu pau com esses dedos de unhas vermelhas.

— Infelizmente, tenho que discordar. — Eu me levantei, lançando um olhar rápido para o relógio. — Acho que a nossa sessão acabou por hoje.

— Ainda faltam cinco minutos!

— Quem sabe não transformamos esses cinco minutos em duas horas e tomamos uma cerveja? — sugeri, dando uma piscadinha sacana.

— Tenente, o senhor está me convidando para sair? — indagou, perplexa.

— Sim, eu acho que estou. E então? Que tal uma cerveja gelada depois do expediente, Lívia? — Eu a tratei de modo informal pela primeira vez e a deixei sem eixo. Ela desviou o olhar, mordeu o lábio inferior e ajeitou os papéis no fichário.

— Obrigada pelo convite, mas eu não bebo durante a semana.

— Toda regra tem uma exceção. — Sorri e lembrei que chegaria atrasado ao meu primeiro dia na mecânica. Ah, foda-se! — Bem, a gente se esbarra por aí… Tenente. — Bati continência em sinal de despedida.

— Tenente! — Ela se levantou repetindo o meu gesto. Achei que ela fosse se sentar de novo, mas Lívia falou: — Você tem outra sessão na quarta-feira.

— Então até a próxima.

Deixei a sala agitado, com a minha mente maquinando mil ideias para o encontro seguinte.

2

Lívia

Rodrigo Guerra! Sério que isso estava acontecendo comigo? Ele era mesmo primo do marido da minha irmã? Isso explicava o jeito arrogante e a beleza fora do comum. A genética da família era coisa de outro mundo. Eu o reconheci assim que ele entrou na sala. Rodrigo também me reconheceu e não poupou piadinhas. Contornei a situação da melhor forma possível e fui direto ao que interessava: sua análise.

Cheguei em casa e me joguei no sofá. A sessão com o Rodrigo tinha me deixado irritada. Meu Deus! Desde quando eu ficava mexida diante de um homem? Ainda mais ele sendo um Guerra?

Quando o vi entrando na minha sala, prendi a respiração. O que ele tinha de presunçoso, tinha de bonito. E que olhos eram aqueles? Um azul tão claro que pareciam duas piscinas de águas límpidas e profundas. E quando ele sorriu, duas covinhas se formaram em seu rosto, deixando-o ainda mais lindo. O efeito que seu sorriso causou em mim foi algo surpreendente. Fiquei excitada, com as pernas trêmulas e acalorada.

Fechei os olhos e pensei no tenente Guerra vestido com o macacão verde-escuro. Ele era alto, tinha o corpo másculo e bem trabalhado, típico de quem se exercita com frequência e pratica esportes. Os braços eram visivelmente musculosos, o peitoral era firme, as coxas, grossas e a bunda, dura.

O rosto anguloso estava cuidadosamente barbeado. O cabelo louro escuro, quase cor de mel, era curto, mas não raspado. As sobrancelhas e os cílios eram do mesmo tom do cabelo. A boca era bem feita, com lábios sensuais. Nada nele era de mais ou de menos. Tudo era na proporção exata, inclusive o senso de humor. Filho da mãe! Ainda teve a audácia de me convidar para tomar uma cerveja! Pelo visto, o tenente Guerra seria uma deliciosa pedra no meu sapato.

Levantei e fui até o banheiro. Precisava com urgência de uma ducha para aliviar o cansaço. Tirei a roupa, desfiz o coque e entrei no chuveiro. Senti a água cair gostosa em minha pele. Não perderia o controle da situação. Nenhum piloto metido a besta tiraria de mim a frieza e o ceticismo diante da vida que tinha conquistado com tanto sacrifício. Mesmo que, perto do Rodrigo, tenha sentido tudo menos frio. Na verdade, senti um calor infernal.

O que estava acontecendo comigo? Fiquei com os hormônios à flor da pele. Rodrigo tentou me desestabilizar várias vezes durante a sessão, tirando meu foco e quase invertendo o papel de psicólogo e paciente. Tentei resistir ao seu sorrisinho sensual e piscadinha sacana. Homens não prestavam mesmo. Eram todos iguais! E sempre acabavam machucando o coração das mulheres.

As chances de o tenente Guerra ser um safado mau caráter que usava as garotas apenas para o seu bel prazer eram grandes. Eu não podia afirmar isso com certeza, afinal, eu mal o conhecia. Mas a impressão que ele me passou foi a de que era um homem presunçoso, acostumado a ganhar sempre, fosse na terra ou no ar.

Poderia apostar que por trás daqueles lindos olhos azuis se escondia um cara chauvinista, egocêntrico e prepotente, que usava a farda para intimidar as pessoas. E eu queria distância de homens assim. Continuaria levando a vida do meu jeito: desprovida da companhia desses safados que achavam que só por terem um pênis podiam fazer o que bem quisessem e depois sair ilesos, sem arcar com as consequências de seus atos.

Eu sabia muito bem o que havia sofrido no passado com os abusos do meu próprio namorado. Israel destruiu o sonho que eu tinha de casar, ter filhos e uma família feliz. Ao lado dele, eu descobri o quão cruel podia ser um homem, o quanto eles usavam o corpo das mulheres apenas para satisfazer os próprios desejos.

O desgraçado do Israel sempre gozava fazendo as coisas mais perversas comigo. Depois que se fartava de me devorar como um animal faminto, ele me deixava jogada na cama sozinha com

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