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Poesia de geladeira
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E-book137 páginas31 minutos

Poesia de geladeira

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Sobre este e-book

"Poesia de Geladeira" é um soco no estômago.

E se você é leitor de tira-gosto ou imaginou poemas com um quê de recadinhos colados à porta esmaltada, se enganou: a poesia aqui se come fria e crua. São poemas de dentro da geladeira, não de fora.

Viviane de Freitas estreia na literatura com um livro dedicado aos analfabetos, disléxicos, cegos, dementes, bárbaros, bêbados e gagos, porque, ao que parece, somente eles não ignoram as extremidades, essa camada de gelo que protege e preserva o núcleo da ideia num corpo invadido e sempre em processo de deterioração. Essa destinação diz muito do ponto de partida: o lirismo não sentimental e consciente de que tudo é sacrifício e descrença, tudo é morte e dificuldade, porém de ombros erguidos. Literatura em/de carne viva. Escritura que não se rende ao artifício. Arte. E aí dá pra encarar?

Se sim, aviso: venha com mãos de alcançar funduras, porque elas terão de enfrentar poemas que não economizam o olhar direto e afiado às coisas que rodeiam – se se fala de morte, é para esclarecer que "morrer é caro e eu estou sem crédito"; se se fala de poesia, é para encontrá-la "sob o lodo da pia / a poesia / natimorta / gorduras e bacias". Se é para olhar o outro, é para denunciar a conta sempre inexata que se faz à mesa no poema "quatro". São poemas que [se] cortam e ficam, em pé, vendo sangrar.

Se utopia não, ternura sim, e é isso que faz oscilar a temperatura do congelador: "morrer me seduz / só falta criar coragem de cortar raiz / a poesia puxa a gente pra debaixo da terra / aí a gente fica assim, semeada, sem vontade de largar esse mundo besta". Meia verdade: o mundo fica menos besta, mais real e palpável, depois desse livro. Mas não se engane, "poesia de geladeira" é, sim, um soco no estômago.

E aí dá pra encarar?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de out. de 2017
ISBN9788592579432
Poesia de geladeira

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    Poesia de geladeira - Viviane de Freitas

    VIVIANE DE FREITAS

    poesia de geladeira

    Sumário   

    rimas agridoces para a fome noturna

    . dedicatória

    . força

    . sinal

    . caixa de sol

    . verde

    . ambição

    . murmúrio

    . vácuo

    . resumo

    . bambu chinês

    . verão

    . panorama

    . receita de coração

    a fragilidade dos ovos fraternos

    . quatro

    . amor fraterno

    . juízo ao final

    . carma

    . c5

    . deserto

    . encontro de família

    . indicador

    . imagine um lugar

    . curuçá quadra 2

    . exéquias

    palavras esquecidas no fundo da gaveta

    . 13 de junho

    . vaidade

    . preguiçosa

    . aplicação

    . tem gente

    . coisas raras

    . domingo

    . exposição

    . fome

    . janela

    . linha da vida

    . locomotiva

    . luneta

    . pureza

    . vias púbicas

    . vermelho

    . transeunte

    . senhora de nós

    . rosácea

    sofrimento congelado em clichê

    . motivo

    . calor de outono

    . topázio

    . edifício

    . tempestade

    . alagada

    . as horas

    . constatação

    . data comemorativa

    . depois da festa

    . desejo

    . dilema

    . excessos & faltas

    . gratidão

    . gravidez

    . liberdade

    . limpeza

    . poema da miséria

    . retrato

    . o tamanho do problema

    . tarde infeliz

    . segunda-feira

    . sangramento

    . rotina

    poemas sedentos de amanhã

    . cinza

    . fisioterapia

    . brilho

    . terra prometida

    . cosplay

    . éden

    . querer-es

    . de’sEsperando

    . diagnóstico

    . memorial

    . do que há de vir

    . refluxo

    . vela apagada

    . lugar indefinido

    Créditos

    Para o meu pai, onde quer que ele esteja.

    o sujeito que escreve não para de desaparecer

    Michael Foucault

    rimas agridoces para a fome noturna

    . dedicatória

    dedico todos meus textos aos analfabetos

    aos disléxicos e cegos

    aos dementes e bárbaros

    aos bêbados e gagos

    aos surdos,

    dedico meus berros

    ignorantes,

    não fiquem emputecidos

    a vocês reservo poemas falsos

    e sentimentos parcos

    linhas tão mal escritas

    só podem ser compreendidas

    por quem anda pelo acostamento da vida.

    . força

    descobri que sou forte 

    de uma força estranha

    que nasce do estômago

    sai daqui de baixo e sobe borbulhando

    esôfago afora

    feito fel e vômito

    rasgando a traqueia

    de medeia tagarela

    suporto gosto amargo

    degusto desgosto

    mastigo muco

    engulo de novo

    aguento o cipó odioso

    que paralisa minha marcha

    e me ajuda a ficar de pé

    sem correr o risco de fugir dessa vida

    essa força pedala em mim quilômetros de futuro

    pisa no dia a dia, ignora a descrença

    força que causa indiferença

    força na doença, risonha

    tirando sarro da fraqueza alheia

    daquelas fraquezas de quem não se descobre forte

    daqueles que têm

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