Rios que se encontram: vidas que seguem adiante - reminiscências
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Rios que se encontram - Juliano de Salles
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DEDICATÓRIA
À minha esposa Nilsa, agradeço pelo companheirismo e incentivo
Aos meus filhos Juliano Júnior e Jacquelini agradeço pela compreensão e paciência
Dedico à minha irmã Neusa, "in memoriam", que muito queria escrever e publicar um livro.
AGRADECIMENTOS
A Deus – razão de existência
À Família – base, sustentação
Aos colegas de estudo da Escola de Emergência à Universidade
Aos colegas de trabalho: do INSS, Receita Federal, Agência do Trabalho e aos colaboradores nos Cartórios.
I. PORTO FLUVIAL
Pompeto...! Tudo assistia, tudo ouvia, nada entendia; a ele, criança, cabia o rio atravessar a turistas e pescadores, sem qualquer preço fixar, uma gorjeta ganhar e nas despesas de casa ajudar. Por vezes, sofria com as ondas e rastros de gasolina e óleo provocados pelos barcos, mas não desistia, seguia. No Rio Braço Grande uma pinguela atravessar, para então chegar ao lugar onde os canoeiros estão a esperar, para o outro Rio — o São Lourencinho — atravessar e a pescaria iniciar.
"No Porto Fluvial, o encontro
dos rios Braço Grande e São Lourencinho
Da pinguela de único tronco,
atravessar devagarzinho, de mansinho,
belezas avistar, encontro das águas
barrentas e claras em redemoinho"
"Após a pinguela
canoeiros a esperar
pescadores pra atravessar
e ganhar algum dinheiro,
sem tarifa fixar
para no sustento da família ajudar"
— Bom dia, garoto, tudo bem?
— Tudo bem, e o senhor?
— Agora melhor, saí do tumulto e agitação. A capital agora com seus arranha-céus piorou a visibilidade, não se vê mais o céu e o horizonte — mais concreto mais gente; espaço e verde insuficiente!
— Senhor? A capital é longe?
— Pouco mais de cem quilômetros menino. Eh!
Pompeto, indaga:
— Senhor, o que é arranha-céu?
— Oh! Menino! São edifícios tão altos que parecem tocar o céu!
Pompeto pensa... imagina... televisão e rádio não tem, jornal não existe, tudo desconhece.
A canoa aporta, o pescador salta, entrega uns cruzeiros:
— Obrigado, menino! E distancia!
Pompeto gira a canoa em retorno. Grita Ademaro, seu irmão:
— Vamos! Vamos! Vou pular mais alto! E sai em disparada em sentido à árvore.
"Rios que se encontram
Braço Grande e São Lourencinho,
águas claras e barrentas
num intenso redemoinho
em ondas que se
arrebentam"
Encontro dos rios Braço Grande e São Lourencinho, águas barrentas e claras formando redemoinho; canoas e barcos chegando, saindo num intenso movimento, caracterizando um ritual.
Juçaras/palmitos e bananas dos barcos e canoas para os caminhões carregando, os cachos de bananas nas costas vão amontoando, iniciando pelo maior que no ombro a alça é fixada, a seguir vem outros, no pescoço e cabeça enlaçando.
Em pouco tempo, o corpo vai tornando-se um amontoado de cachos; quem atrás olha, só vê bananas empilhadas, aos poucos se movimenta, ser animado se apresenta, compara-se a semovente.
O percurso é curto, mas íngreme, para subir todos os esforços, ao chegar ao destino o alívio se inicia, cada cacho retirado o corpo se delicia. Se pudesse, ao Caiçara diria o quanto sofria. O ritual continua: sobe pesado ofegante, descarrega, descansa ao descer, chega à embarcação e começa de novo; barco esvazia, caminhão enchia, assim vai um dia, outro dia...
"Canoas e Caiçaras
bananas amontoando
à espera do comprador
conhecido — Mando
Os Caiçaras ansiosos
as bananas juntando"
Canoas a remo, força braçal, barcos conduzidos, força motriz, se encontram no Porto Fluvial, num intenso vai e vem; os canoeiros na proa e cabeceira, em lados opostos remam, eis que de repente