Matemática e Prática Cultural Indígena
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Matemática e Prática Cultural Indígena - Ligia Arantes Sad
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO E CULTURAS
Aos povos indígenas Guarani e Tupiniquim, com os quais aprendemos a ter outros olhares e convivências neste mundo!
carta ao leitoR
A Coleção Educação e Culturas organiza-se a partir de temas diversos, para fomentar debates sobre problemáticas do nosso tempo, algumas das quais são pautadas nas agendas de várias linhas e grupos de pesquisas e áreas de conhecimento. A diversidade de abordagens teóricas e metodológicas neste cenário provoca o leitor a estabelecer diálogos que articulam interdisciplinaridade e interculturalidade na sua interface com a escola. Objetiva-se fomentar interlocuções com as análises do binômio Educação e Cultura – não somente a educação escolar, mas essa em especial. A ênfase recai no estudo colaborativo de práticas educativas interculturais, com esforço para superar dicotomias entre escolar e não-escolar, entre aprender e ensinar. São experiências e vivências que emergem de contextos sociais diversos e seus territórios, como: indígenas, quilombolas, pomeranos, imigrantes italianos, assentados de reforma agrária, agricultores familiares de modo geral entre outros. Ganham relevância conhecimentos produzidos pelos Povos e Comunidades Tradicionais, cujas bases epistemológicas problematizam produção acadêmica acumulada pela Ciência e reproduzida pelo projeto de Estado Burguês, por vias e formas há muito criticadas pelos intelectuais da cultura, entre eles o professorado. Assim acreditamos contribuir para a construção coletiva de projetos alternativos de educação, que promovam diversidade, autonomia e justiça social.
Erineu Foerste
Gerda Margit Schütz-Foerste
AGRADECIMENTOS
Consideramos essencial agradecer, em primeiro lugar, ao professor Peter Damerow, em memória, nosso grande incentivador, que acreditou, desde o início, no projeto de um livro de Matemática voltado para o ensino nas escolas indígenas. Suas ideias foram fundamentais para a concretização deste trabalho. Na biblioteca do Instituto Max-Planck de História da Ciência, debruçamo-nos sobre os livros de matemática buscando aqueles menos tradicionais que fugissem da sequência: teoria, exemplos e exercícios e que priorizassem atividades matemáticas relacionadas a um contexto cultural. A toda equipe do Instituto Max-Planck de História da Ciência e, em especial, ao professor Jürgen Renn, pela confiança e pelo apoio financeiro recebidos.
Foram muitas as pessoas que colaboraram diretamente para a realização deste livro e que merecem ser nomeadas: Alzenira Felipe Marques, Andreia Cristina Almeida, Claudia Alessandra Araújo Lorenzoni, Claudio Cari, Edvanda Mugrabi, Euni Maria Corrêa, Felipe Motta, Neuza Maia, Ozirlei Tereza Marcelino e Vladimir Ivanovitch Dynnikov.
A todos os Tupinikim e Guarani de Aracruz que nos auxiliaram no trabalho de campo e aos educadores que testaram as atividades em sala de aula, deixamos nosso particular agradecimento pela parceria e aprendizado.
APRESENTAçãO
Prezados educadores e professores, iniciamos com uma questão: no contexto atual da Educação Escolar Indígena básica, quais conhecimentos e procedimentos um educador deve priorizar? Não esperamos respostas unânimes e homogêneas, pois sabemos que somos parte de uma nação plural e multiétnica, em termos de comunidades culturais. Temos presenciado o grande desafio existente diante das exigências sociais de construção de uma escola indígena cidadã, por meio de uma aproximação de alguns de vocês, educadores indígenas, de contatos diretos com algumas escolas, e que têm bastante interesse em leituras a respeito de educação indígena. A escola indígena é um espaço importante para novas gerações, na qual a educação escolar e a educação indígena comunitária se unem para atender às necessidades diversas de cada povo. Para isso, vocês, educadores, bem sabem, a participação da comunidade é primordial na valorização de sua cultura e no fortalecimento da identidade e de diretivas coletivas, de acordo com anseios e metas sociais de cada povo.
É, pois, importante comentar a você, educador(a), com a missão de transitar nessa interseção entre diferentes culturas, que nossa intenção é de partilhar com vocês nessa mediação intercultural, para juntos ampliarmos as possibilidades de conhecimentos desse mundo comum a todos nós. Como educadoras, também acreditamos que a escola possa ser um espaço dialógico para essa ação mediatizadora, em especial, a escola das aldeias, que transborda limites da educação não índia, beneficiando a todos com experiências e culturas indígenas.
Nossa proposta é centrada em incorporar, nas atividades de vocês, educadores, algumas sugestões de saberes, experiências e necessidades de construção de material didático próprio, que, aos seus olhares atentos e específicos, poderão ser transformadas e incorporadas aos conhecimentos curriculares do ensino básico.
Assim, ousamos oferecer-lhes uma proposta alternativa inicial de ensino da Matemática, com a preocupação de abordar os conteúdos matemáticos de modo mais ligado à realidade do aluno, com integração com outras áreas do conhecimento. Este nosso livro é uma proposta aberta a você, educador(a) indígena, que deverá enriquecê-la e criar, em sala de aula, um espaço de investigação, em que a palavra de ordem é: indagar para conhecer.
Escrever um texto nesses moldes é um grande desafio. É preciso penetrar e compreender a alma
e a cultura de povos que, durante muitos séculos, foram marginalizados do processo educacional brasileiro, que, por sua vez, destinava-se a outros grupos sociais. Os indígenas, desde a chegada dos europeus ao Brasil, foram rotulados de diferentes formas. Os viajantes europeus que por aqui passaram ou os jesuítas que aqui viveram referiam-se aos indígenas, por exemplo, como os selvagens
por Jean de Lery (1980) e aquela pobre gente
por André Thevet (1978).
Embora os jesuítas tenham se preocupado com a educação indígena, só recentemente os indígenas foram lembrados nas propostas curriculares do Governo. Os livros didáticos editados no país não contemplam a realidade indígena. A questão cultural é deixada de lado ou, quando aparece, reforça os estereótipos.
O que se pretende, então, com este livro, não é trabalhar uma nova matemática ou uma matemática indígena, mas sim outro acesso aos conhecimentos matemáticos, que leve em conta a interculturalidade, promovendo o diálogo com o conteúdo de outras disciplinas escolares.
Falar sobre matemática de modo compreensível, ensinar e aprender matemática de forma significativa e prazerosa, não é simples e tem sido um desafio desde a antiguidade. Para alguns,