O Mistério da Jararaca

De Joe Olivan Araújo e Marcial Ávila

Livro de contos que narra as aventuras de Ivan no pequeno Distrito de Baguari. O leitor vai se surpreendendo no processo de leitura, particularmente diante das espertezas de Ivan, que refletem a sabedoria característica das crianças do meio rural mineiro, mas que, na verdade, são espertezas observadas em muitas crianças mundo a fora.

• Idioma: Português
• Editora: Tradição Planalto
• Data de lançamento: 21 de ago. de 2020
• ISBN: 9786586268027

Pré-visualização do livro

JOE OLIVAN ARAÚJO

O MISTÉRIO DA JARARACA

1ª EDIÇÃO

BELO HORIZONTE

2020

Elaborado por: Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

Informação bibliográfica deste livro, conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

Copyright © 2020 by Joe Olivan Araújo

Todos os direitos reservados. Este livro ou parte dele não pode ser

reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita da Editora

Editor Executivo

Ricardo S. Gonçalves

Editora

Maria Elisa Rodrigues Moreira

Revisão

Valdiva Araújo Prado

Produção

Tradição Planalto Produções Visuais e Editoriais

www.tradicaoplanalto.com.br

Tel.: [phone]

Dedicatória

À Maria das Dores (Dozinha) Araujo, a personagem mais importante nesta minha história de vida e aventuras.

À José Ozanan Araujo(in memoriam), O grande heroi que sempre me ensinou e protegeu quando preciso foi.

Em especial à Fatima T. Pinho Coelho e

à meus filhos Aline e Daniel

Agradecimentos:

Agradeço à meus irmãos: Jaques, Nilma, Marcos, Neuza,

Márcio, Carlos, Nilza e José.

E, em especial, à Valdiva Araújo Prado.

SUMÁRIO

PREFÁCIO

O EQUILIBRISTA

HERÓI DE CEMITÉRIO

CACHORRO ZANGADO

GIGANTE DOURADO

A CONQUISTA DO TIGRE

COICE-POR-CINQUENTA

PERIGO NA CURVA

ATAQUE FEROZ

JABUTICABAS VOADORAS

VARA DE MARMELO

CASTIGO DE VAQUEIRO

TENTAÇÃO DE ANJO

TIROS NO ESCURO

CORISCO, O SABIÁ

O CRIME DA CHÁCARA

O MISTÉRIO DA JARARACA

Sobre o Autor

PREFÁCIO

Quando solicitada pelo autor para prefaciar a sua obra, O Mistério da Jararaca, fiquei muito honrada pelo convite. Primeiro, por ter um carinho especial pelo Joe, e, depois, pela leveza da sua obra, pela irreverência da personagem Ivan, pela sutileza de humor, pela perspicácia no suspense e pela tênue imprevisibilidade que caracteriza uma obra de arte.

Joe, em um primeiro momento, pediu-me para dar uma olhadinha em seus contos e, então, encantei-me com as histórias. A partir daí, passei a interagir com suas personagens e, a cada dia, me tornava mais enfeitiçada pela simplicidade dos contos e pela profundidade das narrativas na visão de um autor maduro, porém, com um olhar muito terno sobre o mundo infantil na perspectiva de suas vivências daquela época.

Joe contava as histórias de sua infância para o seu filho Daniel, que a partir daquela época, passou a desprezar os Contos de Fadas, entre outras histórias da literatura brasileira e americana para, a cada noite, antes de dormir, ouvir e viajar nas aventuras de seu pai, quando criança. Essas histórias foram alimentando o imaginário infantil de Daniel e, posteriormente, da sua filha Aline, por muitos anos.

O tempo foi passando e os seus filhos foram crescendo. Os interesses pela literatura e outras artes foram ganhando um novo espaço na vida de Daniel e Aline, que com o passar dos anos perceberam que o mundo era para ser voado e, nesse momento, partiram com seus heróis.

As narrativas não se aquietaram e nem amorteceram dentro do seu criador, elas passaram a atormentá-lo dia e noite e, foram ditando para Joe a necessidade de se tornarem vivas. Surge, então, O Mistério da Jararaca. As histórias foram tomando forma e, após vários anos de gestação, como um filho, a obra nasceu.

O conto é o gênero literário escolhido pelo autor para construir suas breves narrativas. A linguagem é regionalista, fluida e o leitor vai interagindo de uma maneira muito natural com o criador e a criatura. São narrativas curtas, com um pequeno número de personagens contracenando, as ações transcorrem em um curto espaço de tempo, em uma cidadezinha do interior de Minas, e tudo se encaminha rapidamente para um clímax, levando ao desfecho.

O leitor vai se surpreendendo no processo de leitura, particularmente diante das espertezas de Ivan, como em Jabuticabas Voadoras, que refletem a sabedoria característica das crianças do meio rural mineiro, mas que, na verdade, são espertezas observadas em muitas crianças mundo a fora.

O cenário regional não inibe a abordagem universal das relações humanas, como em O Castigo do Vaqueiro, quando o desfecho agrega uma visão terna da relação pai e filho. Em O Castigo do Vaqueiro o leitor, provavelmente, ficará curioso ao imaginar o rostinho do Ivan, tão pequenino, no meio da imensidão daquele lugar misterioso. E as jararacas!... A questão do tempo nessa cena parecia não ter fim, pois o tempo cronológico se mistura ao psicológico e o leitor vai sendo arrebanhado por um suspense quase interminável.

O seu estilo é pautado pela ação, textos curtos e linguagem simples. Ele mergulha nos fatos, não apenas para narrá-los, mas para que, nós leitores, participemos deles.

A obra do Joe deverá se lida com a linguagem dos sentidos, ir além do que os nossos olhos podem ver, além do que o nosso coração possa sentir, ou seja, é necessário ler com a linguagem da alma. O Mistério da Jararaca está baseado nas primeiras referências de vida do autor, talvez as mais importantes na vida de qualquer indivíduo.

Valdiva Araújo Prado

Professora de Língua Portuguesa e Literatura

O EQUILIBRISTA

O Rio Suaçuí ladeava a Vila de Baguari em todo seu perímetro urbano. Corria paralelo à Rua Principal, que obviamente era maior que as outras cinco ruas que compunham o mapa daquele vilarejo. Sem contar a Praça, com um coreto bem em frente à igreja, onde se concentrava todo o comércio, que tinha duas vendas, duas lojas de tecidos e uma farmácia.

Tudo isso cercado por uma grama verde, em que a meninada deitava e rolava. Uma população de 756 habitantes, que, aliás, não gostava que se chamasse o lugar de vila – afinal, lá era um distrito, que pertencia ao município de São João Evangelista, e assim deveria ser chamado. Distrito de Baguari.

À medida que o rio se afastava do perímetro urbano, a correnteza aumentava, e a velocidade das águas era impressionante. A uns dois quilômetros do centro havia uma ponte, exatamente em cima de onde o Rio Suaçuí despencava numa cachoeira de uns cinquenta metros de altura. Uma brisa fresca subia até a ponte, formando uma constante neblina, e foi por isso que lhe deram o nome de Cachoeira da Fumaça.

Os habitantes dali simplesmente se referiam ao local como Usina, porque ali funcionava a usina hidroelétrica que fornecia energia para todo o Distrito de Baguari e, até mesmo, para alguns municípios vizinhos, como Coluna e Paulistas.

Do lado contrário à Usina ficava a Prainha, que no verão era frequentada por muitas pessoas, inclusive de outros municípios. Ficava ao pé da cachoeira. De lá, tinha-se uma visão privilegiada: a queda d’água, a ponte e a