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O Caminho das Fadas
O Caminho das Fadas
O Caminho das Fadas
E-book326 páginas3 horas

O Caminho das Fadas

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Sobre este e-book

Aaron e Sophia compartilham um destino que nunca imaginaram. Separados por dimensões, eles se encontram no mundo humano, aonde Aaron acabou de chegar. Um grande perigo assola todas as dimensões e esses jovens serão responsáveis por desvendar o
mistério que rege a criação. Essa história é sobre passados perdidos, sentimentos enterrados no fundo da alma e medos que não deveriam existir; sobre magia,
fadas e seres humanos, e vai além do véu que separa o real do surreal. Juntos, eles embarcam numa jornada fugindo das sombras que os perseguem. Fique atento: a magia pode estar mais perto do que você imagina
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de out. de 2023
ISBN9788595941717
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    O Caminho das Fadas - Brunna Caneschi

    LETTERING NEGATIVO

    Todos os direitos desta edição reservados à Editora PenDragon

    Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

    de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

    Capa

    RAFAEL SALES

    Revisão

    Camila Villalba

    Diagramação

    Alpha 7 Estudio

    Projeto Gráfico

    Rafael Sales

    Assistente Editorial

    Deborah Felipe

    Coordenação Editorial

    Priscila Gonçalves

    Editor

    Ricardo Gonçalves

    CIP-Brasil. Catalogação na Fonte.

    Vivian Villalba CRB-8/9903

    C221c Caneschi, Brunna.

    Caminho das Fadas / Bruna Caneschi 1 ed.

    Rio de Janeiro: Pendragon, 2023.

    206 p.

    ISBN 978-85-9594-170-0

    1. Literatura brasileira 2. Fantasia I. Título. II. Autor.

    CDD: B869.93

    INDAIATUBA - 2023, SÃO PAULO.

    Direitos concedidos à Editora PenDragon.

    Publicação originalmente em língua portuguesa.

    Comercialização em todo território nacional.

    É proibida a cópia do material contido neste exemplar sem o consentimento da editora.

    Este livro é fruto da imaginação do autor e nenhum dos personagens e acontecimentos citados nele tem qualquer equivalente na vida real.

    Formatos digitais e impressos publicados no Brasil

    Para a minha fada e a você, leitor.

    Que o espírito guardião o acompanhe em sua jornada.

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    Prólogo

    Florais, um reino ao sul do continente, era visitado todos os anos por um grande número de trovadores — artistas viajantes e circenses que colecionavam histórias, números de magia e malabarismo, e tinham uma afiada percepção sobre tudo. Dentre eles havia um em especial que amava as lendas do lugar e, em certa ocasião, durante uma celebração de casamento, esse trovador contou a história de certa fada, a maior delas, a rainha das fadas, a mais bela, a mais formosa; o mais exuberante e brilhante ser jamais visto. E ele começou assim:

    — Ninguém sabia seu nome, ninguém nunca a tinha visto exceto naquele dia,

    O dia em que a lua brilhava sozinha e em sua forma mais completa,

    Com um brilho amarelado e vibrante

    Pulsando sobre a terra.

    Ela caminhava por entre os bosques, colhendo as flores e cantando canções.

    Era seguida de perto pelas outras fadas que faziam coro e dançavam ao luar.

    E na canção dizia que era tempo de celebrar, tempo de criar, tempo de mudar,

    tempo de lembrar e tempo de sentir.

    Era tempo de visitar os amigos que ali ficaram e ficariam.

    A cada toque nas folhas das árvores, no chão caídas, a bela fada criava a vida.

    Pelas trilhas dos bosques ia, mudando as formas e as cores sobre seu guia.

    Das folhas, nasciam duendes.

    Das árvores, belos elfos.

    Da água, as ninfas.

    Do chão, gnomos e borboletas.

    As suas mãos transformavam a vida, e das belas fadas nasciam flores.

    Algumas sumiam diante do luar e novos formatos de flores pôs-se a criar.

    E aquela visão que nem em sonho se podia imaginar

    De tão longe o menino ficou a observar.

    Enquanto a lua brilhava, a dança continuava.

    Do chão que finda a vida

    A magia surgia diante de seu olhar.

    E assim o contador de histórias cantava cantiga, a sua favorita dentro todas que aquele país já o tinha inspirado: a história de um menino que presenciava a celebração das fadas, na fase da lua cheia e no único dia do ano em que a lua ficava mais próxima da Terra. O menino, que ao ver tal espetáculo saiu correndo de volta à sua vila para avisar a todos os aldeões sobre o acontecido, fez assim essa história se tornar uma lenda cantada e contada por séculos e séculos. Mas, dentre todas as vilas, havia uma em especial, uma em que a lenda da rainha-fada foi vivenciada, e este lugar era Alta Montanha. Nosso trovador amava aquela vila com todo o seu coração e todo ano ele voltava. Parecia esperar por algo que o fizesse ver de novo aquela bela fada.

    Aquela que ele jamais esqueceria.

    Alta Montanha era seu vilarejo natal, margeado em um lado pela Cordilheira Blumen e pelo Rio Joia Negra no outro. O próprio dia a dia daquele lugar já lhe inspirava muitas canções. Viviam em um ritmo contínuo e harmônico, como que se guiado por anjos harpeiros, uma deliciosa utopia. Sua produção de flores era tamanha que, em suas viagens, ele não havia encontrado outra vila capaz disso em nenhum outro lugar. Além da grande quantidade, ainda havia flores exóticas que só podiam ser cultivadas ali.

    Em uma de suas viagens à capital de Florais, ele ouviu uma história, algo como um portal que se abria para outros mundos e então ele apressou o passo pela Floresta Tiro Certo, um local onde qualquer um que não fosse nativo certamente se perderia, pois suas árvores eram enormes e frondosas, e margeavam o Rio Joia Negra. Em sua corrida para investigar o local do boato, nosso trovador cometeu um erro e por um descuido caiu no rio, bem quando estava prestes a alcançar a ponte. Os moradores da região logo se puseram a ajudar, uma vez que as águas eram tão profundas e negras que não havia como determinar o fundo. Para um artista que não sabia nadar, era morte certa.

    Salvo, ele correu até a capital, mas chegou tarde demais: quem havia espalhado o boato já tinha partido e infelizmente ele teria que viver com mais esse mistério. Porém, esse não é o único segredo que o reino esconde. E nosso trovador queria muito descobrir mais sobre tais segredos.

    Desde pequeno ele se perguntava se o que viu era real, ou apenas uma ilusão de sua mente já fantasiosa desde criança. Mas o reino não o deixava se esquecer disso.

    Certa vez, indo ao porto, nosso trovador ficou encantado com o que havia por debaixo dos picos longos e finos da cordilheira Blumen. Viu pequenas pegadas por toda a parte, que apareciam aqui e ali e desapareciam perto da encosta da montanha. O forte natural de Florais, afiado como uma navalha, escondia em suas raízes algumas criaturinhas mágicas, e nosso trovador ficou tentado a desvendar mais desse mistério.

    Infelizmente ele não conseguiu achar nada, mas aquilo deu uma boa história para se contar para as crianças à noite. Entre um local e outro, ele costumava parar e analisar a seu redor; as florestas sempre em tons outonais, meio barro e meio tijolo, davam aquele tom mágico à região e faziam os olhos de nosso especial trovador brilhar. Ele não queria saber se iria algum dia quebrar a cara com sua terra natal, mas tudo o que ele via lhe parecia mágico, como em suas canções, como a visão que teve naquele dia.

    Esse aspecto nomeou Florais por muito tempo como o País das Fadas, chamado assim pelos viajantes e pelos próprios moradores do reino. As lendas que ouvia desde criança sobre aparições de fadas, gnomos e elfos despertaram sua alma e às vezes ainda o confundiam, mas ele sabia lá no fundo que aquela fada sob o luar era real.

    Com o tempo se passando e com os governos do reino se alterando, as lendas ficaram sendo apenas histórias e canções, das quais havia muito já não se ouvia falar, fazendo com que a crença nesses seres se perdesse. Nosso trovador, porém, não parou de cantar, apesar de seu rei atual ter mudado o nome do reino para Florais, dando um incentivo a mais para que os cidadãos deixassem de comentar sobre esses assuntos. Ele nunca mais viu as pequenas pegadas, nunca mais sentiu o cheiro adocicado nas trilhas sinuosas de Tiro Certo. Nunca mais perderam algo que estava em um lugar e foi achado em outro, nunca mais se viu uma luzinha brilhar sobre o Joia Negra.

    Rei Guilherme havia de fato conseguido, em sua preguiça monumental, fazer o povo esquecer as origens de sua terra — o que mais ele gostaria de fazer com o reino ninguém sabe, talvez nem ele mesmo. Mas nosso trovador jamais se esqueceria do dia em que viu a grande fada sob o luar.

    I-O dia da caçada

    Eram seis da manhã quando Hannes saiu de sua cabana nas margens de Alta Montanha para uma caçada . Ele havia pegado seu arco e um saco de couro para carregar seu alvo. No bolso interno, escondidas em sua jaqueta de pele de urso, estavam sua faca de caça e mais duas facas de arremesso. Ele colocou o arco atravessado em seu corpo e, na ponta, pendurou o saco, deixando ambos pender às suas costas. Não era um caçador comum — era um homem alto, corpulento, de barbas longas e pontudas, belo e bem-afeiçoado. Tinha mãos grandes e grossas, cheias de calos do trabalho de uma vida inteira. A barba e os cabelos eram mal cortados, intensificando o aspecto de homem rústico, mas, apesar da aparência e roupas de caçador, era gentil à sua maneira.

    Calçou suas botas na varanda e partiu. Tomou a trilha habitual que levava ao centro da Floresta Tiro Certo. Nela morava o roteiro de muitas lendas e perigos, mas Hannes, que era um homem experiente, não se deixava enganar pelas histórias contadas pelos aldeões, pois havia muito tempo caçava naquela região e jamais vira nada suspeito. Naquele dia, sua presa o levou até perto de uma das nascentes do Rio Joia Negra, onde as árvores eram mais escassas e as trilhas eram maiores. Ao chegar, ouviu sons vindos da parte sul do lugar. Utilizando as árvores como proteção e posicionando os pés com grande cautela, ele seguiu por uma trilha lateral que levava na direção do ocorrido. Seguindo o som, pôde ver ao longe um vulto correndo desesperadamente de algo que ele não via — parecia estar correndo de fantasmas. Hannes esperou o som cessar para ir investigar, se aproximando da forma sorrateira que só um caçador sabe fazer. Esgueirando-se por trás de uma árvore, ele examinou o local onde viu o vulto passar e lá encontrou uma pessoa quase inconsciente caída no chão, segurando com firmeza um colar e mostrando indícios de ferimentos graves.

    O caçador se aproximou devagar checando a área em volta, certificando-se de que não havia mais nenhum inimigo ou perigo. Chegando-se mais para perto do que agora ele podia constatar ser um jovem rapaz, soltou suas ferramentas e tentou reanimá-lo.

    — Ei! Você! Está tudo bem? — perguntou e não houve resposta. — Qual seu nome? De onde você veio?

    — A-aron — o jovem respondeu com a voz fraca.

    E essa foi a única coisa que conseguiu tirar do estranho à sua frente. Ele ainda tentou acordá-lo agitando seus braços, mas foi ineficaz. O jovem havia perdido a consciência.

    O colar que o rapaz segurava continha uma pedra de um roxo profundo que estava presa por fios de couro trançados. A pedra era tão bonita que Hannes precisou de uma extrema força mental e concentração para desviar o olhar dela. Ele a pegou e a guardou no bolso externo de sua jaqueta e se preparou para tomar as providências necessárias para aquele acontecimento — afinal, já não era mais um bom dia para caçadas.

    Ele o examinou e viu ferimentos leves, porém existiam outros mais graves. Assim, juntou alguns galhos para fazer a imobilização no braço esquerdo e perna direita de Aaron, tirou a atadura de uma bolsa menor atada ao seu cinto e começou a fazer os procedimentos no rapaz. Feitos os curativos, teve cuidado ao transportá-lo para sua cabana. Colocou-o em suas costas e com muito esforço o levou até a vila. O jovem era alto e pesado mesmo para um homem forte e resistente como Hannes.

    Ao entrar na vila, ouviu o burburinho das pessoas que viam que ele não carregava um veado, mas sim um corpo de um homem muito machucado e desacordado. Sua vizinha e amiga de muitos anos, Bartan, que estava próximo à entrada da floresta, visitando um de seus pacientes, imediatamente foi ajudar a carregar o rapaz. Mesmo sem saber o que havia acontecido, ela se pôs a cuidar dele. A curandeira era uma mulher muito boa e famosa por suas habilidades na vila, então sabia que sua ajuda seria necessária antes mesmo do caçador pedi-la. Após um exame rápido, ela correu em sua cabana para pegar algumas ervas e pastas que usava em suas curas, e se pôs a limpar as feridas do jovem. Com calma e paciência, Hannes contou tudo o que havia acontecido na floresta; os dois eram antigos naquela região e nunca tinham ouvido falar de algo parecido nem presenciado um fato assim. Ela terminou seu trabalho e pediu permissão ao amigo para usar a cozinha e foi preparar um chá. O aroma de camomila encheu a cabana do caçador e aliviou a tensão e mistério que pairava ali.

    Enquanto tomavam o chá, os amigos conversaram sobre as roupas, rosto, ferimentos e utensílios que o jovem carregava, inclusive sobre o colar que Hannes encontrou em suas mãos. O tempo passou e, depois de algumas horas, ele começou a delirar e falar coisas em uma língua que nenhum dos presentes entendia. Bartan achou que era devido aos machucados e do estado debilitado em que se encontrava o rapaz — a febre alta podia causar sonhos e pesadelos enquanto se estava inconsciente. Mas, sem que eles percebessem, a cada fala do jovem, a pedra reagia no bolso da jaqueta do caçador, com um brilho intenso envolto em uma luz roxeada e pulsando como um coração.

    — Hannes, este rapaz não é destas bandas — disse Bartan.

    — Estou ciente disso, mas não posso negar ajudar a quem precisa, mesmo que seja um estrangeiro — respondeu o anfitrião.

    — Estou intrigada com o que pode ter causado estes ferimentos. Não temos lutas por aqui e tenho medo de algo estar mudando sem o nosso conhecimento — preocupou-se a curandeira. — Poderia ser um ataque de algum invasor?

    — Acho difícil, mas por enquanto vamos tomar nosso chá e esperar o rapaz acordar. Não precisamos nos preocupar com o que ainda não sabemos — concluiu o caçador.

    Mais tarde naquele dia, Mirella, filha de Bartan, foi chamar a mãe para mais um trabalho de cura no vilarejo. Ela deixou os remédios e as recomendações necessárias a Hannes, e prometeu voltar depois para checar o estado do rapaz.

    Hannes, outra vez sozinho com o estranho, começou a refletir sobre os acontecimentos do dia. Cada passo e cada impressão que tinha tido poderia dizer um pouco sobre o que aconteceu com o rapaz. Ele investigou as marcas e os ferimentos de Aaron, mas não conseguiu deduzir que animal as poderia ter causado. além de ótimo caçador, Hannes era um ex-soldado e com todo seu conhecimento nunca tinha visto nada igual. Eram marcas de queimadura, mas não eram feitas por bastões, nem grelhas, nem por água — e, com o tempo, elas não criaram bolhas nem se soltaram; apenas secaram, deixando manchas sobre a pele do rapaz.

    O fato mais intrigante eram as roupas que aquele jovem vestia. Não eram as típicas vestes de aldeão, nem cota de malha de um soldado, ou túnicas, ou mesmo roupas mais formais dos oficiais e da família real. Eram muito bem-feitas, como se tivessem sido trabalhadas por delicadas mãos de fada. A seda que compunha as roupas de Aaron, ele nunca havia visto em toda a sua vida: era tão macia e brilhante que um bicho-da-seda não era capaz de tecê-la. Apesar das roupas estarem sujas e rasgadas, ainda assim elas reluziam como se tivessem vida própria. Nesse instante, com esse pensamento, o caçador percebeu que, antes de entrar na floresta naquela manhã, tinha notado um clarão próximo ao local onde o jovem foi encontrado. Contudo, não sentiu cheiro de fumaça ou de pólvora, o que deixou Hannes ainda mais intrigado.

    — Como esse garoto apareceu aqui? Essa história está me cheirando mal — pensou alto.

    Um tempo depois, Bartan voltou para checar o rapaz e se surpreendeu com a melhora rápida das feridas.

    — Nossa! Não pensei que estava fazendo pastas tão boas — disse ela em um tom divertido.

    Nesse exato momento, Aaron despertou, sem saber o que se passava até então.

    — Olá, meu rapaz. Enfim o dorminhoco acordou — ela brincou.

    — Onde eu estou? Quem são vocês? O que estou fazendo aqui? — perguntou ele, atordoado.

    — Para um sem memória, ele faz bastante pergunta — comentou Hannes. — Encontrei você fugindo do bicho-papão na floresta e muito machucado. Mas quem faz as perguntas aqui somos nós. O que veio fazer nesta região?

    — Hannes — interveio Bartan —, dê um tempo ao rapaz. Não está vendo que ele precisa se recuperar antes de fazermos nosso interrogatório? — Ela terminou dando uma piscadela para Aaron.

    — Tudo bem, tudo bem. Cuide logo desse moleque — respondeu ele de mau humor e com a curiosidade queimando em sua pele.

    Passaram-se algumas semanas e a rotina não mudou na cabana do caçador; Aaron apenas dormia o tempo todo, sem se alimentar ou ir ao banheiro.

    — Bartan, você não acha estranho esse garoto não comer? — perguntou ele.

    — Sim, acho. Mas temos que esperar ele se recuperar se quisermos descobrir alguma coisa.

    — Eu sei, eu sei. Só não aguento mais de curiosidade! — Hannes jogou-se para trás em sua poltrona.

    — Ora, vejam só, caçadores e sua mania de sempre querer saber tudo. Se aquiete, homem! Vou cuidar do jantar. Até mais! — E assim a curandeira deixou-os na cabana.

    Na manhã seguinte, o jovem acordou mais cedo do que o próprio anfitrião e estava sentado em sua cama improvisada na sala, analisando todo o ambiente. Entrando no cômodo, Hannes levou um susto com o estranho olhando para ele.

    — Mas meu Deus! Parece uma coruja! — disse, assustando-se.

    — Bom dia, senhor. Desculpe incomodar, mas não sei onde estou e não queria acordá-lo — disse Aaron, sem olhar nos olhos do homem à sua frente.

    Atordoado e com uma forte dor de cabeça, o rapaz não conseguia raciocinar e toda vez que tentava lembrar-se do que havia lhe acontecido sua cabeça doía ainda mais.

    — Meu jovem — o caçador iniciou os relatos do que havia acontecido no dia em que se encontraram —, você estava bem apavorado com um fantasma que só você viu. Se lembra de alguma coisa?

    — Não lembro, senhor… qual seu nome? — disse Aaron.

    — Hannes, meu rapaz.

    — Sr. Hannes, obrigada por me ajudar, mas realmente não tenho ideia do que me aconteceu.

    — Entendo, você deve ter levado uma pancada bem forte na cabeça. Então vamos deixar assim: quando estiver melhor, e se souber nos explicar o que houve, você terá que nos contar, mas agora acho que você devia começar a me ajudar… ou vai querer dormir o resto da sua vida? Hein? — disse Hannes, se divertindo.

    — Não… Não… Imagina… só tenho a agradecer. Não sei nada sobre mim, nem para onde vou, ou de onde vim. Só estou meio perdido.

    — Bom, pelos menos sabemos o seu nome. Foi a única coisa que você me disse antes de

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