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Sem Fôlego
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E-book273 páginas4 horas

Sem Fôlego

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Sobre este e-book

Ele me salvou.

Literalmente. Quase me afoguei na primeira noite no Havaí, graças ao excesso de bebida e ao pior "fora" em forma de confissão da história.

Fico atraída por Kai instantaneamente, como uma força inexplicável, tal qual a lua atrai o oceano.

Tal qual a corrente marítma debaixo da superfície, mais forte do que podemos ver.

Preciso resistir. A última coisa de que preciso é sair de uma paixão sem futuro para entrar em outra.

Mas um "casinho" parace uma ótima ideia. Desde que fique assim.

Porque mais louco do que se apaixonar por alguém em poucos dias... é se apaixonar quando um dos dois vai embora logo mais.

* * *

Sem Fôlego é um romance autônomo com final feliz. É o primeiro livro da série "Love in Kona", de Piper Lennox, que pode ser lida em qualquer ordem.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de jan. de 2021
ISBN9781071585092
Sem Fôlego

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    Sem Fôlego - Piper Lennox

    Uma vida sem amor é como um ano sem verão.

    Provérbio sueco.

    Capítulo 1

    Kai

    Quando voltei à superfície, meu pai estava andando na praia. Procurando por mim.

    Demoro um pouco na remada de volta. Hoje é o primeiro dia oficial da alta temporada (ainda que ela nunca termine de verdade) e estou de plantão.

    — Já tem fila se formando na cantina — ele sibila, apontando para a praia. — Ou você não surfou o bastante no horário da reunião que você faltou?

    — O Luka tá me cobrindo na cantina, pai. Tá tudo bem — limpo o sal do meu rosto e finjo não me importar com seu olhar enquanto pego minha mochila.

    Ele sacode a cabeça e pisca várias vezes. Seu jeito de sempre para demonstrar que está de saco cheio.

    — Não sei o que fazer com você, Kai. Você me ajudava tanto e agora... parece que nem se importa.

    Não sei o que responder. Nem me importo mesmo.

    Antes eu me importava. Quando o império da nossa família era pequeno, gerenciável, divertido, tipo uma pousada comum, trabalhar no negócio da família era tudo o que eu queria; e eu adorava cada segundo.

    Mas agora olho para o lado e vejo nosso novo hotel, gigante e monumental. Horrível. Nem acredito que meu pai cedeu à oferta da Paradise Port, que se aproximou dele há quase dois anos com papo de franquia e expansão, balanço fiscal e domínio de mercado: expressões que eu ouvira meu pai vomitar com desprezo ano após ano, conforme a ilha se tornava cada vez mais comercial.

    Ele também mudou. Dá para ver que ele não ama mais o trabalho. A empresa está deixando seus cabelos mais grisalhos e seu sono mais curto. Nem consigo lembrar da última vez que ele saiu com minha mãe ou pegou uma onda comigo e com Luka.

    Ótimo. Agora me sinto culpado.

    — Tô indo pra cantina. Desculpa.

    Ele assente e começa a andar para o resort em direção oposta à minha, mas percebo que seus olhos passeiam pelo horizonte. Ele está olhando para as ondas.

    — Peguei umas ondas boas hoje — conto a ele. Assustado, ele retorna à realidade, volta-se para mim e vê a prancha que ofereço a ele. Eu realmente quero oferecer um descanso. — Se quiser pegar uma onda rapidinho.

    Por um segundo, posso jurar que ele pondera; seus olhos vão do mar à prancha, e ele quase a alcança com o braço.

    Então para.

    — Vai pra cantina, filho, tá bom? — ele faz mais um movimento de saco cheio e volta para o seu caminho, marchando de volta à joia da coroa de seu império.

    Agora é minha vez de dar um suspiro, que sai em forma de palavrão, longo e ofegante: porra. Sigo para a cabana às margens da areia. O sol está tão alto que não vejo minha própria sombra.

    Luka está jogando videogame quando chego ao bar.

    — Oi — ele diz sem olhar para mim.

    Tiro o console dele com uma mão e o seguro com a outra.

    — Era pra você estar preparando a comida.

    — Você é que devia fazer isso. Pelo que vi, esse não é o meu turno.

    Ignoro o comentário e lavo as mãos para cortar alguns limões.

    — Você perdeu uma série boa.

    — Sério?

    — Quer dizer, razoável. Seria melhor mais pra perto da casa do Drew — comento ao colocar as fatias de limão em uma vasilha e seguir para o abacaxi. Minhas mãos estão grudentas e a bancada já está com um cheiro doce de salada de frutas. — O papai me viu.

    Luka acena com a cabeça para alguns turistas.

    — Imaginei. Você não teria voltado se ele não tivesse visto.

    — Ele disse que tinha uma fila.

    Luka dá risada.

    — Duas pessoas. E elas nem pediram nada, só queriam saber onde tem bicicleta pra alugar.

    Em vez de rir junto, balanço a cabeça e xingo de novo.

    — Você bem que podia fingir que se importa, sabe — ele acrescenta, agora sério. — Pelo papai.

    Paro de cortar o abacaxi e olho para ele, com o videogame que pegou da bancada sem eu perceber. Fico irritado.

    — Primeiro: você tá sentado jogando videogame e diz que eu tenho que me importar? E segundo: eu me importava antes. Quando a gente gerenciava as coisas do jeito certo em vez... disso — abro meus braços em direção à praia, abrangendo os três quilômetros de resort, o que é quatro vezes maior e cem vezes mais ridículo do que tínhamos antes. — Eu dava valor — acrescento, enfiando a faca de volta no abacaxi — até o papai decidir assinar o contrato do nada, sem nem falar com a gente. E parece que fui o único a me preocupar com tudo o que mudou.

    Luka ergue os olhos do jogo.

    — Eu me preocupei, cara.

    — Ah, é? Então por que não falou nada?

    Ele dá de ombros. Não porque ele não sabe, mas porque não se importa mais em falar sobre isso. Coloco os pedaços de abacaxi na vasilha e bato tão forte com a tampa que metade dos pedaços cai no chão.

    Mollie

    — Você vai chamar ele pra sair?

    — É tão difícil de acreditar? — resmungo com a escova de dentes na boca enquanto Tanya pega a chapinha e começa a fazer ondas no cabelo.

    — Só acho — ela fala devagar — que se estivesse a fim de você, ele já teria te chamado pra sair.

    Cuspo na pia e olho meu reflexo. A mesma coisa já passou pela minha cabeça várias vezes antes... enfim, centenas de vezes..., mas já estou cansada de esperar. Carpe diem. Só se vive uma vez. Essas coisas.

    — Olha, só tô sendo sincera porque não quero que você alimente esperanças. Você tem essa paixão maluca, enorme...

    — Saquei. Obrigada.

    — ...e estúpida pelo Damian já faz tipo... quatro anos? E nada aconteceu — ela diz ao entrar na sala, onde nossas malas estão abertas e transbordando. Coloco a escova dentro da minha enquanto ela espreme a chapinha em algum canto. — Só não quero que você acabe se magoando no caso de tomar um fora, só isso.

    — A faculdade acabou, Tan. Se eu não me arriscar nessa viagem, vou perder minha última chance com ele.

    Damian, o único outro aluno de arquitetura no nosso grupo de amigos, conseguiu um emprego em Oregon antes mesmo de começar o último semestre. E como não tenho trabalho e devo voltar a morar na casa dos meus pais em julho, estas longas férias de formatura são a minha última chance de ficar com ele.

    Ela senta sobre a mala, que nem afunda direito, e não chega perto de conseguir fechar o zíper.

    — Sei que é arriscado — continuo. — E pode ser que ele diga não, o que provavelmente vai ser chato.

    — Avassalador — ela cata pontas duplas no cabelo. — Apocalíptico. Vou ficar de olho com uma sonda de lavagem gástrica pra quando você entrar em coma alcoólico.

    — Mas passei todas as aulas e festas em que ele esteve, desde o primeiro ano... — continuo a falar, jogando um chapéu de sol nela como se fosse um frisbee — ...me cagando de medo que ele sequer soubesse que gosto dele. Eu não devia tentar antes que seja tarde?

    Ela dá um suspiro. Se para mim ou para a mala, não tenho certeza.

    — Acho que sim — diz, deixando as mãos caírem em seu colo como se eu a tivesse derrotado com uma lógica impecável. Talvez ela só esteja cansada de tentar me convencer do contrário. — Se tem um lugar perfeito pra colocar em prática uma ideia louca, provavelmente esse lugar é o Havaí, né?

    ***

    — Acho que vamos sentar juntos.

    Finjo surpresa quando Damian pega o assento ao meu lado no avião, sem desconfiar que troquei de assento com a Macy.

    — Ah. É mesmo?

    — Mas faz sentido. A Carrie comprou as passagens todas de uma vez.

    — Ah — repito. — Verdade!

    Ficamos quietos até o avião decolar e as comissárias iniciarem a distribuição de pequeninas latas de refrigerante e pacotes de bolachas. Minha mão encosta na dele quando puxamos a bandeja.

    — Desculpa — balbucio, mas ele já está abrindo o lanche e nem percebe.

    Parte do problema com Damian, pelo menos segundo a Tanya, é a expectativa. A teoria dela é que passei tanto tempo construindo expectativas sobre ele na minha cabeça, fantasiando em segredo, que ele se tornou inatingível.

    — Você fica achando que ele é tipo um deus grego e que nunca vai ter chance com ele — ela me explicou mais de uma vez. — Então isso se torna uma espécie de profecia autorrealizável.

    Inflo meu peito respirando fundo para me acalmar. Se minha derrota até este momento foi autorrealizável, então não há motivos para que a minha coragem a partir de agora não possa ser também. Finja até conseguir. Acredite para alcançar.

    Arrumo meus cabelos sobre os ombros e me viro para ele.

    — E aí? Animado com Oregon?

    — Não diria que tô animado — ele bebe um gole de refrigerante enquanto ainda tem bolacha na boca. Odeio quem faz isso, mas Damian faz isso parecer menos nojento de alguma maneira. — Só tô animado... pra alguma coisa diferente, sabe?

    — Sei — digo, mesmo não sabendo.

    — Mas é um emprego bom. Pelo menos até eu entrar na especialização e conseguir o registro profissional — diz ele, me olhando. — E você?

    — Talvez eu faça especialização também — dou a resposta programada que aprendi para falar sobre meus planos; ninguém nunca questiona quando você diz que vai estudar mais.

    — É meio que obrigatório. O bacharelado não vale nada sem ela.

    — Não é totalmente verdade — percebo como estou parecendo metida e dou uma risada. Ponto polêmico: ele sorri como se eu fosse ingênua.

    — Você teve resposta sobre aquele... aquele negócio?

    — Negócio?

    — É, você tinha falado de algum programa de estudos em Vermont, ou algo assim?

    Reflito por um minuto.

    — O estágio em Maryland?

    — Isso — ele confirma, muito mais encantado com o pacote de bolachas do que eu gostaria.

    — Ah... não, não deu certo.

    — Ah. Que pena.

    Na verdade, ele já deveria saber. Eu lhe contei assim que recebi um e-mail de rejeição em janeiro. Seria mentira dizer que não fiquei triste por ele ter esquecido, mas parece egoísta dar muita importância a isso.

    Voltamos para o silêncio. Não consigo pensar em nenhum assunto mais leve, e quanto mais o tempo passa, mais pareço idiota por ficar meio virada de lado enquanto ele mastiga o lanche e curte o filme.

    — Ah, e... — começa ele, bem quando eu já ia me recostar no assento após decidir que não ia rolar uma coragem autorrealizável — posso...

    Te chamar para sair? Convidar para ficar no meu quarto? Fornicar com você do instante em que pousarmos até a hora de voltar?

    — ... pegar seu fone de ouvido emprestado?

    Meu corpo todo se esvazia. Entrego o pacote de celofane com fones de ouvido e forço um sorriso quando ele agradece.

    O voo parece mais longo que o normal. Tanya me encontra quando vou ao banheiro.

    — Ei, como vão as coisas com o Damian?

    — Ótimas. Ele pediu meu fone emprestado. Já tô pensando em ouro e esmeralda para as cores do casamento.

    Ela me dá um sorriso que parece significar coitadinha e me oferece um chiclete.

    — Vai melhorar — ela diz. — Espera só até a gente chegar no resort. Com todo o álcool e diversão você vai se soltar.

    Olho sobre seus ombros e vejo a cabeça de Damian. Ele está cochilando com meus fones ainda enfiados nos ouvidos.

    — Espero que sim.

    Capítulo 2

    Mollie

    — Preciso beber.

    Tanya enrola seu braço no meu ao descermos do táxi. Carrie e Macy vieram com a gente; Damian foi no táxi da frente com seu colega de quarto, James, e os gêmeos Ian e Ted. Quando chegamos, eles já estão colocando as malas na calçada e são ajudados por concierges de terno.

    Tanya tem seu desejo atendido, pois assim que pisamos na recepção somos recebidos por uma mulher que nos oferece colares havaianos e um homem que traz copos cafonas feitos de coco. Não sei o que tem neles, mas o cheiro é forte. Termino o meu antes de subirmos as escadas.

    — Uau, olha esse lugar! — Carrie começa a zanzar pela suíte, enfiando o nariz em cada janela, parecendo criança. É a cara dela: age como uma criança, mas odeia quando os outros não a respeitam. Provavelmente é por isso que ela ainda não se formou em medicina, mas não consigo imaginar pessoas que levem a sério uma médica de um metro e meio que usa glitter no rosto e uma bolsa em formato de donut.

    Enquanto isso, Macy lê o cardápio do restaurante do hotel e Tanya termina de beber o que restou do copo de Carrie. O que me deixa sozinha na frente do concierge. Dou um tapinha no seu ombro em agradecimento e fecho a porta.

    — Então — Carrie grita, jogando-se no sofá caríssimo com sua bolsa de maquiagem forrada de lantejoulas apenas para retocar o gloss. — Como foi a experiência do voo?

    A forma como ela fala experiência do voo deixa claro que ela na verdade quer saber se eu tive coragem de dar em cima do Damian. Ignoro os seis olhos direcionados a mim e remexo minha mala à procura de um ibuprofeno.

    — Sabia... — ela acrescenta —, ...que tem um grande luau hoje à noite, com tudo incluso? Você e o Damian podem ficar um tempo a sós na beira da praia.

    Macy pega o gloss da Carrie e esfrega na boca. Eu sei que, como moram juntas, elas estão acostumadas a dividir tudo e cruzar alguns limites, mas coisas assim sempre me dão nojo. Preciso desviar o olhar, com medo de que o pensamento das duas dividindo saliva e bactérias me faça querer vomitar.

    Eu e Tanya não fazemos essas coisas. Dividimos roupas e só. Não acho que ela tenha problema em dividir maquiagem e bebida, o que é óbvio pelo fato de que agora ela também está pegando o gloss da mão de Macy, mas felizmente ela aceita minhas esquisitices. Como, por exemplo, nunca dividir saliva a não ser com o namorado, ou manter o volume da TV no menor nível quando a outra estiver estudando.

    Ou o fato de eu ter a paixão mais idiota e patética pelo Damian desde o dia em que nos conhecemos, e mesmo torrando a minha paciência com este assunto entre nós duas, ela respeita o fato de que eu odeio falar sobre isso diante dos outros. Até mesmo de Macy e Carrie.

    Então, quando ela rapidamente muda de assunto para falar sobre onde vamos jantar, dou um olhar de agradecimento. Não é algo tão evidente, mas vejo que ela entendeu a mensagem.

    Kai

    — O luau é hoje à noite. Ou você esqueceu?

    Paro no meio do caminho, as mãos ainda na geladeira.

    — Não — falo para os ímãs de plástico e argila, supercafonas, enviados por parentes do continente. A Torre de Seattle está pela metade, pontuda como uma faca. — Nem se quisesse eu poderia esquecer.

    Meu pai suspira e balança a cabeça. Tem milhares de papéis espalhados na mesa da cozinha. Típico: desde que assinou o contrato de franquia, ele passou a ser forçado a trabalhar no horário do almoço, mesmo quando vem almoçar com minha mãe.

    O barulho da minha lata de refrigerante se abrindo ecoa pela casa como um osso que se quebra. É um lugar bem mais silencioso atualmente, mesmo com muito mais coisas acontecendo.

    — Kai? — A voz da minha mãe atravessa a porta vinda do jardim. — É você?

    Vou à porta e aceno. Ela está ajoelhada na terra com pacotes de sementes espalhados na sua frente.

    — É pepino — ela explica, apontando para a fileira. — Estou pensando em plantar rabanete também. O que você acha?

    — Rabanete é gostoso — digo, fingindo interesse em respeito a ela. O jardim é o novo hobby da minha mãe, e parece que está ajudando com os sonhos estressantes que começou a ter perto do Natal. Ela se recusa a contar com o que vinha sonhando, mas tenho a sensação de que era uma compilação interminável de maneiras de meu pai ir mais cedo para o túmulo. — Tomara que a senhora coloque os pepinos na conserva, senão não vou comer.

    Digo isso e ela sorri, o que me faz sorrir também.

    — Pode me passar o regador?

    Acompanhamos a chuva que ela espalha nos novos montinhos de terra, e sentimos o cheiro do solo molhado. Isso me lembra de quando o jardim era só terra, na época em que eu era criança, e cada grama nova era arrancada por caminhões de brinquedo e bicicletas assim que brotava.

    — Cadê o Luka?

    Ela se levanta e limpa o jeans com as mãos. Percebo que é uma calça velha do meu pai, presa por um cinto apertado até o último furo. Fico me perguntando se ela faz essas coisas típicas de casal — como usar as roupas dele e cortar os sanduíches em forma de coração — para chamar a atenção dele, ou se agora é mais força do hábito.

    — Em alguma reunião para o luau de hoje. Não sei.

    — Ele trabalhou dezesseis horas ontem — diz ela. — Você acredita?

    — Tá virando o papai — resmungo. Mas a verdade é que estou espantado. Luka sempre fez o tipo largado.

    Minha mãe me dá um olhar de censura.

    — Kai.

    — Que foi?

    Ela suspira e balança a cabeça, como meu pai fez na cozinha alguns minutos antes. Mas faz de maneira diferente: ela sabe que estou certo. Só não quer dizer.

    Capítulo 3

    Mollie

    — Ele chegou. Vai pra cima.

    Tomo um susto quando Tanya me empurra com uma cutucada nas costas. Nem foi muito forte, mas estou tensa demais para lidar mesmo com os toques suaves. Deus me ajude se o Damian tentar segurar minha mão ou me beijar esta noite.

    Na verdade, Deus me ajude se ele não fizer isso.

    Vou passando pela multidão como se trabalhasse aqui, da forma como minhas amigas mostraram várias vezes: cabeça erguida, postura ereta, cada passo como se estivesse de salto alto.

    Correção: como se soubesse andar de salto alto.

    Damian está no bar ao lado da piscina de borda infinita onde começa o luau que se estende pela escada, desce até um outro deck, e continua em direção à praia. Há tochas e colares de flores, garçons com bebidas cor-de-rosa brilhantes, e dançarinas de hula vestindo sutiãs de coco em um pequeno palco de madeira. Eu ficaria muito interessada nessas coisas turísticas se não estivesse em uma missão.

    — Ei — digo, tentando parecer alegre ao me sentar ao lado dele. — O que você tá bebendo?

    Ele vira o copo para os últimos raios de luz do sol.

    — Não consigo lembrar o nome, mas tem suco de maracujá. Quer um gole?

    Pela primeira vez na vida não hesito em aceitar essa oferta de alguém.

    — Ahãm — começo a falar enquanto dou uma surtada em silêncio por tocar com os lábios o mesmo copo que ele. — Não

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