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E-book277 páginas3 horas

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Sobre este e-book

Após realizar 400 regressões (vidas passadas e infância), Bruno Traversa nos traz una história de ficção baseada em casos reais.

" Quando terminou de marcar sua pele, deu-lhe um falso abraço e logo abriu-lhe um buraco na testa com um disparo...”

Este thriller psicológico nos faz mergulhar na história de Tomás Brinzs, um terapeuta hipnótico, especializado em regressões. Envolve-se na vida de uma paciente, Viviana, que está a ponto de descobrir uma parte sombria de seu passado e presente

Nesta versão, há duas histórias curtas em um único livro. (Regressão 1 y 2)

É um livro arrepiante que te fará não desgrudar da história do início ao fim.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento24 de jul. de 2021
ISBN9781667408002
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    Regressão - Bruno Traversa

    REGRESSÃO

    REGRESSÃO

    Bruno Traversa

    Sello editorial

    TRAVERSA, BRUNO

    Regresión 1 y 2 Primera edición. Noviembre, 2020.

    ISBN: 9798697779309

    ––––––––

    © 2020, Bruno Traversa Montevideo, Uruguay.

    ––––––––

    Diseño de maqueta y cubierta: Fernando Ramos. Dibujo en Prólogo: Juan Quinta

    Dibujo en interior: Indaia Traversa

    ––––––––

    Impreso en Uruguay / Printed in Uruguay Editado por Sello Ojo Blindado

    ––––––––

    Nenhuma parte desta publicação, incluído o desenho da capa e da aba,  pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida  de maneira nenhuma nem por nenhum meio, seja eletrônico, químico, mecânico, ótico, de gravação ou de fotocópia , sem permissão prévia do editor.

    Às mulheres da minha vida. Minha mãe, minha filha Martina, Indaia, Francesca e minha esposa Laura, inspiração de tudo.

    Aos meus irmãos que tanto adoro à minha maneira.

    À memória do meu velho (te procuro em cada lugar).

    Aos que compartilham todas as suas vidas em meu sofá.

    A vocês.

    E a todos os que me disseram que eu estou louco por querer escrever um livro. Obrigado, foi o elogio mais bonito.

    Quando terminou de marcar sua pele, deu-lhe um falso abraço e logo abriu-lhe um buraco na testa com um disparo...

    BRUNO TRAVERSA

    Prólogo 1

    A primeira vez foi bem improvisada.

    Agendei o encontro para o dia seguinte e logo saí por Montevideo em busca de uma poltrona especial, Gravidade Zero é como chamam. Encontrei em um site de vendas de produtos para automóveis. Foi bem estranho ficar ali esperando para me atenderem enquanto observava alguns compradores levarem luzes, peças mecânicas, baterias e até um cano de escape cromado.

    Quando chamaram meu número, havia umas dez pessoas no local. As manchas de óleo nos macacões e os rostos sujos de preto enfeitavam o lugar. Um homem com uma barriga proeminente tentou passar na minha frente, mas rapidamente mostrei meu número indicando que era minha vez. Diante dos olhares de todos, realizei o pedido.

    — Vim para comprar uma poltrona.

    O rapaz que estava atrás do balcão repetiu o que eu disse, mas perguntando:

    — Uma poltrona?

    De algum canto do local, ouviu-se uma voz grave:

    — Deixa que eu atendo, pode me esperar ali do lado.

    Obedeci e fui esperar na calçada. Durante dois minutos me senti como quem está nos instantes prévios de um encontro ilegal, esperando um pacote, uma maleta, uma troca de algo non sancto.

    A porta metálica da garagem abriu-se e um homem apareceu em meio a queixas.

    — Isso é coisa da minha mulher, ela me fez importar essas poltronas e não conseguimos vender para ninguém, são muito pesadas.

    Achei engraçado porque era enorme e nenhum táxi aceitaria me levar.

    O homem me mostrou como funcionava e a fragilidade da trava que possibilitava que ficasse na horizontal. Então paguei e fui embora.

    Andava uns duzentos metros e parava logo para descansar. Caminhava transportando o artefato que, a cada passo, parecia aumentar o peso. Acabei quebrando a trava no caminho, a trinta quadras de casa.

    Foi uma tarde exaustiva, mas tinha a incerteza e adrenalina lógica do encontro. Então, ao chegar, preparei a sala com a poltrona no meio. Experimentei e a sensação foi mágica, entendi o nome de gravidade zero, dava a sensação de estar flutuando.

    No outro dia, esperei-a até as seis da tarde. Quando aquela senhora cruzou a porta da minha casa, soube que era o início de algo. Mas quando apoiou a cabeça na poltrona, entendi que o peso que ela carregava era superior aos canos de escape, às baterias, à barriga proeminente do homem e à linda cadeira.

    Agora, a poltrona ficou esquecida, mas quando alguém coloca a cabeça em meu sofá, entendo o que pesa e, juntos, trabalhamos para que possa ser aliviado.

    O que está a ponto de ler é produto de muitos encontros e histórias diferentes.

    Prólogo 2

    Estendo meu braço para que o enfermeiro faça uma extração de sangue em mim. Nós dois estamos de máscara e pouco nos entendemos quando nos falamos. Temos idades similares. Toca uma, duas, seis vezes em uma veia. O álcool evapora então ele volta a passar o algodão. Apalpa o lugar sem se decidir e começo a ficar nervoso, não gosto de agulhas.

    No box vizinho, uma criança de seis anos passa pelo momento sem problema algum. Até sorri. O que ensinaram para ela que não ensinaram para mim?

    — Ah... Eu não entendo nada, mas você sabe que todos acabam tirando da veia do lado, não?

    O enfermeiro sorri. Crava a agulha na que eu indico e o sangue brota. Enquanto o tubo se enche, ele observa a tatuagem na parte interna do meu antebraço. É um livro aberto e uma silhueta humana que voa saindo de dentro dele junto com algumas páginas. Sei que essa silhueta sou eu.

    — Tudo bem. — Disse. — O que significa?

    Que nesses tempos, todos perdemos alguma coisa. Liberdade, atividades, dinheiro, comodidades e até alguns familiares ou amigos. Que me cansa a ginástica, o pão de fermentação natural, as lives do Instagram, as apresentações em streaming, as correntes de Whatsapp com mensagens alentadoras, os challenges e as palavras de modinha.

    Mas há algo que não me cansa jamais e não penso em perder. É fazer exercício. Fazer o exercício de sonhar.

    Sonhar em publicar mais um livro.

    — Eu gosto de escrever. — Respondo. — Me dedico.

    Imagen que contiene dibujo Descripción generada automáticamente

    1

    Agradecia por estar sentada. Possivelmente era uma cadeira de madeira. Dura e instável. O fundo de seus olhos doía. A pressão provocada pela venda também machucava a beirada de suas orelhas que imaginava que estivessem avermelhadas.

    Viviana estava amarrada por trás do encosto. Os pés também, pela frente, presos ao chão. Sua boca livre. Livre e rachada.

    Não conseguia determinar a quantidade de tempo que havia transcorrido já que, em algum momento, havia dormido ou desmaiado.

    Arrastou o chão com a ponta de um de seus pés calçados com tênis. Tinha a sensação de que estava em cima de concreto.

    Do local mais profundo de seu estômago brotavam ruídos famintos pedindo para comer alguma coisa.

    Lembrou-se da metade de um sanduíche que ficou sobre a mesa de mármore preto, na cozinha de sua casa, ao lado direito do micro-ondas. Havia preparado com a mesma dedicação que colocava em tudo na vida. Umas duas fatias de presunto cru, três folhinhas de rúcula recém-colhidas de sua horta, uma fatia de queijo, um tomate seco, quatro gotinhas de azeite de oliva e alecrim. Provavelmente, a essa altura, aquela delícia já estaria sendo devorada por fungos.

    ––––––––

    2

    Havia conhecido Tom como se os dois estivessem dentro do videoclipe do Radiohead, o da canção Creep. Só que ela, ao invés de estar escutando uma música, estava conferindo a bandeja de discos de vinil, enquanto ele observava-a de um canto, misturando-se entre as poucas pessoas que estavam no local.

    Na verdade, a havia seguido durante mais de dez minutos. Viviana em nenhum momento havia percebido sua presença. Mexia nos discos, tinha dólares suficientes no bolso para comprar apenas um. De toda forma, não gostava de adquirir vários ao mesmo tempo. Seu método baseava-se em obter um e fazê-lo girar várias vezes antes de ter o próximo.

    Gostava de analisar o som, a gravação e até o mais estúpido detalhe.

    Usava jeans e um casaco de couro preto. Pegou Time Fades Away de Neil Young entre as mãos.

    — Escolha ruim — Atreveu-se a dizer Tom.

    Ela virou-se em direção a ele e levantou as sobrancelhas demonstrando espanto.

    — Quando gravaram esse álbum, em alguns momentos deixaram o volume do solo da guitarra forte demais, misturando-se com os pratos da bateria — explicou.

    Ela só o escutava.

    — Um bom disco é Long May You Run. — Viviana apenas esboçou um sorriso, e dobrando a aposta, disse a ele enquanto mostrava o vinil que tinha em mãos — Vou levar este.

    Tom abriu os braços em cruz e franziu o rosto.

    Um tempo depois, se tornaria seu álbum mais odiado e não porque ele poderia ter alguma razão.

    — Meu nome é Tom — disse estendendo a mão direita.

    — Viviana — Ela também o fez sentindo-o gelado.

    A campainha da porta tocou, as pessoas continuavam entrando.

    — Eu adoraria se, depois de você escutar o disco, você me desse a sua opinião. — Tirou um cartão do bolso esquerdo de sua calça — Aqui está meu número, não é que eu queira saber se tenho razão, mas me interessa saber se você terá a mesma sensação.

    Viviana pegou o cartão e, sem olhar, guardou no interior do seu casaco de couro.

    — Fique bem. — disse ele e afastou-se saindo do local, virando a esquina.

    Ela ficou mais alguns minutos mexendo nos discos. Esqueceu-se por completo daquele homem, tinha outras coisas para se preocupar, havia acabado de perder o trabalho na adega.

    Depois de cincos anos fazendo garrafas desaparecerem, havia sido descoberta. É que, sem aviso prévio, mudaram a orientação de uma das seis câmeras de segurança que tinham instaladas no local. Sua chefe a havia chamado pela manhã para conversar e com os olhos úmidos disse que não poderia mantê-la no cargo, gostava dela de verdade.

    Viviana sabia o que estava acontecendo e não se animou a perguntar nada. Apenas agradeceu, pegou seus pertences e saiu. De toda forma, era o emprego em que mais havia conseguido ficar. Isso já era raro.

    No caminho de volta para casa, comprou o jornal com o objetivo de procurar um novo emprego. Não faria isso por muito tempo.

    Chegou e foi direto para o sofá. Naquela noite invernal, na solidão de sua casa, escutou o disco umas seis vezes, reclamando a cada vez que tinha que se levantar para virá-lo. Não o fazia imediatamente após a última canção parar de tocar, mas deixava o ruído ficar alguns minutos no ar.

    Quando enfim decidia fazê-lo, aproveitava a viagem para encher um copo com Glenfiddich. Foi embebedando-se pouco a pouco. O sabor da bebida recém-roubada era muito mais gostoso ou pelo menos assim sentia. Era a primeira vez que o fazia. Quando roubava as garrafas, sempre as vendia antes de ter vontade de degustá-las.

    O álcool não a esquentava. O living lembrava-lhe de sua visita à cidade de Verjoyansk, havia estado na Rússia há dois anos.

    Viviana colocou a mão nos bolsos buscando um pouco de calor. Encostou no cartão e pegou-o para poder lê-lo: Tomás Brinzs – Terapeuta Hipnótico - Regressões e abaixo estava o número de celular.

    Desviou o olhar do cartão e direcionou-o para a biblioteca. Olhou a quantidade de livros de Brian Weiss, Carl Jung...

    Tinha uma grande atração pelas vidas passadas, as regressões e essas coisas que eram adornadas por uma aura de magia.

    Procurou seu celular com a tela trincada. A barra de energia mostrava 18%. Escreveu e apagou um SMS seis vezes. O último enviou com destino a Tom.

    Viviana_

    Pode ser que você tenha alguma razão...

    Dizia em relação ao disco. Ficou por alguns minutos observando a tela e, ao não receber resposta, foi sendo dominada pelo sono.

    Amanheceu com as costas destroçadas. Cruzada de um braço ao outro do sofá. O telefone mostrava uma notificação. Acordou lentamente sentindo a pressão em sua coluna. Um espasmo repentino em seu estômago fez com que corresse para o banheiro, atropelando uma mesa que estava adiante. Assim que conseguiu chegar ao vaso, o vômito amarronzado foi direto para ele. Seria uma manhã para esquecer.

    Passado o meio-dia, lembrou-se da notificação. Eram duas. Ali estava Tom respondendo:

    Tom_

    Do que está falando? Quem é?

    Dizia a primeira das mensagens. — Que filho da puta. — Murmurou Viviana. Durou pouco a irritação, pois a segunda mensagem dizia:

    Tom_

    Ah, sei quem é e espero que tenha desfrutado de boa música.

    Ela sorriu pelo nariz, fazia isso com frequência. Uma fungada repentina pelas fossas nasais a surpreendia bastante. Gostava de humor sem sentido.

    Tomou algumas aspirinas e um banho prazeroso. Notava seus músculos relaxando enquanto era abraçada pelo vapor fervente. Deslizava o sabão por cada parte de seu corpo sentindo o aroma de jasmim que emanava. Fechou a torneira, colocou um roupão e fez um coque com a toalha no cabelo.

    Pegou o celular e salvou o número de Tom para ver se ele tinha Whatsapp. Conseguiu encontrar e surpreendeu-se. Na foto de perfil, ele estava abraçado com uma linda mulher. Observou a foto por um minuto e logo abriu a conversa para ver quando havia sido sua última conexão. Tom estava online.

    Viviana_

    Oi, é a Viviana. Desculpa o incômodo e o atrevimento de entrar em contato com você por aqui, é que sempre me interessei pelo assunto de regressões. Quando vi seu cartão, me pareceu uma boa casualidade.

    Tom demorou a responder, mas enfim o fez.

    Tom_

    CAUSAlidade eu diria...

    Viviana_

    Bom, sim, isso. Há quanto tempo você se dedica à terapia?

    Tom_

    Dez longos anos.

    Viviana_

    Por que longos?

    Tom_

    Umas trezentas terapias regressivas por ano fazem com que dez sejam longos anos. Não acha?

    Viviana_

    Impressionante.

    Ela já estava completamente envolvida pela situação, aquele homem reunia centenas de histórias. Queria disparar mil perguntas sobre o assunto, mas antes tentou desviar a conversa. Arrependeu-se.

    Viviana_

    Linda foto. É sua esposa?

    Tom_

    Sim, era.

    Viviana lamentou receber essa resposta que veio acompanhada de incômodo e incerteza. Deveria continuar.

    Viviana_

    Terminaram?

    Tom_

    Faleceu.

    A resposta de Tom piorava ainda mais a situação. Viviana segurava com força o celular em suas mãos, agora suadas.

    Viviana_

    Sinto muito.

    Tom_

    Obrigado. Prefiro que a gente pare por aí.

    Viviana_

    Claro. Adoraria saber mais sobre o seu trabalho como terapeuta.

    Tom_

    Por Whatsapp? Te convido para um café quando quiser.

    Ela pensou em deixar-se levar pela curiosidade e ir encontrá-lo naquela mesma tarde. Mas não estava bem, nem ela e nem a situação. Postergou.

    Viviana_

    Talvez algum dia...

    Tom_

    Quando quiser.

    A tela escureceu. A bateria havia acabado. Colocou o telefone para carregar na tomada que estava sobre o balcão que dividia a cozinha do living. Ficou ali lavando alguns pratos, pensativa. Ficou mais tempo do que o normal em frente à pia.

    3

    Dois dias desde a última mensagem. Nesse tempo ela havia organizado as ideias. Tinha vários currículos impressos para entregar, ainda que não precisasse conseguir um trabalho com urgência. Podia viver tranquilamente por anos com a herança de seu pai. Famoso empresário da indústria automotora que havia desaparecido em uma viagem de negócios para a Lituânia.

    Saiu de casa e começou a caminhar pela calçada, quando veio do céu uma furiosa tempestade. Decidiu voltar e dedicar a tarde à leitura.

    Voltou às raízes, às origens, já que havia ficado presa à conversa que não havia conseguido ter ainda com o terapeuta. Escolheu Muitas vidas, muitos mestres, de Brian Weiss. Antes de se acomodar no sofá, decidiu dar à tarde um fundo musical de jazz instrumental e acender a ponta de um pequeno galho de sândalo para perfumar o ambiente.

    As páginas sucediam-se uma atrás da outra, mas ela não conseguia focar no livro. Sua cabeça divagava. Olhou o celular, abriu o Whatsapp e a conversa com Tom. Estava online, sempre estava.

    Viviana_

    Hoje, Cafeteria Ramirez. Às seis da tarde?

    Não respondeu até o outro dia. Enquanto ela dormia, ele respondeu:

    Tom_

    Tive alguns contratempos ontem. A proposta continua de pé? Hoje?

    Viviana acordou um pouco mais tarde do que o habitual, não havia

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