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Os diferentes atores sociais e suas percepções na construção de um sistema de monitoramento da governança das águas
Os diferentes atores sociais e suas percepções na construção de um sistema de monitoramento da governança das águas
Os diferentes atores sociais e suas percepções na construção de um sistema de monitoramento da governança das águas
E-book360 páginas3 horas

Os diferentes atores sociais e suas percepções na construção de um sistema de monitoramento da governança das águas

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Sobre este e-book

A referida obra aborda a importância da gestão hídrica e seus efeitos positivos na conservação e recuperação desse recurso para o planeta. A obra apresenta o conceito da "governança", sendo ele essencial para o processo de boa gestão da água, no que se refere a ações de políticas públicas e principalmente para entender a relação entre os aspectos que envolvem o homem e sua interação com o meio ambiente e fatores externos que prejudicam o desenvolvimento desse recurso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jul. de 2021
ISBN9788546214488
Os diferentes atores sociais e suas percepções na construção de um sistema de monitoramento da governança das águas

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    Os diferentes atores sociais e suas percepções na construção de um sistema de monitoramento da governança das águas - Angelo José Rodrigues Lima

    Os_diferentes_atores_sociais_e_suas_percepcoes_na_construcao_de_um_sistema_de_monitoramento_da_governanca_das_aguasOs_diferentes_atores_sociais_e_suas_percepcoes_na_construcao_de_um_sistema_de_monitoramento_da_governanca_das_aguasOs_diferentes_atores_sociais_e_suas_percepcoes_na_construcao_de_um_sistema_de_monitoramento_da_governanca_das_aguas

    Copyright © 2021 by Paco Editorial

    Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

    Revisão: Taíne Barriviera

    Capa: Matheus de Alexandro

    Diagramação: Bruno Balota

    Edição em Versão Impressa: 2021

    Edição em Versão Digital: 2021

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Conselho Editorial

    Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)

    Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)

    Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)

    Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)

    Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)

    Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)

    Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)

    Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)

    Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)

    Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)

    Paco Editorial

    Av. Carlos Salles Bloch, 658

    Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Salas 11, 12 e 21

    Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100

    Telefones: 55 11 4521.6315

    atendimento@editorialpaco.com.br

    www.pacoeditorial.com.br

    Esta publicação é resultado direto da Tese de Doutorado defendida em março de 2018 no Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tendo como Orientador: Jonas Teixeira Nery.

    Dedico este livro aos meus pais, Alfredo de Oliveira Lima (in memorian) e Therezinha Rodrigues de Oliveira Lima (in memoriam); à minha esposa Marinês Carneiro de Almeida; às minhas filhas Ana Maria Roland Rodrigues Lima e Helena Roland Rodrigues Lima; ao meu filho Francisco de Almeida Lima; ao neto Davi; à minha enteada Isabela Ito; à amiga Elizabeth Maldonado Roland; aos meus irmãos Antenilson Franklin Rodrigues Lima, Alexandre Lincoln Rodrigues Lima e Aguinaldo Rodrigues Lima. Por último, quero dedicar a todos que me acompanharam nesta trajetória de vida, não somente na vida profissional, mas também em todos os momentos de minha vida social e política. Finalmente, dedico ao povo brasileiro.

    AGRADECIMENTO

    Agradeço a todos que acreditaram nos meus sonhos e em especial às instituições que colaboraram para que esta obra se realizasse: WWF-Brasil, Observatório da Governança das Águas (em construção), Fundação Getúlio Vargas, Agência Nacional de Águas (ANA), Itaipu Binacional, Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas, O Nosso Vale! A Nossa Vida.

    Agradeço aos colegas e amigos(as) do WWF-Brasil; Samuel Barreto, que abriu as portas para o tema da governança e ao Glauco Kimura de Freitas, que compreendeu e manteve esta discussão. Aos amigos, Gadelha Neto, Michel Santos, Fernando Caminatti, Tatiane Oliveira, Josiane Oliveira, Therezinha (in memoriam), Ivens Teixeira Domingues, Michael Becker.

    Agradeço também ao grande amigo Marco Aurélio Rodrigues, que me ajudou muito na escolha da Unicamp, especialmente a Geografia para realizar esta obra.

    Aproveito para agradecer à Geografia pela acolhida de um biólogo. Lamento não ter tido a oportunidade de aproveitar ainda mais o mundo acadêmico, pois foi desafiante trabalhar e ao mesmo tempo escrever este livro.

    Agradeço muito especialmente ao meu orientador, Professor Dr. Jonas Teixeira Nery, que sempre me estimulou a continuar e sempre preocupado com o término de meu prazo.

    Como esquecer de agradecer alguns amigos que durante um bom tempo estiveram presentes em minha vida e por isso agradeço aos amigos e amigas como Luiz Carlos Sérvulo de Aquino, Flávio Antônio Simões, Edilson de Paula Andrade, Cláudio Serrichio, Virgínia Arbex, Vera Lúcia Teixeira, Elio Gouveia (in memoriam); Ninon Machado de Leme Franco (in memorian), Mauri Pereira, Rosa Mancini, Rosana Garjulli, Fátima Casarin, Andrea Carestiato, Cacá Pitombeira e Viviane Nabinger.

    Agradeço à instituição WWF-Brasil por ter me dado esta oportunidade de pesquisa e de compreender a importância da governança das águas.

    Agradeço imensamente a toda rede de amigos e amigas dos Comitês de Bacias, uma das principais motivações deste livro, que é buscar colaborar com o aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, para que ele tenha cada vez mais resultados.

    "Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

    Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão".

    Trecho da resposta do Cacique Seattle escrita em 1854 ao Presidente dos Estados Unidos – Frank Pierce, relativa à proposta de se comprarem as terras indígenas.

    "Quede água? Quede água?

    Quede água? Quede água?

    Agora é encararmos o destino

    E salvarmos o que resta

    É aprendermos com o nordestino

    Que pra seca se adestra

    E termos como guias os indígenas

    E determos o desmate

    E não agirmos que nem alienígenas

    No nosso próprio habitat.

    Quede Água?"

    Quede água, Lenine

    SUMÁRIO

    Folha de rosto

    Dedicatória

    Agradecimento

    Lista de abreviaturas e siglas

    Introdução

    1. Objetivo

    1. Cronologia da gestão de recursos hídricos no Brasil e no mundo

    2. Compreendendo o que é governança

    1. O que é governança das águas

    3. A construção da política nacional de recursos hídricos

    1. A bacia hidrográfica como unidade de planejamento

    2. Os comitês de bacias hidrográficas: elemento-chave na governança das águas

    4. A construção de um sistema de monitoramento da governança das águas por meio do observatório das águas

    1. A construção de indicadores

    2. O que são observatórios?

    3. Observatório do Código Florestal

    4. Observatório de Favelas

    5. Observatório Socioambiental de Barragens

    6. Observatório do Clima

    7. Observatório Agricultura e Territórios

    8. Observatório das Águas na Espanha

    5. Resultados e discussão

    1. Uma análise diferenciada por segmento – setor privado, poder público e sociedade civil

    2. Análise global das respostas

    6. Considerações finais e recomendações

    Referências

    Página final

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos

    ANA – Agência Nacional de Águas

    Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica

    APP – Áreas de Preservação Permanente

    CAB – Programa Cultivando Água Boa

    CAR – Cadastro Ambiental Rural

    CBH-Doce – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce

    CBH-Paranapanema – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema

    CBH-PCJ – Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

    CEEIBH – Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas

    CEEIG – Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia do Guaíba

    Ceigram – Centro de Estudos e Pesquisa de Gestão da Agricultura e Riscos Ambientais da Universidade Politécnica de Madrid

    CERH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos

    CI – Conservação Internacional

    Cifal – Centro Internacional de Formação de Atores Locais

    CIRSS – Congresso Internacional de Responsabilidade e Sustentabilidade Socioambiental

    CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos

    Codesvasf – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco

    COGERH – Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos do CEARÁ

    CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

    CRH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos

    DGER – Direção-Geral de Educação e Pesquisa

    DNAEE – Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

    DNOCS – Departamento Nacional de Obras contra Secas

    DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

    ENCOB – Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas

    FBOMS – Fórum Brasileiro de ONGS e Movimento Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

    Firjan – Sistema das Indústrias do Rio de Janeiro

    Fonasc.CBH – Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas

    GEE – Gases do Efeito Estufa

    GWP – Parceria Mundial da Água

    ICV – Instituto Centro de Vida

    IDWA – Index Of Drinking Water Adequacy

    IETS – Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade

    Ifocs – Instituto Federal de Obras Contra as Secas

    Igam – Instituto Mineiro de Gestão das Águas

    ILA – Associação Internacional de Direito

    IMF – Fundo Monetário Internacional

    Ipam – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

    Ippur – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional

    ISA – Instituto Socioambiental

    IWRA – International Water Resources Association

    MAP – Ministério da Agricultura e da Pesca

    Medad – Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

    Minfra – Ministério da Infra-Estrutura

    Minter – Ministério do Interior

    MMA – Ministério do Meio Ambiente

    MME – Ministério de Minas e Energia

    OA – Observatório da água

    OAT – Observatório Agricultura e Territórios

    OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

    ONU – Organização das Nações Unidas

    OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

    OTPA – Observatório Territorial das Práticas Agrícolas e Sistemas de Produção

    PERH – Plano Estadual de Recursos Hídricos

    PGRH/AP – Política de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado

    PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos

    PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

    PRAs – Programas de Regularização Ambiental

    RAE – Repartição de Águas e Esgotos da Capital do Estado de São Paulo

    Semad – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

    Semam – Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República

    SIGERH – Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos

    SINGREH – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

    SNDD – Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável

    SRH – Secretaria de Recursos Hídricos

    TCA – Tratado de Cooperação Amazônica

    TNC – The Nature Conservancy

    UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

    WWAP – United Nations World Water Assessment Programme

    WWC – Conselho Mundial da Água

    ZEE – Zoneamento Econômico e Ecológico

    INTRODUÇÃO

    A ideia da Terra como um sistema vem sendo tratada desde os primórdios da civilização, porém esta visão só se tornou possível a partir das primeiras viagens espaciais, na década de 1960 (Lovelock, 1991). Atualmente, ainda existem resistências, teoricamente e pragmaticamente falando, sobre a ideia chave da Teoria de Gaia (Lovelock, op. cit.), que mostra um estreito entrosamento entre os elementos bióticos – as partes vivas do planeta (plantas, microorganismos e animais) e os elementos abióticos – as partes não vivas (rochas, oceanos e atmosfera).

    Porém, vale ressaltar que a aplicação prática desta teoria ainda é insuficiente para dar conta dos desafios ambientais, mesmo considerando toda a história do homem, que está passando por mudanças na forma de ver o mundo. De uma abordagem mecanicista e cartesiana da realidade, vem evoluindo de forma bastante lenta para uma visão sistêmica e holística do ambiente no qual habita, onde em alguns casos existe uma visão que considera de forma interligada os fenômenos biológicos, sociais, econômicos e ambientais (Capra e Luisi, 2014).

    Porém, ainda hoje impera o modelo de pensamento que ao longo dos séculos mantém o homem em relação a natureza como o ente predador e dominador. Por isso, atualmente ainda se vive a maior crise ambiental, um dos maiores desafios do Planeta, que é resultado deste modelo de desenvolvimento econômico predador que se tomou como paradigma, no qual os recursos naturais vêm diminuindo e comprometendo qualidade de vida e os sistemas econômicos.

    A conexão entre a degradação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico tem instigado um amplo debate na literatura acadêmica, principalmente, após a publicação do relatório The limits to growth (Meadows et al., 1972), no qual se destaca o fato de que a expansão contínua das economias capitalistas é, por hipótese, inconciliável com a sustentabilidade ambiental (Georgescu-Roegen, 1971).

    A crítica que emergiu com a questão ambiental na abertura da década de 1970, dirigiu-se ao modelo de desenvolvimento econômico vigente à civilização industrial, apontando para um conflito entre crescimento econômico e preservação dos recursos ambientais.

    De acordo com Leff (2010), uma das principais causas da problemática ambiental encontra amparo no processo histórico que insere a ciência moderna e a Revolução Industrial. A ecologia demanda ao materialismo histórico para explanar a produção de valores como decorrência do que é produzido de forma natural. É necessária uma reestruturação no que tange ao conceito de valor, renda diferencial e forças produtivas para que o processo produtivo entre em consonância com o meio natural.

    Nesse cenário, assinalam Pereira e Horn (2009, p. 57), os limites ambientais devem ser vistos como parâmetros para que se gere um novo modelo de desenvolvimento – sustentável. Esse modelo deve afastar a premissa de que desenvolvimento sustentável se resume à simples economia de recursos naturais. Logo, esses limites não podem ser entendidos como decorrentes da insuficiência natural dos recursos para o atendimento das necessidades humanas. Eles devem ser entendidos na percepção de que a falta de tais recursos conduz ao indevido e destrutivo relacionamento do homem com a natureza, principalmente, quanto à produção de bens econômicos.

    Nossos problemas relacionados à gestão das águas e do ambiente não se resumem somente aos políticos e epistemológicos. Segundo Leff (2010), também é a forma como se lida com os processos.

    Os problemas relacionados com a água, um dos mais importantes recursos ambientais, não estão dissociados das relações históricas entre o homem e o meio ambiente e suas atividades produtivas, o que tem resultado uma grave crise ambiental no nosso planeta. Esta crise em que os recursos hídricos estão inseridos é decorrente do modelo de desenvolvimento adotado, no qual os recursos naturais estão escasseando, seja em qualidade, como em quantidade. Neste sentido, torna-se necessária uma mudança de concepção no modelo de desenvolvimento.

    O Fórum Econômico Mundial que sempre trata dos riscos globais e a cada ano apresenta um relatório sobre os riscos mais significativos e de maior impacto a longo prazo em todo o mundo, baseando-se nas perspectivas de especialistas e tomadores de decisão globais. No relatório de 2015, aproximadamente, 900 especialistas participaram da Pesquisa de Percepção de Riscos Globais. Eles classificaram a crise de abastecimento de água como o maior risco de maior impacto que se anuncia no mundo atual. Além deste, outros grandes riscos relacionados a seus conflitos e conflitos interestatais, em termos de impacto, são: propagação rápida de doenças infecciosas, armas de destruição massiva e a falta de adaptação às mudanças climáticas (World Economic Forum, 2015).

    Com um universo de pesquisados diferentes, em 2016 outros entrevistados colocaram a questão da água como o terceiro maior desafio para o desenvolvimento econômico, social e ambiental (World Economic Forum, 2016). Portanto, a gestão da água deve ganhar cada vez mais um caráter estratégico por parte dos tomadores de decisão, senão pelo menos dos setores privados, já que a escassez da água pode afetar diretamente os negócios de grandes grupos empresariais. Assim, a água é o recurso estratégico do século XXI e, acima disso, deveria ter sido de todos os séculos.

    A água é um recurso vital e estratégico para o abastecimento humano e para o ecossistema aquático. Em alguns países, como a Austrália, em relação à prioridade da alocação de água, primeiro vem o abastecimento humano e em segundo o ambiente. A indústria e agricultura são os últimos.

    A água pode ser considerada no âmbito de diversas funções, seja como solvente universal, componente bioquímico dos seres vivos, meio de sobrevivência para várias espécies vegetais e animais, elemento de valores sociais, culturais e estéticos, insumo na produção de bens e serviços de consumo intermediários e finais. Todo processo depende da água na sua mais ampla acepção, da indústria de produção de equipamentos à produção de alimentos, da produção de energia ao abastecimento da população.

    Na gestão de recursos hídricos, são considerados dois tipos de usos: Usos Consuntivos e Usos não Consuntivos. Usos Consuntivos são aqueles que se referem aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades quantitativas, espacial e temporalmente. Já os usos não consuntivos são aqueles que se referem aos usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade quantitativa (Ana, 2011).

    O ciclo todo da água é caracterizado por um fluxo permanente de energia e de matéria, estando ligado ao substrato e à vida. Essa visão sistêmica reúne Geologia, Geografia, Hidrologia, Biologia, Neurologia, Física, Química e outras disciplinas. Demonstra-se, dessa forma, que para entender o funcionamento do ciclo das águas necessita-se de uma diversidade de conhecimentos, assim como o caso da gestão das águas, que é complexa e requer, além do conhecimento técnico, o social, político, econômico e ambiental (Capra e Luisi, 2014).

    Considerando a distribuição da água no planeta, a partir da Figura 1 é possível ter uma dimensão da quantidade de água existente.

    Figura 1. Distribuição da ÁGUA DOCE no mundo

    Fonte: EcoBebate (2015).

    Contudo, mesmo verificando-se que há disponibilidade de água no planeta, os resultados da ação do homem, questões naturais e ausência de gestão, fazem com que algumas regiões enfrentem escassez. A Figura 2 demonstra a escassez de água no mundo.

    Figura 2. Distribuição da escassez de água no mundo

    Fonte: UOL Educação (2015).

    As imagens apresentadas (Figuras 1 e 2) enfatizam a seriedade com que o mundo deve tratar a gestão das águas, já que a distribuição desse recurso não se apresenta de forma igual para todos os países, havendo locais onde a escassez é nítida. É fato que, por vezes, bacias chegam à escassez hídrica por ausência absoluta de gestão e de implementação de ações.

    Devido à escala da Figura 2, apresentada uma escala macro, não aparecem os problemas de escassez no semiárido brasileiro e mesmo problemas de criticidade em outras regiões hidrográficas do Brasil, contudo sabe-se que esses problemas existem e são críticos.

    Segundo Rebouças (1999), nos últimos 500 milhões de anos a quantidade de água na Terra se manteve praticamente a mesma. Porém, é possível dizer que sua distribuição se altera ao longo do tempo, especialmente por conta das variações climáticas. Exemplo disso é que, segundo os especialistas em mudança de clima, para cada 1º grau centítgrado de aumento na temperatura da Terra, a evaporação aumenta em 7%. Totalizam-se 1.386 milhões de km³, sendo que 97,5% dessas águas são salgadas. O restante, aproximadamente 2,5%, são de águas doces. Com relação a esta última tem-se que: 69,0% de toda a água doce é composta por geleiras glaciais, calotas polares e neves eternas, portanto não está disponível para o consumo humano; o restante disso, apenas 31,0% das águas doces, estão disponíveis nos rios e lagos para uso e consumo imediato e futuro, assim como compõem a umidade dos solos, vapor e águas dos pântanos. Ademais, acredita-se que menos de 1,0% de toda a água doce seja potável (Rebouças, 1999).

    O Brasil possui uma área de 8.511.965 km², sendo um país rico em água, pois dispõe de 177.900 m³/s de descarga de água doce em seus rios, o

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