O Necrófago: O caso Albert Moses
De John Müller
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Sobre este e-book
John Müller
John Müller, autor desta obra e de diversas outras que, em breve, serão lançadas, faz parte de uma antiga família de origem europeia, de cujos ancestrais herdou um legado maldito: comunicar-se com mortos que, em vida, foram forjados para o crime – serial killers, loucos homicidas ou mesmo vítimas do destino, personagens que, durante sua passagem pelo mundo, cometeram desatinos vários, rompendo os limites entre a sanidade e a loucura. Essas almas infelizes contam-lhe suas histórias macabras a fim de que ele as repasse para o mundo através dos seus livros. Um de seus ancestrais foi um cruel assassino de prostitutas na Inglaterra, que, para escapar da polícia, fugiu para os Estados Unidos, mudando de identidade e passando a chamar-se pelo nome que o autor assina hoje. Portanto, se este é o tipo de leitura de que o leitor gosta, uma recomendação: não viva sem ler suas obras.
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O Necrófago - John Müller
Copyright desta edição © 2013 by John Muller
Direitos em Língua Portuguesa reservados a Litteris Editora.
ISBN - 978-85-374-0238-2 (2014)
ISBN - 978-85-374-0216-0 (versão impressa)
Conversão: Cevolela Editions
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Um amor insano e singular transcende o tempo, atravessa os séculos. Não existem barreiras capazes de detê-lo, de frear o desejo maior da paixão entre um homem e uma mulher.
Por entre as brumas de uma noite fria, somos apresentados ao Sargento Albert Moses e à linda Isabelle, um casal emoldurado pela França do século XVIII. A Tomada da Bastilha serve como pano de fundo a envolvê-los no clima tenso da velha Paris.
A noite, além da taberna com suas lindas mulheres e seu vinho saboroso, também guarda a escuridão do calabouço, o medo do inusitado, a revelação de um segredo. Uma herança maldita do passado que traz à luz O necrófago, um ser em busca de algo que se perdeu no tempo.
Sempre que o amor for tão intenso a ponto de quebrar o limite da sanidade e penetrar até as profundezas da loucura, será possível transformar o ser humano em um NECROFAGO
Coisas estranhas existem, heranças malditas que, quando surgem na vida de uma pessoa, transformam-na numa sucessão de infortúnios que persistem por todo o tempo, só findando com a morte. Assim foi a vida de Albert Moses que, apesar de ter sido produto de um pai esquizofrênico e assassino e de uma mãe prostituta, louca e infectada pela sífilis, conseguiu ainda ingressar no exército francês, galgando o posto de sargento.
Ao longo de sua vida, na obstinada tentativa de superar os obstáculos, viveu uma existência que ia da miséria à opulência, do dia para a noite, e assim conheceu seu grande amor, graças a fenômenos sobrenaturais e parapsicológicos de projeção que o levaram à loucura, transformando-o num NECROFAGO
Os ventos frios do inverno açoitavam as planícies francesas e as fortes chuvas inundavam as estradas recobertas de neve, tornando quase impossível o trânsito das carruagens que iam e vinham de Paris transportando pessoas e mercadorias. Naquela manhã, corria célere pela estrada uma carruagem puxada por oito cavalos atrelados em parelhas de dois e que transportava, além do condutor e de seu ajudante, seis passageiros, cinco dos quais velhos conhecidos, que conversavam alegremente, em contraste com um cavalheiro, sentado à janela da direita, no mesmo sentido do movimento do veículo. Encontrava-se taciturno, mergulhado em seus próprios pensamentos, como se o mundo ao seu redor não existisse. De aparência destoante em relação aos seus companheiros de viagem, que se mostravam elegantemente vestidos, estava maltrapilho, barba por fazer, cabelos loiros e lisos ligeiramente ondulados, sujos e em desalinho, com um semblante que refletia um estado de depressão profunda.
A janela da carruagem exibia um espetáculo de paisagens que se sucediam, lindas, tristes e, sobretudo, enriquecidas pela brancura da neve recobrindo a copa das árvores e os campos, cujos fins se confundiam com a linha do horizonte. Porém, nada dessa magnitude natural modificava o semblante daquela estranha criatura, que ruminava os fatos que aconteceram dias anteriores ao daquela viagem.
A época em que ocorreram esses fatos coincidiu com um período negro de sucessivas transformações que culminaram com o início da Idade Contemporânea na França. O sistema existente fora implantado há 50 gerações, tinha o domínio da igreja há mais de mil e duzentos anos e era dividido em três estados: o clero, a nobreza e o povo.
O rei era soberano absoluto e dominava todos os estados; suas ordens eram respeitadas em todos os níveis sociais; quem desobedecesse a elas seria preso na Bastilha.
A Bastilha, localizada nos arredores de Paris, era o lugar para onde eram conduzidos todos os indivíduos que o rei Luiz XVI achasse por bem prender, bastando para isso uma ordem escrita ou, mesmo, verbal. Era uma edificação de pedras, com muros de 25 metros de altura, nos quais se localizavam oito torres, circundadas por um fosso. O seu interior era constituído por três pavimentos, sendo mais temido o chamado Calabouço
cujas celas eram tão pequenas que o prisioneiro só podia ficar em pé, não conseguindo mover-se em seu interior. Para isso, o indivíduo, antes de entrar na cela, deveria escolher a posição em que ficaria. Os dois pavimentos superiores eram destinados a prisioneiros comuns. As mortes no calabouço se davam por infecções em feridas decorrentes da falta de mobilidade, da fome, do frio e de doenças pulmonares, principalmente.
As riquezas tinham crescido nas últimas décadas, o desenvolvimento do país era notório, a indústria progredia a passos largos, tais como o setor metalúrgico, a tecelagem de seda e algodão, a produção de ferro e sal. Mobiliários e artigos de luxo eram encontrados em Paris.
O luxo e a ostentação eram flagrantes naquela época; entretanto, grande parte da população era constituída por camponeses famintos e desesperados, que se reuniam em grupos, procurando uma solução para os seus problemas. Estes, aliás, eram inúmeros, indo da falta de dinheiro, e consequente falta de alimento, até as doenças decorrentes da miséria que cada vez crescia mais e que eram tratadas de forma indiferente pelos nobres e pelo rei. A calamidade na época era de tal monta que o terceiro poder, ou seja, o povo tinha por obrigação sustentar o segundo poder, a nobreza e também o primeiro poder, o clero.
O rei, detentor do poder absoluto sobre todas as classes sociais na França, tinha em mente estabelecer algumas reformas que não foram bem recebidas pela nobreza e pelo clero. Dentre elas, estava um aumento na representação do terceiro poder nos Estados Gerais. A arrecadação dos impostos rurais passou ser feita por um coletor, escolhido pelos próprios camponeses.
Certa noite, três semanas atrás, o terceiro sargento Albert Moses, servindo no Segundo Regimento de Cavalaria do Exército de Napoleão, sitiado em Rheims, aristocrata cidade milenar, localizada na região de Champagne, entrou em um cabaré, frequentado principalmente pela milícia, à procura de bebidas e mulheres. Sentou-se em uma cadeira junto a uma mesa desocupada, do lado esquerdo do salão, próximo ao palco onde mulheres exibiam-se seminuas, em atitudes provocantes. Uma delas, Adelle, exuberante loura recém-chegada de Paris, destacava-se, não só pela voz melodiosa que possuía, mas pelo jeito carinhoso com que tratava a plateia e pelo olhar insinuante que fascinava os espectadores.
Albert, com o passar das horas, já consumira duas garrafas de uísque e estava bebendo a terceira garrafa, que agora era de vinho rascante. Já embriagado, levantou-se da mesa e, num gesto brusco, agarrou Adelle, tentando beijá-la. A bailarina tentou contê-lo com os braços estendidos e as mãos espalmadas em seu tórax, porém Albert, muito mais forte e extremamente enlouquecido, puxou-a pelos braços e agarrou-a freneticamente.
Monsieur Beauchamps, afortunado empresário, amigo íntimo de Napoleão e proprietário do cabaré, correu em socorro de sua empregada, tentando segurar Albert, que reagiu violentamente, desferindo-lhe um soco no queixo, jogando-o no chão e chutando-lhe o abdômen. Em seguida, após quebrar uma garrafa de vodca na borda da mesa, atingiu-lhe a face direita, causando-lhe uma ferida profunda.
Vários frequentadores e alguns empregados correram e contiveram Albert que, tresloucadamente, tentava se soltar. Enquanto isso, chamaram a Polícia do Exército para prender o