o homem perdido: CONTOS INACABADOS
De Paulo Roma
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o homem perdido - Paulo Roma
CONTOS INCOMPLETOS
A MORTALHA
CONTO DE NATAL
O SONHO
O NUNES
MORTALHA
Em passos curtos e decididos , quedou-se em frente da porta procurando a chave dentro da sua pesada bolsa que transportava consigo como um pequeno tesouro junto ao corpo. Finalmente e por entre outras tantas chaves, encontrou a desejada com a qual abriu a porta da pequena loja, ao entrar largou de imediato a bolsa sob uma cadeira e puxou com vigor o estore da montra, o cheiro a traça perfumada de naftalina que enchia o espaço desvaneceu-se um pouco para o exterior da loja que ainda conservava o antigo ramo pintado na fachada COOPERATIVA DE CARNES DA VILA
numa tinta já desgastada pelo tempo. A montra espreitava para a rua pouco movimentada que estreitava o caminho entre o adro da igreja e o jardim do coreto, mais animado nas noites de verão do que por aqueles dias de Outono. Emoldurada pelos monos, perscrutou o céu cinzento de negro que ameaçava engolir a terra castigando, assim pela vontade divina, todos os falsos fieis que não prestavam contas a Deus. Do seu posto, tinha uma visão permanente da porta da sacristia, nenhum movimento eclesiástico lhe escapava, nem ninguém fugia ao seu olhar escrutinador de beata. Numa avaliação de juízo devoto a que se permitia julgar em pensamento divino. Ali, daquele posto, redimia os seus pecados perante Deus. No meio de uma bijuteria desusada, dos cheiros mofados e das cores empasteladas ditadas pela moda de outros tempos. Ali residia o posto de dádiva de todo o tipo de caridade pronta a vestir, a roupa do falecido, os bibes dos netos, as indumentárias de soiré que deixaram de servir pela gordura acumulada e os sapatos que deixaram de servir incomodados pelos joanetes sem estalar o verniz e que procuram um outro pé para brilhar numa qualquer festa solene, pobre…mas festa. Brinquedos que esperam outras crianças, os jogos de tabuleiro preservados pelo tempo passado nos armários onde aguardavam serões de risos e batotas, triciclos substituídos por consolas que vieram dar descanso às pernas e movimentam agora, as falanges num frenético digitar de comandos.
Aceitava todas as dádivas que lhe chegavam retiradas de sótãos sem vida, perturbadas na sua solidão pelas aranhas e o pó que iam tecendo um doce bailar aos raios de luz soprados pelos desajustes das telhas assentes nas madres que se vão entortando ao longo do tempo passado, como uma esclerose impiedosa que lhe deforma as águas. Tudo servia de moldura à sua