Feliz Natal...ou não
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Sobre este e-book
Durante más de dez anos, o autor de “Feliz Natal… ou não” adquiriu o hábito de incluir um pequeno conto nos cartões de felicitação, que mandava a amigos ou familiares. Os melhores desses mini relatos, com o tempo, foram recompilados e revistos até ao seu formato atual, muito maior, em tamanho e detalhes. Converteram-se, definitivamente, numa coleção de sete histórias irreverentes, claramente enquadradas nos temas próprios destas datas, mas ausentes de qualquer espírito natalício. Sem deixar de lado, o humor negro ou a ironia, que impregnam qualquer das escrituras deste autor, nestas páginas submergimos-mos em sete histórias com uma Virgem María, uns Reis Magos ou uma “magia do natal” totalmente diferente à habitual. Como o seu subtítulo indica, são “contos de um natal diferente”
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Feliz Natal...ou não - Mario Garrido Espinosa
Traducción: Bruno Santos
Dedicatória:
Aos meus pais e irmão.
A todos os que sentem na pele o espírito do Natal... ou não.
1. o estranho cesto
––––––––
Tadeus Reims Carrintong era um bom homem. Conhecido pelos vizinhos do bairro, os quais lhe deviam mais que um favor. Tinha feito, recentemente, vinte e cinco anos que estava a trabalhar na mesma empresa. Durante esse período, trabalhou no duro, mais vezes do que as que se queria lembrar, até foi nomeado empregado do ano em cinco ocasiões consecutivas, ficando no resto dos períodos, entre os quatro primeiros dessa estranha competição, que na realidade, não fazia ninguém prosperar. Nunca pensou que lhe fossem oferecer algo por esse quarto de século de dedicação, e muito menos que fosse um cesto Natalício, já que era a altura própria de receber algo assim, na empresa do bom Tadeus, tanto quando ele sabia, esse tipo de detalhes não eram habituais. Contudo, naquele domingo chegou a sua casa, na modesta rua de Drake Street, um baú enorme, em que sobressaíam, dois presuntos 5 Jotas de Pata Negra, lombos e salsichões da Serra de França, trufas e queijos de Gruyere, latas de leitão confeitado, caixas de marron glacé, garrafas de Únicos
de Vega Sicilia, e Don Perignon, um conhaque napoleão solera 20 anos, duas garrafas de Cardhus, numeradas de envelhecimento familiar....e por esta ordem, mais de 150 artigos.
Tadeus, incrédulo a princípio, assinou o recibo da transportadora, onde, efetivamente, estava o seu nome e morada como destinatários. Como sabia que não tinha nenhum dinheiro para dar a modo de gorjeta, rompeu parte do selo do enorme lote, e tirou os dois primeiros objetos que encontrou á mão: uma lata de sopa de lagosta, qualidade extra, e um pacote de sal rosa dos Himalaias.
—Aqui tem, amigo. Feliz Natal!
—Obrigado— disse o funcionário da transportadora, com um sorriso—. Feliz Natal para você também!
De seguida, Tadeus arrastou o baú até ao salão. O tirou o selo, e foi extraindo os produtos um a um, incrédulo de poder tocar naqueles artigos, que até hoje, apenas os tinha visto atrás das montras das lojas de Delicatesse da zona alta da cidade. Ainda se recordava, com tristeza, uma ocasião em que um funcionário saiu à rua, e o tirou dali. «Espantas-me a clientela», disse-lhe.
Quando o baú ficou vazio, avisou os três vizinhos de outros três andares do seu simples prédio, e convidou-os a degustar um dos suculentos presuntos. Também abriu várias latas de paté de fígado de oca edição limitada, uma ovas de atum, que dizia primeira captura
e outra de caranguejo real russo, segundo a receita familiar de 1765. Também cortou alguns enchidos, e um dos queijos puros de ovelha. De sobremesa, deram conta de parte de um gigantesco frasco de pêssegos de Calanda em calda, gordos e inteiros, e de uma caixa de polvorones e marquesas Gran Maestro Artesano, cujo sabor, esponjosidade e delicadeza nunca seriam esquecidos.
Naquele dia, o bom Tadeus foi para a cama mais que satisfeito. Feliz como não se lembrava havia anos. Era 15 de dezembro.
✶✶✶
Na manhã seguinte, foi para o emprego, pontual como sempre, e a primeira coisa que fez foi entrar no suntuoso gabinete do seu chefe, para lhe agradecer.
—Não sei do que está a falar, Reims.
—Mas, a empresa não me ofereceu um cabaz? Recebi-a ontem. Pensava que