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O Lado oculto do Sol
O Lado oculto do Sol
O Lado oculto do Sol
E-book567 páginas8 horas

O Lado oculto do Sol

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Sobre este e-book

“ Um cavaleiro envolto por uma armadura na qual se protege de qualquer sentimento ou emoção que um contato humano possa lhe proporcionar, pois sua natureza o impede de confiar ou acreditar no amor.Porem a paixão surge quando mundos diferentes se convergem, em uma noite longe do acaso. Onde luz e trevas, amor e ódio, se veem confusos diante da magnitude da força de reinvindicação de suas almas. Emoções limítrofes e muito mistério te conduzirão nessa jornada. Começa assim, a história impossível entre a frieza incontida da Lua e o calor abrasador do Sol. ”
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de mar. de 2021
ISBN9781526036438
O Lado oculto do Sol

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    Pré-visualização do livro

    O Lado oculto do Sol - Nenah Ribeiro

    Li

    O Lado Oculto do Sol

    Nenah Ribeiro

    Toda matéria perceptível vem de uma substancia primaria, ou de uma tenuidade além da concepção, preenchendo todo espaço, ou akasha, ou éter aluminífero que é influenciado pela vida dando prana ou força criativa, chamando a existência todas as coisas e fenômenos, em ciclos intermináveis. 

    -NIKOLA TESLA-

    Prologo:

    Dizem as antigas lendas que o amor eterno é como uma ligação espiritual. Segundo uma dessas lendas também chamada de Un mei no aka ito que significa corda vermelha do destino. Não importa quantos relacionamentos amorosos você tenha durante a vida, A Verdadeira experiência do Amor será de fato com a pessoa que está do outro lado do fio vermelho invisível que se encontra amarrado em nosso dedo mindinho ou tornozelo. A Rumores que um antigo Deus Lunar chamado Laoren, que aparece somente sobre a luz da Lua ou Yue Ming (Mundo obscuro) foi o responsável por colocar o tal fio vermelho do destino em nós humanos. Acredita-se que por causa disso a experiência do Amor verdadeiro só será vivida caso você encontre a tal pessoa que está na outra ponta do seu cordão. De acordo com as crenças quanto mais longo o fio mais longe e tristes as pessoas destinadas estarão, o cordão pode esticar ou até dar um nó, mas nunca pode ser rompido. Alguns laços desafiam o tempo a distância e a lógica porque simplesmente precisam existir.

    Magia Alcoólica

    Capitulo

    I

    Apoiei-me desajeitadamente a bancada do lavatório que se encontra na entrada do banheiro feminino do bar onde eu estava. Contorcendo minhas pernas repetidamente, me perguntado por que diabos as mulheres precisavam demorar tanto para fazer um maldito xixi.

    Minha cabeça estava começando a latejar em uma dor massacrante, já eram duas da madrugada e eu me encontrava completamente bêbada, tentando desesperadamente me manter consciente.

    Porra porque eu tinha que beber tanto assim! Lembrei o fato de me encontrar na merda, destroçada emocionalmente. Sim isso fora o grande causador do meu ridículo estado atual. Malditos homens porque sempre necessitamos ter a distorcida percepção de que esses miseráveis, principalmente os bonitos são imprescindíveis para o tão sonhado e desejado final feliz.

    Val e Clau é que estão certas, os únicos finais felizes com os quais devemos contar de verdade são sem sombras de duvidas os finais de semana.

    Quando finalmente chegou minha vez de usar o sanitário, encostei a porta a minha frente a trancando, e agachando parcialmente sobre o vaso sanitário, após erguer o minúsculo vestido preto no qual estava ridiculamente vestida a fim de me sentir aparentemente atraente e sensual. O levantei quase até o pescoço, enquanto deslizava minha incomoda pequena calcinha de renda sobre as coxas, deixando as quase cair sobre minhas sandálias desnecessariamente altas e assustadoras para minha atual situação.

    Poderia até quebrar o pescoço se caísse desse troço, porque decide dar ouvidos as minhas loucas e insanas melhores amigas. Pensei infeliz por não me encontrar confortavelmente calçada nesse momento com um par de rasteirinhas ou sapatilhas.

    Após esperar pacientemente aqueles malditos pinguinhos finais que pareciam nunca ter fim, observei irritadamente que não havia um pedaço de papel para eu me secar

    _ Ótimo, perfeito! Exclamei irritada por ter que me vestir assim mesmo. Sai da cabine completamente trôpega me dirigindo ainda mais bêbada ao lavatório.

    Após lavar e secar as mãos na roupa, tentei arrumar meus cabelos volumosos que no momento caiam sobre minhas costas até a altura da cintura como uma cascata dourada desalinhada.

    Senti o indicio de uma nova lagrima coçando em meus olhos, então tentei espanta la inutilmente, enquanto erguia pesarosamente o olhar para o imenso espelho a minha frente sobre a pia.

    Minha situação era deplorável, meus olhos cor de mel com um estranho tom amarelo quase anêmicos, se encontravam muito inchados e de um vermelho carmim ao redor.

    Merda de lagrimas incansáveis, vou acabar desidratada se continuar assim! Resmunguei contra o espelho enquanto tentava controlar o desespero da minha insignificância. Quem mandou eu ser uma idiota arrogante, iludida por ter conquistado o corpo dos meus sonhos, após uma rotina exaustiva nos últimos dois anos na academia, além de uma dieta que se eu continuasse a seguir por mais um dia, corria o risco de ficar verde de tanto mato ou de mugir como uma vaca.

    E para que tudo isso, saúde! Não consigo nem pensar em ouvir esse mesmo discurso da minha personal traine novamente. Eu era gorda, mas era feliz. Ninguém me cobrava nada, não precisava ser escrava de salão de beleza e nem de grifes famosas, os homens me ignoravam ou melhor fingiam não me ver na verdade, pois quando o faziam era sempre para me sacanear.

    Em geral isso acontecia com os caras aos quais eu me interessava, mas ainda assim eu era feliz, divertida ao menos. Acreditava até mesmo que existiria alguém em algum lugar de todo esse planeta que poderia ser predestinado para mim, e que em algum momento de nossas vidas nos encontraríamos e seriamos eternamente felizes juntos.

    Que tonta, feliz era o que eu era antes inocente, despretensiosa, sonhadora. Pensei ainda mais melancólica agora, mas também que diabos me deu na cabeça para me apaixonar pelo cara mais gato da faculdade, e decidir acreditar a qualquer custo que ele também me amava.

    O fdp além de lindo iria se tornar medico, o sonho de qualquer sogra. Mas eu nem mãe tenho, porem a idiota aqui se deixou levar pelos hormônios, ilusionando o príncipe encantado dos sonhos.

    Só que esse príncipe é tão afeiçoado as princesas que se especializou na feminilidade delas. Sim o fdp gosta tanto de periquita que se tornara ginecologista de tão especialista no assunto, e a idiota aqui achava isso o máximo. Isso claro até descobrir que ele andava fazendo exame preventivo a torta e a direita em todas mulheres que conhecia, mesmo após me dizer que gostaria de formalizar nosso relacionamento de um ano.

    Sou uma trouxa mesmo, uma sapa aspirante a princesa. É isso aí mesmo, minha autoestima está la no bico, no bico do corvo só se for.

    Maldita lei de Murphy Me sinto exatamente como uma torrada de um experimento cientifico. A porra de uma torrada que sempre se fode por cair com a geleia virada para baixo, mas no meu caso isso não é física é só a porcaria da minha vida como ela é mesmo.

    Se há realmente alguma magia nesse mundo, talvez a minha deva ter nascido esgotada ou deve estar muito atrasada mesmo.

    Minha vida literalmente não é nenhuma história de amor, na verdade ela é tão complicada e estranha que poderia ser cômica se não fosse tão trágica e bizarra. Se realmente existe uma horda imaginária de anjos ou guias espirituais ao nosso redor, tenho certeza que eles estão todos nesse momento ao meu redor comendo pipocas, enquanto esperam pela próxima merda que vou fazer, ou atrair para minha vida.

    Olhei para o meu pulso, enquanto esfregava uma generosa quantidade de sabão liquido nas mãos, e notei a ausência do meu cordão vermelho de proteção contra energias densas negativas. Droga ele havia se rompido. OTIMO, SÓ ME FALTAVA ISSO AGORA

    Esses lances míticos da minha tia mexiam mesmo com a minha cabeça, senti um estranho calafrio me percorrer a espinha. Me sentia exposta, totalmente desprotegida. A louca das pedras e cristais se encontrava estranhamente desencorajada agora.

    Pior é que terei que esperar até o carnaval para repor meu amuleto, pois é somente quando minha tia Julia estará de volta à cidade, e só ela pode amarrar outro cordão ao meu pulso. Misticismo puro, eu poderia até amarrar eu mesma, mas sei que não resolveria, pois isso não funciona assim eu não acreditaria em seu poder de proteção depois de ouvir minha tia dizer que tem que haver um ritual feito por alguém unido a você por laços sanguíneo e um imenso amor para dar os sete nós.

    Tia Julia tem esses lances ocultos de proteção, herdou isso da minha falecida mãe. Elas sempre foram muito aficionadas por esoterismo, hermetismo e todo esse lance de positividade e lei da atração, talvez eu já estivesse na hora de começar a me aprofundar ainda mais sobre o assunto, seguir mais por esse caminho até porque a vida não está sendo muito fácil ultimamente, o que significa que eu realmente devo estar desalinhada com o Universo. Preciso descobrir definitivamente qual é minha missão de vida.

    Continuei a encarar meu reflexo no imenso espelho preso a parede acima do lavatório.

    Cara, será que todo mundo tem esses lances loucos de se perguntar sobre o motivo de sua existência, não só o motivo fisiológico da concepção, mas sim o tipo karmico espiritual, eu sei lá. O motivo real de estarmos aqui nesse mundo mesmo que em um bar completamente embriagada.

    Eu devo estar muito doidona de cachaça mesmo, ou vai ver estou sofrendo algum tipo de influência pisciana, tentei lembrar onde eu tinha o signo de peixes no meu mapa astral, mas decide ignorar a ideia, pois uma garota parada no lavatório ao meu lado me encarava seriamente pensativa, enquanto eu sorria distraidamente por meus loucos pensamentos.

    Havia esquecido o quanto fico deplorável bêbada. Droga ela parecia assustada, o que fez meu sorriso se ampliar automaticamente se alargando ainda mais em meu rosto.

    _ O que foi, o que está olhando! Você por acaso nunca se perguntou porque está aqui, o porquê você nasceu?

    Mencionei ainda mais alienada pela direção dos meus pensamentos. Ela balançou a cabeça me ignorando e se afastou apressada.

    Eu eh! Que grossa! Mencionei ainda em frente ao espelho encarando meu reflexo, e parecendo ainda mais desequilibrada.

    Cara minha péssima aparência, devido à maquiagem deteriorada e cabelos desalinhados junto aos meus pensamentos existenciais, era realmente de dar medo.

    Percebi que precisava beber um pouco mais, pois ainda me encontrava terrivelmente consciente sobre minha existência, e tudo o que necessito essa noite é esquecer, apagar tudo em minha mente a fim de me livrar ao menos momentaneamente de todo estado de espirito leproso pelo qual venho passando nessas últimas semanas.

    Distrações para o bem da minha sanidade mental eu realmente preciso me distrair e esquecer ao menos momentaneamente todos esses últimos dias.

    Voltei para o salão de jogos do bar ao encontro das minhas três melhores amigas, Val, Elice e Clau. Elas também estavam muito bêbadas, na verdade elas estavam muito ferradas conclui ao me aproximar da mesa de sinuca onde elas se encontravam e visualizar Val prestes a virar mais dois xotes de tequila de uma única vez, enquanto se mantinha apoiada ao taco de sinuca parecendo dependente de muletas, extremamente concentrada observando Elice cambalear ao tentar encaçapar uma bola a qual errara miseravelmente durante a tacada.

    Clau parecia com sono fitando as duas entediada, aguardando por nossa vez. Aproximei-me sorrindo, devido ao desastre que parecia reinar ao redor. Nós tínhamos uma espécie de ritual todas as sextas feiras, mas especialmente em momentos de crise como o de agora pé na bunda coletivo

    Onde nos sentíamos ainda mais decididas do que o habitual a odiar os homens por eles nos convencerem irrevogavelmente de que a coisa mais profunda que eles poderiam sentir, sem sombras de duvidas é SONO.

    Sol, mulheres precisam dos homens tanto quanto sereias precisam de Patins

    Pude ouvir as sabias palavras da minha amada tia Julia, martelando novamente em minha mente.

    O único homem em quem confio e acredito inexoravelmente, é sem sombras de duvidas meu avô Wilson, talvez o fato de ele ser de outra geração o tenha imunizado contra essa nova ordem de imbecis e covardes.

    O único final feliz em que devo acreditar é o final de semana.

    Continuei afirmando essa frase como um mantra. Já estava bem tarde da noite, provavelmente por volta das duas da madrugada. E nós continuamos a beber e xingar excessivamente, enquanto nos revezávamos em duplas ao redor da mesa de sinuca, entornando um xote de tequila após outro nos intervalos das garrafas de cervejas.

    Bebíamos sem parar ou até cair não necessariamente nessa ordem, mas já nem sabia ao certo o que estava falando, tudo o que eu fazia agora era sorrir dar gargalhadas altas e estridentes feito uma louca ou retardada. 

    Eu estou aqui para comemorar uma nova fase em minha vida, meu renascimento como uma fênix. Prometo a mim mesma que vou me amar exclusivamente a partir de agora, direcionarei minha energia aos meus estudos e minha linda carreira de arquiteta, então chega de toda essa Merda

    Brindei a mim mesma, virando outro xote de tequila contra a boca. Preciso parar de pensar como uma menininha de 12 anos, sou uma mulher agora PORRA. Tenho que apreender a lidar com as minhas frustrações e desilusões, já passou da hora disso acontecer por isso chega desses sentimentos e pensamentos pueris.

    Esse lance de ter o meio do céu em libra é muito complicado, ser leonina com ascendente em capricórnio e com fundo do céu em aries, é fogo. Eu tenho que apreender a direcionar toda essa energia para algo construtivo como minha carreira, isso sim.

    Neguei-me a lidar com tudo isso novamente, principalmente nesse momento. Só eu mesma para pensar no meu mapa astral novamente em uma hora dessas.

    — A saideira! - Gritou Val as três da madrugada, após Clau já ter recolhido o dinheiro para pagar a conta pela segunda vez, e eu já ter ligado para seguradora solicitando um motorista amigo para nos buscar, já que nem uma de nós tínhamos condições de dirigir até meu apartamento onde elas também dormiriam, a fim de evitar que seus pais as vejam nesse estado.

    — Valquíria! Você roubou nessa jogada sua ladra safada, eu vi você jogar a bola na caçapa com a mão! - Protestou Elice indignada, enquanto Val e ela disputavam a última rodada.

    — Você está louca de me acusar agora, estou fazendo isso desde o início e você não reclamou de nada antes sua sonsa! - Respondeu Val as gargalhadas se esquivando do taco de Elice que se encontrava apontado para sua cabeça agora.

    Legal uma ceninha para encerrar a noite era tudo que me faltava hoje. Pensei enquanto segura Elice e lhe tomava o taco de sinuca da mão, antes dela o arremessa-lo contra a cabeça da Val.

    — Tequila, tequila, tequila! - Continuou Val virando mais dois xotes de uma só vez.

    Putz ela entrará em coma alcoólico! - Mencionou Clau a voz quase inaudível de tão embargada pelo álcool, enquanto pedia para o garçom fechar a conta pela última vez.

    — Valquíria já deu eh, chega! Você está péssima será que consegue terminar essa jogada sem golfar na mesa, você só precisa derrubar a última bola ok?

    Incentivei também um tanto engrolada desejando ir embora o quanto antes, enquanto bebericava um pouco de coca cola, já que estava começando a sentir o efeito retardatário do álcool batendo pesado sobre mim.

    — Sol acho que minha cabeça está rodando! - Me disse ela erguendo a taça de margarita que carregava como um acessório indispensável, incentivando o garçom a voltar e abastecê-la.

    Tomei a taça de sua mão e entreguei a Claudia, enquanto pegava o taco de Val a fim de acabar com o jogo eu mesma. Passei um pouco de giz na ponta e mirei a bola branca em direção a última vermelha sobre a mesa a fim de acabar com a jogada de uma vez por todas.

    Tacada perfeita, pensei enquanto observava a bola cambalear para dentro do buraco. Eu poderia até estar trebada, mas ainda assim aprendi a jogar sinuca com os melhores dos melhores, meu avô e meu irmão.

    — Tequila, tequila, tequila! - Gritou Val novamente comemorando nossa vitória.

    — Nem pense nisso, Claudia já fechou a conta Val! - Resmunguei a impedindo de reabri-la.

    — Gatous, deixa de ser má! Será apenas uma dose, eu prometo que é a última! - Choramingou ela.

    — Nem ferrando! Você já disse isso nas duas últimas doses, precisamos ir embora agora mesmo! -Mencionei irritada.

    — Será que eu posso ao menos ir ao banheiro fazer xixi, ou terei que fazer na calcinha mesmo? - Continuou ela raivosa por não a deixarmos beber até o coma, se dirigindo trôpega para o toalete feminino do outro lado do balcão.

    Pude vê-la cambalear ao cruzar a portinhola de madeira estilo faroeste com um letreiro luminoso acima escrito damas em letras cor de rosa fluorescente que se encontrava malditamente visível agora para minha odiosa surpresa.

    — Valeu novamente Lei de Murphy! Murmurei revoltada por tudo parecer realmente só acontecer comigo. Sou sem sombras de dúvidas uma azarada, só falta agora um pombo entrar magicamente pelas portas do bar, dar um rasante certeiro sobre minha cabeça e cagar nela. Pensei enquanto seguia Val a fim de apressa-la para irmos embora.

    Pensamentos positivos Sol, lembre-se da lei da atração Pude ouvir novamente as palavras da minha tia ecoando em minha mente.

    Nunca se esqueça de pensar positivamente e tudo que deseja se materializara

    Baboseiras, tudo baboseira!

    Parei em frente ao lavatório por um momento, observando pelo espelho o quanto minha aparência estava ainda mais tenebrosa. Cruzes eu estava realmente horrível, observei enquanto encarava meu olhar de peixe morto.

    — Cruzes eu estou horrível! Val você trouxe seu corretivo em bastão?

    Silencio, ela não me ouviu ou me ignorou.

    — Val você está bem? Precisa de ajuda? - Perguntei novamente, preocupada por ela estar tão quieta.

    — Val você continua viva? Insisti imaginando um possível desmaio.

    — Sol eu não estou conseguindo fazer xixi com você falando sem parar! Meu xixi é tímido sabia! -Mencionou ela engrolada.

    — Serio, pois, sua vagina é que deveria ser sua escrota! Agora pare de palhaçada e termina logo aí antes de cair na privada como da última vez.

    Val xingou mais alguma merda inaudível, mas finalmente saiu do banheiro, enquanto eu lavava o rosto novamente a fim de me manter ao menos mais desperta.

    Assim que passamos pela porta de saída, ainda na calçada do bar. Uma estranha inquietação me invadiu me golpeando fortemente. Senti uma série de estranhos calafrios me percorrerem a espinha, e uma insana sensação de medo me adentrou a alma.

    Algo realmente bizarro e perturbador, só não entendia o porquê nem o que ocasionara isso.

    Já estava bem tarde passava das 3 da manhã, mas o calor insuportável do lado de fora do bar era predominante, devido ao fato de estarmos em pleno verão carioca. O que não justificava a intensidade dos calafrios que ainda percorriam meu corpo.

    O céu se encontrava limpo e extremamente negro, devido à ausência de nuvens, porem brilhante como se estivesse salpicado por pedras de diamantes, devido a luminosidade das estrelas de tamanhos diferentes visíveis a olho nu.

    A lua cheia tornava o espetáculo ainda mais incrível e a noite mais convidativa.

    Quase não haviam pessoas na rua, nem mesmo carros transitando na avenida principal. A única coisa que tornava nossa breve caminhada até o estacionamento menos soturna e apavorante era o fato de ainda haver algumas poucas pessoas fumando do lado de fora do bar

    Belo momento para estar sem meu cordão vermelho de proteção pensei ainda inquieta e apavorada.

    Apoiei o braço de Val sobre os meus ombros, tentando ignorar a sinistra e bizarra sensação. Firmei seu corpo junto ao meu a arrastando comigo em minha caminhada apressada em direção ao estacionamento quase deserto a nossa frente, tentando dissipar meu temor inexplicável.

    A nevoa alcoólica nos envolvia, nos tornando ainda mais vulneráveis. Observei uma moto preta de porte grande e veloz parada um pouco à frente. Olhei instintivamente para os dois caras junto a ela, a fim de averiguar se eles poderiam ser os motoristas enviados pela seguradora.

    Foi então nesse momento que perdi as forças das pernas por completo, meu corpo se retraiu instável cambaleando atordoado, enquanto eu sufocava um grito de surpresa e admiração.

    Ele era lindo Lindo mesmo, do tipo devastador. E tudo no que eu conseguia pensar nesse momento, enquanto encarava maravilhada os olhos mais brilhantes e incríveis que já vi na vida. Era que se existiam anjos na terra, esse cara me encarando agora nesse momento possivelmente poderia ser um deles.

    GATOUS: Maneira carinhosa com que as amigas se tratam, um apelido intimo inventado por Val, SIGNIFICA: ‘’GAROTAS GATAS"

    Sacerdotisa invertida

    Capitulo

    II

    Eu sou interessante e estou maravilhosamente atraente nesse tubinho preto totalmente justo ao meu corpo, acentuando com louvor minhas curvas torneadas graças ao meu treino diário na academia.

    Isso foi tudo o que eu me permiti pensar ao me deparar com o rosto mais lindo e incrivelmente perfeito que eu já vira em toda minha vida.

    O cara sentando sobre a moto me fitando insistentemente de maneira especulativa, parecia um ser divino recém-saído do olimpo. Sua aparência incrivelmente majestosa, retratava exatamente como um Deus grego deveria ser. 

    Putz a perfeição literalmente se fez carne

    Foi o melhor em que pude pensar a fim de tentar explicar a beleza desse ser a minha frente. E para minha imensa surpresa ele também parecia me avaliar como se me estudasse mentalmente.

    Não há o que temer Alertei-me ainda desconcertada por me sentir estranhamente inquieta envolvida por seu intenso olhar, perdida em sua áurea de poder que gritava estranhamente Perigo, corra, corra e corra muito.

    Por mais que isso me intimidasse e me desestabilizasse não conseguia deixar de continuar a observa-lo tão abertamente. Ele continuava me encarando fixamente de maneira intensa e perturbadora, me incendiando vulcanicamente em meio aos meus devaneios.

    Ele estava sentado sobre uma moto extremamente opulenta e intimidadora assim como tudo nele. Observei seus lábios se mexerem rapidamente e o outro cara encostado a garupa da moto me encarou estranhamente atônito, notei que diferente do olhar avaliador do Deus grego, esse outro agora me sondava divertidamente com um sorrisinho maroto nos lábios.

    O encarei igualmente curiosa, tentando entender o motivo dele achar graça em me observar, mas não pude deixar de notar o quanto ele também era gato, não tanto quanto o outro, mas ainda assim muito bonito. 

    Eles agora pareciam discutir alguma coisa entre si observei inquieta, devido à expressão carrancuda no rosto do Deus grego ao mencionar algo entre dentes com uma expressão de desgosto.

    Nosso olhar se encontrou novamente, notei que havia algo oculto e obscuro em sua expressão agora ao me flagrar ainda o encarando com interesse. Senti minhas pernas esmorecerem devido à estranha frieza com a qual ele sustentava seu olhar agora como se quisesse me intimidar.

    — Maldito chão ondulante! - Praguejei ao tropeçar em meus próprios pés, devido à calçada desalinhada e a instabilidade das minhas pernas em cima de saltos extremamente altos.

    Acelerei o passo a fim de não me deixar abalar por sua estranha expressão, tentando afiançar meus saltos sobre o piso traiçoeiro, buscando desesperadamente não cair a sua frente feito uma idiota por mais que já me sentisse uma.

    Notei que também me tornara o foco da atenção do outro cara encostado a garupa da moto, pois ele me encarava fixamente agora algo parecia telo perturbado seu olhar se tornara pesado e inquietante, enquanto ele e o outro pareciam discutir algo entre dentes.

    Alguma coisa me dizia que essa estranha conversa parecia ser sobre mim, já que os dois me encaravam no meio da tensa e estranha discursão.

    Me senti tímida e muito vulnerável diante tudo isso. Nunca fui uma pessoa segura de si mesma, ainda estou trabalhando na minha autoestima. Tudo bem que sou vaidosa e gosto de coisas e pessoas bonitas, mas meu histórico amoroso desastroso, pode ser considerado um dos piores possíveis e minha briga constante com a balança durante toda infância e adolescência, devido a minha genética de sobrepeso também não ajudava muito.

    Mas nesse momento eu realmente desejava ser a garota mais linda e atraente do mundo só para ter a atenção desse cara sobre a moto toda para mim, mesmo que fosse superficialmente, pois alguém com a aparência dele sinceramente poderia usar e abusar de mim quando bem quisesse e eu ainda assim eu ficaria no lucro.

    Despertei dos pensamentos medíocres que pareciam prestes a me sucumbir, após sentir o peso do corpo de Val esmagar meus ombros.

    O cara sentado sobre a moto passou a encarar o outro ainda mais efusivamente, e isso continuou a me desestabilizar cada vez mais.

    Queria continuar o observando até mesmo admirando sua poderosa e exuberante beleza tranquilamente sem precisar me preocupar em ser descoberta por eles.

    Mudei de posição trocando de lugar com Val. Me ocultando assim de sua área de visão para poder contempla-lo em segredo. Observei ainda envolvida por aquela áurea de poder devastador que o tal deus grego transmitia, mesmo mantendo uma postura indiferente agora com os braços cruzados sobre o peitoral relaxadamente alheio a minha minuciosa avaliação.

    Ele tinha mesmo uma beleza devastadora, observei ainda mais inquieta. Seu porte físico extremamente imponente era muito forte e musculoso, ainda que mais esguio que o outro encostado na lateral da moto que mais parecia um halterofilista de tão grande.

    Ainda assim eles se pareciam muito, os dois eram igualmente altos e musculosos do tipo que intimidavam valentões, eles literalmente possuíam uma forte e inabalável presença. 

    Claudia passou a minha frente para destravar o carro, e Elice se lançou no banco traseiro após ouvir o clique da trava de segurança liberando a porta. Joguei Val contra o banco do passageiro sem muita delicadeza, pois carrega-la sozinha estava adormecendo meu braço.

    Elas ainda não haviam notado a presença deles, estão bêbadas demais para se preocupar em olhar envolta, pensei agradecida por não precisar lidar com alvoroço que eles certamente causariam se elas estivessem sobreas.

    — Nem pense em vomitar Valquíria! - Alertei enquanto sondava seu rosto que parecia oscilar do amarelo a um verde musgo, mas antes que eu pudesse dar a volta no carro para me sentar no banco da frente ao lado dela à espera do motorista da seguradora. O inevitável aconteceu.

    Val lançou um jorro de uma variedade inumana de álcool sobre seus pés. Senti-me desfalecer ao ver isso, quis vomitar junto no momento que presenciei a cena bizarra que se desenrolava repetidamente.

    — Porra Valquíria mais que merda! Você poderia ao menos ter aberto a porra da porta do carro e ter vomitado do lado de fora sua vaca! - Cuspi as palavras mortificada, assistindo a toda aquela cena de merda de camarote, inerte sem poder fazer nada diante de todo esse desastre.

    Val continuava alienada, ela ainda não tinha noção da porcaria que tinha feito, mas amanhã quando a nevoa de álcool tiver ido embora ela irá surtar ao ver o estado em que deixou seu carro novinho.

    Abri a porta do lado dela e tirei o tapete com a maior parte da imundice o jogando para fora do carro, a fim de evitar que toda aquela nojeira se espalhasse ainda mais.

    Sempre sobrava para mim quando não me encontrava suficientemente bêbada. Deveria ter enchido mais a cara, pelo menos assim estaria rindo para cacete dessa merda toda agora, e não aqui tentando amenizar o impossível.

    "Solução para isso, atear fogo em tudo e fugir de Uber".

    — Estou morrendo Sol me leva para o hospital, pois dessa vez acho que eu morro! - Balbuciou Val engrolada, parecendo prestes a lançar um novo jorro. Afastei-me instintivamente deixando a porta aberta e o caminho livre para ela.

    Precisava de ar fresco, estava começando a me sentir mareada com o fedor. Observei por minha visão periférica mesmo que distorcida a aproximação de um dos caras que se encontravam próximo a moto.

    Me encolhi envergonhada sem coragem alguma para encarar quem quer que fosse. Quando ele se aproximou do carro notei que era o cara que se encontrava encostado à garupa da moto, e não o que eu tanto temia ver nessas condições. Menos mal, não sei se conseguiria manter a dignidade se fosse o outro.

    Decide me aproximar e saber o motivo dele ter vindo até aqui, o fitando insegura sem saber ao certo o que dizer, enquanto o via sorrir de maneira displicente para o amigo.

    Olhei para o outro instintivamente e percebi que ele parecia irritado, encarando as costas do amigo friamente como se quisesse esfaqueá-lo, depois me fitando com raiva e desprezo.

    Mas que merda é essa, qual é a desse cara por que porra ele está tão puto assim. Me perguntei desviando o olhar ainda atordoada por sua estranha reação. Nem mesmo meu trágico rompimento com Eduardo depois de descobrir sua traição, pareceu me afetar tanto quanto esse estranho sobre a moto me observando tão friamente desinteressado, relembrando minha insignificância.

    Qual é o problema dele por que diabos esse imbecil está me olhando com tanto desprezo?

    Perguntei-me irritada totalmente afetada por sua aparente hostilidade, seriam eles um casal, sim pode ser isso. O cara que se aproximou parecia me avaliar agora cautelosamente me encarando apreensivo. Talvez minha expressão carrancuda estivesse lhe intimidando.

    Aproximei-me da traseira do carro a fim de falar com ele, tentando parecer mais amistosa possível já que ele ao menos se dera ao trabalho de aproximar-se, talvez para oferecer ajuda. Mesmo duvidando que eles fossem os motoristas que havia solicitado a seguradora não custava nada me certificar, nem que fosse só para puxar assunto.

    — Oi boa noite estou aguardando o motorista da seguradora. Você por acaso viu alguma outra moto por aqui? - Perguntei timidamente me sentindo ainda mais ridícula e insegura. Como se isso ainda fosse possível.

    Pude sentir a tensão dele ao ouvir minha pergunta, ele agora me encarava estranhamente interessado.

    — Sim! Sou eu mesmo! - Respondeu ele com um sorrisinho maroto, enquanto olhava para o amigo fazendo uma estranha careta.

    O outro cara agora nos encarava fixamente em uma expressão sombria até mesmo assustadora.

    Observei toda a cena sem entender nada do que poderia estar acontecendo, eles eram ou não os motoristas enviados para nos buscar.

    Depois de finalmente conseguir desviar os olhos do rei soberano da beleza que continuava prostrado sobre a sua moto nos encarando com um olhar glacial. Voltei minha atenção para o grandalhão a minha frente.

    — Você foi enviado pela seguradora? - Perguntei num frêmito nervoso e inseguro.

    — Sim, fui enviado aqui para busca lá! Você deve se chamar Solary eu suponho?

    — Sim, sou eu mesma! - Respondi timidamente, mas um pouco mais animada e aliviada por ele parecer estar dizendo a verdade ao revelar saber meu nome, um tanto incomum para não dizer estranho para que pudesse ser só um chute.

    — Me chamo Solary, mas você pode me chamar de Sol se preferir! - Respondi inquieta.

    — Prazer Sol, me chamo Lucca! - Continuou ele gentilmente. — E aquele outro nos observando carrancudo, é Luan! - Mencionou-o sorrindo zombeteiro, enquanto estendia a mão de maneira amigável.

    — Prazer em conhecê-lo, Lucca! - Retribui a cumprimento apertando-lhe a mão receptivamente ainda evitando voltar a olhar para o outro.

    Lucca ao menos era gentil e agradável não tão lindo quanto o tal de Luan, mas ainda assim imensamente gato.

    A pouca diferença entre eles era que Lucca além de ser um pouco mais forte, estilo brutamontes também tinha os cabelos curtos bem aparados em um corte tipo militar, diferente dos cabelos negros com corte sofisticado do tal Luan, que também possuía aqueles olhos extremamente penetrantes feito olhos de um lobo.

    Lucca tinha olhos escuros, pretos ou castanhos não tenho certeza da cor exata, mas sua beleza também era altiva e poderosa.

    — Que bom que já está aqui, pois como pode ver uma de minhas amigas não está se sentindo muito bem, por isso precisamos ir embora o quanto antes.

    Val urrou repentinamente despejando novamente sobre o carro o que ainda lhe restara de seus últimos drinques. Corri até ela, deixando Lucca para trás, enquanto ele mencionava algo que não pude entender ao certo.

    Paralisei atordoada diante de toda a cena que se desenrolava agora, sem ter ideia de como concertar toda essa merda. Val havia vomitado todo o interior do carro e sobre si mesma, sua situação deplorável me fizera fervilhar de raiva e vergonha.

    — SOL! Estou morrendo! - Balbuciou ela desnorteada.

    — Ótimo Valquíria isso poupará aos seus pais o trabalho de ter que matá-la! - Retorqui furiosa, enquanto a tirava do carro apressada para que pegasse um ar e eu pudesse assim ter alguma ideia sobre o que fazer nessa situação.

    Retirei sua cropped imunda toda vomitada, agradecendo por ela estar usando um top por baixo em vez de um sutiã.

    Joguei sua blusa junto ao tapete podre, Lucca se aproximou para me ajudar a segura-la, enquanto eu olhava para o banco de couro onde ela estava com asco, sem ter a menor ideia de como amenizar aquilo.

    — Droga! Mais que merda Valquíria! - Resmunguei ainda mais envergonhada do que antes, procurando por algo que pudesse ajudar a cobrir toda aquela imundice para que ela pudesse se sentar novamente e Lucca finalmente pudesse nos levar de uma vez por todas para casa.

    Abri a porta traseira do carro em busca de uma blusa para cobrir o banco já que limpar seria impossível. Mas não tinha nada, Elice e Clau continuavam desmaiadas uma sobre a outra completamente alheias sobre todo o desastre a nossa volta.

    Val sentou-se na ponta do banco traseiro ao lado delas, pois mal conseguia se manter em pé. Não havia outra opção senão irmos às quatro ali atrás espremidas, só me preocupava em ser parada na lei seca, mas Val bem que mereceria uma bela multa.

    Olhei para Lucca totalmente envergonhada. Não sabia ao certo o que dizer a ele depois disso tudo, compreenderia perfeitamente se ele se recusasse a entrar no carro para nos levar até minha casa. Já estava me preparando para implorar, disposta a qualquer coisa para que ele nos ajudasse.

    — Bom, senhorita Solary acho que não vou mais poder leva-la olhe o estado em que se encontra o carro! - Disse ele parecendo prever meu desespero, enquanto se afastava seguindo em direção a moto.

    Entrei em pânico marchando atrás dele e lhe segurando o braço desesperada por lhe fazer mudar de ideia.

    — Lucca espere por favor eu posso lhe pagar 50, 100 só não nos deixe aqui sozinhas! - Supliquei alarmada diante da ideia de ele ir embora e nos abandonar aqui, pois nenhum táxi nem mesmo o Uber aceitariam levar Val nesse estado deplorável, fedendo e toda vomitada dos cabelos as sandálias.

    — Desculpe, mas eu não posso leva-la nessas condições! Veja o estado em que sua amiga deixou o banco, você não pode sentar-se sobre o vomito dela! Vou buscar meu capacete você terá que ir de moto! - Mencionou-o com um sorrisinho malicioso, enquanto nos aproximávamos de onde se encontrava o outro cara que parecia nos encarar agora ainda mais aborrecido ao ouvi-lo, me deixando ainda mais alarmada diante da ideia de ir de moto agora.

    — Luan vou levar as senhoritas para casa, mas Sol precisará ir com você de moto! - Mencionou Lucca já me entregando o capacete que ele pegara sobre a garupa, enquanto eu ainda me aproximava timidamente.

    — De modo algum vou carrega-la comigo em minha garupa! Olhe só para ela Lucca, está completamente bêbada!

    Respondeu o diabo com cara de anjo num som rouco e áspero tão profundo fazendo-me desfalecer, enquanto o encarava com fúria assassina. Podia sentir o fogo queimar meu rosto, ao ouvi-lo se referir a mim como uma bêbada sem noção.

    — Não me lembro de ter lhe pedido nada! - Retruquei asperamente, sustentando seu olhar altivo em desafio.

    — Ótimo, pois também não lhe ofereci nada! - Retorquiu ele insolente me fitando com desgosto.

    Senti vontade de ataca-lo, agredi-lo arrancar aqueles seus lindos olhos com minhas próprias unhas.

    Lucca nos encarou de um ao outro um tanto intrigado ainda que divertidamente, devido a toda estranha hostilidade que demonstrávamos.

    — Por favor, contenham se os dois! É apenas uma carona, vocês não precisam se tornar assim tão íntimos! - Interviu Lucca encarando o amigo de maneira efusiva, totalmente decidido.

    — Nem se eu quisesse poderia leva-la comigo olhe só para ela, está vestida apenas com uma blusa! - Atacou ele novamente me medindo de cima a baixo.

    — Isso é um vestido seu imbecil, e não é da sua conta a maneira como me visto ou deixo de me vestir! - Retribui ainda mais indignada afim de arremessar o capacete em minha mão contra ele bruscamente para devolve-lo.

    Pisei em falso diante desse impulso raivoso me desequilibrando bruscamente ainda mais atordoada diante tudo que estava acontecendo. Só queria me distanciar o mais rápido possível dessa criatura desprezível, disposta até mesmo a rolar no vomito da Val se preciso fosse para me manter longe desse demônio.

    Meu equilíbrio se desfez por completo, enquanto sentia uma mão grande me segurar suspendendo meu corpo no ar automaticamente pelo braço, e me firmando junto a um corpo atlético tão forte e firme quanto uma escultura.

    Olhei para meu suposto salvador e minha bile também resolveu dar sinal de suicídio.

    Era ele, levantei a cabeça empinando o queixo decidida a aparentar ao menos um pouco de dignidade, mas isso me arruinou ainda mais por completo, pois o rosto dele estava muito próximo ao meu e seu braço agora se encontravam firmemente envolta da minha cintura de maneira acolhedora e protetora.

    Encarei seus olhos fixamente por um momento, e me perdi em suas profundezas sedutoras. Observei seu rosto e o quanto ele realmente era bonito, tudo nele era realmente perfeito na verdade a começar pela cor incrível de seus olhos que se encontravam fixos nos meus agora tão intensos e calorosos que pareciam brilhar como prata líquida.

    Nunca havia visto um homem tão atraente como esse antes, seus ombros largos e cintura esguia, ampliavam perfeitamente a imagem de seus deltoides que formavam um triângulo amplo e volumoso.

    Continuei a examina-lo com escrutínio, seus lábios volumosos eram tão convidativos que me senti atordoada, seus traços eram tão incrivelmente marcantes e perfeitos que pareciam desenhados a pincel.

    — Já terminou a expeçam? Será que eu posso finalmente lhe soltar sem ter que me preocupar em vela lançar-se ao chão feito um bebê?

    Seu sarcasmo soou da maneira mais frívola possível, enquanto seus olhos me queimavam em conflito com seu tom de voz e sua postura rija.

    — Não me lembro de ter lhe pedido ajuda, muito menos que me agarrasse! - Consegui articular as palavras as fazendo soar com a contundência de um grito.

    — Agarra-la eu? Olhe para você mal consegue se manter em pé, foi você quem me agarrou! - Continuou ele em tom árido me encarando com um brilho mordaz. Enquanto eu recuperava o equilíbrio. Girei bruscamente nos calcanhares a fim de me libertar de seus braços, e ir atrás de Lucca que já se afastara seguindo de volta para o carro de Val ignorando completamente o que acabara de acontecer.

    — Pegue seu maldito capacete e não me dirija mais a palavra novamente, está me ouvindo!

    Vociferei raivosa. Lucca manobrou o carro parando ao nosso lado, enquanto eu ainda tentava me recuperar de todas as sensações conflitantes que esse imbecil me causava.

    — Solary eu preciso ir, pois sua amiga está me parecendo um pouco pior do que antes! Vocês podem nos seguir quando terminarem de discutir, só tentem não se matar por favor! - Interrompeu Lucca com um sorrisinho travesso.

    — Você está louco Lucca! Nem ferrando eu subo na garupa desse escroto, prefiro voltar andando para casa. - Cuspi as palavras furiosa me afastando dele com urgência e seguindo em direção ao carro.

    — Ótimo você pode segui-los andando então, apenas tome cuidado para não ser atropelada por não conseguir se manter em linha reta! - Continuou o demônio com rosto de anjo.

    — Você é retardado ou só sem educação mesmo? - Perguntei histérica ainda não acreditando que tudo isso estivesse realmente acontecendo. Por que esse imbecil estava me tratando assim a troco de nada.

    — Você sempre trata assim todos os assegurados, ou esse seu tratamento medíocre é exclusivo apenas a mulheres? - Ataquei ainda perplexa.

    — Solary por favor eu preciso leva-las para casa não posso continuar aqui assistindo a discursão de vocês. Olhe só para elas, nenhuma têm condição se quer de dar um passo sem ajuda, como eu poderia deixar que subam em uma moto! - Interviu Lucca me encarando de maneira decidida, enquanto eu observava Val passar mal novamente.

    — Droga, ela realmente irá vomitar o carro inteiro! - Mencionei em pânico.

    Val estava deitada no banco traseiro jogada sobre Elice e Clau, novamente toda vomitada. O mau cheiro dentro do veículo era insuportável, sufocante na verdade. Me senti desfalecer ao me aproximar da janela e afastei-me imediatamente por medo de também vomitar.

    — Que nojo, Valquíria! Você acabou com seu carro! - Mencionei olhando para o banco

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