Gatos: contos fantásticos orientais

De Vários e Marcia Hitomi Namekata

A coletânea que aqui se apresenta é um presente para os fãs – ou nem tanto – dessas criaturas maravilhosas. O acervo concentra-se nas literaturas chinesa e japonesa, com a exceção de uma narrativa proveniente da Coreia.
Quanto à temática, temos as sessões "Amigos bichanos", "Gatinhos malvados" e "Outros felinos".
Bons ou maus, amados ou odiados: esta coletânea nos permite vislumbrar todas as facetas destes animais, através de uma forma literária que nos acompanha e nos encanta desde as nossas origens!

• Idioma: Português
• Editora: Urso
• Data de lançamento: 20 de dez. de 2021
• ISBN: 9786587929071

Pré-visualização do livro

Gatos

contos populares orientais

org. Lua Bueno Cyríaco

1ª edição

Editora Urso

São José dos Pinhais

Paraná

2021

Copyright © 2021 Editora Urso

Direitos reservados e protegidos pela lei 9.601 de 19.02.1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização, por escrito, da editora.

Editora responsável e organizadora

Lua Bueno Cyríaco

Tradução

Lua Bueno Cyríaco

Luciana Mino

Victoria Toscani

Yu Pin Fang

Projeto Gráfico

Laboralivros

Capa

Lua Bueno Cyríaco

Diagramação

Daniél Silvestre

Preparação e revisão de texto

Davi Miranda

Revisão final

Tarik Alexandre

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C997g Cyríaco, Lua Bueno (Org.)

Gatos : contos populares orientais / [organização de] Lua Bueno Cyríaco; tradução de Lua Bueno Cyríaco, Luciana Mino, Victoria Toscani e Yu Pin Fang; [capa: Lua Bueno Cyríaco]. – São José dos Pinhais: Urso, 2021.

ISBN 978-65-87929-07-1

1. Literatura Asiática. 2. Contos. I. Mino, Luciana. II. Toscani, Victoria. III. Fang, Yu Pin. IV. Título.

CDD 895

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Catalogação elaborada por Márcio F. O. Vasques – CRB-8/10292

Editora Urso

editora.laboralivros.com

[e-mail]

São José dos Pinhais/PR

Outubro, 2021

Para caçar ratos, o gato esconde as unhas,

Provérbio japonês.

Sumário

Prefácio por Márcia Namekata

Amigos bichanos

O gato da sorte

O túmulo do gato

Guardião do gato

A fuga do gato

O gato de nove caudas

Gatinhos Malvados

O gato vampiro de Nabeshima

Os gatos-fantasmas

O caso de Dugu Tuo

Os gatos de Jinhua

Nekomata

Kasha Neko

A noiva Kasha

Bakeneko

O gato maligno

outros felinos

Um odeia-gatos

A Mulher Gato Selvagem

O Gato Dançarino

Os Doze Signos

A história da filha gata

Notas de rodapé

Agradecimentos

Prefácio

Se pudéssemos dividir as pessoas em dois grupos, cães e gatos, é quase certo que eu faria parte do segundo grupo. Afinal, tenho a tendência de virar para a esquerda quando me falam para virar à direita, e de virar para a direita quando me falam para

virar à esquerda.

(MURAKAMI, Haruki.

Romancista como Vocação, p. 114)

Não poderia deixar de iniciar este prefácio com um excerto de um escritor que, assim como eu, é assumidamente gateiro. Não pretendo também fazer destas linhas uma declaração de amor a essas criaturas que, cada vez mais, estão ganhando um espaço – afetivo – em nosso mundo. Mas fato é que, percorrendo o universo literário, tanto ocidental como oriental, esses felinos sempre tiveram um lugar especial.

Considerando-se a cultura japonesa, já no período Heian (794 d.C. ~ 1185 d.C.) podemos perceber a sua presença no renomado Makura no Sôshi (O Livro de Travesseiro), quando sua autora, a dama da corte Sei Shônagon, emite sua opinião em seu ensaio de número 49, Quanto a gatos: Quanto a gatos, o de dorso todo preto e ventre completamente branco. No mundo contemporâneo, no Japão, o dia 22 de fevereiro é considerado o Dia do Gato, data em que livrarias, por exemplo, organizam materiais referentes aos bichanos em corners específicos e com grande número de visitantes. Diga-se de passagem, a escolha da data teve provavelmente uma relação onomatopaica com os miados de gatos, uma vez que o número 2 é ni e, numa sequência de três números dois, temos ni, ni, ni.

A coletânea que aqui se apresenta é um presente para os fãs – ou nem tanto – dessas criaturas maravilhosas. O acervo concentra-se nas literaturas chinesa e japonesa, com a exceção de uma narrativa proveniente da Coreia, A mulher gato selvagem. Quanto à temática, temos as sessões Amigos bichanos (cinco contos, sendo um chinês e quatro japoneses), Gatinhos malvados (nove contos, com dois chineses e sete japoneses) e Outros felinos (cinco narrativas, sendo três japonesas, uma chinesa e uma coreana). À primeira vista, essa divisão se centra na polaridade Bem x Mal, considerando-se que as narrativas congregadas na seção Gatinhos malvados referem-se a bichanos que, necessariamente, causam mal ao ser humano. Por outro lado, não devemos nos esquecer do fato de que, para a cultura oriental, o Mal é necessário à existência do Bem; talvez isso cause um certo desconforto aos leitores, especialmente ocidentais, mas é algo que se refere ao equilíbrio que deve haver no universo, preconizado pela cultura oriental. Isso se reflete numa característica bastante recorrente nas histórias orientais, que é a não eliminação do Mal: de nove narrativas, em cinco delas o gato, de traços sobrenaturais, é morto. E em quatro ele apenas é afugentado.

Em relação aos gatos de características sobre-humanas – o bakeneko (Os gatos-fantasmas, O caso de Dugu Tuo, Bakeneko), o nekomata (Nekomata) e o kasha neko (Kasha Neko, A noiva Kasha) – temos que, em quase todos os contos, eles têm faculdades metamórficas: o "bake de bakeneko" deriva do verbo bakeru, transformar-se, tomar a forma de, disfarçar-se de. Relaciona-se ao termo bakemono (fantasma em japonês).

Na última seção, Outros felinos, temos histórias que se destacam pela narração de fatos curiosos ou maravilhosos, como Os doze signos, que discorre, de maneira divertida, sobre a origem do zodíaco chinês. E não poderia deixar de mencionar a narrativa O gato de nove caudas, da seção Amigos bichanos, que nos revela a simplicidade e a devoção que marcam a relação entre dois primos e um gato sobrenatural.

Bons ou maus, amados ou odiados: esta coletânea nos permite vislumbrar todas as facetas destes animais, através de uma forma literária que nos acompanha e nos encanta desde as nossas origens!

Márcia Namekata

Tradutora, pesquisadora e professora doutora do departamento de japonês da Universidade Federal do paraná (UFPR). Seu foco são as áreas de Literatura e Cultura Japonesas, e Teoria Literária e Literatura Comparada, atuando principalmente nos temas: mukashi banashi(contos antigos japoneses); folclore; literatura japonesa clássica e moderna;