Janelas Abertas: Crônicas e outros textos
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Sobre este e-book
As janelas abertas de / por Simone seguem esse mágico ritual de convite. Aceitá-lo é mergulhar em devaneios terapêuticos, ao sabor dos sonhos e pães de queijo do estranho solitário, com direito a pegar estrada e independente do que o retrovisor deixa para trás, se permitir retornar ou seguir..., mas nunca sem a certeza que perseguia Margarida de que é preciso ter um sonho. E, de igual forma, despertar e motivar-se a quebrar as amarras da rotina e, de repente, viver um dia de encontro com o mar, com a liberdade, com você... sem consulta ao médico das 14h.
E as janelas de Simone seguem-se abertas, pois seria vã a tentativa de fechá-las numa recusa de ver, de encontrar o lá fora, pois que são as janelas senão partes do arquivo vivo que não permite fechar-se, que não se submete a comandos, pois está cravado no peito e na alma.
(…)
Mas ao fechar a última janela que apresenta o último texto desta obra, fica a sensação de que outras estão sendo abertas... e essa sensação nos deixa assim... na janela, à espera de outro encontro com o texto fluido e leve de Simone.
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Janelas Abertas - Simone Menezes Costa de Santana
1 JANELAS ABERTAS
Voltar àquele lugar é escancarar o peito e mexer com o que há lá dentro. É revirar o passado, revelar o que se faz oculto, é uma busca de vida e história. A cada passo uma pausa e um olhar para trás, em cada parte uma lembrança, um sorriso, um nó no peito, uma voz ecoando pelos ares.
Empurrou a porta devagar e viu o mundo se abrir. O mundo era aquilo antes, quando tudo parecia tão grande, agora vê que cabe num só relance de olhar; antes, sentia que os móveis tinham uma dimensão quase inalcançável, hoje, pode vê-los de cima e constatar que, de fato, até são pequenos. Ali, se encontrava, vivia suas fantasias, seus sonhos mais improváveis, suas frustrações e medos.
De repente, a sensação de que era criança, chegando para mais um mês de férias. Passou pela sala grande e se voltou para a parede que ainda traz pendurado o porta-retratos de madeira com aquela foto bonita, aquele rosto imponente, pele clara, olhos doces, a imagem de um patriarca, um senhor de fato e direito na figura de um bonachão. Isso é o que se dizia, assim eram as histórias contadas. Sempre o achou muito bonito, gostava de ficar olhando, deslizando por seus traços, querendo se ver, talvez, naquela ânsia natural de ser e de pertencer. Não conhecera o avô, a não ser o rosto no quadro.
Na sala de jantar, a mesa no mesmo lugar, o móvel, os quadros, e as lembranças em enxurrada. Com a mesa, vêm os cheiros. Cheiro de carne guisada, nos dias de sábado à noite, macaxeira, fruta-pão, inhame, cuscuz e bolos caseiros. Mesa cheia, alegria, conversas desencontradas sem se perder o fio da meada. Era assim. Na cabeceira, a avó é quem se sentava, e não era só uma posição, era direito, conquista, era emancipação, era a senzala senhora da casa grande.
Sua pele, sua cor e sua origem não lhe impediram de abrir caminhos, construir pontes e escrever
, mesmo sem saber ler, sem reconhecer as letras, sem estudo e sem escola, essa e tantas histórias. Do seu lugar era ela quem tudo ordenava. Se, na lida, era silenciosa, sentada à mesa era ainda mais. Cada um puxava um assunto, uma risada aqui, uma história engraçada ali, mas tudo sob a sua ordem firme, mesmo doce e serena.
Dona Joana, mulher pequenina, de gestos grandes e largos. Saber ler e escrever seriam apenas detalhes, adereços, talvez, que na vida de servir não encontrou espaço, não encontrou acolhida. Da vida, de conhecer, diagnosticar, entender, perscrutar, disso tudo ela sabia, isso a falta das letras não lhe omitiu. Olhar uma planta, tocá-la com a ponta dos dedos, sentir na folha o seu cheiro e lhe dar prognóstico completo, sem cálculos, sem análises complicadas, isso era só vida; diagnosticar um problema só de lhe sentir a febre, curar um mal, uma ferida, com um unguento caseiro, naquilo ela era mestre.
Depois da sala de jantar, tinha uma espécie do que se chama hoje de Hall. Os quartos ficavam voltados para essa parte da casa. Um dos quartos era o de visitas ou da filha que morava distante, quando vinha de férias, chamava-se quarto da frente. Passando para o outro lado, via-se o quarto dos fundos, a cozinha velha, com fogão de lenha, alguidar, tacho de bronze, essencial para mexer doce de batata, panelas de barro, e uma que, mesmo limpa, exalava o forte cheiro do lombo de panela que até hoje me remete àquele sabor, de forma inconfundível. Na cozinha, havia colheres de pau, peneiras de vime, pilão para amassar tempero, tinha também o porrão de barro. Dali se bebia água fria, e, para muitos, não existia outra igual. Nesse caso, num tom de pilhéria e brincadeira, dizia-se que, provavelmente, pelo fato de ter limo no seu fundo, a água era tão