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Olhos cheios de mundo
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E-book147 páginas2 horas

Olhos cheios de mundo

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Sobre este e-book









Clara sempre colocou o trabalho em primeiro lugar. Mas na hora de organizar o casamento da melhor amiga, Pietra, precisou enfrentar uma difícil decisão que mexia com as duas coisas que mais amava na vida: sua amiga e sua empresa. Afinal de contas, o que é prioridade pra ela?

E enquanto ela lida com essa confusão que se instalou em sua vida, uma mulher chega de paraquedas. Ela pode ser uma parte da solução dos seus problemas, mas também alguém que pode mexer, demais, com suas prioridades, sonhos e vontades!

Uma história de final de ano e, principalmente, ano novo.







IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jul. de 2022
ISBN9788595133976
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    Pré-visualização do livro

    Olhos cheios de mundo - Desirée Lourenço

    22 de dezembro

    Clara sempre teve muita certeza de que o trabalho era tudo que ela precisava na vida. Sua dedicação era completa. Até esse exato momento, em que ela precisava decidir entre alguém que amava e o trabalho que tanto prezava.

    Pietra, acabei de receber uma ligação. Nós precisamos conversar.

    Há seis meses, Pietra comunicou à sua melhor amiga e parceira de negócios, Clara, que se casaria no dia 31 de dezembro. Sim, 31 de dezembro! O feriado perfeito, o que elas mais amavam, reunindo as pessoas ideais, um lugar isolado e uma queima de fogos. Na mesma hora, as duas amigas, profissionais da área de eventos, planejaram tudo que iria acontecer, comemoraram juntas a novidade, já escolheram o destino, anotaram os próximos passos e embarcaram no planejamento mais importante da vida delas.

    Pietra e Clara se conheciam há mais de dez anos. Sempre compartilharam dos mesmos interesses profissionais - e de muitos pessoais, também - e, por isso, eram como unha e carne, estavam  juntas para tudo. Pietra conheceu Tato, seu noivo, em um dos eventos que estavam organizando. Ele era chefe de marketing e foi o responsável por contratar uma produtora para o evento de aniversário da sua empresa e contratou, justamente, a que elas comandam. Foi paixão à segunda vista, já que, durante a realização do evento, eles bateram muito de frente. Clara diz até hoje que sabia que aquilo ia dar em casamento, enquanto Pietra não tinha a menor intenção de mudar seu status civil, amava seu trabalho, suas festas, eventos e sua liberdade. Estava sempre cercada de amigos e amigas, mas nunca em um relacionamento sério. Para ela, essa era a forma ideal de levar a vida. Dizia que estava aberta ao que aparecesse, mas também não procurava muito. Era feliz assim e só isso importava.

    Faltando apenas dois dias para que elas viajassem para a casa alugada na região serrana do Rio de Janeiro, Pietra e Clara ainda estavam no escritório, mesmo que já fossem quase oito da noite. Precisavam fechar tudo que havia de importante para que pudessem relaxar e curtir os próximos dias. Ou melhor, relaxar não era bem o plano, já que tinham um casamento para fazer acontecer. Na Produtora P&C, as duas sócias ficavam em salas distantes uma da outra, enquanto todo mundo ocupava o meio, assim, ninguém ficava distante, todo mundo acessava todo mundo e elas eram igualmente disponíveis para a equipe. Naquela quarta à noite, restavam as duas sócias e mais uma funcionária, que finalizava os últimos relatórios financeiros do ano. Foi quando o telefone de Clara tocou. Ela pensou em não atender, já que estava fora do horário comercial, mas quando viu o nome no identificador de chamadas, sabia que não teria opção. Era um dos clientes mais antigos da empresa. Oi, Seu Amaro. Tudo bem? E então, a expressão de Clara mudou totalmente.

    - Me mandou mensagem dizendo que queria conversar mesmo sabendo que estou apenas a alguns passos de você... a sua preguiça tem limites? - Pietra entrou na sala de Clara com um sorriso que mal cabia no rosto

    - Amiga, senta aí. Precisamos conversar sério!

    - Uhhh... parece ser sério mesmo, deixa eu adivinhar... você tá grávida? Nah! Impossível! Já sei! Seu pai te ligou? Duvido! Melhor ainda, você não vai ao meu casamento! - Pietra se divertia com suas próprias piadas

    - Sobre o casamento... - Clara começou a falar

    - Você não é nem louca, Clara - Pietra se transformou

    - Seu Amaro acabou de me ligar, Pe. Eles precisam de um evento de final de ano para recepcionar um sócio que vem de fora. Eles são clientes fixos, estão há anos com a gente, não podemos negar.

    - Porra, Cla! Até no meu casamento você vai colocar trabalho em primeiro lugar? É sério isso?

    - Ei! Você tá sendo injusta! Você sabe que seu casamento é minha prioridade. Além do mais, não estou colocando trabalho em primeiro lugar, estou apenas cuidando da reputação da nossa empresa. Só isso.

    - Quer saber... você que sabe! Não vou discutir com você - Pietra não esperou a resposta de Clara, saiu da sala, pegou sua bolsa e foi embora.

    Clara não sabia o que fazer. Havia dito ao Sr. Amaro que responderia no dia seguinte pois já estava com as férias programadas e que, devido ao curto tempo, não sabia se poderia prestar o serviço a ele. Fechou tudo que ainda estava no computador, se despediu da menina do financeiro e foi pra casa. Toda equipe já estaria de folga no dia seguinte, mas ela e Pietra haviam combinado de ir até a produtora finalizar os últimos detalhes do casamento. Faltava confirmar a chegada dos fogos de artifício no local e saber se a mesa alugada estava sendo enviada. E, também, era o momento que elas passariam juntas, falando sobre como havia sido o ano, pensando nos planos para a empresa e compartilhando a sensação de ver tantos sonhos se realizando. Todo ano elas tinham esse momento e era sempre extremamente gratificante. Clara só torcia para que isso realmente acontecesse no dia seguinte.

    No trajeto pra casa, Clara aproveitou o trânsito típico do final de ano no Rio de Janeiro para colocar a cabeça no lugar. Enquanto o motorista do carro ao lado fazia o possível para cortar todo mundo, claramente com pressa, Clara foi vendo as luzes de Natal lá fora. O casamento só aconteceria no último dia do mês, mas ela e Pietra passariam o Natal juntas na casa. A mãe de Clara estava na Bahia visitando sua família e ela não tinha mais ninguém aqui no Rio, então aproveitaria o feriado para descansar junto de sua melhor amiga. Ao mesmo tempo, poderiam começar os preparativos para o casamento com calma. Seria perfeito, elas já tinham tudo planejado. Pela primeira vez, não era tão óbvio assim que o trabalho deveria ser a prioridade na vida dela. Pietra era o que ela conhecia por amor. Sua irmã, melhor amiga, sócia e parceira para todos os momentos. Se tinha alguém que vinha antes de qualquer coisa - até mesmo do trabalho -, esse alguém era a Pietra. Ela estava decidida quando, finalmente, chegou em casa.

    §

    Ao rodar a chave na entrada da Produtora, Clara sentiu o cheiro de café que vinha lá de dentro. Pietra devia estar por lá e saber disso deixou Clara um pouco mais tranquila e, talvez, um pouco ansiosa também. Não sabia como a amiga estava depois da conversa do dia anterior. Ela não havia respondido nenhuma das mensagens de Clara.

    - Achei que você não ia aparecer... me ignorou ontem - Clara falou assim que apoiou o corpo ao lado do de Pietra. Elas estavam encostadas na enorme mesa que ocupava o centro da sala. Era onde reuniam papéis e materiais para planejar os eventos, dali tinham visão de tudo que construíram.

    - Isso passou pela minha cabeça, sim, mas o Tato me convenceu a vir te bater pessoalmente - Pietra respondeu, mas o sorriso que tinha no canto dos lábios denunciava que era apenas uma brincadeira

    - Antes disso, espera só eu afastar as mesas com os computadores? Acho que não precisamos correr o risco de quebrar nada, né? Eles foram bem carinhos! 

    - Ontem eu te odiei por alguns segundos, talvez minutos... admito. Mas você tá certa. Não é sobre eu ou você apenas, é toda a P&C que tá em jogo. Por isso, quero que você aceite o trabalho do Sr. Amaro. Sei que você não precisa de mim pra isso, então, eu vou tocando o que tiver que tocar lá na casa e você fica aqui. O que acha?

    - Pe, eu já estava certa que ia recusar o trabalho. Você sabe que isso aqui, por mais que seja nossa realização, nunca será mais importante do que você. Eu não quero correr o risco de ter você minimamente chateada comigo por causa de um trabalho. De qualquer trabalho.

    - Eu sei, Cla. Eu sei mesmo. Mas olha só tudo isso que construímos. Nós somos muito boas no que fazemos. E nós duas somos muito maiores do que isso aqui. Eu só quero que você me prometa que vai estar lá na hora do SIM. Eu não poderia fazer isso sem você por perto.

    - E você acha que eu deixaria você fazer isso sem que eu esteja por perto?

    Clara quase não lembrava como era a sensação, mas teve vontade de chorar naquele momento. Pietra estava calma e tranquila quando falou tudo aquilo e foi assim que Clara soube que estava, realmente, tudo bem. Terminaram de tomar o café quente, admiraram um pouco mais a empresa vazia e, logo em seguida, Clara telefonou para o Sr. Amaro, sentou em seu computador e começou a planejar o evento. Pietra pegou seu laptop, chamou a amiga para sentar ao lado dela na tal mesa gigante e ali, lado a lado, passaram o resto do dia. Uma resolvendo o jantar do cliente e a outra finalizando as questões do casamento. Não deixavam um minuto passar em silêncio, sempre trocando informações, comunicando decisões e pedindo opiniões uma da outra. Vinha sendo assim desde quando produziam eventos da sala do apartamento. Não seria diferente agora.

    - Sr. Amaro, acredito que, em pleno verão carioca, colocarmos uma estátua de gelo com apenas três dias para produção e preparação do ambiente esteja um pouco fora do escopo que sugerimos para o seu evento. Que tal deixarmos essa ideia sensacional para o aniversário da empresa no próximo ano? Dessa forma, podemos planejar e organizar tudo isso com mais calma...  Perfeito, Sr. Amaro! Fico feliz que você confie no nosso trabalho. Sem problemas. Ligo amanhã de manhã para fechar os últimos detalhes. Eu que agradeço! - Clara desligou o telefone sorrindo enquanto olhava para Pietra, de pé na sua frente

    - Ainda bem que você é minha sócia, porque eu nunca seria capaz de ser fofa assim com um cliente que me vem com pedidos sem noção.

    - Alguém tem que ser fofa nessa sociedade. Você já é brilhante, eu fico com a parte do relacionamento com clientes.

    - Obrigada pela puxação de saco. Sou brilhante mesmo! Cla, tem certeza que vai passar o Natal na festa do cliente? Você sabe que pode deixar tudo pronto e pedir para uma das meninas supervisionar o evento, enquanto você me encontra amanhã lá.

    - Você me conhece... sabe que eu nunca tiraria ninguém das férias - muito merecidas, diga-se de passagem - para cuidar da nossa Produtora. Não se preocupe, no dia 26 de dezembro de manhã, estarei chegando por lá. Vou finalizar o evento, fechar o trabalho todo e corro pra te encontrar.

    - Só para eu saber então, depois de amanhã, 24 de dezembro, você vai estar no jantar do Sr. Amaro, supervisionando tudo. Dia 25 você finaliza o projeto, retorna os mobiliários, prepara sua mala e dia 26, antes do sol nascer, estará na estrada indo ao meu encontro, certo?

    - Sim, mamãe. Exatamente isso. Além do mais, não é como se você não tivesse acesso ao meu calendário aí no seu celular, né?

    - Bobinha. Só estou cuidando da minha melhor amiga. Vai me dando notícias sobre o evento, tá? Ahh, nem te contei. Lembra aquela prima do Tato que queria estagiar aqui? Bárbara, lembra? Vai encontrar com a gente amanhã. Vai me ajudar com as coisas enquanto você não chega.

    - Uhmm, então já me substituiu rápido assim, é?

    - Você que me trocou pelo Sr. Amaro. Te amo, amiga! Fui!

    - Manda um beijo pro Tato! Cuidado na estrada hein! Te amo!

    Pietra era tão agitada que, no final da frase de Clara, ela já estava do lado de fora da empresa. A amiga ficou do lado de dentro sorrindo e feliz com a sensação de que tudo estava se encaixando. Então quer dizer que a tal Bárbara estava realmente vindo. Tato vivia falando dessa prima que morava fora

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