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Décio Pignatari: vida noosfera
Décio Pignatari: vida noosfera
Décio Pignatari: vida noosfera
E-book137 páginas1 hora

Décio Pignatari: vida noosfera

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Sobre este e-book

Décio Pignatari nasceu em 20 de agosto de 1927 e faleceu em 2 de dezembro de 2012. Poeta, tradutor, professor, ator, performer, crítico, agitador cultural, cronista, um pensador e atuador completo da cultura brasileira da segunda metade do século XX, entrando pelo século XXI. Dentre suas inúmeras atividades podemos destacar a de professor no histórico início da ESDI, no Rio de Janeiro, em São Paulo no PEPG de Comunicação e Semiótica e na FAU-USP. Autor de livros-chave no pensamento brasileiro, amigo e divulgador de nomes do porte de Marshall McLuhan e Roman Jakobson, criador da Poesia Concreta, juntamente com Haroldo e Augusto de Campos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de jul. de 2022
ISBN9786587387901
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    Pré-visualização do livro

    Décio Pignatari - Lucio Agra

    Capa do livroBrasão da PUC-SP

    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

    Reitora: Maria Amalia Pie Abib Andery

    Editora da PUC-SP

    Direção

    Thiago Pacheco Ferreira

    Conselho Editorial

    Maria Amalia Pie Abib Andery (Presidente)

    Carla Teresa Martins Romar

    Ivo Assad Ibri

    José Agnaldo Gomes

    José Rodolpho Perazzolo

    Lucia Maria Machado Bógus

    Maria Elizabeth Bianconcini Trindade Morato Pinto de Almeida

    Rosa Maria Marques

    Saddo Ag Almouloud

    Thiago Pacheco Ferreira (Diretor da Educ)

    Frontispício

    © 2022 Lucio Agra. Foi feito o depósito legal.

    Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Reitora Nadir Gouvêa Kfouri / PUC-SP

    Agra, Lucio. Décio Pignatari - vida noosfera / Lucio Agra. - 2. ed. São Paulo : EDUC, 2022.

    Bibliografia

    ISBN 978-65-87387-90-1

        A primeira edição deste livro, com o título Décio Pignatari, foi publicada em 2017, na coleção Sapientia - Grandes mestres da PUC-SP.

        1. Recurso on-line: ePub

    Disponível para ler em: todas as mídias eletrônicas.

    Acesso restrito: http://pucsp.br/educ

    Disponível no formato impresso: Agra, Lucio. Décio Pignatari - vida noosfera / Lucio Agra. - 2. ed. São Paulo : EDUC, 2022. ISBN 978-65-87387-89-5

    1. Pignatari, Décio, 1927-2012. II. Poesia concreta brasileira. I. Título.

    CDD 923.7

    869.915

    Bibliotecária: Carmen Prates Valls – CRB 8A./556

    EDUC – Editora da PUC-SP

    Direção

    Thiago Pacheco Ferreira

    Produção Editorial

    Sonia Montone

    Revisão

    Paulo Alexandre Rocha

    Editoração Eletrônica

    Gabriel Moraes

    Waldir Alves

    Capa

    Lucio Agra

    Realização

    Gabriel Moraes

    Administração e Vendas

    Ronaldo Decicino

    Produção do e-book

    Waldir Alves

    Revisão técnica do e-book

    Gabriel Moraes

    Rua Monte Alegre, 984 – sala S16

    CEP 05014-901 – São Paulo – SP

    Tel./Fax: (11) 3670-8085 e 3670-8558

    E-mail: educ@pucsp.br – Site: www.pucsp.br/educ

    dedicatória

    Ao trio Riverão,

    Gabriel Kerhart, Diego Sampaio e Valter Vetor,

    pelas inestimáveis sugestões.

    nota prévia

    Dentre os mais novos há os que conhecem a obra de Décio Pignatari e os que não a conhecem. Os que a conhecem levam grande vantagem.

    Augusto de Campos¹

    Este texto é uma livre tentativa de construir a provável narrativa sobre a vida-obra de um poeta, tradutor, professor, ator, performer, crítico, agitador cultural, cronista, um pensador e atuador completo da cultura brasileira da segunda metade do século 20, entrando pelo século 21. Não se buscou, aqui, nenhuma linearidade, nenhuma minúcia. Reconheço minha parcialidade como autor, sendo alguém que teve a oportunidade de ser aluno de Décio Pignatari pelo menos uma vez na vida. Estive com ele em algumas situações muito especiais e pude testemunhar brilhantes momentos do mestre que foi Décio.

    Quero assinalar a colaboração inestimável do jovem pesquisador, performer e poeta Gabriel Kerhart, que trouxe seu vasto repertório da signagem do Décio, fundamental para tornar possível este pequeno resumo de vida. Acrescento, nos agradecimentos, um especial a Valter Vetor, cuja persistência em me sugerir revisões e correções fazem desta edição um verdadeiro novo livro.

    Atendendo originalmente ao amável convite da Educ para que integrasse a coleção Sapientia, foi necessário, na primeira edição, o corte de diversas partes para não exceder o tamanho previsto no formato da coleção. Agora, o leitor tem a nova/antiga versão, pois foi possível recuperar o texto de origem, acrescentado de novas fontes e bibliografia surgida entre 16 e 21. Está agora, por assim dizer, na forma de um trabalho completo (não fosse extrema presunção dizer isso sobre a obra de Décio). Lembro-me que após o trabalho que resultou na exposição do CCSP em 2015, Augusto de Campos mais de uma vez advertiu que havia muito ainda a ser descoberto sobre Décio, que ele mesmo desconhecia. A Augusto, aliás, tenho de dedicar um especial agradecimento pelas relevantes informações e documentos que me forneceu e que ajudaram a corrigir equívocos e atualizar a presente edição.

    Uma observação sobre o sistema de referências: optei por usar o clássico sistema consagrado na universidade, com a menção do sobrenome do autor, seguido do ano da publicação e da página. Dessa forma, o leitor pode seguir o fluxo do texto e consultar a bibliografia quando desejar mais detalhes. As notas ficaram reservadas para observações, acréscimos ou informações complementares.

    A todos, meu obrigado.

    Lucio Agra

    São Félix, Bahia, outubro de 2016.

    Cachoeira, Bahia, junho de 2022.


    1. Augusto de Campos, PS 2020 ao texto rere­flashes para décio (com p.s. 2020) in Bunker – revista de litera­tura e artes visuais #1.

    SUMÁRIO

    noigandres

    paideuma

    concretos

    rock’n’roll

    beba coca-cola

    salto participante

    semana de poesia de vanguarda

    invenção

    informação

    mcluhan, tropicália

    comunicação & semiótica

    new wave

    panteros

    produssumo

    metacinema, navilouca

    signagem

    2 ou 3 notas sobre tradução

    3 leituras: revolução industrial, a ilusão de contiguidade e código e repertório

    comunicação poética

    do futuro, para terminar

    referências bibliográficas e infográficas

    referências completas da obra de Décio Pignatari

    noigandres

    "Aronda, aronda,cave canem, mulier –

    decius é o cão

    pignatari o canil"

    (Hidrofobia em Canárias, 1951)

    Num dia 5 de janeiro, do ano de 1947 – à hora exata da meia-noite e meia, asseverava o autor – Décio Pignatari viu pela primeira vez O lobisomem. Não era cão, não era gente. Era ele mesmo. Dois anos depois, em 1948, com uns rabiscos de caneta, suprimiu uma estrofe demasiadamente longa do poema que falava de estradas asfaltadas, com rimas de que não mais gostava como olhar e luar. Foi essa versão, finalmente, a que viria a ser publicada. E foi ela que um jovem de dezessete anos, aspirante a aluno da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco – que Décio já cursava – leu no jornal Estado de S. Paulo. Disse, muitos anos mais tarde, esse jovem, Augusto de Campos, que o estranho poema viera a público graças a Sérgio Milliet. E ainda acrescenta que os dois, Décio e Augusto, acabam por se encontrar pela primeira vez no Instituto de Arquitetos, numa mesa redonda sobre poesia (Campos, 2015, p. 241)¹. E desde então ele e seu irmão, Haroldo de Campos, do mesmo signo de Décio, leão, passaram a se encontrar toda a semana para discutir poesia.

    Do ponto de vista do mais velho dos três, esse é o começo do grupo noigandres, que só viria a se firmar realmente um pouco depois, em 1952. Os primeiros livros dos jovens poetas, Auto do possesso de Haroldo de Campos e O carrossel de Décio vieram ambos com a chancela do Clube de Poesia, agremiação criada anos antes pelo poeta Péricles Eugênio da Silva Ramos e que reunia o que se consideraria a arte poética de destaque da época.

    Estranho paradoxo, porém: nenhum dos jovens – e alguns velhos – poetas do que se convencionou chamar Geração de 45, todos transitando no Clube de Poesia, publicando seus textos nos cadernos e nos jornais, fazia uma poesia que se pudesse chamar de avançada, muito menos experimental. Pelo contrário, havia uma reabilitação do verso e da estrofe tradicionais, das formas fixas como o soneto, do tom elevado e saudoso em relação às tradições ocidentais, quase como se produzira entre fins do século XIX e começos do XX, num outro momento chamado de parnasianismo. Este, de inspiração francesa, a filtrar uma duvidosa versão da tradição greco-latina, fizera a oficialidade da poesia brasileira até o estrondo e a ruptura do modernismo, os dois Andrades à frente (Mário e Oswald).

    No fim dos anos 1940, os ares políticos sopravam para o mais aberto progressismo, com a recente legalização do Partido Comunista, na clandestinidade praticamente desde sua fundação. Não obstante a queda da ditadura de Getúlio Vargas e a nova constituinte de forte caráter democrático que desfavorecia posturas conservadoras, os poetas pareciam se posicionar num fluxo contrário a essa corrente modernizadora e retomavam processos de criação que remontavam à anterioridade do Modernismo como se a negá-lo ou, no mínimo, dele desconfiando.

    Assinale-se que é justamente em 1950 que se inauguram o MAM – Museu de Arte Moderna – e o Museu de Arte de São Paulo, o Masp. Como ainda lembra Augusto, havia todo o interesse nas novidades literárias que inundavam as livrarias de importados e que davam conta de vertentes ainda obscuras da vanguarda francesa, inglesa, italiana e alemã. Concomitantemente, na música, chegava a produção dos compositores modernos dos anos 1920 (Schoenberg, Webern, Varèse, Cage) pela primeira vez registrados em LP. Frequentando a cinemateca do MAM, podiam-se acompanhar os novos diretores brasileiros, italianos e franceses. Mas os poetas – e, pode-se dizer, o público em geral – desconheciam essas coisas que já não eram novidades. Não demorou muito para que o jovem trio começasse a ver que seria impossível continuar cerrando fileiras junto àqueles jovens velhos e velhos do Clube de Poesia. Já quando se tratou de publicar O rei menos o reino, o primeiro livro de Augusto, em 1951, a ruptura se dera e o volume

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