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125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras-SP
125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras-SP
125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras-SP
E-book928 páginas2 horas

125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras-SP

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Sobre este e-book

Apesar da importância que têm, as árvores ainda são pouco conhecidas pela população brasileira. Este livro traz informações detalhadas sobre 125 espécies de árvores encontradas no campus da UFSCar em Araras. Com linguagem simples, fotografias para todas as espécies e, de modo inédito, com a apresentação de canções da música popular brasileira que citam as árvores apresentadas, este livro é destinado a todos que se interessam por árvores, como técnicos, professores e alunos nas áreas de botânica, ecologia, arborização urbana e paisagismo, ou mesmo a quem simplesmente queira aprender sobre estes fascinantes seres.
IdiomaPortuguês
EditoraEdUFSCar
Data de lançamento2 de ago. de 2022
ISBN9786586768633
125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras-SP

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    125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras-SP - Ricardo Augusto Gorne Viani

    125

    árvores para conhecer

    no campus da UFSCar em Araras-SP

    Logotipo da Universidade Federal de São Carlos

    EdUFSCar – Editora da Universidade Federal de São Carlos

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

    Editora da Universidade Federal de São Carlos

    Via Washington Luís, km 235

    13565-905 - São Carlos, SP, Brasil

    Telefax (16) 3351-8137

    www.edufscar.com.br

    edufscar@ufscar.br

    Twitter: @EdUFSCar

    Facebook: /editora.edufscar

    Instagram: @edufscar

    125

    árvores para conhecer

    no campus da UFSCar em Araras-SP

    Ricardo Augusto Gorne Viani

    Eduardo Bermudes

    Israel Henrique Buttner Queiroz

    Ricardo Toshio Fujihara

    Logotipo da Editora da Universidade Federal de São Carlos

    © 2022, Ricardo Augusto Gorne Viani, Eduardo Bermudes, Israel Henrique Buttner Queiroz e Ricardo Toshio Fujihara

    Imagens da capa

    Ricardo Augusto Gorne Viani e Eduardo Bermudes

    Capa/Projeto gráfico

    Vitor Massola Gonzales Lopes

    Preparação e revisão de texto

    Marcelo Dias Saes Peres

    Livia Damaceno

    Karen Naomi Aisawa

    Editoração eletrônica

    Alyson Tonioli Massoli

    Editoração eletrônica (eBook)

    Alyson Tonioli Massoli

    Coordenadoria de administração, finanças e contratos

    Fernanda do Nascimento

    Este livro foi aprovado pelo Edital 2019.

    Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar

    C397c           125 árvores para conhecer no campus da UFSCar em Araras - SP / Ricardo Augusto Gorne Viani ... [et al.]. - Documento eletrônico. -- São Carlos: EdUFSCar, 2022.

    ePub: 113.6 MB.

    ISBN: 978-65-86768-63-3

    1. Árvores. 2. Botânica. 3. Arborização. 4. Paisagismo. I. Título.

    CDD – 581 (20a)

    CDU – 58

    Bibliotecário responsável: Ronildo Santos Prado – CRB/8 7325

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do direito autoral.

    Agradecimentos

    Aos alunos do Laboratório de Silvicultura e Pesquisas Florestais (LASPEF) do CCA/UFSCar, que participaram das atividades de campo, e a Marcelo Pinho Ferreira, Luís Vicente Brandolise Bufo e Vanessa Terra pelo auxílio com identificações e/ou comentários.

    Este livro é resultado do projeto ProEx UFSCar Catálogo de Árvores do CCA/UFSCar, Araras-SP: é preciso conhecer para valorizar (Processos 23112.000968/2016-40 e 23112.000921/2017-67).

    Todas as fotografias são de autoria de Eduardo Bermudes ou de Ricardo A. G. Viani, exceto o fruto do pau-viola e a flor de jenipapo, de autoria de Crislaine de Almeida, e o aspecto geral da pequena palmeira-azul, a folha do jacarandá-mimoso e o aspecto geral da árvore e da flor de tarumã, de autoria de Liniker Rotta.

    Sumário

    Apresentação – A importância das árvores

    A escolha da espécie para plantar

    O guia

    Os ícones

    As árvores e as músicas

    Adansonia digitata L.

    Baobá, embondeiro, imbondeiro

    Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke

    Tamanqueiro, pau-de-tamanco, papagaio

    Anacardium occidentale L.

    Cajueiro, caju, acaju, acajaíba

    Apeiba tibourbou Aubl.

    Pau-jangada, pente-de-macaco

    Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

    Pinheiro-do-paraná, araucária

    Araucaria columnaris (G.Forst.) Hook.

    Pinheiro-de-natal, pinheiro-de-cook

    Archontophoenix alexandrae (F.Muell.) H.Wendl. & Drude

    Palmeira-real-australiana, palmeira-alexandra, seafórtia

    Bauhinia variegata L.

    Pata-de-vaca, pata-de-boi, unha-de-vaca

    Beaucarnea recurvata Lem.

    Pata-de-elefante

    Bismarckia nobilis Hildebrandt & H.Wendl.

    Palmeira-azul

    Camptotheca acuminata Decne.

    Xixu, árvore-feliz

    Carica papaya L.

    Mamoeiro, mamão

    Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze

    Jequitibá-branco, jequitibá

    Cariniana legalis (Mart.) Kuntze

    Jequitibá-rosa, jequitibá

    Caryocar brasiliense Cambess.

    Pequizeiro, pequi

    Cassia leptophylla Vogel

    Cássia, falso-barbatimão, grinalda-de-noiva

    Casuarina equisetifolia L.

    Casuarina, pinheiro-casuarina

    Cecropia pachystachya Trécul

    Embaúba, embaúba-vermelha

    Cedrela fissilis Vell.

    Cedro, cedro-rosa

    Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna

    Paineira, paineira-rosa

    Cenostigma pluviosum (DC.) Gagnon & G.P. Lewis

    Sibipiruna

    Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth.

    Araribá, araruva

    Chloroleucon tenuiflorum (Benth.) Barneby & J.W.Grimes

    Tatané, tataré, jurema

    Citharexylum myrianthum Cham.

    Pau-viola, tucaneiro, pombeira

    Clitoria fairchildiana R.A.Howard

    Sombreiro, sobreiro, palheteira

    Cordia glabrata (Mart.) A.DC.

    Claraíba, louro-branco

    Cordia myxa L.

    Cordia-africana, guanhuma

    Cordia superba Cham.

    Babosa-branca

    Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.

    Louro-pardo, louro

    Corymbia maculata (Hook.) K.D.Hill & L.A.S.Johnson

    Eucalipto, eucalipto-manchado

    Croton urucurana Baill.

    Sangra d’água, urucurana, licurana

    Cryptocarya aschersoniana Mez

    Canela, canela-batalha

    Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.

    Ipê-verde, ipê-de-flor-verde, caroba-verde

    Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf.

    Flamboyant, flamboiã

    Dictyoloma vandellianum A.Juss.

    Tingui-preto

    Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J.Dransf.

    Palmeira-triangular

    Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.

    Areca-bambu

    Dypsis madagascariensis (Becc.) Beentje & J.Dransf.

    Areca-de-locuba, locuba

    Eriobotrya japonica (Thumb.) Lindl.

    Nêspera, nespereira, ameixa-japonesa

    Erythrina falcata Benth.

    Corticeira, corticeira-da-serra

    Eucalyptus deglupta Blume

    Eucalipto, eucalipto-arco-íris, eucalipto-de-nova-guiné

    Eugenia myrcianthes Nied.

    Pessegueiro-do-mato, ubajaí

    Eugenia pyriformis Cambess.

    Uvaia

    Eugenia uniflora L.

    Pitangueira, pitanga

    Ficus benjamina L.

    Figueira, figueira-benjamin

    Ficus elastica Roxb. ex Hornem.

    Falsa-seringueira, figueira, seringueira

    Ficus eximia Schott

    Figueira, figueira-brava, gameleira

    Ficus luschnathiana (Miq.) Miq.

    Figueira-mata-pau, gameleira-vermelha

    Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms

    Pau-d’alho, guararema, ibirarema

    Garcinia brasiliensis Mart.

    Bacupari

    Genipa americana L.

    Jenipapo, jenipapeiro

    Grevillea robusta A.Cunn. ex R.Br.

    Grevilha

    Guarea guidonia (L.) Sleumer

    Marinheiro, carrapeta

    Handroanthus albus (Cham.) Mattos

    Ipê-amarelo, ipê-amarelo-da-serra

    Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos

    Ipê-amarelo, ipê-amarelo-cascudo

    Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos

    Ipê-roxo, ipê, ipê-roxo-de-sete-folhas

    Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos

    Ipê-roxo, ipê

    Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose

    Ipê-amarelo

    Holocalyx balansae Micheli

    Alecrim-de-campinas

    Hovenia dulcis Thunb.

    Uva-japonesa, uva-do-japão, cajueiro-japonês

    Hymenaea courbaril L.

    Jatobá, jatobazeiro

    Hyophorbe lagenicaulis (L.H.Bailey) H.E.Moore

    Palmeira-garrafa

    Jacaranda mimosifolia D.Don

    Jacarandá-mimoso, jacarandá

    Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC.

    Jaracatiá, mamoeiro-bravo

    Jatropha mollissima (Pohl) Baill.

    Pinhão-bravo

    Joannesia princeps Vell.

    Boleira, cutieira, andá-açu

    Koelreuteria bipinnata Franch.

    Árvore-da-china

    Lafoensia pacari A.St.-Hil.

    Dedaleiro

    Lecythis pisonis Cambess.

    Sapucaia

    Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit

    Leucena

    Libidibia ferrea var. leiostachya (Benth.) L.P.Queiroz

    Pau-ferro

    Ligustrum lucidum W.T.Aiton

    Alfeneiro, alfeneiro-do-japão

    Livistona chinensis (Jacq.) R.Br. ex Mart.

    Palmeira-leque, palmeira-leque-da-china

    Lophanthera lactescens Ducke

    Chuva-de-ouro

    Macadamia integrifolia Maiden & Betche

    Macadâmia

    Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud.

    Taiúva, amora-branca

    Malpighia emarginata DC.

    Acerola, aceroleira

    Mangifera indica L.

    Mangueira, manga

    Melaleuca leucadendra (L.) L.

    Árvore-da-bíblia, melaleuca, cajepute

    Morus nigra L.

    Amoreira, amora

    Murraya paniculata (L.) Jack

    Falsa-murta, murta, murta-de-cheiro

    Myracrodruon urundeuva Allemão

    Aroeira, aroeira-verdadeira

    Myroxylon peruiferum L.f.

    Cabreúva, pau-bálsamo

    Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez

    Canelinha, canela

    Nerium oleander L.

    Espirradeira

    Opuntia cochenillifera (L.) Mill.

    Palma, palma-forrageira

    Pachira aquatica Aubl.

    Monguba, munguba

    Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst.

    Canchim, canxim, mata-olho

    Pandanus utilis Bory

    Pinhão-de-madagascar, pândano

    Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan

    Gurucaia, guaracaia, angico-vermelho

    Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C.Lima & G.P.Lewis

    Pau-brasil, ibirapitanga

    Persea americana Mill.

    Abacateiro, abacate

    Phoenix roebelenii O’Brien

    Tamareira-anã

    Physocalymma scaberrimum Pohl

    Pau-de-rosas, pau-rosa

    Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr

    Pau-jacaré

    Pleroma granulosum (Desr.) D.Don

    Quaresmeira

    Plinia cauliflora (Mart.) Kausel

    Jabuticaba, jabuticabeira

    Poecilanthe parviflora Benth.

    Coração-de-negro

    Psidium guajava L.

    Goiabeira, goiaba

    Psidium rufum Mart. ex DC.

    Araçá-roxo, araçá

    Pterogyne nitens Tul.

    Amendoim-bravo

    Pterygota brasiliensis Allemão

    Pau-rei, maperoá

    Rauvolfia sellowii Müll.Arg.

    Casca-d’anta

    Ravenala madagascariensis Sonn.

    Palmeira-dos-viajantes, árvore-dos-viajantes

    Roystonea oleracea (Jacq.) O.F.Cook

    Palmeira-imperial

    Ruprechtia exploratricis Sandwith

    Pele-de-velho

    Schinus molle L.

    Aroeira-salsa

    Schinus terebinthifolia Raddi

    Aroeira-pimenteira, aroeirinha, pimenta-rosa

    Schizolobium parahyba (Vell.) Blake var. parahyba

    Guapuruvu, ficheiro

    Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby

    Cássia-do-nordeste, cássia, canafístula

    Solanum granulosoleprosum Dunal

    Fumo-bravo

    Spathodea campanulata P.Beauv.

    Espatódea, bisnagueira, tulipeira, mijadeira

    Spondias dulcis Parkinson

    Cajá-manga, cajarana

    Spondias macrocarpa Engl.

    Cajá-redondo, cajá, cajazeiro

    Spondias purpurea L.

    Ciriguela, seriguela

    Swietenia macrophylla King

    Mogno, mogno-amazônico

    Syagrus oleracea (Mart.) Becc.

    Guariroba, gueirova, gueiroba

    Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

    Jerivá

    Syzygium jambos (L.) Alston

    Jambo-amarelo, jambo, jambeiro

    Tabebuia rosea (Bertol.) Bertero ex A.DC.

    Ipê-rosa

    Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith

    Ipê-branco

    Terminalia catappa L.

    Chapéu-de-sol, sete-copas

    Triplaris americana L.

    Pau-formiga

    Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke

    Tarumã, azeitona-do-mato

    Washingtonia robusta H.Wendl.

    Palmeira-de-saia

    Glossário de termos técnicos usados no livro

    Mapa para localização das espécies no campus da UFSCar em Araras-SP

    Referências

    apresentação

    a importância das árvores

    Existentes em todos os continentes, com exceção da Antártida, as árvores nos trazem muitos benefícios e, por isso, são presenças importantes em paisagens rurais e urbanas, mesmo em regiões onde elas não existiam originalmente ou onde não são as dominantes na vegetação natural. Elas geram sombra, regulam a umidade e a temperatura local, amenizam ilhas de calor urbano, interceptam água da chuva, conservam o solo e a água, atenuam ventos e ruídos, fornecem alimento e corredor de circulação para uma diversidade de animais silvestres e fixam carbono, contribuindo para mitigar as mudanças climáticas. Além disso, as árvores são repletas de simbolismo e proporcionam contemplação e bem-estar humano.

    Muitas árvores atuam como ornamentos nas cidades e no campo, e não são poucos os exemplos de árvores que fazem parte da história e das tradições culturais de um país, sendo referenciadas, inclusive, em rituais religiosos. Elas também são citadas em várias passagens da Bíblia e de outros livros sagrados e emprestam seus nomes a monumentos, ruas, parques, cidades e países, dado que muitos povos tiveram ou têm ciclos econômicos relacionados à exploração de uma árvore específica. Um exemplo disso é o nosso Brasil, cujo nome se originou do pau-brasil, o primeiro produto de nossas terras a ser explorado pelos colonizadores.

    Por fim, árvores produzem frutos, sementes, madeira e vários outros produtos derivados que são praticamente essenciais à vida humana, o que as coloca, por vezes, na posição de motores da economia, como se pode observar mundo afora, nas regiões produtoras de eucalipto, de pinus ou de árvores frutíferas diversas.

    A grande importância das árvores e a rica biodiversidade do nosso país contrastam com o conhecimento incipiente que boa parte da população brasileira tem sobre as nossas espécies arbóreas e aquelas que foram introduzidas no país para fins diversos. Em geral, a população, cada vez mais urbana, desconectada da natureza e acometida pela cegueira botânica,[1] dificilmente reconhece as espécies de árvores, e, se não as reconhece, não sabe sobre as suas características, sobre os seus usos e sobre a sua importância, tampouco nutre apreço pelo assunto.

    É notável como há nas cidades uma tendência a não querer árvores no quintal ou na calçada, preferindo a pavimentação e a impermeabilização dos terrenos. Curiosamente, quando questionadas sobre o assunto, as mesmas pessoas que adotam tal tendência geralmente declaram ser a favor do plantio de árvores nas cidades, mas talvez elas não se deem conta de que muitos dos benefícios esperados das árvores são de alcance local, e só poderão ser usufruídos caso a árvore esteja lá, no seu próprio quintal, na sua calçada ou no máximo na praça do quarteirão ao lado. E essa tendência não é exclusividade urbana, já que as árvores também são inexistentes na área rural, em especial nos principais sistemas de produção agrícola brasileiros, onde são tratadas, por vezes, como vilãs.

    Mesmo no caso de pessoas dispostas a plantar e a conviver com as árvores ao redor, o conhecimento sobre o assunto pode ser ampliado, dado que se vê, com frequência, plantios feitos com a espécie errada, de modo e em locais inapropriados, o que gera inconvenientes e prejuízos. Erros desse tipo devem ser evitados, pois são tão ou mais danosos que a ausência das árvores no local. Por isso, o desejo de plantar uma árvore é louvável, mas o plantio deve ser planejado previamente. Na escala de municípios, os plantios devem ser discutidos e projetados tecnicamente – com base no conhecimento já disponível sobre as espécies e suas características e sobre os objetivos almejados com a arborização, e devem estar alinhados a planos de arborização e aos documentos oficiais que os guiam – que deveriam existir em todas as cidades.

    Conhecer e interagir com as árvores que nos cercam é um dos caminhos para a reconexão das pessoas com a natureza. A elaboração de guias visuais e informativos contribui nesse sentido, pois ajuda a difundir o conhecimento existente sobre as árvores, permitindo que sejam reconhecidas, apreciadas e usadas e manejadas pela população de modo apropriado. A ideia de um guia surgiu com o projeto de extensão da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) intitulado Catálogo de Árvores do CCA/UFSCar, Araras-SP: é preciso conhecer para valorizar (ProEx UFSCar), que tinha como objetivo elaborar um catálogo visual e informativo das árvores empregadas no paisagismo do campus da UFSCar em Araras-SP, visando propiciar às comunidades interna e externa maior contato e conhecimento sobre as árvores do local. Coincidentemente, Araras é conhecida como a cidade das árvores, embora sejam poucos os que sabem disso, mesmo entre os habitantes. Foi em Araras que aconteceu o primeiro Arbor Day[2] no Brasil, em 1902. O evento, idealizado pelo renomado botânico Alberto Löfgren, contou com a participação de personagens e de políticos famosos da época, mas, infelizmente, nenhuma das árvores plantadas nessa ocasião existe mais, e o município não é mais referência em arborização urbana.

    O nosso projeto de extensão original ganhou corpo e culminou neste livro, que traz, em um primeiro momento, informações gerais sobre as árvores e sobre os critérios para a seleção delas, visando ao uso em cidades e em áreas verdes em geral. Na sequência, apresentamos detalhes e fotos de 125 espécies arbóreas, a maioria delas comuns no paisagismo de muitas cidades brasileiras. Por isso, o guia transcende o campus da UFSCar em Araras-SP e se mostra útil a todos que, de algum modo, se interessam por árvores, como técnicos, professores e alunos das áreas de botânica, de ecologia, de arborização urbana e de paisagismo, ou mesmo àqueles que simplesmente querem aprender mais sobre esses seres fascinantes.

    A escolha da espécie para plantar

    Há mais de 60 mil espécies de árvores no mundo e o Brasil é o país com a maior diversidade, com mais de 8 mil espécies nativas. É verdade que grande parte delas nunca foi plantada, mas, ainda assim, temos milhares de espécies notadamente diferentes entre si sendo cultivadas mundo afora.

    As árvores são a forma de vida vegetal mais complexa que existe e, embora compartilhem algumas características gerais entre si, distinguem-se em muitos aspectos de espécie para espécie. Cada espécie tem seu conjunto de características: o porte, o formato de copa, a densidade da folhagem, a perda das folhas ao longo do ano, o ritmo de crescimento, a época e a duração da floração, o tamanho e a cor das flores e dos frutos etc. Essas características morfológicas e funcionais, ou simplesmente biológicas, definem as vantagens e as desvantagens oferecidas por cada tipo de árvore plantada.

    Além disso, características como o solo, o clima, o espaço livre para o crescimento da planta, o fluxo de pessoas e de veículos ao redor etc. definem o ambiente para o plantio de uma árvore, e é natural que, em função de suas características biológicas, algumas espécies não se aclimatem, ou seja, não se adéquem ao ambiente inicialmente pensado para o plantio.

    Posto isso, antes de plantar qualquer árvore, deve-se responder à pergunta: por que plantá-la? Como mencionado no início do livro, árvores trazem diversos benefícios e podemos utilizá-las para termos sombra, frutos comestíveis e/ou belas flores, para atrairmos a fauna, para barrarmos o vento ou para combinarmos alguns desses propósitos num único plantio. Enfim, são vários os objetivos possíveis, mas dadas as características biológicas muito variáveis e específicas, via de regra, cada espécie de árvore atende melhor a um propósito específico, e quanto mais objetivos são almejados, mais difícil se torna a tarefa de encontrar a espécie mais apropriada. A melhor opção para gerar sombra pode não ser – e provavelmente não será – a melhor para atrair a fauna, que, por sua vez, não será aquela com as flores mais bonitas e duradouras, e assim por diante. Isso pode parecer frustrante e ruim, dado que não há uma espécie perfeita para a arborização, que serve para todos os fins, mas traz algo positivo: torna a arborização mais diversa, fazendo com que as áreas verdes, as vias públicas, os parques e os jardins sejam compostos de plantas de diversas espécies, cores, formas e tamanhos.

    Ainda assim, até mesmo a espécie ideal para alcançar o benefício almejado possivelmente terá inconvenientes. A mangueira, por exemplo, tem uma copa grande e densa, ótima para sombrear, e tem frutos grandes que atendem ao possivelmente desejado propósito de gerar saborosos frutos comestíveis, mas seu plantio é inconveniente e não recomendado para locais com fluxo de pessoas e/ou de veículos. Esse é um exemplo simples e óbvio, mas muitos outros não são, e dependem, primeiramente, do reconhecimento de determinadas características biológicas das árvores – que deve ser feito a partir de uma observação mais criteriosa e técnica –, e, depois, da compreensão do modo como algumas dessas características interferem na interação das árvores com o ambiente. Assim, escolher uma espécie de árvore para plantio em um dado local consiste em analisar os benefícios que ela gerará e seus potenciais inconvenientes, colocando-os na balança. Esse método de tomada de decisão serve para quase todas as decisões do dia a dia, e para plantar uma árvore não seria diferente.

    Adicionalmente, vale mencionar que o manejo, isto é, as ações que executamos antes, durante e após o plantio, pode afetar algumas características biológicas das árvores e alguns atributos do ambiente ao redor da planta. Com o manejo, podemos tornar o ambiente mais favorável ao crescimento, adubando o solo, fornecendo água à planta em períodos de seca e removendo estruturas que possam vir a ser um obstáculo ao livre-crescimento, como a calçada pavimentada ao redor da muda ou a fiação elétrica sobre ela numa área urbana.

    Em relação à arborização urbana, há aqueles que defendem que o ambiente deve ser sempre manejado para que se torne plenamente favorável às árvores, principalmente no tocante ao espaço livre acima e abaixo do solo para o crescimento da copa e das raízes, respectivamente. De fato, só assim maximizaríamos os benefícios da arborização nas cidades, porém, por questões compreensíveis, o que temos visto é, geralmente, o inverso: árvores escolhidas (ou descartadas) em função das restrições impostas pelo ambiente urbano. Desse modo, sabendo das restrições do espaço livre (calçada estreita, pequeno canteiro livre de pavimentação ao redor da muda e/ou presença de fiação elétrica sobre a copa), escolhemos espécies que, em função de suas características biológicas, principalmente no que diz respeito ao porte e à arquitetura de copa e de raízes, toleram e não geram inconvenientes. Essa é uma das razões que tem levado à priorização de árvores de pequeno porte e até mesmo de arbustos na arborização de vias públicas de muitas cidades, fenômeno que alguns denominam arbustização urbana.

    Se, por um lado, trocar árvores grandes por pequenas e por arbustos minimiza

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