Compêndio de Adubação e Nutrição de Hortaliças pelo Método Japonês Baseado na Extração pela Cultura e Análise do Solo

De Akira Kishimoto

Os leitores poderão atualizar-se com este Compêndio, com as novas técnicas de nutrição das plantas que permitirão enriquecer e melhorar os trabalhos desenvolvidos e, assim, solucionar e melhorar a produção agrícola no Brasil.
Atualmente, o agricultor enfrenta muitos problemas, principalmente nas hortaliças, com dificuldade de produção, problemas no controle de pragas e doenças, o uso indiscriminado de defensivos agrícolas e, como consequência, um grande êxodo rural, com risco de desabastecimento dos produtos agrícolas. Uma das principais causas está na adubação, portanto, o autor realizou diversas pesquisas e observações ao longo de seus trabalhos no campo, detectando os desequilíbrios dos elementos, com base nas análises de solo e das adubações convencionais praticadas pelos agricultores.
Ao conhecer o critério de adubação trazido pelo Prof. Koya Yamazaki do Japão, em 1969, passou a aplicá-lo em suas culturas, com finalidade de melhoramentos genéticos, confirmando a sua grande eficácia. A partir de então, passou a orientar os agricultores com esse novo critério. Em 1990, por exemplo, orientou um produtor de tomate que enfrentava sério problema financeiro e, mediante a utilização desse novo critério de adubação, conseguiu solucionar sua questão.
Em suas visitas às regiões produtoras de hortaliças de todo o país, de Norte a Sul, passou a observar as lavouras com bom e mau desenvolvimento, procedendo as análises de solo e diagnosticando as causas. Concomitantemente, buscou as pesquisas realizadas por especialistas no Brasil e no exterior, principalmente no Japão, em busca de informações sobre as questões nutricionais, encontrando trabalhos inéditos que estão citados nesta obra.
Em 2008, o autor publicou o livro Manejo do Solo e Adubação, pelo Instituto de Pesquisas Técnicas e Difusões Agropecuárias da JATAK, com a finalidade de divulgar as técnicas agrícolas do Japão aos agricultores, técnicos, agrônomos e instituições técnicas.
Com esta nova edição ampliada e atualizada, enriquecidas com novas pesquisas, o autor espera contribuir com o divulgação das novas técnicas, que permitirão a evolução e o desenvolvimento da agricultura brasileira.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 22 de jun. de 2022
• ISBN: 9786525014937

Pré-visualização do livro

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À memória de meus pais.

À minha esposa, Yasue, dedicada companheira ao longo de 57 anos.

Aos meus filhos, Carlos Shogi e Nelson Koutaro.

À minha nora, Maria, e aos meus netos, Letícia, Beatriz e Vitor Akio.

AGRADECIMENTOS

Pelas importantes orientações na minha vida profissional, aos professores Dr. Marcílio de Souza Dias, Dr. Hiroshi Ikuta, do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (USP), e ao engenheiro agrônomo Dr. Hiroshi Nagai, do Instituto de Agronômico de Campinas.

Ao engenheiro agrônomo Tsuyoshi Yamada, diretor para o Brasil do International Plant Nutrition Institute (IPNI), pelas orientações na área de nutrição de plantas.

Ao engenheiro agrônomo Hélio Casale, proprietário da empresa de consultoria técnica Tecnores Consultoria e Serviços Ltda., pela revisão deste livro.

Ao engenheiro agrônomo Kunio Nagai, pelo apoio e companheirismo durante todo o período profissional, desde a minha chegada ao Brasil.

Ao Sr. Takaaki Amano, pelo trabalho de digitalização e formatação do livro.

À empresa Nutrisafra Fertilizantes Ltda., pela importante colaboração permitindo a sua publicação.

PREFÁCIO

Agricultura é, sem dúvida, a atividade mais importante por garantir a sobrevivência da humanidade, e o Brasil é privilegiado por ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo, e o único que pode aumentar a produção em 41% até o ano de 2050, atendendo às necessidades mundiais.

Mas porque será que ocorre grande êxodo rural? Em 1960, a população rural era de 55% e a urbana de 45%; em 2011, a população rural caiu para 15% e a urbana elevou para 85%. Esse desequilíbrio continua aumentando e trazendo graves problemas sociais nos grandes centros urbanos, como aumento da poluição, criminalidade e pobreza.

A causa pode estar no modelo de agricultura convencional, que não proporciona lucro ao agricultor, além de prejudicar o meio ambiente, com uso exagerado de insumos químicos, como adubos e defensivos agrícolas, contaminando o alimento. Daí a necessidade urgente de transformar-se em uma agricultura sustentável.

Para isso, as medidas importantes são: melhorar o manejo do solo e fazer uma adubação equilibrada baseada na análise química completa do solo e calculada com base na extração pela cultura. Essa técnica foi introduzida no Brasil pelo Prof. Koya Yamazaki, que veio em 1969, a convite do governo do Brasil, para melhorar a técnica de produção de hortaliças no estado de São Paulo, onde grande parte dos produtores era de origem japonesa.

Akira Kishimoto participou do curso do Prof. Koya e aplicou essa técnica, obtendo resultados surpreendentes, e decidiu publicar este livro a fim de divulgar e contribuir para a solução dos problemas enfrentados pelos agricultores. As informações constantes nesta obra serão muito úteis para as pesquisas a serem desenvolvidas pelas instituições oficiais, faculdades e empresas ligadas à agricultura, bem como aos agrônomos que fazem a assistência no campo.

Eng. Agr. Roberto Rodrigues

Centro de Agronegócios - FVG

Ex-ministro da Agricultura

NOTAS DE UM ADMIRADOR

A prática da adubação de hortaliças cultivadas no Brasil vem se desenvolvendo em ritmo acelerado com novas técnicas surgindo a cada dia.

Entre as diferentes técnicas se destacam as do Akira Kishimoto, que tratam, principalmente, de nutrição e adubação de hortaliças pelo método japonês que leva em conta a extração de nutrientes pela cultura e a análise química completa do solo.

Ao ler e reler o conteúdo deste compêndio pode-se imaginar a figura do autor como um grande profissional de agronomia, que é aquele que mede e controla todas as fases do processo produtivo. Desde os tempos de Escola de Agronomia no Japão ele veio se especializando em fruticultura e horticultura. No Brasil desde os idos de 1965, do Rio Grande do Sul até as barrancas do São Francisco, deixou sua marca indelével de trabalho prático e objetivo. Na área da pesquisa sempre esteve ao lado de pesquisadores como o Dr. Marcílio de Souza Dias, da Esalq, e o Dr. Hiroshi Nagai, do IAC-Campinas.

Aqui, mostra os resultados práticos do seu trabalho junto a produtores de hortaliças com resultados surpreendentes que levaram ao sucesso econômico de muitas famílias por esse Brasil afora, introduzindo um método que reduz custos e aumenta lucro, respeitando a natureza, sem agredi-la.

Além de mostrar resultados, Akira nos deixa neste livro uma gama imensa de informações práticas sobre o manejo do solo, manejo das plantas, manejo dos tratos culturais. Trata de adubos macro e micros, sobre outros elementos ainda não reconhecidos como nutrientes, como silício, cobalto, mercúrio, entre outros, de clima, de metais pesados, de controle fisiológico, de alimentação humana. Enfim, dá uma volta geral em aspectos de grande interesse prático.

Trata-se de uma grande obra, uma resenha de dados que, certamente, muito contribuirá para o enriquecimento dos leitores interessados em praticar qualquer atividade agrícola em busca de resultados econômicos e sociais.

Certamente, com esta obra o autor espera contribuir para o engrandecimento de nossa agricultura e reconhece o muito que recebeu em seu longo período de convívio entre os brasileiros.

Eng. Agr. Hélio Casale

ESALQ-1961

NOTA DE UM COMPANHEIRO

Conheci Akira Kishimoto quando veio ao Brasil pela primeira vez, como estagiário da Faculdade de Agronomia de Hyogo, em 1962, apresentado pelo colega Masayoshi Tanaka, da mesma faculdade, que já estava no Brasil trabalhando comigo na Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), na Seção de Fomento Agrícola.

Em 1968 fui transferido para a Estação Experimental da CAC, em Atibaia. Imediatamente, convidei Akira Kishimoto, que estava na Estação Experimental da Cooperativa Sul Brasil, também em Atibaia, para trabalhar comigo. No mesmo ano ajudamos a fundar a empresa Agroflora Reflorestamento e Agropecuária S.A., que foi a primeira empresa nikkei de melhoramento e produção de sementes de hortaliças do Brasil.

Akira foi encarregado do setor de melhoramento genético, recebendo a assistência do Dr. Marcílio de Souza Dias e do Dr. Hiroshi Ikuta, do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz − USP, de Piracicaba. Trabalhou intensamente na pesquisa e melhoramento genético, desenvolvendo um excelente trabalho e contribuindo para o melhoramento de sementes de hortaliças no Brasil. Deixamos a Agroflora e em 1975 fundamos a Tanebras Sementes Melhoradas Ltda., continuando com o trabalho de melhoramento genético e produção de sementes de hortaliças, com distribuição para todo o Brasil.

Em 1988 deixamos a Tanebras e Akira foi trabalhar na Technes Agricola Ltda., para dedicar-se à difusão de novas técnicas com insumos naturais para a agricultura.

Após um ano de estágio no Japão, permaneci dois anos na empresa Agrossul Comércio Ltda., que se dedicava ao comércio de hortaliças e frutas. Nessa época visitava os agricultores de várias regiões de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, e solicitava ao Akira para fazer as recomendações de adubação dos produtores mediante as análises químicas completas do solo. Assim, conseguia avaliar os excelentes resultados das lavouras.

Em 1992 fui para a Technes Agrícola Ltda. para trabalhar novamente com o Akira. Graças a esse companheirismo, tive a oportunidade de aprender com ele as técnicas japonesas de adubação baseadas na análise de solo e na extração pela cultura. Embora tenha assistido ao curso do Prof. Koyo Yamazaki, devido a falta de conhecimento da língua japonesa, não consegui aprender.

Com a mudança da atividade de Akira para a fisioterapia, atualmente sou o único a utilizar essa técnica de adubação no Brasil, e agora procuro passá-la para os colegas agrônomos e técnicos que se interessam em aprender. Para isso, estou preparando com o Akira um DVD com manual prático para a sua ampla difusão.

Eng. Agr. Kunio Nagai

ESALQ-1961

Figura 1 – Dr. Koya Yamazaki - Curso do Dr. Koya Yamazaki. Tema: Adubação racional de hortaliças, 21 de maio de 1969. Estação Experimental da Cooperativa Agrícola Sul Brasil, em Atibaia

Fonte: acervo do autor

Figura 2 – Participantes do Curso do Dr. Koya Yamazaki ‒ O autor é o quarto da direita para a esquerda, na primeira fila

Fonte: acervo do autor

Sumário

INTRODUÇÃO 21

PARTE 1

PRÁTICAS 23

1.1 Métodos de coleta de solo – Seção de Química Agrícola da Cooperativa Agrícola de Cotia 23

1.1.1 Métodos de coleta do solo (cuidados para a coleta de amostras de solo para análise) 23

1.2 Bases para a interpretação dos dados da análise do solo 25

1.2.1 Elementos essenciais para as culturas 25

1.2.2 Elementos assimiláveis contidos no solo (comentário do Dr. Hiroshi Hori) 26

1.2.3 Conversão de unidades na análise de solo 27

1.3 Exemplos de análises de solo 29

1.3.1 Exemplo de tomate 29

1.3.2 Exemplo de cebola 32

1.3.3 Exemplo do pepino 34

1.3.4 Análise de solo ideal 36

1.3.5 Análise de solo com bom desenvolvimento de hortaliças 38

1.4 Interpretação de análise de solo (com foco nas culturas de hortaliças em campo aberto, na região do Cinturão Verde de São Paulo) 39

1.4.1 Considerações para a interpretação de análise de solo 39

1.4.2 Caso de deficiência de nutrientes 39

1.4.3 Caso de excesso de nutrientes 39

1.5 Plano de adubação para hortaliças 43

1.5.1 Itens para avaliação do solo em culturas de hortaliças, em campo aberto 43

1.5.2 Considerações para o melhoramento da adubação de hortaliças 44

1.5.2.1 Capacidade de troca de cátions e saturação de bases adequadas 44

1.5.2.2 Avaliação da composição adequada de cátions de acordo com a cultura 45

1.5.2.3 Produção máxima de hortaliças e composição de cátions na saturação de bases 45

1.5.2.4 Condições de composição de cátions em solos de cultura protegida e em campo aberto de hortaliças 46

1.5.2.5 Possibilidade de adotar no Brasil os padrões obtidos em Hiroshima de interpretação de análise de solo para cultura de hortaliças em estufa ou em campo aberto 47

1.5.3 Critérios para adubação racional de hortaliças 49

1.5.3.1 Sistema de absorção de nutrientes em hortaliças 49

1.5.3.2 Padrões de produtividade de hortaliças e quantidade de absorção de elementos do adubo 51

1.5.3.3 Quantidade de adubação em função da produção almejada e da espécie de

hortaliça 52

1.5.3.4 Poder de absorção de nutrientes conforme a cultura e o tipo de solo baseado no nível de adubação 54

1.5.3.5 Nível de aproveitamento de adubo em campo aberto 55

1.5.3.6 Características de nutrição e adubação de hortaliças 56

1.6 Cálculo real de adubação de hortaliças e assuntos correlatos 58

1.6.1 Tomate 58

1.6.1.1 Cultura de tomate (solo com deficiência de elementos) 58

1.6.1.2 Cultura de tomate em terra fraca e com alto teor de Al (alumínio) 65

1.6.1.3 Uso de micronutrientes no controle de doenças do tomate 67

1.6.1.4 Tomate com mau desenvolvimento e análise foliar 69

1.6.1.5 O uso contínuo do calcário e o efeito nos teores de Fe e Mn no solo na cultura de tomate 71

1.6.1.6 Solo com desenvolvimento saudável do tomateiro (Apiaí - SP) 73

1.6.2 Batata 74

1.6.2.1 Batata com bom e mau desenvolvimento (estado de São Paulo) 74

1.6.2.2 Lavoura de batata com baixa produção e boa produção (Minas Gerais) 75

1.6.2.3 Lavoura de semente de batata (estado de Santa Catarina) 76

1.6.2.4 Lavoura de batata (estado de Santa Catarina) 77

1.6.2.5 Lavoura de batata (Goiás) 78

1.6.2.6 Áreas de produção de batata (região sudoeste do estado de São Paulo) 79

1.6.2.7 Plano de adubação de batata (estado de Minas Gerais) 82

1.6.3 Cebola 84

1.6.3.1 Diferença dos teores de Ca e Mg em função do tipo de calcário 84

1.6.3.2 Cultura de cebola de bulbinho 87

1.6.3.3 Área de produção de sementes de cebola 88

1.6.4 Morango 89

1.6.4.1 Solo com ocorrência de flor preta e solo com produção normal 89

1.6.4.2 Lavoura de morango sem o aparecimento da flor preta (análise de solo antes e após a calagem) 90

1.6.4.3 Região produtora de morango (sul de Minas Gerais) 92

1.6.5 Cultura de repolho em solo aluvial (colônia de Guama no Rio Amazonas) 94

1.6.6 Região hortícola do Cinturão Verde de São Paulo 94

1.6.7 Produção orgânica de hortaliças (Cinturão Verde de São Paulo) 95

1.6.8 Terra cansada 96

PARTE 2

ANEXOS 99

2.1 Anexo I 99

2.1.1 O solo e os