Ecologia E Política À Luz Do Tao
De Ernesto Bono
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Filosofia para você
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Ecologia E Política À Luz Do Tao - Ernesto Bono
Ernesto Bono
ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP
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B712e Bono, Ernesto
Ecologia e política à luz do Tao / Ernesto Bono. –
São Paulo : Clube de Autores, 2012.
1.Ecologia – Filosofia 2.Política – Filosofia
3.Taoísmo 4.Taoísmo – História I. Título
CDD – 181.09514
CDU – 1:299.513
___________________________________________________
TODOS DIREITOS RESERVADOS – é proibida a reprodução, salvo pequenos trechos, mencionando-se a fonte. A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/98) é crime (art.184 do Código Penal). Depósito legal no escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, sob o número de registro 587.998, livro 1.124, folha 300.
Blog e e-mail do Autor
http://blogdoernestobono.blogspot.com/ ebono.ez@gmail.com
Obras do Autor
É A CIÊNCIA UMA NOVA RELIGIÃO? (Ou Os Perigos do Dogma Científico - 1971 - Editora Civilização Brasileira S/A - RIO
NÓS A LOUCURA E A ANTIPSIQUIATRIA - Editora Pallas S/A – Rio – Editora Afrontamento, Porto, Portugal - 1975 e 1976, respectivamente
SENHOR DO YOGA E DA MENTE - Editora Record S/A – 1981 - Rio
ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO - Editora Record S/A - 1982 - Rio
ANTIPSIQUIATRIA E SEXO - (A Grande Revelação) - Editora Record S/A - 1983 - Rio
OS MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE - Fundação Educacional e Editorial Universalista FEEU - 1994
A GRANDE CONSPIRAÇÃO UNIVERSAL, - Bonopel Edições - 1994 - Porto Alegre (edição restrita) e Zenda Editora LTDA - 1995 - São Paulo -2a Edição. – Zenda Editorial, 1999, 3a Edição – São Paulo
O APOCALIPSE DESMASCARADO (Nem Anjos nem Demônios, Apenas ETs) – Editora Renascença – 1997 (edição restrita de 500 volumes) - Renascença - 1999 - Porto Alegre - 2a edição.
AIDS, QUEM GANHA QUEM PERDE - Uma história Mal contada – Editora Rigel – 1999 – Porto Alegre
CRISTO, ESSE DESCONHECIDO –3a Edição, Ed. Record S/A, 1979, Rio – Editora Renascença, 2000, Nova edição ou 4a Edição – Porto Alegre
(Tradução) PERCEPÇÃO INTERPESSOAL - Dr. Ronald D. Laing, Phillipson, Cooper - Editora Eldorado - 1974 - Rio
(Tradução) KUNDALINI, A ENERGIA EVOLUTIVA DO HOMEM - Gopi Krishna - 1980 – Editora Record S/A - Rio
O LADRÃO E SALTEADOR DA MENTE HUMANA - Parar Este Falso Mundo – (livro 1) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
TRANSMUTAR ESTE FALSO MUNDO - Parar Este Falso Mundo – (livro 2) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
KUNDALINI, O FOGO ESPIRITUAL - Parar Este Falso Mundo – (livro 3) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
A FARSA DOS MEIOS DO CONHECIMENTO - Parar Este Falso Mundo – (livro 4) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
PRISÃO DO TEMPO – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE – Clube de Autores – 2011 – Segunda Edição – São Paulo
O DESAPARECIMENTO DE NOSSOS FILHOS – 2011 – Clube de Autores – São Paulo
FILOSOFIA E SABEDORIA DE JESUS – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
SERÁ QUE A CIÊNCIA NOS ENGANA? - (Ciência, a Nova Religião, Primeiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
CIÊNCIA, MAGIA LOGIFICADA – (Ciência, a Nova Religião, segundo tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
DISCURSO CONTRA O MÉTODO OU A ANTIDIALÉTICA – (Ciência, a Nova Religião, Terceiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
AS BASES INCONSISTENTES DA MEDICINA CIENTÍFICA – (Ciência, a Nova Religião, Quarto Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
UMA REVOLUÇÃO QUÂNTICA - Clube de Autores – 2010 – São Paulo
JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Primeiro Volume - Clube de Autores – 2012 – São Paulo
JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Segundo Volume – Clube de Autores – 2012 – São Paulo
JESUS SEM CRUZ – Clube de Autores 2012 – São Paulo
OS HERDEIROS DO FILHO DO HOMEM – Clube de Autores – 2012 – São Paulo
TRES JÓIAS DO BUDISMO - Clube de Autores – 2012 – São Paulo
ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – S.Paulo
SENHOR DO YOGA E DA MENTE – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – São Paulo
SUMÁRIO
ADVERTÊNCIA AO LEITOR
PRIMEIRA PARTE - O LIVRO DO TAO - (Origens da Boa Política
)
APRESENTAÇÃO DE LAOTSÉ E SUA OBRA
LIVRO PRIMEIRO
I A Propósito do TAO Absoluto
II A Elevação dos Opostos Relativos
III A Ação sem Feitos
IV O Caráter do TAO
V A Natureza
VI O Espírito do Vale
VII Vivendo para os Demais
VIII A Água
IX O Perigo do Sucesso Envaidecedor
X Abraçando o Uno
X A Utilidade do não-SER
XII Os Sentidos
XIII O Elogio e a Crítica
XIV Origens Pré-Históricas
XV Os Sábios de Antigamente
XVI Conhecendo a Lei Eterna
XVII Os Governantes
XVIII A Decadência de TAO
XIX Realizar o Eu
Desafetado (ou SER)
XX O Mundo e Eu
(Ser)
XXI As Manifestações de TAO
XXII A Inutilidade da Disputa
XXIII A Identificação com TAO
XXIV As Fezes e os Tumores da Virtude
XXV Os Quatro Modelos Eternos
XXVI O Pesado e o Leve
XXVII Roubando a Luz
XXVIII Seguir a Fêmea (receptividade, passividade,Yin)
XXIX Cuidado com a Intromissão (dos Falsos Sábios)
XXX Advertência contra o Uso da Força
XXXI As Armas do Mal
XXXII TAO é como o Mar
XXXIII Conhecendo-se a si Mesmo
XXXIV O Grande TAO Surge em Todas as Partes
XXXV A Paz do TA0
XXXVI O Ritmo da Vida
XXXVII A Paz Mundial
LIVRO SEGUNDO (A Aplicação de TAO)
XXXVIII Degeneração
XXXIX Unidade por Meio dos Complementos
XL O Princípio de Reversão
XLI As Qualidades do Taoísta
XLII O Homem Violento
XLIII A Substância mais Mole
XLIV Contentar-se
XLV Quietude Pacífica
XLVI Corridas de Cavalos
XLVII A Busca do Conhecimento
XLVIII Conquistando o Mundo pelo Wu-wei
XLIX O Coração das Pessoas
L Conservação da Vida
LI A Virtude Mística
LII Roubando o Absoluto
LIII Banditismo
LIV O Indivíduo e o Estado
LV As Virtudes e as Crianças
LVI Mais além da Honra e da Desonra
LVII A Arte de Governar
LVIII Governo Preguiçoso
LIX Sejamos Frugais
LX Governar um Grande País
LXI Países Grandes e Pequenos
LXII O Tesouro do Homem Bom
LXIII Difícil e Fácil
LXIV Começo e Fim
LXV A Grande Harmonia
LXVI Os Senhores das Profundezas
LXVII Os Três Tesouros
LXVIII A Virtude de não Disputar
LXIX Camuflagem
LXX Não me Compreendem
LXXI A Mente Enferma
LXXII A Respeito do Castigo (1) -
LXXIII A Respeito do Castigo (2)
LXXIV A Respeito do Castigo (3)
LXXV A Respeito do Castigo (4)
LXXVI Duro e Mole
LXXVII Esticando o Arco
LXXVIII Nada mais Débil do que a Água
LXXIX Acertos de Paz
LXXX A Pequena Utopia
LXXXI O Caminho do Céu
SEGUNDA PARTE - SABEDORIA DE CHUANGTSË - (Origens da Visão Ecológica
)
APRESENTAÇÃO DE CHUANGTSÉ E SUA OBRA
1) Três pela Manhã
2) A Utilidade da Inutilidade; Confúcio e o Extravagante
3) A Árvore Inútil
4) O Uso da Inutilidade
5) O que Fala não Sabe e o que Sabe não Fala
6) A Luz do Sucesso
7) Trechos Avulsos do Prologômenos
8) A Palavra e o Tempo
9) O Equilíbrio Interior
10) O Pensamento e a Centopéia
11) A Montanha dos Macacos
12) Quão Profundo é TAO
13) A Imanência de TAO
14) TAO Está em Todas as Partes
15) Os Espíritos Cessam de Prejudicar as Pessoas
16) O Condicionado e o Incondicionado
17) Valorizando a Vida
18) O TAO que pode Ser Nomeado, Mencionado e Discutido
19) Quando o Conhecimento foi ao Norte
20) O Sábio Descansa no Aspecto Total das Coisas
21) A Porta que Conduz ao Segredo da Própria Vida
22) O Homem Perfeito; Ocultando a Luz
23) TAO é como o Mar
24) Humanismo e Justiça
25) Ter o Suficiente é Boa Sorte
26) Um Bálsamo com Duas Finalidades
27) O Mistério do Universo
28) As Virtudes de um Feio
29) O Grande Supremo; o Comportamento do Homem Puro
30) Não Exaltes os Sábios; no Mundo da Bondade Espontânea não Existia História
31) As 10 Mil Coisas
32) A Paz por Meio da Vivência de TAO
33) Os Presunçosos, os Acomodados e o Manipulador
34) O Amor Universal e o eu
Pessoal
35) Em Detrimento do Caráter
36) Graças à Inação (wu-wei
) o Céu se Aclara
37) Sobre a Tolerância; Doutrina da Ação não-Intencional e da não-Intervenção Vistas como uma Norma que Permite ao Povo Cumprir Pacificamente com os Instintos Naturais da Vida
38) A Parábola do Cozinheiro-Açougueiro
39) O Sábio não Prejudica o Povo
40) Cuidado em não Intrometer-se na Bondade Natural do Coração dos Homens
41) A Propriedade
42) Cuidar-se Tanto no Começo como no Fim
43) Devolver o que Pertence ao Universo a Todo oUniverso
44) A Imparcialidade de TAO; Outro Motivo para a Ação não-Intencional
45) A não-Interferência ou a Modéstia na Conduta
46) A Natureza é Dura; o Sábio é Bom sem que o Saiba
47) As Duas Camareiras
48) A Conduta do Homem de Caráter (TE)
49) O Sábio é imparcial
50) Aprender o que a Multidão Perdeu
51) Completo, Inteiro e Todo
52) Chuangtsé Encontrava-se num Parque
53) TAO é Chamado Grande; os Ciclos Eternos
54) A Inutilidade da Discussão
55) A Inutilidade da Linguagem - A Propósito de Pregar a Doutrina sem Palavras
56) Meios e Fins
57) Difícil é não Falar de TAO
58) A Relatividade dos Opostos. A Nivelação de Todas as Coisas e as Nivelações no UM
59) As Palavras Verdadeiras não Soam Bem
60) O Invisível, o Inaudível e o Intangível
61) Confúcio Falando a Propósito da Água
62) Dístico a Propósito de Humildade
63) O Formoso Universo Silencioso; A Raiz
de Todas as Coisas
64) A Estória do Carniceiro Yüen
65) Laotsé Refere-se à Higiene Mental
66) Os Perigos de Acumular Riquezas
67) Os Cinco Sentidos (Condicionados) Diminuem a Nossa Percepção Natural
68) Ação do Vento Sobre a Água
69) A Utilidade de não-Ser
70) A Água como Símbolo da Virtude Celestial
71) Contra o Nervosismo Nada Melhor do que a Calma
72) Dar a Outras Pessoas
73) As Desculpas
74) Definição de Honra e Felicidade
75) Sinais de Fracasso e Sucesso
76) O Homem Perfeito Carece de Ego
77) Estar Tranqüilos
78) Perguntas e Respostas sobre TAO
79) A Interfusão de Todas as Coisas
80) Observação
81) Vendo, não Deve ser Visto
82) Retorno à Raiz; Diálogo entre Nuvens Gerais e a Grande Nebulosa
83) A Origem das Coisas e a Reversão à Grande Harmonia
84) Todas as Coisas são UMA -O Olho dos Sentidos e o Olho do Espírito
85) Como Declinou o Caráter do Homem
86) A Propósito de quem Melhor Governa; Diálogo entre Laotsé e Yangtsé
87) A Fuga da Benevolência
88) O Reinado do Imperador Yao
89) A Comodidade da Inconsciência; Quando o Sapato se Adapta
90) Os Dedos Juntos dos Pés
, ou como o Aumento de Erudição e os Ensinos dos Filósofos Corrompem a Natureza do Homem
91) A Origem da Hipocrisia
92) Perturbação do Mundo - Aquele que se Revela a si Mesmo não é Bom Quem é Verdadeiramente Bom
93) A Respeito da Perda do Próprio Eu
94) Cascos de Cavalos, ou Pólo, o Treinador de Cavalos
95) O Corcunda Su A Virtude das Deformidades
96) O Homem Divino e os Problemas do Império
97) O Rebanho dos Homens Comuns
98) Por que os Criminosos Existem
99) A Violação dos Baús ou um Protesto contra a Civilização
100) O Vendedor de Chapéus e a Vivência de um Rei
101) O Caos no Mundo e os Estragos do Conhecimento
102) Dois Reis e a não-Forma
103) A Perda do Ego e o Sopro da Natureza
104) A Inutilidade da Solução Confucionista
105) A Sombra, o Corpo e o Espírito
106) A Fuga da Sombra
107) A Preservação da Vida ...............
108) A Torre do Espírito
109) Tudo é um Sonho
110) Chuangtsé Sonha que é uma Borboleta
111) A Vida é a Companheira da Morte e a Morte é o Começo da Vida ..
112) A Vida Humana é Curta
113) A Morte de Mengsun t-- o eu
(ego) pode ser um sonho
114) A Morte de Laotsé
115) Inutilidade a Ser Imitada
116) O Homem de uma Perna só
117) Este Mundo Humano, Jejum do Coração
118) As Árvores Inúteis
119) Aceitar as Convenções
120) O Barco Vazio
121) Anedota a Respeito de Confúcio
122) Aquele que se Louva a Si Mesmo não Recebe Reconhecimento de seus Méritos
123) O Sábio não Rechaça Pessoa Alguma
124) A Vaidade de um Falso Nobre
125) A Boa Sorte
126) Realizando TAO
127) Quatro Amigos Falando da Vida e da Morte ou Metamorfose
128) Confúcio e os Três Amigos
129) A Quem, Procurar
130) A Integridade do Galo de Briga
131) Buscar o Repouso no que a Mente Humana Desconhece
132) Bondade Inconsciente e a Necessidade da Vitória .
133) Modera o Conhecimento com a Suavidade
134) A Doutrina da Inação e da Quietude
135) O Bom Artesão e a Comodidade
136) Não Ligar-se ao Estar Consciente
137) A Interfusão das Coisas
138) Destino
139) A Respeito da Riqueza e da Pobreza
140) Homenagens a um Imperador
141) Ser Possuído por TAO
142) A Pérola Perdida
143) O TAO de Deus e o TAO dos Homens
144) A Parábola dos Animais, do Vento e da Mente
145) Inundações de Outono
146) Morreu a Esposa de Chuangtsé
147) O Crânio
148) Quando o Ato é Subjugado pela Ambição, Torna se Rotina
149) A Má Influência da Mecanização da Vida
150) Vida Ativa
151) A Perfeita Felicidade
152) As Nove Provas de Confúcio para Julgar os Homens
153) Origem das Coisas
154) A Lei Interior
155) Confúcio Recebe Conselhos de um Taoísta
156) Imitação da Natureza
157) Decadência de TAO
158) Conversações Imaginárias entre Laotsé e Confúcio
159) A Coragem de Cada Um
160) O Lugar Adequado das Instituições Humanas
161) O Poder que se Esconde Atrás da Primavera e do Outono
162) O Entalhador de Madeira
163) Como Vive um Sábio no Mundo
164) O Branco Parece Sujo e o Grande Caráter Parece Insuficiente
165) Aqueles que Entendem a Vida
166) A Arte de Nutrir o Espírito
167) Pensar pelos Porcos
168) TAO Unifica as Partes
169) O Terneiro Recém-Nascido
170) Libertar a Mente e o Corpo
171) A Parábola do Pássaro Marítimo
172) O Perigo de Confiar nos Exércitos
173) A Respeito do Vazio da Vitória
174) O Dilema da Guerra e da Paz
175) A Propósito da Inutilidade dos Tratados
176) A Respeito do não Lutar
177) A Coruja, a Fênix e a Alegria dos Peixes
178) A Rã do Poço
179) Chuangtsé e a Tartaruga
180) Chuangtsé Moribundo
181) Unir-se é Igual que Separar-se
LIEHTSÉ, O MESTRE TAOISTA
1) Cavalgando as Nuvens
2) O Cervo Escondido
3) Os Médicos de Chi Liang
4) O Homem que se Preocupava com o Céu
5) Confúcio e os Meninos
6) O Homem que Esquecera
7) Ser Alcançado por TAO
8) O que os Homens Precisam
9) A Concepção de Sol do Homem Cego
10) O Homem que Via Ouro em Tudo
11) Parece Ladrão
12) Shangch'iu K'ai, um Homem Simples e Honesto
13) Ninguém Está Acima de Ninguém
TERCEIRA PARTE - Comentários
Origens da Ecologia
Origens da Boa Política
História do Taoísmo
Referências Bibliográficas
Advertência Ao Leitor
Chamamos a atenção ao amigo leitor que a presente obra é realmente um tratado de profunda sabedoria, de ecologia e política, baseada principalmente na mensagem de Laotsé, Chuangtsé (ou Chuangtzu) e Liehtsé, os três incomparáveis mestres do Taoísmo chinês. O Taoísmo é uma doutrina cujas origens se perde na noite dos tempos.
Pelo que pude constatar e comparar, nunca essa mensagem foi tão bem explicitada, adaptada e vertida em língua neolatina como na presente versão, modéstia à parte, sem levarmos conta os oportuníssimos e esclarecedores comentários. Aqui o Taoísmo é apresentado com uma clareza e uma racionalidade de propósitos poucas vezes vista, e em todas as suas facetas possíveis e imagináveis, que vão desde a mais profunda espiritualidade, a mais incrível filosofia de vida, precursoras do Zen, e até de uma política mais veraz.
Nesta minha adaptação, levando em conta o Livro do Tao, acrescentei comentários entre colchetes [] que em nada deturpam a mensagem original de Laotsé, senão apenas tornam-na mais explícita a um entendimento pouco habituado com os epigramas desse grande Mestre. O mesmo fiz, mas em ocasiões mais espaçadas, com a mensagem de Chuangtsé e Liehtsé.
Na segunda parte do presente trabalho, praticamente apresentei quase toda a obra de Chuangtsé, só que não respeitei a disposição e numeração original dos capítulos, e fui forçados a apresentar outra, de minha autoria, aparentemente arbitrária. Os trechos numerados do grande Chuangtsé (ou Chuangtzu, como alguns dizem) e que constam na presente versão são ao todo 183. Os capítulos originais da versão chinesa eram somente 33, cujas traduções se nos apresentaram incrivelmente confusas e até mesmo ininteligíveis, para não dizer originalmente com pouca comunicação literária. De outro lado, poucas são as traduções ocidentais que apresentam os 33 capítulos de modo completo. Além do mais, muitos exegetas e sinólogos famosos acham que só um pouco mais do que a metade dessa obra teria sido escrita pelo próprio Chuangtsé. Não dei importância a essa possibilidade e só me preocupei não com a totalidade da obra original, mas com a qualidade e a importância da mensagem exposta. Assim que verti e readaptei valendo-me de livros escritos em ingleses, franceses, espanhóis e italianos trechos originais, e rearranjei de modo arbitrário as passagens, comentei capítulos e trechos soltos, e aproximei textos de conteúdo similar para facilitar o entendimento do leitor. As passagens e capítulos inteiros que tinham certa afinidade temática entre si, principalmente aquelas de conteúdo político e filosófico, foram agrupadas ou postas numa sequência perfeita. Com isso, creio eu, que não só favoreci a compreensão da mensagem, como também devolvi ao grande Mestre Chuangtsé o Espírito da Letra
que estava um tanto quanto confuso nas versões ocidentais.
O Livro do Tao de Laotsé está completo e apresenta-se em duas partes com sua divisão e numeração original. A obra de Chuangtsé está semicompleta; mas tudo o que era atribuído originalmente a esse grande Mestre praticamente aqui se encontra presente.
Muitos são os capítulos que foram vertidos de modo integral como Os Cascos de Cavalos, ou Pólo, o Treinador de Cavalos
, A Violação dos Baús
, Inundações de Outono
, Este Mundo Humano, Jejum do Coração
, Laotsé Refere-se à Higiene Mental
e muitos outros mais, e que são verdadeiras obras-primas da Literatura Chinesa. Mas a maior parte da mensagem de Chuangtsé é constituída de trechos soltos, retirados dos capítulos restantes. Certos pequenos trechos, inclusive, (pouquíssimos, aliás) são repetições soltas e propositadas.
A obra de Chuangtsé, salvo engano meu, infelizmente foi muito mal copiada pelos próprios escribas chineses ao longo do tempo, para depois inclusive vir a ser adaptada à moda do conhecimento científico pelos tradutores ocidentais, e isso não poucas vezes. Assim que, neste último caso, trechos importantíssimos e doutrinários perdiam seu significado original só porque alguém aqui no Ocidente resolvia utilizar palavras como evolução
, energia
, mecânica
etc, e que não cabem no Taoísmo de Laotsé e Chuangtsé. No lugar de tais palavras deveriam ter aparecido os termos reversão ou interfusão
, vitalidade
, interdependência
que é exatamente o que Chuangtsé se propõe. Na presente adaptação, acredito ter conseguido devolver o significado origina da obra desse autor.
Afora os textos de Laotsé e Chuangtsé, adaptados ao português, no final da segunda parte, incluímos alguns trechos soltos atribuídos ao grande filósofo Liehtsé, os quais e de certa maneira, também tiveram que ser reconstruídos.
Para os que gostam de Ecologia e Política, a terceira parte do presente trabalho enfatiza de onde teria se originado a sabedoria ecológica e a boa Política, repetindo para tal trechos estritamente políticos e ecológicos. Finalmente encerro o presente livro dando um esboço da História do Taoísmo, tão pouco conhecida e que afinal não pesará nem aborrecerá ninguém.
Ernesto Bono
PRIMEIRA PARTE
O LIVRO DO TAO
(Origens da Boa Política
)
Apresentação de Laotsé e sua Obra
Se existe algum livro que faz a mais completa justiça à Sabedoria Oriental e, em particular, à Filosofia e Mística chinesa, este, sem qualquer dúvida, é essa pequena jóia chamada Livro do Tao ou Tao Te Ching.
Assim como os melhores ensinos de Jesus contidos nos evangelhos e no Sermão da Montanha estão para o Cristianismo em geral, e o Bhagavad Gita e os Upanishads estão para o Hinduísmo, e também o Dhammapada e os melhores ensinos de Buda estão para os budistas, da mesma maneira o Tao Te Ching está para os taoístas, sem precisar incluir a extraordinária contribuição filosófica e psicológica de Chuangtsé e Liehtsé, sábios taoístas.
Mesmo que pequeno em tamanho, o Livro do Tao não é menos notável em sabedoria e profundidade que os demais livros posteriores dos mestres taoístas. De modo resumido, no Tao Te Ching encontramos um apanhado concentrado da milenar sabedoria chinesa. Trata-se, pois, de uma obra cheia de espiritualidade, de psicologia autêntica, de inteligência, vitalidade e circunspecção. Laotsé, seu autor, tendo nascido aproximadamente 30 anos antes de Confúcio — outro notável filósofo e moralista chinês, não taoísta — praticamente viveu na mesma época em que na Índia viveram e pregaram Buda e Mahavira, os fundadores do Budismo e do Jainismo, respectivamente. Esses quatro grandes Sábios do Oriente teriam vivido, pois, segundo a História e a Tradição, na mesma época, isto é, entre os séculos VI e V a.C.
O Tao Te Ching teve e continua tendo, uma enorme difusão no hemisfério norte (Europa, Estados Unidos, Canadá, México etc.) e por causa disso, os simpatizantes do Orientalismo em geral conhecem mais os ensinos de Laotsé e Chuangtsé que os ensinos de Confúcio. O Livro do Tao é pequeno em tamanho e por isso é editado muito seguidamente, mas suas traduções e adaptações nem sempre são fáceis de entender. As diferentes obras que já surgiram em língua inglesa, francesa, italiana e espanhola nem sempre são assimiláveis e fiéis, o mesmo acontecendo com as versões que já surgiram na língua portuguesa. O Livro do Tao se entende mais por intuição que por intelecção. Daí que, às vezes, traduzi-lo ou vertê-lo a determinada língua ocidental não basta. O mesmo acontece com o I-Ching.
Na atualidade, certos leitores do Mundo Ocidental conhecem mais o Taoísmo de Laotsé que os próprios chineses. Antes da revolução socialista de Mao Tsé-tung, os chineses religiosos e eruditos cultivavam mais o Confucionismo que a sabedoria contida no Livro do Tao, porque a filosofia de Confúcio é bem mais acessível, racional e prática que a mensagem de Laotsé. Com a revolução marxista-comunista, tanto o Confucionismo como o Taoísmo foram quase anulados pelo socialismo de Mao ou foram aparentemente banidos, mas não completamente eliminados, porquanto fazem parte dos 10 mil anos ou mais de cultura, que nenhum chinês despreza ou bota fora. É de se crer que Mao Tsé-tung, mesmo que oficialmente não favorecesse o Taoísmo e nem o Confucionismo — e fez muito bem, apesar de tudo — mesmo assim é bem provável que em particular, como todo bom chinês, continuasse lendo essa pequena obra e com ela se encantasse e se aconselhasse, obra que, afinal de contas, não se conflitua com o que é válido e verdadeiro, mesmo que seja só político. Antes da difusão das obras de Mao, como, por exemplo, O Livro Vermelho, o Tao Te Ching era o texto chinês que mais se traduzia no ocidente.
Alguém que se disponha a ler o Livro do Tao — e por ser pequeno, quase ninguém o deixa de ler — dificilmente consegue ficar indiferente ao afável encanto dos 81 poemas, encerrando uma profunda sabedoria, paradoxos os originais, graciosos epigramas, denúncias e alertas oportunos.
A melhor maneira de se entender o Taoísmo original — e não a religião popular desvirtuada que surgiu depois — é ler o Tao Te Ching juntamente com as obras de Chuangtsé e Liehtsé, e que foi o que fiz neste meu trabalho, para melhor entendimento de tão importante mensagem. E a propósito, certos versículos e epigramas do Livro do Tao se igualam às vezes, aos mondo
e aos koan
das melhores passagens zen-budistas, as quais equivalem a verdadeiros relâmpagos fulgurantes de sabedoria autêntica, dirigidos contra o conhecimento intelectual, que se estratifica na mente e que, amiúde, é mais um empecilho para o homem do que uma ajuda. E, diga-se de passagem, foram exatamente os ensinos taoístas, aliados ao melhor do Budismo, os que deram origem ao Zen.
Se a literatura mística e filosófica pudesse servir de antídoto contra a prepotência e as exageradas certezas e pretensões dos tecnocratas e dos intelectualistas livrescos, e se ela pudesse ainda frear as ambições de certos civilizados bem pensantes
, com sua crença na força bruta, na Dialética, e suas incessantes lutas pelo poder, tal literatura estaria então muito bem representada pelo Tao Te Ching. Se este livro fosse lido, compreendido e honestamente aceito pelos que são agraciados pela sorte, mas que depois tem a propensão de pisotear o próximo, ele teria a incrível capacidade de transformar tais déspotas e prepotentes do mundo em seres bobos e ridículos. Estes, porém, ao certo, se defenderiam, ignorando-o, simplesmente e, em contrapartida, não poupariam esforços para favorecer a difusão da mentira e da hipocrisia, que logo encontra larga aceitação por parte do vulgo mal informado e manipulado, como acontece com a cultura televisionada
.
O doloroso caos do mundo se deve uma exagerada difusão da estupidez e da violência humana, não importa se praticadas ou até mesmo denunciadas, e se deve também à quase total ignorância e pouca difusão da Eterna Mensagem dos verdadeiros Mestres e Sábios.
O Tao Te Ching, embora não seja nenhum tratado, é talvez o mais profundo livro de Filosofia e Psicologia que se conhece, além de ser um dos mais antigos. Sua mensagem é simples e direta. O que ele encerra, em poucas palavras, diz respeito à importância do homem manter-se simples de coração e recomenda à conservação da natureza humana original, como a que, nos tempos atuais, ainda se constata em certos índios. O Tao Te Ching é também uma denúncia contra o excesso de intelectualismo, excesso que atualmente se nos traduz por uma malfadada tecnocracia, pelas oligarquias renitentes e pelo despotismo militarista interferente. É uma denúncia contra a guerra a ressaltar os dissabores da vitória. Salienta o perigo do exceder-se no mando de um governo e aconselha deixar o povo livre em suas determinações e escolhas. Apresenta a doutrina da benevolência, da simpatia e do amor para com tudo e com todos, e isso 600 anos antes do surgimento da mensagem cristã. Revela a importantíssima doutrina do wu-wei
, que pode ser traduzida como correspondendo àquele modo de agir não-intencional, ou ação espontânea de todas as coisas e seres da Natureza, ação que no homem, infelizmente, se transforma exatamente no oposto, ou no ato intencional, mecânico e desgastante, para não dizer poluidor e devastador. O wu-wei
equivaleria, pois, a um não-interferir
no fluxo da Vida e da Natureza, e até mesmo, em ocasiões, a um deixa-estar
na conduta dos homens e da sociedade. É inclusive um não-permitir que o pensamento interfira no ato, e nunca INAÇÃO como dizem alguns.
O Livro do Tao revela também como o TAO Espiritual influi sobre tudo e como se sobressai em todas as manifestações, salientando também como todas as coisas interdependem entre si. Ressalta a importância da humildade, da quietude, da calma e do colocar-se em último lugar. Denuncia a estupidez da força, do orgulho, da prepotência, da hipocrisia. Ensina a sabedoria do parecer bobo, o sucesso de parecer fracassado, o poder da debilidade, as vantagens de ficar por baixo, a futilidade da luta pelo poder e o grande beneficio humano de ceder sempre. Todos esses tópicos correspondem a um determinado ritmo que a vida tem e que se revela em todos os fenômenos humanos, naturais e cósmicos, onde tudo se interpenetra e se intercambia.
Eruditos modernos, baseados em descrença muito antiga, duvidam que Laotsé ou Laotan tenha escrito o Tao Te Ching, e não só têm duvidado disso, como duvidam até da historicidade do próprio Laotsé. E muito a propósito, Lin Yutang alerta, dizendo: É preciso lembrar que a descrença crítica converteu-se quase numa enfermidade na dinastia Manchu e, no caso de Laotsé, a descrença deve ser atribuída à perniciosa influência de Liang Ch'i-ch'ao, o qual opinava que o
Tao Te Ching havia sido provavelmente escrito por alguns falsificadores no III século a.C. Na época Manchu falava-se com muita facilidade de falsificações e os críticos não podiam distinguir entre uma obra falsificada e os acréscimos posteriores de passagens isoladas. Portanto, quando na atualidade se ouve um historiador ou estudioso chinês, ou mesmo ocidental, dizer que Laotsé, ou também que a maioria dos capítulos da obra de Chuangtsé são falsos, sem apresentar provas suficientes nem oferecer argumentos precisos e exatos, pode se ter certeza de que se está imitando uma moda muito antiga, porém sem fundamento".
Como vemos, a tendência periódica para lançar dúvidas sobre a existência de grandes sábios ou questionar a sua venerável antiguidade sempre se repete. Ora, dúvidas semelhantes também se levantaram contra Jesus e Buda. Esses críticos exagerados alegam, pois, que o Tao Te Ching não passa de uma falsificação feita com extratos dos trabalhos do ensaísta Han Fei, entre o III e II séculos a.C.
Mais tarde, no século XVIII, um cético e estudioso chinês chamado Wang Chung (1745-1794) também tentou mudar o conceito tradicional de que o Tao Te Ching havia sido escrito por Laotsé e passou a atribuí-lo a um historiador chamado Tai Shih Tan, da dinastia Chou. Em outra ocasião, outros sinólogos famosos declaravam que o Tao Te Ching fora escrito possivelmente entre o IV e III séculos a.C., visto que a obra encerrava passagens que indicavam o litígio entre o nominável e o inominável. Isso nos levaria a concluir que o Livro do Tao poderia ter sido contemporâneo ao trabalho dos filósofos da Escola dos Nominalistas, e que floresceu sob a liderança de Hui Shih em 350-260 a.C. Outra teoria mais, mas desenvolvida em nosso tempo, diz que o livro de fato foi composto por um escritor anônimo e que, posteriormente, veio a ser chamado Laotsé, ou Lao Tzu, ou Lao Tan, o Velho Mestre. A mensagem original teria se transformado de geração em geração até que finalmente assumiu a forma escrita por volta do IV ou III séculos a.C.
Estudiosos gabaritados da atualidade e profundos conhecedores da Filosofia Taoísta, em termos gerais, concluem que as evidências internas relacionadas a uma natureza social e econômica característica indicam que o trabalho só pode ter sido elaborado na última parte de uma era conhecida como Primavera e Outono do calendário chinês, e que equivale ao VI e V séculos a.C. Acham que Lao Tan ou Lao Tzu são a mesma e idêntica pessoa, ou seja, um místico e filósofo, 30 anos mais velho que Confúcio, o qual existiu de fato. E que com toda certeza Laotsé foi o verdadeiro autor do Tao Te Ching.
James Legge, profundo conhecedor dos clássicos chineses, com muita prudência sustenta que as freqüentes referências a Laotsé (como Lao Tan), tanto nos escritos de Chuangtsé, como nas passagens históricas que Szuma Ch'ien escreveu por volta do IV e III séculos, asseguram a autenticidade do livro. Nessa época muitos trechos do Tao Te Ching eram citados e reproduzidos, nomeando Lao Tzu ou Lao Tan e indicando que o livro existia e já era bastante antigo. De qualquer modo, ninguém poderá negar que o Livro do Tao, também conhecido como O Livro do Caminho (Tao) e da Virtude (TE) é um dos textos mais importantes da filosofia mundial e que as idéias ali reunidas figuram entre as mais fascinantes que um homem jamais pronunciou e escreveu.
No que diz respeito ao próprio Laotsé, ou Lao Tzu, ou ainda Lao Tan, infelizmente sabe-se muito pouco em termos de precisão histórica. Quase tudo o que se conhece a respeito do Velho Mestre é aquilo que a religião ou a tradição taoísta contam. Parece que seu verdadeiro nome era Li Ehr, sendo que a palavra Li
quer dizer ameixa
.
Szuma Ch'ien, antigo historiador e ensaísta chinês, escreve que Li Ehr, de família pobre, nasceu perto da aldeia de Li, no feudo de Tsu, província de Hunan, no décimo quarto dia do nono mês do ano de 604 a.C. Outros mais, contudo, dizem que Laotsé nasceu em K'uhsien, em 571 a.C. e que foi contemporâneo de Confúcio, nascendo este 30 anos depois. (Esta última informação parece mais condizente com a verdade e a probabilidade histórica.) E ainda dizem que Li Ehr ou Laotsé provinha de uma família tradicional e culta, e que acabou sendo guardião dos Arquivos Imperiais, na capital da velha China. Não obstante isso, a tradição e a religião taoísta acrescentam, em forma de lenda piedosa, creio eu, que sua mãe o teve no ventre durante oitenta e um anos e que nasceu já grisalho, motivo porque depois chamaram-no Lao Tseu, Lao Tzu que quer dizer Velho-criança ou Velho Mestre.
Determinado historiador ocidental conta: Na vida de Laotsé, como na de todos os grandes homens e chefes de seitas, a fábula e a história fundem-se num só enredo indevassável. De acordo com as lendas, o Velho Mestre seria anterior ao céu e à terra, de pura essência celeste, pertencente à natureza das inteligências divinas. Fez-se homem e se transformou várias vezes, cumprindo os vários destinos deste mundo de pó e lama. Põem na boca de Laotsé: 'Eu nasci antes que houvesse se manifestado qualquer forma corpórea, apareci antes do Princípio Supremo. Estava já presente quando a grande massa primitiva começava a se desenvolver e estava de pé sobre a superfície do Oceano Primordial, em equilíbrio no meio do grande espaço vazio tenebroso. Entrei e saí pela mesma porta da misteriosa imensidão do espaço. Estas e outras coisas sobrenaturais disseram dele os religiosos taoístas, juntamente com certos intelectuais e budistas, sabedoria que, depois, iria dividir o império chinês e que, pretendendo converter a filosofia de. seu Mestre em uma religião, faz dele um Ser perfeito, uma manifestação da suprema Inteligência.
Tudo aquilo que a tradição atribui a Laotsé, o próprio Mestre, antes disso, atribuiu-o a TAO, o Espírito Supremo do Universo, excluindo-se a si mesmo, porquanto tinha como norma máxima a humildade. Por isso que intelectuais sérios e Mestres do gabarito de Chuangtsé e Liehtsé, e que respeitam e veneram o Velho Mestre, afirmam que Laotsé nunca teria pretendido ser mais do que um simples homem.
Laotsé preconiza a suspensão do desejo, a suspensão da ação premeditada e a não-interferência nos assuntos do mundo e da Natureza.
A suspensão espontânea do desejo e do ato intencional conduzem à superação do eu
individual (ego), causa de todo litígio, apropriação indevida e dissabor. Dentre os filósofos anteriores a Confúcio, Laotsé foi sem qualquer dúvida o maior.
Enquanto o bom senso e a razão são completamente naturais em Confúcio, a sabedoria, a profundidade mística e psicológica, mais o brilhantismo são aspectos que caracterizam Laotsé. Fala-se muito nos provérbios de Confúcio, mas se alguém soube exprimir-se com perfeição através dos provérbios e epigramas, esse foi Laotsé e não Confúcio. Os aforismos do Velho Mestre nos excitam, deslumbram e comovem, coisa que a correção e o bom senso de Confúcio não conseguem provocar. Todos os que se propõe organizar a vida e a sociedade não estimulam; aborrecem como certos professores de ginásio.
A filosofia de Confúcio institui a ordem social. Os confucionistas adoram a Cultura e a Razão. Os três grandes mestres do Taoísmo, principalmente Laotsé, rechaçam os dois enfoques confucionistas: Cultura e Razão — que, diga-se de passagem, são quase que um vício mundial — e se revelam totalmente favoráveis à intuição, ao Saber (ou Saber-Sentir ou sapere
) ao não-conhecer, ao fluir com a Natureza. Todo aquele que rechaça algo consagrado e estabelecido, por mais acertado e prático que este algo pareça ser, sempre se colocará num nível mais alto e, em termos filosóficos e literários, sempre parecerá mais atraente do que aquele que costuma se acomodar e aceitar tudo.
Szuma Ch'ien, antigo historiador chinês, conta que Laotsé, desgostoso com a desonestidade e a hipocrisia dos políticos, e cansado de ser o encarregado da Biblioteca Real de Chou, resolveu deixar a China e procurar repouso num refúgio distante. O encontro entre Confúcio e Laotsé também é descrito por Szuma Ch'ien. Tal encontro, talvez, seja uma invenção, porque teria ocorrido aos 87 anos de idade e é de se crer que, com essa idade, o Velho Mestre já tivesse abandonado sua posição ou cargo para desaparecer pelo Passo do Hankukuan. É possível que tal encontro já tivesse ocorrido antes de ele partir definitivamente. Já com a idade de 34 anos, Confúcio viera para a cidade de Loyang, capital de Chou, em procura do Velho Mestre. Possivelmente se encontrou com ele mais tarde. Quando Confúcio o viu em pessoa, teria contado depois aos seus discípulos: Vi Laotsé e o conheço tão bem quanto um dragão
. É muito difícil supor que com 87 anos Laotsé ainda estivesse morando na mais barulhenta e agitada cidade chinesa. Uns dizem que teve um filho chamado Tong, outros dizem que teve mais de um, os quais lhe deram uma grande descendência de netos. Ao alcançar a fronteira, não importa com que idade, Kuan Yin, de acordo com o que informa Chuangtsé, ou Yin Hsi, conforme dizem outros, lhe teria dito: Já que vai de retiro, peço que escrevas um livro para mim
. Antes de partir, Lao Tzu teria escrito o Tao Te Ching, empregando mais de cinco mil palavras. Depois sumiu, e ninguém mais soube dele. Muito menos se sabe onde morreu e onde foi enterrado.
Outras versões contam que abandonou o emprego com uma idade mediana, desaparecendo depois, e que provavelmente chegou a viver até a uma idade avançadíssima, passando possivelmente dos 90 anos de idade. Alguns historiadores ocidentais acharam inclusive que Laotsé teria viajado pelo mundo civilizado antigo, que não a China, onde teria aprendido a sua sabedoria. Não concordamos nem um pouco com essa tese de historiadores mal informados e influenciados por certos jesuítas antigos, que estiveram catequizando a China.
A pouca modéstia de algum pensador e historiador ocidental do século passado, sempre achando que a Filosofia e a Sabedoria só podiam ter nascido na Grécia e no Egito, ou então provir da Bíblia, acharam que Laotsé talvez tivesse bebido nessas fontes, não admitindo que o Oriente, como a Índia e a China, pudesse abrigar gênios e filósofos bem maiores e mais profundos que os da Grécia pré-aristotélica.
Determinado historiador do século passado, falando sobre Laotsé, em certos trechos de seu trabalho diz: "...Os males de sua pátria e a corrupção universal de tal modo o abalaram que separou-se de sua mãe e se dedicou à vida de retiro e contemplação. Nomeado historiógrafo de um rei, da dinastia Chin, teve oportunidade de tomar conhecimento das antigas doutrinas e ritos chineses. — Até aqui tudo certo, ou quase de acordo com aquilo que dizem os taoístas bem informados e os historiadores modernos. Obteve depois um pequeno mandarinato e, finalmente, viajou pelas civilizações ocidentais, sendo esta a primeira peregrinação de sábios chineses de que se tem memória. Não se pode afirmar com segurança por onde tenha andado, mas é bem provável que tenha visitado a Bactriana e a Índia e que ali tenha conhecido as doutrinas dos brâmanes e a grande reforma de Buda, a qual, posteriormente,