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Alianças Estratégicas e os Ambientes Temáticos Catalisadores de Inovação: O Caso da UFMG
Alianças Estratégicas e os Ambientes Temáticos Catalisadores de Inovação: O Caso da UFMG
Alianças Estratégicas e os Ambientes Temáticos Catalisadores de Inovação: O Caso da UFMG
E-book403 páginas3 horas

Alianças Estratégicas e os Ambientes Temáticos Catalisadores de Inovação: O Caso da UFMG

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Sobre este e-book

O livro trata de novo arranjo para as Instituições Científicas e Tecnológicas e de Inovação (ICTs), arranjo que aproveita competências das ICTs em capital intelectual, tecnologias e infraestrutura de pesquisa para a colaboração com o setor empresarial.
O arranjo foi denominado Ambiente Temático Catalisador de Inovação (ATCI), que está amparado pelo recente Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação e foi testado em dois casos na Universidade Federal de Minas Gerais.
No primeiro caso, trata-se de um ATCI formado entre o Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC) e a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), na área de combustíveis de aviação. Será visto nesse caso que a atuação do LEC na prestação de serviços tecnológicos ao longo dos anos foi importante caminho para que desenvolvesse competências e habilidades tanto técnicas como de relacionamento com a indústria, que lhe permitiram avançar para parcerias mais complexas, voltadas para desenvolvimento de novas soluções tecnológicas. Como resultado, será discutida uma possível trajetória para criação de ATCIs, aproveitando competências de laboratórios de ICTs obtidas pela experiência acumulada em prestação de serviços tecnológicos.
No segundo caso, trata-se de um ATCI constituído entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Midas (INCT Midas), coordenado pela UFMG, e o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) Senai-MG na área de tecnologias ambientais. O estudo permitiu discutir a constituição de ATCI valendo-se de um grupo de pesquisa com histórico de atuação em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) e que pretende evoluir para modelos mais avançados de interação com a indústria, como escalonamento, provas de conceito e prototipagem de tecnologias.
O livro ainda aborda como poderão ser tratados aspectos como orçamento, pessoal, governança e gestão, consideradas as duas possibilidades de sua formatação jurídica para o ATCI, seja por instrumento jurídico, seja por criação de personalidade jurídica.
Ainda, a obra mostra a experiência da UFMG no campo da gestão de CT&I, com suas políticas e práticas, local em que ocorrem os casos de ATCI estudados.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de ago. de 2022
ISBN9786525025841
Alianças Estratégicas e os Ambientes Temáticos Catalisadores de Inovação: O Caso da UFMG

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    Alianças Estratégicas e os Ambientes Temáticos Catalisadores de Inovação - Juliana Corrêa Crepalde Medeiros

    0013260_Juliana_Corr_a_Crepalde_Medeiros_16x23_capa.jpg

    Alianças Estratégicas

    e os Ambientes Temáticos

    Catalisadores de Inovação

    O Caso da UFMG

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2022 da autora

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

    Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Juliana Corrêa Crepalde Medeiros

    Alianças Estratégicas

    e os Ambientes Temáticos

    Catalisadores de Inovação

    O Caso da UFMG

    Ao Hugo e ao Davi, por tudo, para a vida toda.

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Rubén Sinisterra, por sempre motivar meu crescimento acadêmico e profissional e por todo o auxílio dedicado como orientador da pesquisa de doutorado que deu origem a esta obra.

    À Prof.ª Márcia Rapini, pelo seu rigor e por sua extrema generosidade ao coorientar meu trabalho.

    Aos avaliadores da minha banca de defesa do doutorado, Prof. Lin Chih Cheng, Prof.ª Ana Paula Salles Moura Fernandes, Prof.ª Ana Lúcia Vitale Torkomian e Prof. Luiz Otávio Pimentel, pelas ricas discussões e pelas importantes contribuições ao trabalho.

    À Prof.ª Vanya Pasa, coordenadora do LEC-UFMG, e ao Prof. Rochel Lago, coordenador do INCT Midas, pelo constante incentivo e por fornecerem com entusiasmo dados sobre os casos que serão apresentados no livro.

    Ao Prof. Ado Jorio de Vasconcelos, por pontuar, da forma precisa que lhe é própria, o que poderia deixar o trabalho mais interessante.

    Ao Prof. Gilberto Medeiros, por nossa contínua dinâmica de tese, antítese e síntese, que me faz aprender sempre.

    Aos meus queridos amigos da CTIT da UFMG, pela convivência alegre e de muito aprendizado. É um verdadeiro presente ter vocês por perto.

    Ao Ricardo Pereira, pelo carinho em dispor seu tempo e dedicação para realizar a revisão cuidadosa do texto.

    Ao Hugo, e ao Davi, amo vocês de todas as cores.

    APRESENTAÇÃO

    Esta obra é fruto da minha pesquisa de doutorado, realizada no Programa de Pós-Graduação em Inovação Tecnológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O livro apresenta o arranjo de Aliança Estratégica para formar ambientes temáticos promotores de inovação no Brasil, com a participação de Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs), empresas e demais agentes que formam o Sistema Nacional de Inovação (SNI).

    O arranjo proposto, que foi testado em dois casos na UFMG, que serão apresentados no livro, tem o objetivo de avançar o País em áreas tecnológicas estratégicas, como biotecnologia, inteligência artificial, novos materiais, tecnologias ambientais, dentre outras, com base nas relevantes competências que as universidades e os institutos de pesquisa nacionais acumulam em capital intelectual, infraestrutura e tecnologias nesses setores tecnológicos.

    A obra busca auxiliar a suprir a lacuna teórica ainda existente no Brasil no que tange à discussão de arranjos híbridos que possam alavancar resultados de inovação no país, e também sobre como pode ser formada uma rede integrada de ações nos sistemas internos de inovação das ICTs brasileiras, para fortalecer seu papel no SNI.

    A autora

    LISTA DE ACRÔNIMOS E SIGLAS

    Sumário

    1. INTRODUÇÃO

    2. REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO PELA OBRA

    2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

    2.2 MODELOS DE INOVAÇÃO

    2.2.1 Modelo linear, elo da cadeia, hélice tríplice e sistêmico de inovação

    2.3 INOVAÇÃO ABERTA

    2.4 O PAPEL DAS UNIVERSIDADES E DOS CENTROS DE PESQUISA NO CONTEXTO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

    2.4.1 Universidade empreendedora e ecossistema de empreendedorismo na universidade

    2.4.2 Capital intelectual, tecnologia e infraestrutura de pesquisa

    2.4.3 Participação em ambientes promotores de inovação

    3. O CONTEXTO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO BRASIL

    3.1 O SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO DO BRASIL

    3.2 PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL, PROPRIEDADE INTELECTUAL E POSIÇÃO NO ÍNDICE GLOBAL DE INOVAÇÃO

    3.3 FINANCIAMENTO DA PESQUISA E INFRAESTRUTURA DE PESQUISA

    3.4 CONTEXTO NORMATIVO: MARCO LEGAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

    3.5 POLÍTICA DE INOVAÇÃO DAS ICTs

    3.6 NÚCLEOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E RESULTADOS NA INTERAÇÃO COM EMPRESAS

    4. CONCEITO DE ATCI

    5. O CONTEXTO INSTITUCIONAL DA UFMG EM CT&I

    5.1 A UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG)

    5.2 A GESTÃO DA INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO NA UFMG

    5.3 INDICADORES DA CTIT

    5.4 POLÍTICA INSTITUCIONAL DE INOVAÇÃO DA UFMG

    5.5 ORGANIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DE PESQUISA DA UFMG E AÇÕES PARA FOMENTAR COMPARTILHAMENTO E PERMISSÃO DE USO

    5.5.1 A Infraestruturas de Pesquisa da UFMG e os Laboratórios Institucionais de Pesquisa (LIPq)

    5.5.2 O Programa Outlab: Programa de Aceleração de Laboratórios

    5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CAPÍTULO 5

    6. ESTUDO DO CASO 1: ATCI LABORATÓRIO DE ENSAIOS DE COMBUSTÍVEIS (LEC) E CODEMGE

    6.1 HISTÓRICO E ATUAÇÃO DO LEC

    6.2 PROPRIEDADE INTELECTUAL

    6.3 A PERCEPÇÃO DO LEC QUANTO À INTERAÇÃO COM EMPRESAS EM GERAL E COM A CODEMGE

    6.4 ACORDO DE PARCERIA PARA O ATCI

    6.5 RESULTADOS OBTIDOS DA CONSTITUIÇÃO DO ATCI

    6.6 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO COM BASE NAS PROPOSIÇÕES (P2 E P3) E NO MODELO TEÓRICO DO ATCI

    7. ESTUDO DO CASO 2: ATCI INCT MIDAS E CIT SENAI

    7.1 HISTÓRICO DO INCT MIDAS

    7.2 A PERCEPÇÃO DO INCT MIDAS QUANTO À INTERAÇÃO COM EMPRESAS

    7.3 TERMO DE COOPERAÇÃO PARA O ATCI

    7.4 ATCI ESCALAB

    7.5 RESULTADOS OBTIDOS PELO INCT MIDAS E PELO ATCI

    7.5.1 Propriedade Intelectual (PI) e Transferência de Tecnologia (TT)

    7.5.2 P&D, apoio ao empreendedorismo, serviços e produção acadêmica

    7.6 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO COM BASE NAS PROPOSIÇÕES (P2 E P3) E NO MODELO TEÓRICO DO ATCI

    8. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS ESTUDOS DE CASO E CONCLUSÕES

    REFERÊNCIAS

    ANEXO

    1

    INTRODUÇÃO

    A interação entre as Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) e o setor empresarial tem se consolidado no mundo como uma importante estratégia para alavancar os Sistemas Nacionais de Inovação (SNI)

    (Colyvas et al., 2002; Freeman, 1987, 1995; Mazzoleni, 2005; Nelson, 1993; Suzigan & Albuquerque, 2008; Rapini et al., 2009). Nesse sentido, para Chiarini e Vieira (2012, p. 119):

    As instituições de ensino superior têm caráter vital não somente na formação de recursos humanos, mas também na geração de conhecimentos técnico-científicos para o desenvolvimento socioeconômico no contexto dos Sistemas de Inovação. São agentes basilares e auxiliam o processo de criação e disseminação, tanto de novos conhecimentos, quanto de novas tecnologias, através de pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento e, por essa razão, são encaradas como agentes estratégicos para o catch-up.

    Considerando tal contexto, é desejável a criação de arranjos que permitam um melhor aproveitamento das competências acumuladas nas universidades e nos centros de pesquisas em áreas tecnológicas estratégicas para incrementar a competitividade das empresas brasileiras (Fernandes et al., 2010; Paranhos, 2018; Rapini et al., 2009, 2017; Sbicca & Pelaez, 2006; Szmrecsányi, 2006). Ainda, é importante que sejam reforçadas práticas no ambiente interno e organizacional das ICTs em matéria de suporte à inovação e ao empreendedorismo, ou ecossistema de empreendedorismo das ICTs (Lemos, 2011, 2013), objetivando alavancar sua capacidade de apoiar a inovação no contexto regional e nacional.

    Um dos caminhos para viabilizar tal propósito é a constituição de ambientes promotores de inovação que contemplem a participação de ICTs (Aranha, 2019; Barbosa, 2019). De forma geral, os ambientes promotores de inovação buscam conectar a capacidade científica e tecnológica de uma dada região ou local com a capacidade de gerar inovação e desenvolvimento social e econômico, consolidando o conceito da economia baseada no conhecimento (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE], 2018).

    Ambientes promotores de inovação podem possibilitar um contexto apropriado para a fertilização cruzada (cross fertilization) de conhecimentos entre universidades, centros de pesquisas com empresas e demais instituições que formam o Sistema Nacional de Inovação (SNI). Isso porque são capazes de realizar atividades dinâmicas, como serviços tecnológicos, pesquisa e desenvolvimento, geração de propriedade intelectual, transferência de tecnologias, prova de conceito, prototipagem e escalonamento de tecnologias, formação de recursos humanos em temas de natureza técnica e de gestão da inovação e do empreendedorismo, criação de negócios de base tecnológica, entre outras.

    Esses ambientes poderão atuar ainda na redução da incerteza tecnológica, avançando o estágio de maturidade tecnológica das tecnologias geradas pelas ICTs (early stage) e impulsionar processos de aprendizagem mútua (learning by interacting), desempenhando importante estratégia para fortalecer a competitividade tecnológica do setor empresarial (Jensen et al., 2016;

    Nelson, 1993).

    Ao trazer a discussão da relevância de tais ambientes para os países em desenvolvimento e com um SNI imaturo, como é o caso do Brasil (Suzigan & Albuquerque, 2008), os ambientes promotores de inovação podem ser instrumentos catalisadores dos pontos de interseção entre as ICTs e as empresas, diluindo as barreiras percebidas para essa interação, muitas vezes motivadas pela falta de uma troca continuada de competências ao longo da cadeia de inovação.

    No Brasil, um dos fatores que dificultam a troca continuada de competências é que as interações entre ICTs e empresas normalmente estão mais pautadas no modelo linear de inovação, no qual a ICT se posiciona sobremaneira como fornecedora de tecnologias, presumindo que a inovação vai ocorrer com base em etapas sucessivas realizadas na empresa, até a comercialização e difusão de um novo produto, processo ou serviço (Cohen et al., 2002; Guimarães, 2002; Queiroz & Cavalcante, 2012).

    Assim, torna-se relevante a adoção de modelos com abordagens que potencializem o acesso, pelas empresas e por outros agentes do SNI, às competências das ICTs de forma mais abrangente e contínua no percurso de toda a cadeia inovativa, considerados os seguintes pilares: (a) capital intelectual, que é o conhecimento acumulado pelo grupo de pesquisadores da ICT

    e passível de ser aplicado em projetos de PD&I; (b) tecnologias, como patentes, know-how, software, desenho industrial, entre outros ativos de Propriedade Intelectual (PI); e (c) infraestrutura de pesquisa, como laboratórios e outras facilidades para a realização de projetos de PD&I¹.

    Considerado esse contexto, a presente obra tem o objetivo de propor novo arranjo de inovação para o Brasil, que foi denominado pela autora como Ambiente Temático Catalisador de Inovação (ATCI).

    O ATCI contempla necessariamente a participação de uma ou mais ICTs e está inserido como espécie do gênero ambientes promotores de inovação. O termo temático é justificado em função de o ATCI atuar em determinada área tecnológica de competência da ICT dele participante, como biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial, tecnologias ambientais, energia, novos materiais, entre outras. Dentro de cada área temática poderão ser aportados conhecimentos e habilidades de diferentes áreas do conhecimento relevantes ao tema, de maneira multidisciplinar. O modelo poderá ser disseminado em diferentes locais da ICT, como laboratórios e outras infraestruturas dessas instituições, podendo ainda existir em local fora da ICT (Crepalde et al., 2022).

    A obra buscou contribuir para suprir a lacuna teórica ainda existente no Brasil no que tange à discussão de arranjos híbridos que possam alavancar resultados de inovação no país e também a como deveria ser formada uma rede integrada de ações em Ciência, Tecnologia e Inovação, dentro das ICTs, para fortalecer seu papel no SNI.

    Do ponto de vista legal, o ATCI passou a ser possível no Brasil a partir da promulgação do Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (MLCT)

    de 2016 (Lei n.o 13.243/16), regulamentado pelo Decreto 9.283/2018, que legitimou novas formas de parcerias entre os diversos agentes que formam o SNI, incluindo alianças estratégicas para constituir ambientes promotores de inovação com a possibilidade de novas formatações, além das já consagradas, como os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas (Portela & Dubeux, 2019; Soares & Prete, 2018).

    A obra apresenta ATCIs que foram testados em estudo conduzido pela autora na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em dois casos, sendo o primeiro formado entre o Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC)

    da UFMG e a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge); e o segundo estabelecido entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Midas (INCT Midas), coordenado pela UFMG, e o CIT Senai.

    No primeiro caso, o ATCI buscou a constituição de um ambiente no tema de combustíveis de aviação. O novo ambiente será capaz de oferecer 14 novos ensaios de certificação de combustíveis, que complementam os 17 já realizados pelo LEC, totalizando os 31 testes exigidos por aquele setor. Pretende-se ainda que aquele ATCI venha a ser um local que prestará serviços tecnológicos, atender a demandas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

    de instituições nacionais e internacionais, desenvolver tecnologias, a exemplo de novas metodologias de certificação de combustíveis, além de capacitar recursos humanos e atender a encomendas tecnológicas, sendo o primeiro ambiente a dispor de tal competência não apenas no Brasil, mas na América Latina (Crepalde et al., 2022).

    Como será visto na discussão do estudo desse caso, o LEC tem uma trajetória de acúmulo de competências baseadas na prestação de serviços de natureza tecnológica no setor de combustíveis, com mais de 20 anos de atuação. Desde a sua criação, tem interagido com empresas, de maneira dinâmica e constante.

    A experiência da atuação aplicada do LEC, por meio da prestação de serviços tecnológicos, permitiu o desenvolvimento tanto de conhecimento de natureza técnica como de habilidades que facilitam a interação do laboratório com a indústria. Com o ATCI, o LEC potencializou sua forma de realizar parcerias com o setor empresarial para modelos mais complexos do que a prestação de serviços, até mesmo para a realização de projetos estruturantes de PD&I, que podem gerar tecnologias e impactar a competitividade do Brasil no setor de combustíveis de aviação.

    O segundo caso tratou de um ATCI desenvolvido entre a UFMG e o CIT Senai para a constituição de um ambiente na área ambiental, com o foco no desenvolvimento, na validação, no escalonamento e, ainda, de apoio à transferência de tecnologia e à criação de empreendimentos de base tecnológica no setor.

    O ATCI instituído entre UFMG e CIT Senai é um modelo que propõe criar uma trajetória para avançar o estágio de prontidão tecnológica de soluções desenvolvidas pelas ICTs, o que pode facilitar o escoamento de tecnologias geradas por universidades e centros de pesquisa para empresas. Isso porque uma das dificuldades para a realização de transferência

    de tecnologias por ICTs é o grau de maturidade das soluções que elas geram uma vez que, geralmente, tais soluções estão em estágio inicial de maturidade, desencorajando o interesse das empresas devido ao alto risco associado para alcançar a inovação. Foi constatado que o ATCI, além de potencializar ações em PD&I do grupo, criou também uma trajetória com base na prática de atividades de prestação de serviços tecnológicos.

    Os dois casos, suas diferentes características e seus propósitos permitiram avaliar como o novo arranjo proposto se comporta em diferentes contextos de grupos de pesquisas da ICT.

    A obra analisa também o contexto da UFMG no campo de CT&I, local em que o modelo é testado, partindo do pressuposto da relevância de constituição de uma política de inovação efetiva e de um contexto interno para não apenas legitimar, mas para incentivar novos arranjos de inovação baseados na organização do seu ecossistema de empreendedorismo interno e no seu papel como universidade empreendedora (Lemos, 2011, 2013; Soares et al., 2020; Clark, 1998 citado em Ruffoni et al., 2017).

    Será visto que o ATCI poderá conectar diferentes ações de empreendedorismo e inovação, fortalecendo o papel empreendedor das universidades e dos centros de pesquisa no SNI regional e nacional e o desempenho, pelas universidades, da sua missão na tríade Ensino, Pesquisa e Extensão.

    Considerando o que foi tratado nesta parte introdutória, esta obra tem o objetivo de responder à seguinte pergunta: com base no atual arcabouço normativo de CT&I no Brasil, que permite uma matriz mais ampla de arranjos de inovação, até mesmo com novas formatações para ambientes promotores de inovação com a participação de ICTs, como pode ser constituído um ambiente com formação híbrida, aproveitando a excelência da ICT em dada área tecnológica e as trajetórias de diferentes perfis de grupos de pesquisas, para catalisar resultados em PD&I

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