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Crônicas Da Voz Do Chão
Crônicas Da Voz Do Chão
Crônicas Da Voz Do Chão
E-book197 páginas1 hora

Crônicas Da Voz Do Chão

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Sobre este e-book

Nestes 22 textos curtos, o autor comenta alguns problemas contemporâneos, contempla sua cidade, fala sobre dificuldades da leitura e divulgação da própria literatura, conta algumas histórias, coloca-se na pele de personagens do dia a dia profissional da grande cidade e narra algumas situações de forma irônica, além de até saudar outros escritores e falar do próprio ofício segundo algum tipo de apreciação crítica que tenha recebido. A marca registrada de todos os textos é a sutil ironia.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de fev. de 2011
Crônicas Da Voz Do Chão

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    Crônicas Da Voz Do Chão - Claudionor Aparecido Ritondale

    Crônicas da

    voz do chão

    Claudionor

    Aparecido

    Ritondale

    Claudionor Aparecido

    Ritondale

    (*)

    (*) Claudionor Aparecido Ritondale é premiado Nósside

    Nosso parceiro e também agenciado Claudionor Ritondale foi

    agraciado com uma menção no Prêmio Mundial de Poesia Nósside,

    fato que muito nos honra e quase nos mata de orgulho – parabéns,

    companheiro Claudionor!

    Apresentado ao Prêmio no I Encontro Paulista de Poetas del

    Mundo em 2009, Claudionor se inscreveu e passou com Honra ao Mérito pela imensa seleção entre os mais talentosos poetas de todo o

    globo.

    Deixamos aqui a impressionante notícia e o registro de nossos parabéns por ter Claudionor entre nossos autores agenciados.

    Hiago Rodrigues Reis de Qeuriós, da Agência Literária AgL,

    em 23/10/2010

    SUMÁRIO

    11 A crônica do meu nome

    15 Ler ou não ler: difícil questão de hábito

    21 Procura-se um leitor

    27 Teoria da linguagem?

    33 Professores escritores

    39 Talentos

    47 Mudança de valores

    59 São Paulo num só minuto

    65 Dirigismo

    69 Diálogo interior

    77 Vocabulário e emoção

    85 Lembranças de um policial

    93 Ninguém sabe

    105 Vou contar para o chefão

    107 Tempestividade maravilhosamente sagaz

    111 A você, no além, Clarice

    113 Coleção de intrigas

    127 Simpatia e idade

    129 Eu também não sabia

    133 O futuro simplesmente começa agora

    143 Tempo de repensar o mundo

    147 Quem lê tanta escrita?

    153 Um pouco do autor e da obra

    Pequena apresentação de meus livros

    publicados

    "Cuidado com o que você diz: entre

    aqueles que não dizem nada, poucos

    são os que ficam em silêncio!"

    (anônimo).

    10

    Crônicas da Voz do Chão

    A CRÔNICA DO MEU

    NOME

    A fórmula meu nome é... lembra

    certo político caricato e conservador, que

    nos fulminava com ela mais seu nome, o

    qual não declino para não associá-lo a mim,

    que não me pretendo conservador nem

    caricato. Outra fórmula, desbancada por um

    escritor, é a eu me chamo – alegava uma

    de suas personagens que não se chamava,

    os outros a chamavam de seu nome. Sem

    consagradas fórmulas, fico com o fato de

    que Claudionor Aparecido Ritondale não é

    nome simples de encontrar.

    Claudionor surgiu por ser eu gêmeo e

    meu pai apreciar uma atriz chamada

    Claudete, nome dado a minha irmã (a

    semelhança nas letras iniciais gerou meu

    nome).

    Seria ele a fusão entre Cláudio e

    Eleonor ou entre Cláudio e a palavra latina

    honor? Significados? Cláudio é manco (que

    claudica). Eleonor, do árabe, significa "Meu

    Deus é luz; no galês, luz. Honor" é

    honra. Presto honras a um manco? Sou

    manco honrado? Coxo iluminado por Deus?

    Luz a um coxo?

    11

    Claudionor Ritondale

    Aparecido é quem veio ao mundo,

    quem nasceu, quem apareceu. Ritondale, do

    italiano, significa asas redondas.

    Conclusão tendenciosa: nascido com

    asas redondas para iluminar necessitados.

    Aceito-o? Nem sempre. Como é

    inevitável ter um nome dado pelos pais,

    utilizo-o e pronto.

    Estranho o fato de que muitos

    paulistanos são descendentes de italianos,

    mas não sabem pronunciar meu sobrenome,

    e eu vivo a soletrá-lo, porque ninguém o

    entende direito, perguntam se há letras

    dobradas, coisas assim. Já me habituei com

    o esforço. Sinceramente, acho que Ritondale

    não seja um sobrenome difícil, só que eu

    não sou maioria nessa opinião.

    Quanto a alguém apreciar meu

    primeiro nome ou não, isso me incomodou

    algumas vezes, mas já vi tanta gente

    sofrendo muito mais que eu, que nem me

    aborreço com o meu enorme e sofisticado

    nome, conformo-me com interpretações

    divergentes das pronúncias que eu esperaria

    ver, não me atormento com a maioria das

    variantes, evitando, assim, atualmente, os

    apelidos, os quais já tive muitos. Descobri

    que são tantos os jeitos de nos enxergarem,

    o nome é apenas um deles.

    Tentei desvendar na Internet nomes

    de parentes possíveis. Tive algumas

    surpresas, porque sempre se espera por

    algo que traga alguma grandeza, algum

    12

    Crônicas da Voz do Chão

    relevo ao nome associado a nós. Conheci

    quem era bombeiro, quem era funcionário

    de estatal (como eu já fui), quem era

    médica, um jornalista e escritor (opa, já tem

    artista com o sobrenome!), um cineasta

    (que chique!), um magnata dono de

    confecção de lingerie e que é enfronhado em

    política (sei lá se isso é lá algo que eu

    esperaria citar), uma professora (também

    sou professor), além de alguns célebres

    bandidos que chegaram a ser assaltantes de

    bancos,

    assassinos

    perigosos

    e

    aterrorizaram as cidades onde passaram.

    Essa última informação matou um pouco

    meu narcisismo. Ritondales associados a

    crimes?

    Bem, felizmente eu procuro fazer algo

    mais sensato do que ficar com a grave

    preocupação de zelar por um nome; quer

    dizer, zelar pelas letras que se pronunciam e

    escrevem. Ah, bom! Procuro preservar a

    dignidade, associando-a a ele. Ah, melhor

    assim!

    Puxa, humanidade, eu não sabia que

    um nome era algo assim tão relevante! Há

    quem se mate por isso, eu apenas sou um

    sujeito que nem sei se conseguirei prolongar

    as asas redondas – que não sei bem para

    que servem, para dizer a verdade – durante

    muito tempo. Se já não me bastassem

    minhas

    preocupações

    com

    minha

    sobrevivência, será que terei que pensar na

    sobrevivência de um nome, após minha

    13

    Claudionor Ritondale

    jornada completa? Acho que é melhor eu

    nem pensar nisso, ficar com apenas uma

    conclusão simples: se ter um nome significa

    ter uma identidade e ser alguém, acho que

    sou o que as pessoas acham de alguém que

    é alguém, ou seja, sou alguém. Isso parece

    um pouco com as estranhas conclusões da

    famosa

    boneca

    de

    pano

    que

    era

    personagem do Monteiro Lobato, a Emília.

    Mas, o que eu posso fazer? Queria falar de

    meu nome, então falei, agora o julgamento

    é com vocês, pessoas que comigo compõem

    a humanidade.

    Um abraço a todos de quem sabe que

    não é comum, procurando ser incomum,

    mas com um jeito comum de sentir isso.

    14

    Crônicas da Voz do Chão

    LER OU NÃO LER: DIFÍCIL

    QUESTÃO DE HÁBITO

    Escrevo sobre leitura e não sei ainda

    se devo fazê-lo como professor ou como

    escritor. Acho que se o fizer a partir de

    qualquer das duas perspectivas, terei que

    encarar a dura questão do desalento que a

    constatação de que às vezes pareço estar

    escrevendo para ninguém existe e que eu

    tenho que inventar uma esperança, como

    prega a introdução do espetáculo Alegria,

    do prestigiado Cirque du Soleil.

    Não sei dizer motivos, mas não há

    formado na maioria esmagadora dos

    brasileiros o hábito da leitura. Quase

    ninguém quer ler, no Brasil. Um professor

    fica desalentado com isso, porque ele

    depende de leitura para que haja evolução

    de qualquer conteúdo e para que a

    sociedade evolua. Só vale a pena, de fato,

    ser educador se os resultados da educação

    levarem o país a tornar-se mais civilizado e

    consciente de seu papel no mundo. E isso a

    leitura pode ajudar a conseguir. Um escritor

    fica igualmente desalentado porque pensa

    sempre que seu empenho em produzir

    idéias escritas tem pouquíssimo retorno.

    Como se forma um hábito? A última

    curiosa menção a tentativas de formar

    hábito que ouvi foi numa palestra sobre

    problemas de saúde, num daqueles

    encontros de trabalhadores que se nomeiam

    15

    Claudionor Ritondale

    com a sigla SIPAT, ou Semana Interna de

    Prevenção de Acidentes de Trabalho. A

    palestrante, da área de saúde, dizia que um

    hábito é formado a partir da repetição 40

    vezes seguidas de um estímulo. Ela

    justificava que tal número encontrava-se em

    várias passagens da Bíblia e em outros

    escritos e que deveria conter algum

    conteúdo para que fosse seguido.

    Independentemente de superstições,

    resolvi acatar, para buscar algo que

    significasse a reinvenção da esperança, a

    idéia do número 40 como indutor do hábito,

    se associado a um estímulo.

    Mas ler 40 vezes seguidas o quê? Até

    que se leem baboseiras aos montes neste

    país. Eu já me cansei de tantas

    apresentações de eventuais conteúdos de

    palestras

    feitas

    em

    programas

    de

    computador que

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