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E-book526 páginas6 horas

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Sobre este e-book

Kalls Asas de Anjo é um livro realmente fantástico. Uma super trama que vai te tirar o fôlego do começo ao fim. Este livro conta a história de Ryan, um Oficial recém formado no Rio de Janeiro que por ser honesto se envolve em uma emboscada na qual praticamente morre enquanto sua amada é violentada por Cárceres, também militar. Um brilhante cientista americano salva a vida de Ryan o curando com um soro alienígena. Após um ano, Ryan se torna o primeiro Vampiro da história da humanidade e retorna ao Brasil para se vingar de seus executores quando descobre que tudo sempre esteve interligado ao número 11. Imortal após perder sua amada para o tempo e a reencontrar no ano de 2097 em um beco no futuro, Canus quase mata sua amada novamente, o que obriga Ryan a viajar no tempo para a salvar novamente.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de jan. de 2017
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    Pré-visualização do livro

    Kalls - Diego Lincoln

    KALLS

    ASAS DE ANJO

    Só existem duas formas de se tornar um imortal;

    Através da Espada ou das Palavras.

    Este livro é dedicado a uma pessoa muito importante que

    trouxe um novo sentido a minha tola, pobre, doce e mera

    mortalidade; normalidade do ser; do compreender o

    humano e questionar o divino. E mesmo com todo este

    poder em minhas mãos concentrado no querer; sei que

    sou uma pessoa muito difícil e sem qualquer controle que

    seja sofre minhas emoções e ações quando algo de errado

    acontece, oscilando sempre do herói ao vilão ao menor

    toque do acaso. Seu apoio incondicional em todos os

    momentos fez-me ser o homem que sou hoje; acreditando

    e incentivando todas as minhas loucuras, algumas vezes

    insanidades; confesso. Desafios e decisões nesta busca

    pelo conhecimento que não termina nunca, em toda a

    extensão do sempre; na eternidade do amor, do nosso

    amor.

    Vocês sabem que Jesus é justo; reconheçam, pois,

    todo aquele que pratica a justiça nasceu de Deus.

    João, 2:29

    PRÓLOGO

    "Aqui você pode gritar o quando quiser; por

    mais alto que seja. Não importa, não mais; por que, nem

    mesmo o meu Deus muito menos os seus Demônios

    escutarão as suas súplicas e seus apelos de dor e medo —

    suspirei profundamente em um breve pausar em meus

    pensamentos mais sombrios e profanos; sentia meus olhos

    queimarem por dentro e um gosto amargo do sangue dele que

    aflorava cada vez mais em meus lábios; queria ainda mais;

    mordia meus lábios incontrolavelmente enquanto me

    desabafava a ele — e quanto a esta aliança que enterrei em

    sua boca e estes brinquedos; nada mais são, do que um

    ínfimo presente da mulher que tanto sofreu em suas

    malditas mãos e deste tal Costa; aquela que eu amei tanto

    um dia e que você — meus dentes rangeram, senti todo o odor

    dos pecados dele — tirou tudo dela. Sua paz, o brilho de

    seus olhos, suas verdades, seus sonhos; sua inocência tão

    pura e límpida; sua honra; seu futuro, seu passado e seu

    presente; e até mesmo a sua vitalidade, sua dignidade; seu

    miserável".

    KALLS Capítulo I

    O VIAJANTE

    Á MAIS DE UM SÉCULO EU

    venho escondendo a verdade de mim

    Hmesmo. Protegendo-me do mundo ou

    protegendo o mundo do que realmente sou; em

    secreto. Lutando contra a imortalidade que me

    foi postulada a muito como um dom celestial e

    que sempre me proporcionou ao mesmo tempo,

    uma dor constante revelada pela lágrima de

    outrem. Uma maldição terrível que década após

    década, geração após geração, vem destruindo e

    consumindo lentamente todo o resto de

    humanidade que ainda coexiste dentro de mim

    em uma batalha sem tréguas, sem fim;

    caminhando silenciosamente pelas areias nas

    terras das sombras do caos; percorrendo os

    limites mais estreitos que separam o mundo dos

    vivos daquele que já és dos mortos.

    Sempre sozinho; perdido. Jogado,

    esquecido e entregue à própria sorte;

    completamente abandonado neste mundo ainda

    desconhecido nas eras a fio que ainda virão ou

    as que já se foram.

    Isolado de tudo aquilo que a mim, era

    mais importante e de todos que realmente

    amava; pois assim, eu sempre fui mais forte. Eu

    sempre fui aquilo que eu precisava; que eu tinha

    que ser. Que era necessário ser aonde quer que

    seja. E para ser bem sincero, não me importo,

    não mais e talvez, deveras; jamais tenha me

    importado; pois nunca foi necessário que eu me

    importasse na verdade mais absoluta do todo

    que me cerca, de tudo que aconteceu em mim ou

    ainda acontecerás, perpetuando-se nos meus

    pensamentos mais sombrios que nem mesmo eu,

    seria capaz de contê-los ou controla-los por um

    único segundo que fosse por elas ou por ela.

    Jamais parei para pensar em como

    seria viver para sempre; tão cômico e tão

    trágico em um só ato; o de ter a minha própria

    imortalidade; tão cobiçada e desejada por tantos

    em todo este tempo desta falsa história, fadada

    em conquistas que jamais aconteceram em nome

    do humano, evidenciando apenas e somente,

    destruição, devastação e degradação por tudo

    aquilo que ainda nos é divido e santo; profano.

    Tão pouco e de forma alguma, ainda

    não menos importante claro; os que foram ou

    quais seriam os reais motivos de uma certeza

    cega e muda, a de que eu jamais morreria e por

    todo o sempre mataria tantos e tantos na

    incapacidade de se quer, saber quantos se

    formam por estas mesmas mãos que agora,

    escrevem calmamente, silenciosamente. Pois no

    fundo mais profundo do meu ser sobrenatural e

    predador, sempre soube que as portas dos céus

    jamais se abririam para mim; principalmente

    após ter tomado a mais difícil, dolorosa e

    importante decisão de toda a minha vangloriosa

    existência.

    Estava predestinado a isto; era

    inevitável; sempre foi por mais que eu negasse a

    mim mesmo. Tinha que ser assim, precisa ser

    assim. E toda aquela dor sufocante de vê-la

    partir e não ter tido a menor chance de me

    juntar a ela em nosso leito de morte; um elo que

    foi selado por um destino cruel que a nós, foi

    negado sem misericórdia alguma pelos Deuses

    em um jogo insano, cruel e letal.

    Eu não tive escolha, eu jamais tive

    escolha, sempre foi tudo ou nada para mim. Era

    viver pela honra ou morrer na desonra da

    injustiça que me cercava por todos os lados, por

    onde quer que eu olhasse, por onde quer que eu

    caminhasse; ela estava ali, estática, imóvel e

    certa como sempre. Eu precisava, eu tinha que

    voltar das profundezas do inferno sem se quer

    imaginar ou prever, as reais consequências que

    me acompanhariam impregnadas na alma como

    um fantasma por todo o sempre; no peso

    cognitivo da cruz que seria obrigado a carregar

    silenciosamente em minha longa caminhada

    pelas vielas da destruição mais sagrada; da

    perdição mais profetizada entre as linhas sem

    fim dos pergaminhos que me antecediam.

    Por que quando se desafia a morte

    ou se tenta; e se consegue assim, ludibriar o

    próprio destino e consequentemente, o próprio

    Deus de todas as coisas; tem que existir um

    preço para isto. E às vezes, somente às vezes, o

    preço a ser pago, é alto demais para um mero

    mortal como eu fui um dia; há tantas décadas

    que já se foram subitamente, que já nem me

    lembro mais do que significa a mortalidade, a

    normalidade; de como deve ser prazeroso ter

    limites, sentir medo e simplesmente chorar. Ter

    lágrimas quentes para se emocionar e assim,

    viver. Me sentir vivo por mais alguns segundos

    que fosse; sentir o perfume de uma só lágrima a

    percorrer suavemente as nuances deixadas pelo

    tempo na face da mais bela existência do ter; do

    humano em querer e do contraditório do ser.

    Estava cego e só conseguir pensar

    em sangue e mais sangue. Encontrava-me

    imerso em uma sede incontrolável na certeza da

    justiça que jamais seria praticada e aplicada a

    aqueles que a tiram de mim; totalmente

    entregue a uma vingança tamanha e tão

    poderosa que não podia ser contida por

    ninguém, nem mesmo pelo criador de todas as

    coisas, era sempre mais forte do que eu podia

    conter ou suportar. Então, apenas fiz o que

    tinha que ser feito; embora fosse perceptível

    também, que algo monstruosamente grande

    estava prestes a me acontecer naquela época, tão

    rápido como um simples piscar de olhos e

    totalmente fora de controle; não fui se quer

    capaz de prever que o meu próprio sangue seria

    derramado e que me deitaria sobre ele a poucos

    metros de onde estava naquele momento e que

    aquele maldito caminho era perigoso de mais

    para mim e para ela; principalmente para ela. E

    muito menos, que não teria volta.

    A busca da verdade a qualquer

    preço, a prática da honestidade impensada e

    infundada da glória que se encontra na honra e

    na sabedoria. Poético ou não, eu não queria

    morrer, não podia morrer, não ali e eu sabia

    disto. Simplesmente não a deixaria entregue à

    sua própria sorte, nas mãos daqueles animais

    fétidos, miseráveis e infelizes. E se foi certo ou

    errado o que fiz, quem é que pode se quer julgar

    o que eu me tornei, foi em nome dela e por ela,

    faria tudo de novo se preciso fosse, ao menor

    toque do acaso; e isto, eu juro a mim e ao que

    me é mais sagrado.

    Sou capaz de sentir o cheiro da

    morte em todos os lugares, em todos os cantos e

    em todas as direções. Por onde quer que eu vá,

    para mais longe que seja; não importa, não

    posso fugir dela, me esconder dela ou a ignorar,

    por mais que este seja o maior desejo. Tão

    pouco e subitamente, me atirar em seus braços e

    resfolgar-me, deliciar-me neles; nos braços de

    uma morte que jamais chegarás; não para mim.

    Apenas descansar e ter um pouco de paz, de

    tranquilidade e de silêncio; se é que isto existe

    ainda, ou existiu algum dia, silêncio.

    É meu fado e por mais que eu tente,

    não posso morrer; POR QUE EU SOU UM

    VAMPIRO e tenho sede de sangue daqueles

    que matam, oprimem, anunciam a dor, trazem o

    medo ou buscam o sofrimento de outrem. Um

    anjo com grandes asas alvinegras que proclama

    a morte em sua mais pura essência e está; é a

    minha história. .

    LIVRO UM

    Depois que Ketllin se foi, ou Kallena

    já nem mais sei, a inexistência do vazio do ser e

    o gosto amargo do passado me consomem; o

    futuro e o presente se misturam cotidianamente

    e já não é mais possível distinguir o que é

    realidade ou insanidade; separando assim, a

    imaginação da fantasia, nos mais profundos e

    secretos pensamentos que se vão e se apagam

    lentamente, e assim, o tempo se transforma em

    uma variável inconstante, inconsequente,

    instável e amedrontadora para mim. É como se

    já tivesse vivido esta maldita vida e mesmo

    assim se quer estar vivo.

    Tudo passa instintivamente a ser

    nada e se vai bem a minha frente. E apesar de

    tudo que me aconteceu, que nos aconteceu de

    forma tão clara e límpida em minhas

    lembranças, vívidas, só consigo, por mais que

    tente; definir com precisão que ao final, tudo

    sempre esteve conectado ao maldito número

    Onze e que eu a perdi por tantas vezes que se

    tornou insuportável a simples ideias, de estar

    sem ela neste mundo incompleto, impuro; e por

    isto, por ela, eu desafie o próprio Deus em seu

    nome e fiz coisas inimagináveis para salvá-la e a

    salvei.

    E isto; é o que realmente define a

    história de quem somos, e separa todos aqueles

    que vencem daqueles que perdem em todos os

    tempos do mais sagrado ao mais profano.

    E desta forma incompleta, concluo o

    que nunca fui capaz de entender ou de

    simplesmente compreender com perfeição;

    revelando-me uma verdade simplória e

    grandiosa, incontestável e intocada pelo tempo

    que nos une e nos isola; ou pelo espaço que nos

    envolve e nos separa; a de que não existe

    salvação para os quais não têm se quer, limites

    ou fronteiras.

    Eu rasquei uma das páginas de seu

    diário quando ela se foi há muitas décadas à

    frente ou atrás, e é tão belo, poético, é dramático

    e imperfeito, pois a trago comigo em memória

    por todos os dias; um sofrimento perpétuo que

    não para nunca, não acaba, não passa, não

    termina; uma ferida que não cicatriza; aquela

    que jamais poderá ser esquecida, que nem

    mesmo o tempo poderá se quer amenizar e de

    modo algum, apagar.

    Eu ainda tenho em meus lábios, o

    toque caliente dos dela e o gosto do amor que

    juntos, nossos corpos exalavam; e por mais

    longe que ela esteja agora, a trago tão próxima

    de mim que posso tocá-la neste exato momento.

    E para isto, me basta o simples ato

    de fechar meus olhos e a buscar em minhas

    lembranças mais profundas.

    "Querido diário, hoje é dia 11 e vai ser

    diferente, tem que ser. Nada em minha vida foi real,

    eu estava dormindo o tempo todo, apenas sonhando

    um sonho ruim e um dia eu vou acordar, sei que vou,

    preciso acordar. . e neste dia, eu vou sorrir, será um

    sorriso incontestável, capaz de convencer até o padre

    daquela igrejinha que eu adoro e durante 61 anos

    me confessei diariamente, mesmo sem ter cometido

    pecado algum. Um sorriso que vai dizer a todos: eu

    estou bem, obrigada. Sim, eu estou muito bem, estou

    feliz e contente, eu estou bem.

    Não serei mais aquela garotinha triste

    de cabelos brancos que viu a morte deitada em sua

    cama esta noite e que quase, por muito pouco, teve seu

    corpo violentado e sua alma arrancada um dia. Há

    muito tempo que já nem sei mais quando, eu acho.

    Eu vou recomeçar, vou ser uma nova pessoa, ter uma

    nova vida, e não vou ficar sem ele por que ele vai

    voltar de novo, ele não pode; mas ele vai, eu sei, eu

    sinto, por que ele não vai envelhecer, eu sei que não,

    nunca envelhecerá enquanto eu, por outro lado, não

    consigo se quer escrever direito com toda esta

    tremedeira que me acompanha agora.

    Eu não vou mais chorar, já não tenho

    mais lágrimas e é o único jeito de conseguir seguir

    em frente, de partir sem ele, e isto também é

    inevitável, eu não queria mais eu sei que é.

    Eu não vou chegar ao final deste dia e

    eu tenho certeza disto, não sei como, mas eu tenho, eu

    sinto muito meu amor, eu sinto muito. .

    E não deveria ter sido assim; eu queria

    ter envelhecido ao lado dele e não foi isto que

    realmente aconteceu, não entendo, nunca foi normal

    com ele. Mas eu o amo tanto, eu sempre o amei e

    amarei tanto que o tempo jamais conseguirá

    envelhecer este sentimento que trago comigo trancado

    a sete chaves aqui dentro de mim; nas profundezas

    intocadas de minha alma e que me fez tão feliz,

    inesquecivelmente feliz com ele, ao lado dele. . meu

    salvador e sempre protetor.

    Mas eu também sei que foi eterno

    enquanto durou e que eu queria mais, sempre mais e

    mais e passou tão rápido que nem mesmo vi o tempo

    sempre cruel que me envelhecia, dia após dia. Não

    consigo mais, não posso mais, tenho que o deixar ir.

    Seguir em frente sem mim, e isto é inevitável eu sei.

    Agora eu sei.."

    Eu não deveria ter voltado para ela,

    para nosso sagrado lar, mesmo que longe de

    tudo e de todos, jamais foi justo, nunca foi certo,

    podia e deveria ter evitado todo aquele

    sofrimento, aquele olhar de despedida e o cheiro

    de morte eminente no ar, imperfeita.

    Eu sabia e conhecia o risco, mas

    retoricamente eu não tinha escolha, eu jamais

    terei escolha. Não deixaria que ela passasse por

    tudo aquilo sozinha, desprotegida, entregue ao

    seu acaso; tudo o que estava escrito em seu

    destino precisava ser alterado, tinha que ser

    modificado de uma forma ou de outra e esta era

    a minha verdade, era tudo pelo que eu lutava.

    No entanto, se foi uma assertiva ou

    não, jamais vou saber e a única certeza que

    tenho e terei em toda a minha jornada pelo

    tempo dentro do espaço que nos completa e nos

    aflige, é que eu faria tudo de novo se preciso

    fosse, sem dúvida alguma, sem nenhum

    arrependimento, sem se quer hesitar, simples

    assim. Eu faria tudo de novo por ela.

    Um dia, em uma tarde chuvosa e fria

    no vazio da descoberta, a tanto perdida e quase

    a mim esquecida, alguém me questionou sobre a

    existência de um Deus único, guardião do bem e

    da paz, habitante do céu e protetor de todos nós.

    Até hoje, por mais que eu pense, não consigo

    definir uma resposta exata para esta questão

    milenar que conflita intensamente com todo o

    meu conhecimento, fé e sabedoria; na qual em

    muitas das vezes, tento no imaginário próprio

    localizar este tal Deus, mas ao olhar fixamente

    nos olhos de uma criança que tem fome, sede e

    frio, constatando que a ela só se destina

    abandono, solidão, desesperança e ausência de

    qualquer crença que seja; não consigo ver um

    Deus justo e soberano zelando por todos nós,

    nem a face de um Cristo que morreu na cruz

    para salvar a criança que ali estaticamente se

    encontra, para ser o alimento dela e o sol que a

    aquece e a conforta.

    Mas, por outro lado, nunca me senti

    completamente só nos longos caminhos que por

    mim foram percorridos arduamente; e talvez

    esta seja a pergunta imaculada, sagrada de

    todos os tempos e em todas as eras. O que

    realmente é Deus e o que é Homem?. .

    Pois, em todas as culturas, desde os

    sumérios, esta resposta vem sendo destorcida e

    infinitas vezes repetida erroneamente. Assim,

    acredito que nem mesmos os próprios Deuses

    saberiam responde-la com exatidão; nem mesmo

    eles sabem o que realmente nós somos, o que

    nos tornamos ou se somos qualquer coisa que

    seja a mais do que uma quimera, um pequenino

    grão de areia vagando pela imensidão do

    deserto que um dia, tanta vida abrigou e agora,

    apenas morte e mais morte.

    KETLLIN

    Eu havia acabado de me mudar para

    Arraial do Cabo, uma cidade litorânea, pequena,

    tranquila e acolhedora nos dias de inverno,

    localizada na Região dos Lagos, interior do Rio

    de Janeiro. E para ser honesta, havíamos de

    certa forma, nos cansado de tanta violência na

    Cidade Maravilhosa e Adan achava mais seguro

    me afastar o máximo possível de sua área de

    atuação militar. Estava muito orgulhosa dele,

    pois havia sido o primeiro de sua turma no

    curso para oficiais da Polícia Militar Carioca, e

    apesar de não fazer muitos comentários

    referentes ao seu trabalho, nos últimos dias ele

    estava diferente, um pouco distante, tenso e

    bastante preocupado quando se referia

    principalmente a uma determinada "Operação

    Pelicano" na qual estava empenhado. Mesmo

    sem entender absolutamente nada referente a

    este termo cognitivo ou o que ele realmente

    fazia na polícia, me esforçava ao máximo para

    apoiá-lo da melhor maneira possível; com

    carinho, respeito, entrega, dedicação e uma

    troca constante, o que posso claramente e com

    maestria, definir como amor, em sua mais pura

    essência e sincronia universal. Eu ainda estava

    me acostumando a ficar longe dos meus pais,

    amigos e familiares, o que não era muito difícil

    naquele pedacinho mágico e acolhedor do

    paraíso ao qual estava entregue de corpo,

    mente, coração e alma.

    A praia era maravilhosa, podia

    caminhar livremente pela areia, sem medo,

    receio e totalmente sem destino, completamente

    perdida. Pegar um pequeno barquinho e

    navegar por longas horas na imensidão do mar

    azul, descobrindo e me redescobrindo em todas

    as formas conhecidas e imagináveis. Cada dia,

    por mais insignificante que fosse eu me

    aproximava ainda mais da felicidade em sua

    forma original, perfeita e intocável pela

    humanidade insana e cruel, capitalizada pelo

    consumismo excessivo e destrutivo a qualquer

    preço; desprovido de qualquer razão que seja e

    sem limites algum. Pois as pessoas não têm

    mais honra e caminham sem leis em um sistema

    que os corrompem ainda mais.

    Mas aqui, estou perto de mim

    mesma e a sensação de ser livre e de "estar

    livre" é indescritível, não tem preço e não se

    compara a nada que já imaginei ou sonhei em

    viver um dia navegando por esta vida louca,

    apaixonada, e intensamente frívola longe dele,

    minha outra metade sustentada pela eternidade

    de um beijo, de um toque, de uma palavra, de

    um abraço, de um olhar;

    E estar juntos, permanecer juntos; é

    o que nos torna uma unidade única e indivisível,

    inseparável na morte, no tempo ou na própria

    realidade que nos cerca, nos envolve e nos

    completa.

    Aqui, o céu sempre límpido e na

    maior parte dos dias, nos revela um azul celeste

    constante e único; não existem nuvens ou

    poluição e na maior parte do tempo, também

    não chove. A temperatura é estável e permanece

    próxima aos vinte e oito graus mesmo durante o

    inverno e na primavera, é possível me banhar

    nas águas deste mar maravilhoso que me

    conforta e me amedronta em toda a sua

    grandiosidade e apesar da praia ser pequenina,

    eu sempre amei todos aqueles momentos em

    que podia fazer parte de tudo aquilo, de estar

    diretamente conectada à natureza, me

    envolvendo e me apaixonando cada vez mais

    por ela; a mãe e dona de todos nós e do pouco

    que nos completa nas pequeninas coisas em

    nossa existência.

    E por ele, principalmente por ele —

    esperava ansiosamente o relógio bater com

    pontualidade britânica 17:12h, quando enfim,

    ele retornava para o nosso lar aconchegante e

    cada vez mais acolhedor. Arrumava toda a casa

    com dedicação e todo o meu amor verdadeiro e

    em doação e troca, para que nosso cantinho se

    tornasse todos os dias, o melhor e mais seguro

    lugar de todo o mundo para se viver, cuidando

    sempre dos mínimos detalhes, que em muitas

    das vezes, ele nem os percebe em decerto. Não

    importo, não ligo, pois não faço isto por ele ou

    por mim, faço pela entidade que nos

    complementa e nos enriquece, dia após dia.

    Ainda estávamos começando a viver

    nossas vidas unificadas em um só destino, e por

    este motivo, colocamos o nosso apartamento no

    rio — um presente do meu pai, que não gostava

    muito de ter me casado com um simples policial

    pelo pouco que teria a me ofertar — à venda,

    pois conversamos deliberadamente e decidimos

    que juntos, ficaríamos ali por todo o sempre,

    envelhecendo e cuidando um do outro, durante

    todos os dias a nós concebidos por Deus com

    sabedoria, paciência, respeito e plenitude.

    E mesmo sendo ainda tão jovem,

    tinha plena convicção que ele era o príncipe

    encantado que habitava todos os meus sonhos,

    cavalgando em um lindo Lippizzan alado com

    grandes crinas reluzentes e sedutoras, em

    minha direção para me tomar em seus braços

    fortes e me obrigar a segui-lo por um caminho

    totalmente desconhecido e em uma só direção

    — que nos levava e nos empurrava diariamente

    rumo à felicidade completa, nas menores e mais

    simples coisas de toda a paixão que nos foi

    ofertada dadamente, nos fazendo bailar com seus

    belos cânticos harpeanos, imortais e divinos,

    lembrando-me as nuvens em desenhos mágicos

    por todo o céu no Jardim do Éden. E em toda

    sua melodia, todos os dias ele chegava, tirava

    sua roupa a deixando espalhada por todos os

    cantos

    da

    casa,

    entrava

    quase

    que

    imperceptivelmente na cozinha onde estava

    preparando a nossa refeição abençoada de cada

    dia — um peixe sempre fresquinho que acabara

    de ganhar na praia do senhor Feliciano, e uma

    salada verde com camarão que ele adorava.

    Abraçava-me com aqueles braços

    fortes e grandes, acariciando o meu pescoço com

    seu rosto sempre de barba feita, perfeita e com a

    pele delicadamente perfumada — podia contar

    quantos eram os fios de barba que nasciam com

    suavidade em seu rosto depois de um dia inteiro

    e cansativo de trabalho o que de algum modo,

    me excitava no mais leve e profundo toque em

    meu ser, em meu querer, o que arrepiava todos

    os pelos do meu corpo, um de cada vez —

    quando um som sereno e doce moldava algumas

    lindas palavras, pronunciadas bem baixinho

    próximo ao meu ouvido esquerdo — "eu te amo

    por todo o sempre" — que incontrolavelmente,

    fazia com que meu ombro direito se levantasse

    encostando com suavidade em meu queixo e

    mesmo me fazendo de difícil, sabia que já estava

    totalmente envolvida pelos seus encantos. Eu

    poderia viver aquele mesmo dia, daquela mesma

    forma, mil anos se possível fosse, e jamais me

    cansaria dele. Aqueles momentos, toda aquela

    paz, a vontade incontrolável de me entregar ao

    acaso nos braços daquele moço, carinhoso, um

    dia desconhecido e no outro, descoberto e

    tomado como propriedade minha; o simples ato

    de amá-lo e me deixar ser amada

    completamente e intensamente — ele podia

    fazer de mim o que ele quisesse ou desejasse, eu

    gostava. Eu queria, mesmo que em silêncio — e

    tudo isto junto, formava e modelava o paraíso

    com o qual sempre sonhei; proporcional ao

    medo que me atormentava nas sombras de um

    futuro inserto. Pois um amor tão grande assim

    com o meu por ele e o dele por mim, não deveria

    existir neste maldito planeta que alguns

    chamam de Terra e muitos denominam como

    Inferno, e eu sempre soube disto, temia por nós

    dois a cada dia que se passava.

    No entanto, eu tinha certeza apenas

    de três coisas e morreria por elas se preciso

    fosse. — A primeira e mais importante de todas,

    sempre, dizia que ele era o homem de toda a

    minha vida e eu seria capaz de fazer qualquer

    coisa em nome da nossa felicidade e em prol do

    nosso amor. Até mesmo brandir uma espada e

    assim, começar uma guerra — A segunda; era

    que eu estava perdidamente, completamente,

    intensamente e incondicionalmente apaixona

    por ele em toda a sua magnitude e perfeição; ele

    era meu, apenas meu e de mais ninguém.

    E a terceira, não menos importante

    que as demais claro, revelava-me um medo

    mortal de que tudo não se passasse de um sonho

    se desfazendo como a neblina em uma manhã

    fria ao tocar os primeiros raios de sol no

    horizonte, me obrigando a um dia retornar a

    uma realidade da qual ele não fizesse parte dela

    e que toda a minha vida, se transformasse no

    pior pesadelo de todos, com o qual sempre

    convivi em silêncio, sozinha, correndo e perdida

    em um beco escuro, sujo, fétido e com homens

    tocando meu corpo de forma violenta, contra a

    minha vontade; prisão sem grades, vida sem

    vida, paixão sem desejo, amar sem o seu amor,

    queijo sem goiabada, Romeu sem a sua Julieta,

    destino sem o tempo; era assim que me sentia.

    E quando a saudade era grande

    demais, sufocante demais para mim, quando os

    ponteiros do relógio cresciam e os minutos se

    alargavam na vastidão da solidão, corria até a

    praia e me atirava no mar para diminuir um

    pouco aquele medo e desespero que consumia

    toda a minha existência, predestinada a sofrer e

    a morrer sem ele, sozinha e desprotegida.

    Cada segundo ao lado dele era

    importante demais para mim, principalmente

    aos finais de semana, quando ele era todinho

    meu, somente meu e de mais ninguém, me

    pertencia. Passeávamos muito e ao seu lado,

    conheci lugares maravilhosos, quase que

    intocados pelo homem destruidor do seu

    próprio lar. Eu era totalmente feliz até o dia que

    ele me disse que iria ser transferido para outra

    unidade e que os horários se apertariam um

    pouco, o que me fez entender imediatamente,

    que meu tempo ao lado dele seria cada vez

    menor e mais singelo.

    Mesmo assim, o apoiei e cuidei dele

    com a mesma dedicação, carinho e atenção;

    compreensão. Nem podia imaginar que aos

    vinte anos seria uma mulher completamente

    feliz e casada, agora; a Senhora Alcântara de

    Melo e não mais aquela menininha acanhada e

    tímida que um dia foi conhecida por Ketllin

    Gomes de Sá. Tranquei minha matrícula no

    sexto período de medicina para viver

    completamente todo aquele sonho que era estar

    ao lado dele, um jovem herdeiro de uma das

    famílias mais tradicionais do Rio que decide se

    formar e trabalhar na polícia para ajudar as

    pessoas e tentar mudar o mundo, pelo menos,

    um pedacinho dele. Eu sentia tanto orgulho

    daquele menino que em meus braços se tornou

    homem, invejava sua coragem e dedicação com

    todos ao seu redor e sabia que todas as decisões

    que já havia tomado e as quais ainda teria que

    tomar em minha vida, estavam corretas e

    seriam íntegras, de valor e com honra, desde

    que ele fizesse parte de cada uma delas.

    Eu tinha preparado um salmão com

    batata inglesa ao molho branco e uma salada de

    abacaxi com cenoura, manjericão e espinafre. Já

    passava das onze horas da noite e ele ainda não

    havia chegado. Estava usando uma camisola

    rosa com rendas brancas — o que deixava parte

    de meus seios descobertos quando uma das alças

    caia do meu ombro, proposicionalmente, claro;

    ele adorava e dizia que eu tinha os seios mais

    lindos de todo o universo e que eu era a sua

    Deusa do amor — Estava ansiosa para que a

    porta se abrisse e em fim escutasse os passos

    dele caminhando pela casa, percorrendo o chão

    da sala solenemente; ele iria tirar o coturno

    próximo ao sofá, ali mesmo o deixaria quase em

    silêncio — fingia que não o escutava e

    continuaria os meus afazeres.

    Depois colocaria seus pés ainda de

    meias sobre o tapete, tiraria o cinto e

    delicadamente o colocaria sobre o sofá sem se

    quer respirar direito para não fazer o mínimo

    barulho que fosse pensando que assim, não seria

    descoberto. Iria tirar sua arma, a travar e a

    colocar atrás do porta retratos da mamãe,

    depois tiraria o colete o deixando perto da porta

    que dava acesso ao corredor, jogado ao chão

    com sempre. Caminharia até o quarto e pegaria

    seu chinelo e somente depois, viria até a cozinha

    para me abraçar e me fazer à mulher mais feliz e

    completa de todo o mundo.

    Mas o tempo ia se passando

    lentamente, e ele não chegava, estava ansiosa,

    preocupada e um pouco nervosa, até mesmo

    irritada com a sua demora.

    Fui até a sala e liguei o televisor,

    estava passando um documentário sobre

    fenômenos da natureza ou algo assim na

    Discovery Channel. O vento forte anunciava

    uma grande tempestade que vinha a leste,

    fazendo com que a janela vibrasse um pouco,

    produzindo assim, um som amedrontador e

    aterrorizante quando se está sozinha em casa.

    Comecei a pensar várias coisas que

    não fazia sentido algum, não estava ligada

    diretamente a nenhum pensamento concreto. Já

    estava cansada e adormeci ali mesmo no sofá

    por alguns minutos eu acho. Estava tendo um

    sonho estranho, que não consigo se quer

    lembrar plenamente; só sei que tinha um lugar

    grande, escuro e com uma porta branca,

    totalmente branca e com uma luz saindo de

    dentro dela. E ao abrir a porta, havia um grande

    buraco que me puxava para dentro dele

    fortemente, com muita força, pressão, e quando

    estava caindo naquele abismo negro, Adan me

    segurou pelo braço, olhou em meus olhos e me

    disse: — eu sempre vou amar você, aconteça o que

    acontecer, eu estarei aqui —, acordei assustada e

    com a camisola levemente molhada com o suor

    que teimava em continuar escorrendo do meu

    corpo e entre meus seios, mesmo após ter

    retornado ao mundo dos acordados.

    Não vi aquilo como algum tipo de

    pressagio — já estava acostumada a esperar

    durante horas, até que ele chegasse do seu

    trabalho em alguns dias, que agora, se tornavam

    cada vez mais frequentes — Quando olhei no

    relógio, ele marcava exatamente onze horas e

    onze minutos, achei estranho e senti um arrepio

    que percorreu desde o fio do meu cabelo até o

    dedão do meu pé, um calafrio incomum e

    estranho, pois era dia onze de novembro de dois

    mil e onze, exatamente às onze horas e onze

    minutos. Fui até o quarto, — meio que

    apavorada — vesti o roupão e me enrolei nele,

    pois de repente, toda a casa havia

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