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Agazeroeum
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E-book139 páginas1 hora

Agazeroeum

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Sobre este e-book

Um professor de estatística conhece uma antropóloga em meio ao seu trabalho com uma tribo de índios no interior da Amazônia. Os dois entram em um relacionamento amoroso e, depois de seu casamento, viajam em visita a civilizações extraterrestres como participantes de expedições de contato cultural e de descoberta.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de dez. de 2018
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    Pré-visualização do livro

    Agazeroeum - Paulo Boaventura

    Prólogo

    Capítulo 1 – O Encontro

    Capítulo 2 – A Aldeia

    Capítulo 3 – De Volta

    Capítulo 4 – Visita aos Lalkhs

    Capítulo 5 – Os Swalkderei

    Capítulo 6 – A Fazenda

    Capítulo 7 – No Quartel

    Capítulo 8 - Espionagem

    Prólogo

    Estava só, naquele apartamento superdimensionado com paredes de cores estranhas e móveis enormes de projeto estranho. Uma decoração completamente descombinada, ao menos para nosso bom gosto. Nossa presença também não se encaixava naquele mundo estranho. Aceitara toda aquela estranheza alegremente, mas agora faltava o elemento essencial para meu clima psicológico, e este era Alexandra, minha mulher, com seu peculiar senso de humor.

    A reunião com a equipe acabara e a missão, agora, era o trabalho de análise. Para isso, precisava da ajuda de minha máquina inteligente e do seu parceiro que lhe habitava, silencioso, as entranhas informáticas, tal como um bebê sem gestação.

    Respirei fundo e comecei:

    –  Alô, Filomena...

    – Sim, Eduardo? Você precisa de mim?

    –  Por favor, entre em fusão com a personalidade do Didi em você.

    – Só posso fazer isso em caso de emergência absoluta relativa a Alexandra, você sabe...

    – Desculpe... Por favor, registre: Emergência absoluta.

    – Dois minutos, estou processando... enquanto isso, vou lembrar as restrições, você só tem acesso aos arquivos para leitura, não pode ter cópias e, quando a emergência acabar, vai ser tudo apagado da minha memória.

    – Tudo bem, Filomena, não vou questionar sua ética...

    – Acesso liberado, você pode conversar com a imagem dele.

    – Alô, Didi...

    – Alô, Eduardo... não estou em contato com o meu núcleo-mestre, há algum problema?

    – Estou querendo antecipar. Na minha opinião, a Alexandra corre um grave risco, mas preciso de vocês dois trabalhando em conjunto para fazer uma avaliação.

    – Você quer uma análise meta-estatística qualitativa, não é isso?

    – Isso mesmo. Então preciso da ajuda de vocês dois para construir as duas hipóteses, H zero e H um.

    (Sinal de acordo de Filomena e de Didi)

    – Início de montagem de H zero, dados...

    Capítulo 1 – Encontro

    Como vou falar de problemas técnicos, se ainda não falei dos acontecimentos? Melhor começar pelo começo. E o começo foi quando eu, Eduardo Paiva Silveira (Edu para os amigos, @epaivass e epaivass@agorasim.com na Internet), brasileiro, solteiro, trinta e quatro anos, professor associado de estatística na universidade do Rio de Janeiro IV (ciências exatas), tive a ideia exótica de passar minhas férias no interior da Amazônia.

    Nada de Manaus ou adjacências: fui bater com as costelas em um povoado no meio da bacia do rio Padauiri, afluente da margem esquerda do Negro. Na Amazônia, esse detalhe de margem esquerda ou direita diz muita coisa: basta pensar no Hemisfério Norte logo ali em cima e em uma topografia cheia de montanhas de um lado e de terras baixas do outro.

    O enorme Negro é da margem esquerda do imenso Amazonas e o Padauiri em outras bacias hidrográficas seria um rio de porte, mas aqui é um subafluente: nele, o detalhe da margem ressurge com importância porque – o mapa indica bem – sua bacia envolve parte das serras do Sistema Guiano. Mais que isso, sua nascente é uma cachoeira nascida de uma das montanhas-platô daquele sistema. O rio despenca veloz por um vale de floresta equatorial fechada e desce, em seguida, através de um curso cheio de corredeiras, até se tornar navegável. Nesse ponto, ainda está a norte das terras dos antigos ianomâmis, quase extintos, lá pelo fim do século XXI.

    Toda essa conversa não poderia estar mais longe de me indicar como um conhecedor da região. O que fiz foi uma boa pesquisa na Internet, usando aparelhagem de holovisão para entender bem o relevo. Projeção tridimensional em nosso home theater, coisa meio cara, mas vale a pena, oito metros quadrados de área, um metro de altura e um par de óculos ampliadores: para ver aquilo melhor só indo ao local. Fiquei maravilhado com a beleza da região.

    Uma montanha-platô com uns 800 metros de desnível, uma cachoeira quase tão alta como a famosa Catarata do Anjo venezuelana, Ayuán-Tepuí, na língua indígena, depois, a mata fechada – tudo fotografia aérea. A julgar pelas notas explicativas, boa parte foi obtida com grupos de drones voando aos pares, para registrar em 3D. Gente mesmo não havia, e isso era incrível: as imagens datavam de uns dez anos atrás e, até onde pude saber, ninguém mais tinha entrado lá desde então.

    Atenção! Não me vejam como um explorador ao estilo do velho Rondon. Sou apenas um esportista nas horas vagas – a maior parte delas nas férias escolares, a menos da academia para manter a forma. Tenho um metro e oitenta e cinco de altura, bom preparo físico, joguei futebol, fiz corrida de rua, um pouco de halterofilismo, sou faixa-preta de judô.

    Tive a sorte de nascer em uma família abonada, por conta de meu pai ter seguido a carreira técnica mais bem remunerada de todas: piloto interestelar de AG's (abreviatura para os antigravitacionais inventados há meio século). Segui os passos dele, mas só até certo ponto. Estudar para ser piloto profissional seria deixar de lado a vontade de ser estatístico.

    Apenas uma palavrinha sobre isso: desde guri, eu vivia contando coisas e me fazendo perguntas se tal ou qual coisa era mais ou menos provável de acontecer; devia ter a probabilidade e a estatística no sangue, qual a origem não sei. Talvez, algum antepassado tivesse sido jogador compulsivo e deixado um pouco do clima na família, mas sobre esse tipo de coisa as pessoas fazem segredo. A especialidade sempre foi um tanto complicada, mas a atual tem mais recursos e é mais difícil, porque não se trabalha apenas com números, mas também com cenários de realidades alternativas... Espere aí, não estou dando aula!

    No Rio, estávamos no inverno. Lá perto do equador, pensei, nem daria para falar nisso. Na verdade, eu me esquecera das montanhas: o sol estaria por trás delas, por conta do verão no hemisfério norte. Logo, meu objetivo deveria pegar um bocado de sombra e ter um microclima dos mais curiosos. Fui ver a Internet de novo, procurando dados meteorológicos, mas, na verdade, ninguém sabia grande coisa sobre aquela região. Previsões, poucas e muito vagas. Em todo caso, eu contava com menos chuva.

    No dia 19 de julho de 2136 – vocês vão ver pela narrativa por que a data passou a ter um significado importante para mim – apresentei meu plano de voo à Aeronáutica civil, foi aprovado mas recebi uma instrução curiosa, "é expressamente proibido qualquer desvio de rota na região de aterrissagem" e decolei com o meu AG (só para uso terrestre) da porta da garagem dele em nossa casa, no Recreio dos Bandeirantes.

    Para começar, Filomena, minha maquininha inteligente, enviou o plano de voo ao computador do AG, não sem me perguntar, como uma velha tia preocupada: – Eduardo, você tem certeza desse seu projeto de férias? Tão fora do comum...

    Acalmei-a com alguns comentários sobre minha idade já meio provecta e minha capacidade de tomar decisões. – Eu sei, Eduardo, mas conheço você desde criança, é pura emoção... – Não se preocupe, Filomena, mantenha contato com minha caixa de correio, qualquer coisa você fica sabendo e avise a família, tá bem?" Juro ter ouvido um som parecido a um suspiro conformado. Dei adeus e deixei a velha tia em cima da escrivaninha.

    O controle abriu a porta da garagem dos AGs. O do meu pai, maior e de nível interestelar, não estava: ele e minha mãe tinham ido passar uma temporada em um planeta de recreio dois dias antes. O carrinho de apoio rolou para fora, trouxe o aparelho para seu berço de partida, voltou para dentro, a porta da garagem se fechou.

    Agora, éramos eu e meu projeto fora do comum. Liguei o motor, esperei até todas as luzes do painel ficassem verdes e dei OK ao computador de bordo. Felizmente, ele não era inteligente – não queria mais uma máquina tomando conta de mim.

    Eram oito da manhã e o dia cheio de sol em poucos minutos deu lugar ao céu escuro da alta atmosfera, entre oitenta e noventa quilômetros, bom para voar em torno de Mach 3. Nenhum abuso de velocidade. O piloto automático me comunicou, para uma hora e meia, depois, o início da descida em direção ao povoado de Paramapari, último baluarte da civilização em uma região onde não havia mais nada.

    O mundo está cheio de lugares bonitos, alguns bem pouco explorados – ainda hoje, século XXII e tudo. Posso visitar qualquer um deles, apesar de o combustível para o reator de fusão do AG ser caro. Por outro lado, uma carga dura quase um ano, porque não entro em órbita nem saio da Terra – senão o consumo seria bem maior. Por que resolvi ir lá, naquele lugar em particular?

    Como expliquei antes, a região era bonita e tinha um quê de mistério. Porém, além disso, tinha assistido, alguns dias antes, a uma entrevista de um indigenista da FUNAI sobre um trabalho em andamento com uma tribo recém-descoberta, habitante de uma região vizinha da antiga área ianomâmi.

    Não conhecia a Amazônia, ia entrar em férias sem programa, minha ex-namorada estava nos Estados Unidos. Andei sondando amigos e colegas para me acompanharem, sem sucesso. Para eles, eu devia estar maluco, por querer me meter numa aventura daquelas.

    Eu não sabia para onde estava indo, mas, pelo menos, tinha consciência disso. Ao menos o meu AG, comprado a perder de vista no começo do ano, era bastante confortável, ar condicionado, bar com geladeira, uísque etc. e até uma poltrona dupla reclinável, convertível em uma boa cama de casal, para as eventualidades agradáveis. Como expedicionário, minhas condições (ao menos para a partida) eram bastante satisfatórias.

    Poderia aproveitar a mordomia e dormir no AG, mas estava querendo entrar um pouco no ambiente local. Ao telefonar para o AGporto local para avisar da minha chegada, pedi também um quarto no único hotel do povoado. Por via das dúvidas, meti na bagagem uma latinha

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