Lobo de óculos: trilogia onírica
De Carina Corá
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Lobo de óculos - Carina Corá
PREFÁCIO
Carina Corá é uma jovem dramaturga que, já neste início de carreira, mostra um trabalho potente, de grande conhecimento da dramaturgia e da arte teatral. O texto Lobo de óculos: trilogia onírica, seu primeiro texto teatral a ser publicado em livro, se insere nas discussões da dramaturgia contemporânea, trazendo questões fundamentais para nosso contexto cultural.
A obra apresentada levanta diferentes temas de caráter político: trata da imigração em uma sociedade que tem apresentado inúmeras dificuldades em lidar com a condição de pessoas que precisam sair de sua terra natal, seja por conflitos armados em seu país de origem, seja pela necessidade de buscar condições melhores de vida em outras terras, ainda que, para isso, precisem sofrer os preconceitos e as proibições ao serem estrangeiras. Essa problemática é fundamental para pensar o Brasil contemporâneo, uma vez que, em nossa sociedade, é comum pessoas migrarem para países mais desenvolvidos economicamente; ao mesmo tempo, recebemos imigrantes vindos principalmente de países vizinhos da América Latina, África e Oriente Médio, entre outros. Em seu texto, a autora evidencia a dificuldade de inserção que estas pessoas enfrentam e a impossibilidade de uma real comunicação, o que inclui barreiras linguísticas. O mundo apresentado não permite que uma relação de alteridade se concretize entre as personagens. Revelam-se o preconceito e a violência que uma lógica capitalista impõe sobre a propriedade e, por consequência, sobre o direito à terra e à vida. Dessa forma, o texto problematiza o modo como nossa sociedade se relaciona com as diferenças culturais e de pertencimento a uma identidade.
Além dos conflitos de imigração, outro tema que Carina aborda é a questão de gênero. A personagem Cordélia é apresentada na rubrica inicial como louca, sonhadora, drogada, deprimida
. São características ambíguas. Em vez de idealizar a figura feminina, a personagem é elaborada a partir de uma gama de preconceitos, não vendo sentido em suas ações e precisando inventar suas próprias memórias.
A palavra lobo, presente no título, pode ser entendida como algo instintivo, do mundo animal, selvagem. Ligada à palavra óculos, a junção de ambas remete a uma cultura selvagem que não consegue perceber bem a realidade. Essa percepção precisa de uma lente artificial, a cultura, a civilização, para ser apreendida. Essa imagem, um lobo de óculos, abre para uma das questões principais no texto – a realidade que se disfarça, que é móvel, confusa. Somos confrontados com uma realidade instável, incerta, na qual não podemos confiar no que é visto, nem no que nos é contado. Nem mesmo as personagens têm certeza sobre o que é real. Podemos estar dentro da mente de uma das personagens, como diz o próprio Mustafa, uma das vozes ficcionais do texto. A obra problematiza o modo como percebemos a realidade, em que nossa felicidade pode ser forjada e, por isso, falsa, enganosa. A realidade também pode ser entendida como sonho, instância inconsciente da vida. Como diz Gaston Bachelard, no sonho não somos autônomos, somos conduzidos pelas ações. Sob esse ponto de vista, podemos perceber o mundo neste texto como algo em que não temos autonomia. Precisamos nos refugiar em realidades inexistentes para nos sentirmos