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Camarada Pracinha, Amigo Partigiani
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E-book179 páginas2 horas

Camarada Pracinha, Amigo Partigiani

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Sobre este e-book

Durante parte de 1944 e 1945, soldados da Força Expedicionária Brasileira – FEB e da Resistência Italiana tiveram um inimigo comum: o nazifascismo. Do convívio entre as partes nasceram histórias de fraternidade, amor e respeito, mas, também algumas confusões. Esse livro aborda as relações humanas que se estabeleceram entre Pracinhas e Partigiani, naqueles dias de luta e sacrifício da Segunda Guerra Mundial. São histórias reais, contadas por quem vivenciou as batalhas e por meio de documentos, alguns deles secretos, trazidos à tona nos últimos anos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de ago. de 2021
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    Camarada Pracinha, Amigo Partigiani - Helton Costa

    HELTON COSTA

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    PONTA GROSSA

    2021

    Aos que lutam contra o fascismo, o nazismo e os autoritarismos, em todas as nações, no passado, no presente e no futuro.

    4

    Idealização:

    Helton Costa

    Redação e pesquisa:

    Helton Costa

    Revisão:

    Josiane Aparecida Franzo

    Capa e projeto Gráfico:

    Helton Costa

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Camarada Pracinha, amigo Partigiani: anotações brasileiras sobre a Resistência Italiana na Segunda Guerra Mundial/Helton Costa – Curitiba: Matilda Produções, 2021.

    Bibliografia.

    ISBN: 978-65-86392-05-0

    1. História Militar; 2. Força Expedicionária Brasileira; 3. Segunda Guerra Mundial CDD: 940.980.070

    5

    Sumário

    Capítulo 1 – O Brasil na Segunda Guerra e os partigiani......................................7

    Capítulo 2 – 1944.................................................................................................23

    Capítulo 3 – 1945.................................................................................................36

    Capítulo 4 – Política............................................................................................82

    Álbum fotográfico................................................................................................98

    6

    Capítulo 1

    O Brasil na Segunda Guerra e os partigiani

    1. O Brasil na Segunda Guerra mundial

    A Segunda Guerra Mundial começou em 1939. Até 1942, o Brasil manteve-se neutro no conflito, contudo com o ataque japonês a Pearl Harbor, em 07 de dezembro de 1941, por conta de acordos assumidos anteriormente em âmbito internacional, os brasileiros deixaram de ser neutros. Esses acordos asseguravam que, se um dos países do continente americano sofresse algum tipo de agressão, os demais lhe seriam solidários. Nesse contexto, o Brasil entrou na guerra em janeiro de 1942, cumprindo sua palavra ao ver os americanos atingidos pelos nipônicos1.

    Para completar, após a solidariedade brasileira, mais de três dezenas de navios mercantes do Brasil foram afundadas por submarinos do Eixo, agravando as hostilidades contra o país e empurrando-o de vez para a guerra, o que se concretizou em agosto daquele mesmo ano. Foram mortas 1.081 pessoas2 por conta desses afundamentos.

    Com a guerra declarada, primeiro o Brasil emprestou bases no nordeste do país para que os americanos pudessem cumprir missões no norte da África, tanto bélicas quanto logísticas, representando o chamado Trampolim da Vitória. Na época, Natal/RN, foi um dos aeroportos mais movimentados do mundo, tamanha era a infraestrutura de guerra montada no saliente nordestino3.

    Quando o calendário apontou 1943, foi anunciada a criação da FEB, que inicialmente previa 100 mil homens em suas fileiras, porém até o final daquele ano e metade de 1944, recrutou um quarto do previsto. Houve alguns poucos voluntários e muitos convocados, cabendo às várias unidades militares do país contribuir com soldados4.

    Esses homens foram agrupados em três regimentos: 1°, 6° e 11°, com sede no Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e São João Del Rei/MG, respectivamente. Coube ao 6º

    Regimento embarcar na frente, no primeiro dos cinco escalões de transporte para a guerra. A previsão inicial era enviar os mais de 25 mil brasileiros para o front da África, 1SILVEIRA, Joaquim Xavier da. A FEB por um soldado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 35-39.

    2SANDER, Robert. O Brasil na mira de Hitler: a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2007.

    3 Ibidem.

    4 SILVEIRA, Joel. Histórias de pracinhas: reportagens. Rio de Janeiro: Leitura, 1945, p. 49-51.

    7

    contudo como a vitória foi alcançada naquele continente antes da chegada da FEB, outro front precisava mais de soldados: a Itália5.

    Isso visto que, os exércitos aliados haviam mobilizado uma grande quantidade de combatentes na Operação Anvil, que foi a invasão do sul da França, em agosto de 1944. Com a retirada de unidades da Itália, numericamente as forças aliadas ficaram quase com o mesmo efetivo do Eixo, o que passou a não ser muito seguro para as forças aliadas. Os brasileiros chegaram para ajudar a completar os efetivos, que naquela parte do front eram compostos por várias outras nacionalidades, como indianos, paquistaneses, ingleses, sul-africanos, judeus, australianos, entre outros6.

    O primeiro escalão da FEB desembarcou em Nápoles, em agosto de 1944, e após breve treinamento, entrou no front em setembro. Nessa fase, os brasileiros libertaram/ocuparam várias localidades, como Borgo a Mozzano, Massarossa, Abiano, Catagnana, Galicano, Trassílico, Monte Comunale/Il Monte, Pian de la Rocca, Diecimo, Bolognana, Fabricci, Catarozzo, Chivizzano, Oesteria, Coreggia Antelminelli, entre outras. O avanço prosseguiu até 31 de outubro, em Castelnuovo di Garfagnana, quando houve um revés, encerrando a primeira parte da chamada Campanha do Vale do Rio Serchio, em Sommocolonia7.

    Dali em diante, os brasileiros mudariam de front, se deslocando para a região dos Apeninos, chegando no começo de novembro a essa região, e, nas bordas de Monte Castello, ainda em novembro de 1944. Após quatro ataques fracassados e um duro inverno, que em alguns pontos marcava 20 graus negativos, os brasileiros tomaram a elevação em 21 de fevereiro de 1945. Depois, seguiram em frente no mês de março sobre Castelnuovo e adjacências. Montese foi tomada entre 14 e 19 de abril de 1945.

    A guerra terminou para os brasileiros em 30 de abril de 1945, com a rendição incondicional de quase 15 mil soldados da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, cercada e combatida em Collechio/Fornovo, já bem no norte italiano.

    Em 239 dias de ação, a FEB fez mais de 20 mil prisioneiros alemães, mas perdeu cerca de 450 soldados mortos em combate e aproximadamente 1,6 mil feridos, acidentados ou desaparecidos em combate.

    No dia 8 de maio, a guerra acabou na Europa. Os brasileiros foram voltando para casa aos poucos, em frações, assim como haviam chegado. A Segunda Guerra só 5MORAES, João B. M. de. A FEB pelo seu Comandante. São Paulo: Ipê, 1947, p. 21-29.

    6OLIVEIRA, Dennison de. Extermine o Inimigo: Blindados brasileiros na Segunda Guerra Mundial.

    Curitiba: Juruá, 2015b, p. 83.

    7MORAES, op. cit., p. 77-99.

    8

    terminaria de vez com o ataque nuclear americano à Nagasaki e Hiroshima, isso em agosto de 1945.

    Os Partigiani

    Oito de setembro de 1943 foi um dia decisivo para que o fascismo italiano e o nazismo alemão começassem a desmoronar. Foi nesse dia, que o armistício assinado pelo Rei Vittorio Emanuele III, e pelo Primeiro Ministro, Pietro Badoglio, começou a valer, dando aos Aliados a vitória em território italiano. Pelo menos oficialmente.

    Porque depois disso, o país entraria em guerra civil e o lado favorável ao combate contra o nazifascismo teria em suas fileiras os homens e mulheres da Resistência - os chamados partigiani, grupos tão complexos quanto à situação política do país.

    Existiram as tropas regulares do Exército Régio italiano, que colaboraram como tropas auxiliares e civis armados que se reuniam para combater os nazistas e fascistas.

    Os partigiani dos quais falamos neste livro, fazem parte do segundo grupo.

    A Itália, de aliada do Eixo, passou a cobeligerante em outubro de 1943. Ou seja, tornava-se amiga dos Aliados e contrária aos fascistas. Os militares, que estavam no país e no exterior, foram pegos de surpresa pela notícia e, automaticamente se tornaram inimigos do Eixo. Esses militares somavam cerca de 800 mil pessoas. Por isso, convencionou-se dizer que a primeira resistência italiana foi militar e só mais tarde, em 1944, passou a ser também civil, com o movimento partigiani8.

    Milhares de soldados italianos foram deportados para campos de trabalho no território do Reich alemão. Alguns grupamentos, que se mantiveram firmes em apoio ao fascismo, foram convertidos ou obrigados a se converter em tropas do Eixo. Entretanto, a maioria permaneceu oposição ao nazifascismo, com mortos em combate em atos de sabotagem ou fugindo para se juntar aos grupos partigiani que se formaram ao longo do processo de expulsão dos alemães do território italiano9.

    O destaque desse tempo de ação militar antifascista é o Corpo Italiano di Liberazione (CIL), formado a partir do Primeiro Grupamento Motorizado, que ajudou os Aliados na Linha Gustav, nas batalhas de Montelungo e Monte Marrone, que "têm 8MAZZUCA, Giancarlo; PETACCO, Arrigo. La resistenza Tricolore: La storia ignorata dei partigiani con le stellette. Anpi, Roma, 18 out. 2010, p. 68. Disponível em: . Acesso em: 24 fev. 2020.

    9Ibidem, p. 127-130.

    9

    um forte significado político, pois, correspondem ao reconhecimento efetivo dos anglo-americanos da co-beligerância italiana10".

    Por sua parte, todos aqueles que já eram antifascistas se organizaram desde setembro de 1943, em torno do Comitê de Libertação Nacional – CLN, que unia:

    comunistas, socialistas, democratas-cristãos, acionistas, liberais e demolaboristas11.

    Os partigiani, somados aos homens do Exército regular italiano, lutariam pela libertação do seu país até o final da guerra. Passaram a conviver lado a lado, principalmente em 1944, os militares regulares italianos e os partigiani, os quais tinham seu modo de organização que, de certa forma, lembrava o do Exército Soviético, inclusive com um comissário político nas organizações mais à esquerda do movimento.

    Era ele quem controlava a vida diária das unidades, juntando política à luta da caserna.

    O movimento é fortemente unitário, mantendo cada força participante com sua própria especificidade e visão política. Certas oposições iniciais são superadas e deixadas de lado durante a guerra, para dar espaço, em nível político e militar, a grandes acordos que nos permitem definir objetivos comuns e desenvolver uma coordenação cada vez mais pontual, eficaz e incisiva12.

    Os alemães, por sua vez, queriam destruir essa unidade e caçavam principalmente os grupos das esquerdas13 italianas, que se uniam cada vez mais. A luta contra o comunismo tinha, nesse ponto, um significado especial para o exército alemão combatente no norte da Itália, porque boa parte daqueles homens provinha do front oriental, em que haviam sido abatidos, em 1942, pelos soviéticos, na frente russa.

    Entre os partigiani, havia as brigadas de combate, as Squadre d'Azione Patriotica14- SAP (que agiam nas cidades, com sabotagens e assassinatos), e os Grupos de Ação Patriótica – GAP, para propaganda e recrutamento; além de frentes de apoio, como os Gruppi di difesa della Donna15 - (GDD) e a Fronte della Gioventù - (FdG)16.

    Uma vez que existia o CLN, em março de 1944, para facilitar e hierarquizar decisões, foi criado o Comitato di Liberazione Nazionale dell'Alta Italia (CLNAI), com 10ANPI. Date cruciali:

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