A avaliação neurológica rápida
De Pedro Roriz
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Sobre este e-book
Estruturado em onze capítulos, o livro reúne um compilado de informações e orientações sobre a realização de exames físicos e neurológicos, assim como diagnósticos de doenças, com o objetivo de se alcançar diagnósticos mais precisos e assertivos, já que há dificuldades na realização desses exames e em sua descrição.
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A avaliação neurológica rápida - Pedro Roriz
APRESENTAÇÃO
Muitos médicos e estudantes de medicina, ao se depararem com pacientes com sinais e sintomas neurológicos durante o dia a dia, têm extrema dificuldade para realizar qualquer exame físico neurológico e saber descrevê-lo.
Parece que essa dificuldade se apresenta desde a formação médica, não só pelo pouco tempo disponível para o estudo da semiologia neurológica na academia, mas também pela menor incidência dos pacientes com queixas neurológicas nos hospitais e ambulatório de ensino, em relação aos pacientes com queixas cardiovasculares, por exemplo.
Além do pouco tempo disponível ao estudo neurológico e da baixa frequência de pacientes com esse perfil, acrescenta-se a extensa e laboriosa prática semiológica neurológica.
Durante várias décadas os neurologistas e neurofisiologistas foram descrevendo os mais variados sinais e sintomas neurológicos, e dando seus nomes a cada sinal neurológico encontrado e consolidando esses epônimos na história de medicina e nos livros de semiologia, engrossando a literatura médica com muita informação preciosa, de uma época onde o exame físico era a base para o diagnóstico. Mas também descrevendo vários sinais que representam formas diferentes de se obter a mesma informação.
Quando o estudante de medicina ou médico se depara com essa vastidão de informação, associada a centenas de epônimos, é natural que possa existir um bloqueio inicial ao aprendizado. Com pensamentos como: Não vou conseguir entender esse assunto
ou Já estudei diversas vezes, mas não consigo lembrar
, se perpetua a ideia de que o ensino e aprendizagem do exame físico neurológico só deve ser restrito ao especialista.
Mas então, o que podemos fazer para facilitar o entendimento básico da prática neurológica? A primeira estratégia deste manual é criar um roteiro de exame físico resumido para facilitar a obtenção de um mínimo de informação que um médico generalista precisa ter para discutir um caso com um neurologista, por exemplo. Deixar a microssemiologia para os especialistas e focar na obtenção dos dados mais relevantes. A segunda estratégia é uniformizar e simplificar a forma de descrever os achados, além de evitar epônimos. A terceira estratégia é criar métodos mnemônicos para facilitar a consolidação do roteiro de exame físico na memória.
Resumindo:
• Roteiro simplificado do exame físico;
• Simplificar a descrição do exame;
• Usar métodos mnemônicos.
Não é a intenção deste manual deixar de lado todo o conhecimento criado ao longo de décadas pelo estudo da neurologia, por cientistas renomados, como Babinski, mas sim, facilitar um primeiro contato com essa especialidade e melhorar a comunicação entre especialistas e não especialistas, principalmente agora que o mundo avança para o surgimento de atendimentos remotos, telemedicina e até mesmo consultas rápidas por redes sociais.
CAPÍTULO 1. NEUROFOBIA: DIFICULDADES NO ENSINO/APRENDIZAGEM DA NEUROMEDICINA
Silvanildo Macário dos Santos Filho
Ao longo da graduação, os estudantes de medicina costumam apresentar uma grande dificuldade com o estudo da neuromedicina (neurologia, neurocirurgia e neurociências). Esta dificuldade acompanha o aluno desde o início do curso, no estudo da neuroanatomia, da neurofisiologia e da semiologia neurológica, até os anos finais, durante as disciplinas de neuroclínica e de neurocirúrgica e durante o estágio no internato.
Toda esta situação implica em inúmeros impasses. Um deles é que, posto que o estudo e a aprendizagem são deficitários, os alunos não sentem confiança em suas habilidades médicas no momento das consultas com pacientes neurológicos. Além do mais, a neuroclínica é uma área em que, atualmente, os pacientes estão recebendo os atendimentos mais comumente fora dos ambientes hospitalares, como em clínicas populares e postos de saúde. Nesses lugares, a quantidade de neuroespecialistas é muito reduzida, sendo o trabalho realizado, muitas vezes, por profissionais generalistas. E o problema surge neste momento.
Os médicos generalistas, principalmente os recém-formados, não possuem, muitas vezes, capacidade de realizar um bom atendimento para estes pacientes, ou mesmo capacidade em transferi-los corretamente para outros serviços, justamente em decorrência da falha no aprendizado durante a graduação.
Esse cenário de Neurofobia
, termo designado por Jozefowicz em 1994 e que explicaria esta tendência de estudo deficitário em Neuromedicina e a consequente falta de habilidades na prática neurológica, é comum a muitos países do mundo. Muitos artigos que abordam esta temática vêm sendo publicados ao longo dos últimos anos e são, em sua maioria, questionários que consideram a própria percepção dos estudantes de medicina sobre os seus conhecimentos em Neuromedicina. Também, nesses trabalhos, a Neurologia é sempre vista como a área mais difícil entre as áreas que são perguntadas, e isso reforça ainda mais o reconhecimento da Neurofobia como um problema global e importante a ser combatido. Outros pontos abordados, e que contribuem para este impasse, são a pouca quantidade de aulas na área e a pouca quantidade de pacientes neurológicos vistos durante todo o período do curso.
Diante deste contexto, uma mudança no paradigma atual de ensino da Neuromedicina é urgente e necessária. Vários são os exemplos de alterações nesse modelo que poderiam trazer melhorias e que contornariam o problema da neurofobia, como aulas mais voltadas para a resolução de problemas clínicos, um maior número de aulas práticas (tanto na disciplina de semiologia neurológica como nas disciplinas de neuroclínica e neurocirurgia), rodízios específicos em neurologia durante o internato, professores mais bem qualificados,