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As Aventuras De Espigão E Pepino
As Aventuras De Espigão E Pepino
As Aventuras De Espigão E Pepino
E-book220 páginas2 horas

As Aventuras De Espigão E Pepino

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Sobre este e-book

Espigão e Pepino são dois irmãos que vivem na grande São Paulo, no ABC Paulista. Os jovens estão sempre envolvidos em encrencas, muitas delas, geradas por seu cunhado Pereira, recém desempregado do setor automobilístico, que vive à sombra de seu sogro. Verdadeiros nerds (que apesar de inteligentes, vivem sem ocupação), se deparam com aventuras hilárias, que vão de desavenças com Skin Heads, enrascadas com índios canibais, shows de rock, envolvimento com cientistas malucos, um pugilista gigante corintiano e vingativo, traficantes perigosos, entre outros. Também fazem parte das loucuras, sua irmã (que é atriz e cantora de funk), seus pais (típicos provedores da classe média baixa), um sujeito misterioso, imortal e de várias facetas (que é também um grande guitarrista de rock). O livro é uma crônica da vida moderna. Retrata nossos hábitos, nossos valores, nosso dia-a-dia. Os personagens são caricaturas da sociedade brasileira, mas principalmente das pessoas da Grande São Paulo e do ABC, que tem um estilo de vida muito próprio. Tudo é contado como se fosse uma série de TV, em capítulos individuais, mas que estão conectados por um enredo comum, que tem o seu grande desfecho no episódio final. O autor, Ronaldo Estevam, vive em São Paulo, mas é natural de São Caetano do Sul. Sua família ainda vive no ABC, e como é de praxe em suas obras, sempre retrata um pouco de si e de sua vida em seus personagens, onde o narrador é seu alter ego. Estevam formou-se em Artes Cênicas pela USP e coloca toda sua experiência com a arte cinematográfica em narrativas dinâmicas, que fazem com que o leitor não consiga parar de ler, como em suas obras Manual do Candidato a Pop Star e O Resgate da Alma . As Aventuras de Espigão e Pepino divertem o leitor com um humor inteligente, que mistura o politicamente correto e o incorreto, a linguagem culta e coloquial. Revela a Grande São Paulo em sua geografia (com seus rios e a farofa em Santos), suas festas (como a Parada LGBT e seus grandes festivais de música, como o Lollapalooza), e claro, sua diversidade cultural, que vai do rock ao funk, além de seus belos estádios com seus grandes clássicos do futebol. Mas também não deixa passar a violência urbana, o desemprego, a falência do sistema de saúde e de educação, tudo num tom irônico e crítico, do humor sarcástico de Ronaldo Estevam. Bom divertimento! Aproveite! Não se acanhe! Leia com seu senso de humor no volume máximo!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de jun. de 2021
As Aventuras De Espigão E Pepino

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    As Aventuras De Espigão E Pepino - Ronaldo Estevam

    1

    Copyright - Ronaldo Estevam, 2018

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão do autor.

    Violão e Cia.

    R. Augusto Farina 352, Butantã – 05594-000

    São Paulo – SP - Brasil

    Site: www.ronaldoestevam.com.br

    e-mail: violaoecia@globomail.com

    1-Ficção. 2-Comédia. 3-Aventura. 4-Crônica.

    5-Romance

    2

    Leia com senso de humor no volume máximo

    3

    Assim era no princípio

    Olá, gente boa! Deixe-me apresentar minha humilde pessoa!

    Meu nome é Walber Roberto Constantino da Silveira, mas todos me conhecem por Pepino. Isso mesmo, Pepino! Por que o riso? Hein? Hein?

    Seja qual for a sujeira que esteja em suas mentes, esse apelido surgiu por conta do meu nariz. Fui agraciado, ou amaldiçoado talvez, com um nariz enorme e adunco, que possui uma bela calosidade superior, que para muitos, não sei bem por que, consideram parecido com um pepino. Assim, meu apelido ficou e pegou, desde minha tenra infância.

    Sou muito branco, com cabelo liso preto, num corte estilo Beatle, já que não é possível fazer outra coisa com ele.

    Também tenho um corpo atarracado, que enfatiza minha baixa estatura de apenas 1,65. Não sei se por isso, meu irmão Astolfo Genivaldo Constantino da Silveira é chamado de Espigão, já que ele, em contraste comigo, tem 1,85 de estatura.

    Algumas pessoas acham que eu ainda vou crescer para alcançá-lo, mas acho difícil. Já tenho 18 anos de idade contra 22 anos dele, e Espigão sempre foi o que é: o mais alto da turma, desengonçado, tão magrelo que já foi também chamado de Tripa, tem o cabelo encaracolado, meio ruivo, meio loiro, 4

    sei lá que cor de cabelo é aquela. Consegue ser ainda mais branco azedo do que eu. Possui sardas no rosto, nos braços, no peito e nas pernas. Muita gente pergunta se somos realmente irmãos e chegam a duvidar da fidelidade da minha pobre mãe ao meu pai, já que ele veio da Bahia e tem a pele meio bronzeada. Normal, já que o sol de lá é forte... Apesar de que ele já mora em São Caetano há mais de 25 anos e continua com a mesma cor... Mas costuma ir à Praia Grande uma vez por ano... Que foi? Que estão pensando? Também estão duvidando da honestidade de mamãe???

    Voltando ao assunto que interessa! Mamãe era vermelha! Sim, tinha a pele avermelhada de tão branca que era.

    Sabe como é? Basta pegar um sol de nada que já fica toda vermelha. Mas enfim, outra hora falo de mamãe e de papai!

    Afinal essas são As Aventuras de Espigão e Pepino!

    Vivíamos os quatro, eu, meu irmão, papai e mamãe, felizes em nossa casa no bairro Barcelona em São Caetano do Sul, na região do ABC na Grande São Paulo. Papis

    trabalhava como metalúrgico numa grande empresa da cidade e

    Mamis era dona de casa. Eu tinha acabado o colégio e estava sem fazer nada, já que não havia entrado em nenhuma faculdade que prestei. Ficava à toa o dia todo, ouvindo música, olhando pela janela, mascando chiclete, jogando vídeo game, vendo TV, papeando no Whats App e no Facebook, coisa de quem não tem nada de útil pra fazer e nem tem interesse em fazer alguma coisa.

    5

    Espigão estudava engenharia no Instituto Mauá de Tecnologia, mas fazia três anos que não saia do primeiro ano.

    Só pensava em farra com os amigos, drogas, garotas peladas, prostíbulos e festinhas de embalo.

    6

    Muitas vezes nosso pai perdia a paciência e sentava a mão na nossa cara por sermos assim tão vagabundos, tão inúteis, tão imprestáveis!

    Mas essa vidinha boa estava prestes a acabar!

    Numa tarde calorenta tocou a campainha. Era minha irmã, com meu cunhado e a filha de um ano. Sim, caros leitores, eu tenho também uma irmã, ainda não mencionada, pois ela é o elemento crucial dessa crônica, que dá sentido a existência desse livro como um todo, pois foi a partir dessa chegada inesperada num dia de semana, numa tarde calorenta e enfadonha como tantas outras, que toda a nossa vida se transformou no mais perfeito e pavoroso INFERNO!!!

    - Mamãe! O Pereira perdeu o emprego na Volks! Não temos mais como pagar o aluguel, nem alimentar sua pobre netinha Romilda! Pobrezinha, ta chorando de fome o dia inteiro! Não tínhamos mais o que fazer, nem pra onde ir! A senhora precisa nos acolher aqui até ele ou eu conseguirmos algum trabalho! – assim disse em desespero trabalhado e ensaiado nas melhores escolas de arte dramática que minha irmã havia cursado. Ela sabia fazer um drama e convencer minha mãe e meu pai a sustentarem mais um par de vagabundos naquela casa modesta de classe média baixa.

    Minha irmã é Josefina Cremilda de Jesus Constantino da Silveira Pereira, mas gosta de ser chamada de Zezé, nome artístico adotado desde que entrou na sua primeira escola de teatro aos 13 anos de idade. Casou-se com um cara considerado um belo partido por meu pai, já que era um metalúrgico também e podia dar o conforto que ela jamais teria sendo atriz 7

    de profissão. Zezé na verdade nunca ganhou um centavo sequer com o teatro, só vivia fazendo cursos e mais cursos, antes pagos pelo meu pai e depois de casada, pagos pelo marido.

    Engravidou do Pereira de propósito, fazendo um furo na camisinha com uma agulha, quando tinha apenas 19 anos, pois queria segurar o cara, que considerava um bobo que ia sustentá-la o resto da vida enquanto ela tocava o puteiro com sua trupe artística.

    Manuel Mathias Pereira era realmente bobo, mas era um cara descente. Quando soube que tinha engravidado a namorada fez questão de se casar e dar tudo de bom que poderia dar a ela. Por ser mais velho, já com seus 30 anos, julgou que deveria arcar com o peso de sustentar a família, nunca exigindo que minha irmã trabalhasse, mesmo depois de recuperada do parto. Perder o emprego realmente deve ter sido um duro golpe para ele. Pereira era de estatura mediana, 1,72

    mais ou menos. Tinha os cabelos crespos, bem loiros, com olhos verdes e nariz avermelhado. Seus dentes eram bem tortos para frente e costumava cuspir quando falava. Dureza era que sofria um pouco de surdez e por isso chegava bem perto para falar com as pessoas, que saiam lavadas de cuspe. Além é claro da língua presa, característica marcante de vários metalúrgicos e sindicalistas famosos do ABC, como Lula e Vicentinho.

    Pereira era natural de São Bernardo do Campo. Nasceu num bairro próximo à fábrica da Volkswagen onde seu pai também fora trabalhador. Atualmente o velho vivia aposentado em Caxias do Sul.

    8

    Não era gordo nem magro, mas possuía aquela barriguinha trabalhada pelo salitre do refeitório da empresa e pela cervejinha dos finais de semana. Tinha como hobby bater uma bola com os companheiros de fábrica num campão de várzea lá em São Bernardo, mas agora, tendo que morar em São Caetano e sem grana, talvez ficasse um pouco difícil manter esse hábito saudável.

    Minha irmã era fisicamente bem diferente de mim e do meu irmão. Tinha os cabelos bem pretos, lisos e longos, pele amarelada, com olhos puxados, tipo uma oriental, lembrava bastante o Sr. Chong da academia de Kung Fu no fim da rua.

    Não sei pra quem puxou essa menina!?

    Opa! Respeite a idoneidade de mamãe!

    Mas como ia dizendo, minha irmã parecia uma figura extraída do musical Hair. Vestia-se como uma hippie, com roupas compradas em brechós e óculos escuros redondos gigantescos na cara.

    A bebê, Romilda, ainda não falava, só ficava tentando se equilibrar em pé, segurando no sofá e olhando pra cara da gente com aquele olhar estupefato de não estar entendendo nada do que estava se passando com aquele povo maluco ao seu redor.

    - Quero ver a reação do papai quando souber disso! –

    disse-me Espigão com preocupação.

    Mas nosso pai reagiu bem. Ele gostava muito do Pereira e se dispôs a arranjar um emprego para ele na fábrica onde trabalhava há vinte e cinco anos.

    9

    Assim, nos primeiros dias tudo era festa, alegria do avô e da avó com a netinha, aquela coisa linda! Mas o tempo foi passando, em função da crise, meu pai não conseguiu o emprego para o Pereira e as pessoas a mais na casa começaram a encher o saco.

    Nossa casa era alugada e meu pai sozinho sustentando aquele monte de pesos mortos, começava a dificultar no orçamento, e claro, pesava também no humor de papai. O ruim era que ele descontava seu mau humor em mim e no Espigão, gritando toda hora com a gente, exigindo que tomássemos uma atitude e arranjássemos um emprego.

    10

    Ele tinha um amigo que havia se aposentado e aberto um bar em Mauá. Pediu para que o amigo nos arranjasse algum serviço. Genuíno, que era o dono do bar, se dispôs a ajudar, em nome dos velhos tempos de amizade com seu conterrâneo, mas disse que seria um emprego temporário, já que o movimento andava meio ruim por conta da crise. Seríamos contratados para um teste. Se tudo fosse bem, ele nos registraria.

    No primeiro dia de trabalho chegamos bem cedo. Cinco e meia da manhã estávamos lá, e Genuíno já nos colocou para carregar uns engradados de cerveja que estavam chegando para dentro do estoque. Era muito peso para caras como nós, acostumados ao árduo trabalho mental e nada adaptados ao trabalho braçal. Eu ainda tenho um corpo forte e sendo baixinho, dava um melhor equilíbrio, além do reforço que meu nariz fornecia ao segurar a parte de cima do engradado como se fosse um gancho. Já meu irmão, magrelo e desengonçado, não tinha jeito, sentia muita dificuldade e num dado momento fatídico, acabou por tropeçar um pé no outro e sofrer uma queda de frente com engradado e tudo no chão. As garrafas de cerveja ficaram em cacos, assim como seu rosto e seu nariz que sangrava sem parar.

    Desesperado em socorrer meu pobre irmão, soltei também meu engradado que caiu com violência no chão, quebrando todas as garrafas nele contidas!

    Seu Genuíno torceu o rosto em fúria e só não sentou a mão na nossa cara em consideração ao meu pai, creio eu!

    Contou até 10 para se acalmar, ajudou a socorrer Espigão e 11

    relevou o incidente, imaginando que nada pior que aquilo pudesse acontecer.

    Chegavam os primeiros clientes do dia para tomar café e Genuíno nos apressou para atendê-los. Eu servia no balcão e meu irmão ficou na cozinha com a função de fazer café e preparar algum lanche. Espigão nunca tinha feito café na vida, e foi pondo pó e mais pó. Os clientes se impacientavam, e gritavam com pressa. Quanto maior a pressa, mais pó Espigão colocava. Corri lá dentro e antes mesmo que toda a água escorresse, já enchi a garrafa e levei para o balcão para encher os copos dos que estavam mais desesperados pela bebida quente matinal. Muito assustados ficamos eu e Seu Genuíno quando os clientes começaram a cuspir o café em cima do balcão, apavorados, fazendo caretas e gritando:

    - Mas que café horrível é esse! Tem pó misturado!

    Amargo demais! Não vou pagar por essa porcaria! – e assim foram saindo um por um, indignados e dizendo que nunca mais voltariam naquela espelunca.

    Assim, nosso patrão foi para a cozinha, mantendo-me no atendimento, mas colocou Espigão para limpar o chão.

    Na hora do almoço o movimento ficou bem forte. Tinha uma obra a poucos metros do bar e todos os trabalhadores vinham almoçar.

    Todas as mesas se ocuparam e a fome da rapaziada era tão grande quanto sua impaciência. Seu Genuíno fritava três bifes, duas bistecas, dez lingüiças, quinze ovos e um saco de batatas, tudo ao mesmo tempo, parecendo um polvo. Meu 12

    irmão continuava passando pano no chão, mesmo onde já estava limpo, só pra não ter que me ajudar a servir as mesas.

    Num dado momento, carregava eu quatro pratos feitos, dois em cada braço, correndo para levar logo a uma mesa onde quatro trabalhadores fortes, sujos de cimento até nos cabelos, esperavam com uma fome descomunal.

    O olhar deles para mim era ameaçador! Nem por um momento eu pensaria em desagradá-los, pois tinha amor por minha vida. Foi nesse momento tão complicado, que entrou uma baita de uma gostosa bar adentro que inevitavelmente fez com que todos aqueles olhos masculinos se voltassem para ela num ato instintivo e primitivo. Para meu azar, bem naquele instante, o rodo despercebido do meu irmão que ia de lá pra cá, escorregou à minha frente. Como nem eu, nem Espigão olhávamos para o chão e sim para a moça, foi minha vez de tropeçar no cabo do danado, impulsionando meu corpo para frente, fazendo voar dos meus braços os quatro pratos na direção exata da cabeça impregnada de cimento dos clientes pedreiros, fazendo de tudo um enorme angu de caroço que poderia custar minha vida e de meu irmão.

    Os quatro pedreiros fortes, totalmente sujos pela comida que ainda por cima estava muito quente, o que geraria queimaduras em seus rostos e braços, além do cabelo que começava a cheirar cimento queimado, se levantaram furiosos, urrando em nossa direção, como quando David Banner se transforma em Hulk.

    Achei que ia morrer naquele momento!

    13

    Mas Genuíno saiu correndo de dentro da cozinha com um facão do tamanho da minha perna e se colocou entre os pedreiros e nós.

    - Ninguém vai relar a mão nos meninos! Quem tentar eu sangro! – disse bravamente Genuíno com seu sotaque arretado do nordeste, com sangue nos olhos, louco pra cortar umas cabeças.

    Os quatro desistiram do intento de

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