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Do inferno à redenção: Trajetória de roubos, assassinatos, fugas, rebeliões e sofrimentos no submundo do crime
Do inferno à redenção: Trajetória de roubos, assassinatos, fugas, rebeliões e sofrimentos no submundo do crime
Do inferno à redenção: Trajetória de roubos, assassinatos, fugas, rebeliões e sofrimentos no submundo do crime
E-book454 páginas7 horas

Do inferno à redenção: Trajetória de roubos, assassinatos, fugas, rebeliões e sofrimentos no submundo do crime

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Sobre este e-book

O personagem principal é autor da própria história de uma vida sofrida e tumultuada.
Ainda muito jovem teve a família desestruturada pela separação dos pais, vendo-se na obrigação de ajudar a mãe no sustento da casa. Após tentar vários tipos de trabalho, foi apresentado ao mundo do crime, conheceu a ilusão do dinheiro fácil, mergulhando no mais profundo abismo da criminalidade. Conheceu também o mundo das drogas, nas quais se refugiava quando a tristeza, o remorso e a saudade da família o assaltava. A lembrança de sua mãe, dos sábios conselhos que ela dava incomodava quando ele percebia que estava fazendo tudo ao contrário do que ela lhe ensinava, mas pelo incentivo dos parceiros do crime foi incorporando novos conceitos como ser natural roubar das pessoas mais privilegiadas e tirar a vida daquelas que se colocavam em seu caminho, impedindo-o de realizar esse objetivo.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento26 de fev. de 2018
ISBN9788554541743
Do inferno à redenção: Trajetória de roubos, assassinatos, fugas, rebeliões e sofrimentos no submundo do crime

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    Do inferno à redenção - Evanildo Freire

    www.editoraviseu.com.br

    Sumário

    Dedicatória

    Introdução

    1989-1990 Início da vida no crime

    1991-1992 Acidente, prisão, sequestro e viagem ao Chile

    1993-1994 O assassinato e minha segunda prisão

    1995-1996 Chegada na Penitenciária I de Tremembé, São Paulo, A rebelião e as tentativas de fuga

    1997-1998 Fugas, assalto, prisão, transferência e permanência na casa de detenção de São Paulo, o maior presídio da América Latina

    Agradecimentos

    Do Inferno a Redenção Vida no crime: mais sofrimentos que conquistas (Volume II)

    Dedicatória

    Dedico esse livro:

    - A todas as mães que como a minha, Ana Cleusa Freire de Oliveira, nunca desistiram dos filhos. Mesmo nos piores momentos, mesmo desaprovando suas escolhas, estiveram presentes, apoiando com orações, com carinho e não perdendo a esperança de uma vida nova.

    - A todos os jovens que iludidos pela busca do dinheiro fácil, deslumbrados pelo poder que nos concede os bens materiais, adentraram para o mundo do crime, enfrentaram as consequências de seus atos e finalmente procuraram o caminho do bem, valorizando a liberdade, a consciência tranquila e conscientizando-se que só assim conquistamos a verdadeira felicidade.

    Introdução

    Os fatos aqui relatados são reais e por mim vivenciados. Não é ficção, mas a mais pura e dolorosa realidade.

    No dia vinte e oito de fevereiro de mil novecentos e setenta e quatro às 4: 10 h. no hospital Pronval de São José dos Campos, interior de São Paulo, nasci e recebi pela escolha de meu pai, o nome de Evanildo Freire de Oliveira, como meu avô paterno, meu pai, meus tios e meus irmãos eram palmeirense, meu pai achou que era hora de haver rivalidade na família. Então me presenteou com um uniforme do Corinthians, sendo isso a melhor coisa que ele fez.

    Meu pai trabalhava na Embraer como pintor, já tinha problemas sérios com o alcoolismo, mulheres e gandaias o que o tornava irresponsável e sem credibilidade, mas tínhamos casa própria, carro e bom estilo de vida, devido a esse bom emprego que ele exercia.

    Morávamos no Bairro Putim, zona leste de São José dos Campos e nessa época éramos em três irmãos: Clemilton, Venilton e eu. Depois de algum tempo, minha mãe teve a primeira filha, Claudinele.

    Foi, então que, segundo minha mãe meu pai foi demitido. Perdendo o emprego, começou a se embriagar constantemente e as brigas com minha mãe passaram a ser frequentes. Minha mãe, então teve que procurar emprego. Começou a trabalhar na Fábrica de cobertores da Tecelagem Paraíba, na zona norte de São José dos Campos.

    Não sei ao certo o que aconteceu com nossos bens, só me lembro que saímos de uma casa confortável para morar numa casa de madeira, no bairro Alto da Ponte, próximo ao emprego de minha mãe. Era um barraco de cor verde que ficou em minha mente. O dono, morava em frente, tinha um terreiro de macumba também feito de madeira. Muitas vezes, gostávamos de assistir os trabalhos lá realizados pelas frestas do barraco. Juntava tanta criança que com o barulho, chamava a atenção do Pai de Santo que saia na porta para colocar-nos para correr.

    Ás vezes, para nos amedrontar, jogava maldições, dizia que o bicho do mal ia nos pegar e quando descobriu que estava funcionando, nem corria mais atrás da gente. Logo que percebia que estávamos lá sondando seu trabalho, já repetia essas palavras.

    Era um lugar muito sujo, tinha muitos ratos. Acordava cedo para ver os ratinhos presos na ratoeira que meu pai armava. Muitas vezes, fiquei com os dedos presos na ratoeira na tentativa de armá-la.

    Mas o que me marcou mesmo nessa época, foi um episódio que ocorreu numa noite em que meus tios, Benedito e Janaina vieram nos visitar. Nesse dia estávamos sem energia elétrica e meus pais e meus tios sentaram- se à mesa para conversar à luz de velas. Fiquei por perto, não sei porquê. Mas senti que algo estranho estava acontecendo. No desenrolar da conversa dos adultos, consegui entender tudo: como meus tios não podiam ter filhos, vieram pedir para ficar com uma das crianças para ajudar na criação. Todos nós gostaríamos de ir com eles, pois a casa de meus tios era grande, bem arrumada, tinham boa comida, boas roupas, mas eles escolheram minha irmã caçula, Claudinele.

    Ficamos muito triste com a partida de nossa irmã. A casa ficou vazia, minha mãe chorou muito e eu acabei chorando também.

    Depois, mesmo com tantas dificuldades, nasceram Ester e Rosiléia e um pouco mais tarde, meu irmão caçula David.

    Por sorte, passado um tempo fomos morar na fazenda Tecelagem Paraíba. Como meu avô era funcionário da fazenda e minha mãe funcionária da tecelagem, tivemos direito de uma moradia na fazenda.

    O casarão, apesar de antigo, tinha três quartos, sala e cozinha enormes, banheiro, varanda espaçosa, pomar e um pedaço de terra para a gente plantar.

    Plantávamos milho, feijão, mandioca, meu avô criava porcos, galinhas e a vida, apesar de humilde, era boa e tinha fartura de comida. Vivíamos felizes pois, tomávamos banho de rio, andávamos a cavalo, de charrete, caçávamos pequenos animais e jogávamos bola. Como criança, não precisava de mais nada, foi uma época em que me senti realmente feliz.

    Aos sete anos, entrei na escola. Era uma exigência do dono da fazenda, que os filhos dos funcionários estudassem.

    Morei nessa fazenda até os treze anos, depois minha mãe foi despedida do emprego e meu avô se aposentou, então perdemos o direito de morar na fazenda. Foi então que, meus padrinhos levaram minha irmã Rosiléia para eles criarem, meu avô, pai de minha mãe, também levou Ester para morar com ele numa fazenda em Itajubá, sul de Minas Gerais, onde ele era funcionário. Meu avô, pai de meu pai comprou uma casa na Vila São Geraldo, mas se negou a levar toda família, ficando apenas com meu irmão caçula David.

    Então, meus pais, eu, meus irmãos Clemilton e Venilton fomos morar de favor numa casa de dois cômodos na fazenda Vargem Grande. Foi nessa fazenda, que um dia, estando caçando passarinho no mato, uma abelha picou próximo ao meu olho fechando-o por completo. Meu pai me colocou o apelido de Pirata e como eu ficava muito bravo o apelido acabou pegando.

    As coisas foram ficando cada vez mais críticas, pois com meus pais desempregados, estávamos vivendo de caridade e criticado pelo dono da casa que constantemente vivia exigindo a desocupação da mesma.

    Minha mãe arrumou emprego de faxineira numa empresa de ônibus, mas a situação não melhorou muito. O dinheiro era pouco, as necessidades continuavam e meu pai brigava todo dia com minha mãe por ciúmes, batia nela com violência, então ela foi obrigada a levar todos nós para casa de meus avós paternos, na Vila São Geraldo. Deixou meu pai e foi morar com uma das irmãs no bairro Putim.

    Ficamos morando com meus avós, tios, tias e primos e como eu já tinha treze anos consegui um emprego de gandula no Tênis Clube.

    Eu gostava do trabalho. O professor Tercindo, que tinha sido gandula no passado, ficava com um balde cheio de bolinhas de tênis dando sua aula. Minha função era não deixar faltar bolinhas no balde. O ruim é que só tinha folga na segunda-feira. Nos finais de semana, a gente ganhava algumas caixinhas que davam até para comprar um lanche, mas em compensação o trabalho era triplicado, não dando muitas vezes nem para ir ao banheiro.

    Eu e meus amigos, Barney e Marcelo, que também eram gandulas, começamos a nos esconder dos sócios do Clube que não davam caixinha.

    Tercindo e seu irmão Zé Galinha, eram professores, profissionais bem-conceituados, sempre treinaram a gente com o objetivo de transformar-nos em professores de tênis. Por falta de tempo, muitas vezes eles usavam para isso, a hora de almoço. Eles eram patrocinados pela Rainha, sempre eram chamados para fazerem os jogos de abertura de campeonato de tênis. Os dois jogavam muito, era bonito de assistir. Eles treinaram grandes profissionais como Cassio Mota e Jaime Oncis. Vinham jogadores de todo o Vale do Paraíba para treinarem com esses dois. Gente de Jacareí, Caçapava, Taubaté e até de Campos do Jordão.

    Após um ano de treinamento, Tercindo nos inscreveu para um campeonato de tênis, num torneio que foi realizado no Play Tênis em São Paulo. Fomos inscritos na categoria de iniciantes. Se chegássemos a conquistar até o terceiro lugar, íamos passar para a terceira classe. Se alcançássemos a segunda classe, poderíamos dar aulas para os iniciantes.

    Esse campeonato não foi tarefa fácil, pois eram quase cem participantes, a maioria era de gandula assim como nós. Tercindo arrumou o patrocínio da Rainha e se comprometeu a ser o nosso técnico.

    Estávamos inscritos em duas modalidades: equipe e individual. Na equipe eram três jogos individuais. Se a gente ganhasse dois jogos por equipe, já passava de fase por dois a um. Os jogos eram de mata-mata, perdeu, saía fora. No meu primeiro, na categoria individual que era maior de três setes, quem ganhasse dois setes, vencia a partida. Foi fácil. Ganhei de 6-0, 6-0. Meu adversário não fez nenhum game.

    A gente avançava com força no campeonato passando a ser considerados favoritos, mas não conseguimos chegar em terceiro lugar para que pudéssemos assumir a categoria de terceira classe.

    No individual, acabei pegando o Barney nas oitavas de finais. Embora eu sempre ganhasse dele nos treinos e nos jogos do Tênis Clube valendo lanche, acabei perdendo por dois setes a um. Perdi o primeiro por 6-4, ganhei o segundo por 6-2 e perdi o terceiro por 6-4. Fui desclassificado.

    Mesmo assim, Tercindo e o patrocínio ficaram contentes com nossos resultados, considerando ser o nosso primeiro campeonato. No mesmo ano, ele nos inscreveu num outro campeonato em Taubaté na mesma categoria de principiante, onde só o campeão passaria para a terceira classe. Chegamos como favoritos, pois todos os participantes tinham conhecimento do nosso desempenho em São Paulo.

    Foi um jogo muito difícil, quase saí fora no primeiro jogo, mas ganhei por 7-5 e 7-5. Nos dois setes deu Tie break. O segundo jogo também foi difícil, perdi o primeiro sete por 6-1, mas no segundo sete, o adversário começou a mandar bola só para minha esquerda, que era meu forte e foi só paralelas e cruzadas certeiras. Venci fácil o segundo e o terceiro sete.

    Nas quartas de finais, novamente deu Barney e eu, com o mesmo técnico e mesmo patrocínio. Tercindo ficou dividido e disse: - que vença o melhor. Venci facilmente por 6-2 e 6-3. Cheguei na final com um joseense que eu já tinha vencido no Play Tênis. Tinha uma grande chance de passar para terceira classe.

    Entrei muito confiante e isso me atrapalhou. Acabei perdendo por 6-4. Venci o segundo sete por 6-2 e então achei que se me concentrasse, venceria o terceiro sete. Dei trabalho, mas não consegui, perdi por 7-5 no tie break. Deu uma imensa vontade de chorar, pois havia chegado bem perto da terceira classe.

    Mas Tercindo não desistiu de nós e se empenhou ao máximo nos nossos treinos na hora do almoço. Ele achava que eu jogava muito só no fundo da quadra e decidiu me treinar mais no voleio. Dizia que eu era alto, tinha braços e pernas compridas e por isso devia subir na rede para tentar pontos no voleio.

    No ano seguinte, fomos inscritos num outro campeonato em Campos de Jordão. Barney novamente caiu na minha chave. Vencemos o primeiro jogo e passamos para o segundo.

    Barney sabia que com meus treinos no voleio, eu tinha me tornado mais forte e perdeu a esperança de vencer. Quando eu rebatia e subia na rede, ele se apavorava e acabava mandando as bolas também na rede

    Venci Barney por 3 e 6-0. Cheguei na final no meu terceiro campeonato. Como era minha segunda final, eu não apenas tinha mudado de categoria de principiante para terceira classe, com também fui campeão. Foi um jogo difícil e muito aplaudido pela torcida. Ganhei o título de terceira classe, um troféu e uma pequena quantia em dinheiro. Agradeci muito a Deus e ao meu treinador Tercindo.

    Quando voltei para meu trabalho, fui recebido com homenagens pelo gerente e pelo diretor do Tênis clube. Ganhei uma bicicleta e o direito de passar um dia de sócio no clube. Pude jogar tênis com os sócios, nadar na piscina e desfrutar de tudo que desejasse.

    Estava feliz e decidido a ser um professor de tênis. Eu precisava mudar só mais uma categoria. Se passasse para a segunda classe, Tercindo já ia tentar arrumar alunos e lugar para eu começar a dar aulas.

    Tudo corria bem, Tercindo já tinha nos avisado que havia feito a nossa inscrição num campeonato que iria acontecer em Caraguatatuba, litoral norte. Ele pediu para eu treinar firme porque os adversários da terceira classe seriam mais difíceis de vencer do que a classe de principiante.

    Mas num final de semana, Barney, Marcelo e eu, nos escondemos em cima do ginásio do clube para não ficar de gandula para uns japonese que não davam caixinha e ainda por cima gostavam de jogar em horários de sol ardente. O diretor furioso ficou a nossa procura. Foi nessa hora que eu tive a infelicidade de descer de nosso esconderijo para comprar pão com mortadela e refrigerante para lancharmos.

    Assim que parei no bebedouro, o diretor me viu e veio fuzilando:

    - Seus irresponsáveis, onde vocês estão escondidos? Procurei vocês em todo canto. Não vê que a quadra está seca, cheia de sócios jogando sem gandula. Vá já para a quadra, moleque irresponsável. Molhe a quadra e fique de gandula.

    - Senhor Valdir, quem tem que molhar as quadras é o zelador, não o gandula. Outra coisa, estou na hora de almoço – respondi.

    - Mas onde você estava durante a manhã inteira? Faz tempo que estou procurando vocês. Acha que o Clube vai ficar pagando salário se você não trabalhar? Pode ir embora, vou descontar seu dia, já que não trabalhou- falou cada vez mais irritado.

    -Estou aqui desde cedo e não vou aceitar perder o dia, sendo que marquei presença no cartão- retruquei.

    - Não vou ficar discutindo com um moleque irresponsável. Você está despedido! Amanhã, passa no departamento pessoal para acertar suas contas.

    Fiquei apavorado e implorei:

    - Não faça isso comigo, ser Valdir, agora que alcancei a terceira classe, preciso desse emprego para ter um futuro como professor. É o meu sonho!

    - Pensasse nisso antes, está demitido e ponto final!

    Não pude mais me conter:

    - Quer saber de uma coisa? Vá tomar no seu cu, seu velho folgado!

    Fui demitido, perdi essa grande oportunidade, tornei-me um maconheiro e começaram as brigas constantes com minha avó. Eu sentia que ela não gostava de nós, principalmente de mim. Quando minha mãe vinha nos visitar, ela não a deixava entrar, nós tínhamos que recebê-la no portão. Dizia ainda:

    - Quem quiser ver a mãe, pode ir embora de uma vez com ela, porque não vou mais querer aqui dentro.

    Eu era o primeiro a sair para ver minha mãe. Depois sofria as consequências com muitos maus tratos. Por maldade, minha avó fazia iguarias como bolo, pamonhas e escondia de mim. Mas ela não podia comigo. Ficava sempre de olho e quando descobria o esconderijo comia a bandeja toda. Eu era sempre o suspeito, mas negava veemente e como ninguém tinha provas, não podiam afirmar com certeza.

    Eu continuava fumando maconha, perambulando pelas ruas, até que alguns meses depois de ser despedido do Tênis Clube, um sócio dono de duas quadras de squash me arrumou um trabalho. Comecei a trabalhar a noite, mesmo sendo menor de idade. Passava a noite toda cuidando do clube quando comecei então a treinar e praticar essa modalidade.

    Como minha mãe e eu estávamos trabalhando, resolvemos alugar um cômodo e irmos morar juntos para dividir as despesas. Foi uma época difícil em que nós nos alimentávamos somente de café com leite e pão com mortadela, mas apesar dessas dificuldades e das lutas a minha vida estava mais agradável, harmoniosa e alegre e minha mãe também se mostrava mais feliz por ter-me ao seu lado.

    A gente só tinha uma cama de solteiro que era de minha mãe e outro colchão de solteiro que eu estendia no chão para dormir. Um fogão de duas bocas com um botijão de gás e absolutamente mais nada. O banheiro não tinha porta, minha mãe fez uma cortina com um lençol. Tudo era fechado, sem qualquer ventilação o que causada um cheiro de mofo constante.

    Passei a fumar menos maconha para que minha mãe não brigasse comigo e também porque queria economizar para comprar uma televisão, mas a noite no clube, durante o serviço eu fumava sempre, já que passava todo tempo sozinho.

    Nesse clube, havia um bar, não chegava a ser uma lanchonete. O dono do clube me autorizou a consumir tudo que desejasse desde que anotasse em uma folha para ser descontado no meu salário no final do mês.

    Eu fumava maconha, treinava e quando a fome batia, passava no bar como um furacão. Comia salgadinhos, doces, bebia refrigerantes, suco e não marcava nem uma bala para ser descontado no meu salário.

    Foi também nesse bairro que minha mãe e eu morávamos, Jardim Satélite, que tive minha primeira namorada chamada Marcia. Eu era virgem, nunca tinha feito sexo e nem beijado na boca, enquanto ela já tinha tido um relacionamento e então tinha uma boa experiência. No começo eu era bastante tímido, mas a Marcia começou a me passar confiança o que me deixava à vontade e logo iniciei minha vida sexual com ela. Passado um tempo, comecei a levá-la para passar a noite comigo no clube. Como éramos jovens e cheios de energia, passávamos a noite namorando e comendo tudo que havia no bar sem marcar nada. Nem treinando eu estava. Antes da secretária ou o dono chegar ao clube, a Marcia ia embora, pois se um deles flagrasse a gente junto, eu poderia ser mandado embora do trabalho. O dono do bar me perguntava se eu estava consumindo coisas. Eu respondia que não, pois estava trazendo marmita de casa.

    Um dia, um sócio do clube, esqueceu uma blusa importada em cima de um banco. Achei a blusa muito bonita e a guardei para mim. Quando o dono me perguntou sobre a blusa eu disse que não tinha visto, porém três dias depois, ele foi me buscar em casa para um serviço e me viu usando a blusa. Foi uma vergonha e eu acabei sendo demitido por justa causa.

    Num domingo, estava em casa com minha namorada, Marcia, quando de repente apareceu meu primo Nil, filho da irmã da minha mãe. Ele estava bem arrumado, relógio bom no pulso e dinheiro na carteira. Começamos a conversar, depois o levei para conhecer o bairro, fomos até o campo de futebol, conhecido como João do Pulo. Lá fumamos um baseado e nossa amizade ficou fortalecida. Ele não contou o que fazia para sobreviver e também nada perguntou sobre minha vida, mas gostou de mim e passou a frequentar minha casa, onde era sempre bem recebido por mim e pela minha mãe

    1989-1990

    Início da vida no crime

    Nessa época eu já tinha quinze anos e estava desempregado há quase um ano. Estava vivendo às custas de minha mãe e isso me incomodava. Sonhava com uma casa bonita e bem arrumada, de ter uma televisão, mas esse sonho parecia estar muito longe de se realizar.

    Saímos do tranquilo Bairro Jardim Satélite e fomos para Vila Machado, zona norte de São José dos Campos, um bairro muito agitado, com muitas brigas, assassinatos e muitas batidas policiais. Para a polícia ali só existia bandido e pessoas marginalizadas. As pessoas eram realmente mal-encaradas e eu não gostei nada de ter que morar ali, mas a casa, pelos menos era maior, sala, quarto, cozinha e banheiro. A situação financeira continuava difícil. Agora comíamos comida, mas só feijão com arroz e arroz com feijão. Eu continuava desempregado. Havia uma promessa de um professor de tênis me arrumar um emprego de gandula no Clube Santa Rita, mas o tempo passava e nada acontecia. Eu cheguei até a trabalhar de graça para ele na esperança de conseguir esse emprego.

    Em um belo domingo, Nil meu primo, apareceu em casa, acompanhado de Junior que era casado com minha prima Lucinéia, com a qual tinha um filho chamado Altieres.

    Junior era um Pernambucano que veio do bairro chamado Salgado em Caruaru, corrido da polícia por ter cometido um assassinato. Ele disse ter assassinado um cara de um grupo de extermínio e que com certeza já estaria morto se permanecesse por lá. Disse também que seu destino era a cidade de São Paulo, capital e grande metrópole, mas ao saber que São José dos Campos era uma cidade industrial e como tinha um tio ali residindo, resolveu descer do ônibus e pedir apoio a ele para arrumar um emprego.

    O tio tinha uma serralheria e o recebeu muito bem, dando-lhe abrigo, comida e um emprego na serralheria. Ele disse que estava muito bem e que já estava ajudando o tio nas despesas da casa, com parte do salário que estava recebendo. Estava de moto, muito bem arrumado e disse que andava com muitas minas. Disse ter trazido o revólver 38, com o qual havia cometido o assassinato e até tinha adquirido outro revolver 38 e que fazia uns serviços por fora que estava lhe rendendo muito bem. Só com o tempo, fui descobrir que na realidade, esses serviços extras eram na verdade roubos diversos.

    Contou-nos também que um dia, com posse desses dois revólveres havia sido surpreendido por um bandido conhecido como Esqueleto, na Vila São Geraldo, onde morava e trabalhava e que ele havia lhe roubado as duas armas. Assim que conseguiu outro revólver 38 começou a caçar Esqueleto e um belo dia o viu fumando um baseado na companhia de um outro bandido conhecido como Espingarda, isso porque trocava tiros com a polícia até com garrucha de dois tiros. Junior disse ter chegado atirando, mas só acertou o braço de Esqueleto. Depois quase morreu, pois os dois começaram a atirar nele com três revólveres 38. Mas ele saiu ileso. Depois disso os dois bandidos começaram a persegui-lo, foi então que ele se mudou para o bairro de São Judas. Lá conheceu minha prima e se casou com ela.

    Desde esse dia andava sempre armado. Estava nesse dia com um revólver 38, pois afinal se encontrava no território de Esqueleto, não propriamente no mesmo bairro, mas na região norte e a nossa casa era passagem dos dois bandidos para ir à cidade quer fosse de ônibus, bicicleta, a pé ou de moto.

    Estava um calor, um sol escaldante e Junior e Nil me pediram para leva-los para dar um mergulho, num lugar onde eu conhecesse. Levei os dois ao centro comunitário do bairro Alto da Ponte. Era um lugar ideal para dar um mergulho, pois ali o rio Buquira, desaguava no rio Paraíba. Eram um lugar gostoso e muito frequentado por pessoas que iam fazer piquenique. Tinha quadra de skate, quadra coberta de futebol de salão e basquete, campo de futebol e pista de Kart. Ainda proporcionava treinos de judô e capoeira.

    Junior e Nil, gostaram do lugar. Junior não fumava maconha, mas tinha outros vícios: cigarro, bebidas e cocaína que eu vi pela primeira vez. Nil, só fumava maconha e me aconselhou a nunca usar cocaína, pois era um vício muito dispendioso, além do mal que trazia para a saúde. Acatei o conselho e Nil e fiquei só na maconha. Vi que Junior mudou com o uso da cocaína pura. Seu semblante se modificou, os olhos ficaram mais aberto e mais atentos e então começou a olhar desesperadamente por todos os lados, sentindo-se ameaçado. Não estava mais à vontade como tinha chegado e fumava um cigarro atrás do outro. Nil percebendo que eu reparava a agitação de Junior, analisando os efeitos causados pela droga disse:

    - Não se preocupe, ele está na brisa, deve estar imaginado que seus inimigos estão por perto.

    Eu disse:

    - Pelo jeito, essa cocaína tirou o sossego dele, melhor a gente ir embora.

    - Vamos ficar mais um pouco. Aqui está legal – disse Junior meio travado.

    Como eu estava desempregado, resolvi perguntar a eles em que trabalhavam.

    - Junior é pintor de automóvel e funileiro. Eu sou ajudante dele, estou aprendendo o serviço de pintura e funilaria. Estamos com a ideia de montar uma oficina.

    - Boa ideia! Respondi, meio desconfiado.

    Os dois tinham as mãos muito limpas, sem nenhum resíduo de óleo ou graxa debaixo das unhas. Algo me dizia que estavam com mentiras.

    - E você trabalha com quê: Perguntou Nil, sem me dar chances de me aprofundar no assunto desse trabalho.

    - Estou desempregado e precisando muito arrumar um emprego. Respondi.

    - Vamos levar ele para trabalhar com a gente amanhã, Nil. O que você acha? Perguntou Junior.

    - Você quem sabe, respondeu Nil.

    - Quer trabalhar amanhã com a gente? Perguntou Junior.

    - É na oficina? Perguntei.

    - Sim, é só você lixar o lugar onde vamos passar massa corrida, é super fácil!

    - Vou sim, quanto vou receber pelo trabalho:

    - Tem dia que ganha bem, tem dia que ganha pouco. Depende muito do serviço. Respondeu Junior, agora parecendo estar um pouco melhor.

    Fiquei sem entender direito, mas mesmo assim aceitei o serviço e combinamos que eles iriam me buscar em casa, no dia seguinte por volta das 9 h. Depois disso, tomaram o ônibus circular e foram embora.

    Cheguei em casa todo contente, contando para minha mãe que no dia seguinte eu ia trabalhar em uma oficina junto com os primos Nil e Junior. Minha mãe, já desconfiada, quis saber os detalhes que nem mesmo eu sabia, mas garanti que era serviço honesto, pois era o que eu realmente acreditava ser.

    No dia seguinte, Nil e Junior apareceram em minha casa às 8:00 h, dizendo estarmos atrasados.

    - Não marcamos às 9: 00 h? Perguntei.

    - Quanto mais cedo a gente começa, mais cedo termina. Disse Junior.

    Arrumei-me rapidinho e sem nem tomar café fomos para o centro da cidade e depois direto para uma casa numa rua deserta. A casa estava toda fechada, não parecia ter ninguém, a garagem estava sem carro e numa parede do fundo da garagem estava pichado de spray preto: Se entrar aqui, a bala vai comer. NÃO ENTRE! "

    Junior olhou para mim e disse:

    -Pula o muro e espera por nós lá dentro.

    - Vocês estão pretendendo, roubar essa casa? Perguntei assustado.

    - Sim, é isso mesmo que você entendeu. Nós vamos roubar essa casa. Está cheia de coisas de valor. Disse Nil.

    - Nós não! Vocês vão roubar, porque eu estou fora. Respondi muito preocupado.

    - Deixa de ser bobo, primo! Não tem ninguém aí, estão todos viajando. Vamos pegar um bom dinheiro- disse Nil.

    - Você está louco? Não leu o que está escrito na parede? Disse eu, mostrando a frase.

    Eles riram e Junior disse:

    - O cara escreveu isso porque já roubamos essa casa, há uns sessenta dias atrás.

    - Nossa! Exclamei preocupado. Então nem deu tempo de o dono repor as coisas que vocês roubaram. Fiquei com pena do proprietário da casa. Coitado- pensei! Já foi roubado há apenas dois meses e agora querem roubá-lo de novo?

    - O cara e rico, primo! Já comprou tudo novo. Isso para ele é pechincha! Respondeu Junior.

    - Não acho justo fazer isso! Vou embora! Vocês deveriam ter me contado que esse era o trabalho de vocês. Teriam poupado meu tempo.

    - Não quer mesmo ir, primo? Perguntou Nil. Você vai se arrepender quando ver a gente com vídeo cassete, filmadora, joias, máquina fotográfica e outras coisas de valor.

    -Não, obrigado! Saí de casa em jejum, pensando que íamos fazer um trabalho honesto e só agora vocês me dizem que na verdade me trouxeram para roubar? Respondi indignado.

    - Se a gente falasse, você não ia querer, vir. Disse Nil.

    - Certamente que não! Era um dever de vocês me contarem do que realmente se tratava era meu direito saber antes.

    - Olha, primo! A gente pede desculpas por isso. Se você não quer participar, vamos respeitar a sua decisão. Pagamos um café para você e damos o dinheiro do ônibus para voltar para casa. Disse Nil.

    Eu estava precisando muito de dinheiro para ajudar minha mãe, melhorar nossa alimentação e ali dentro poderia estar o meu sonho de ter uma televisão colorida. Num impulso, resolvi participar do roubo, apesar da preocupação do que eu ia falar para minha mãe ao chegar com uma tv colorida em casa.

    - Então pula o muro e esconde lá, vou ficar dando cobertura. Depois eu e o Nil, entramos. Estou com um revólver 38. Se eu gritar ou dar um tiro você vai saber que sujou. Junior levantou a camisa me mostrando a arma.

    Meu coração gelou, só de pensar nessa possibilidade de sujar, mas Junior quebrou o gelo dizendo:

    - Pula, aproveita que não tem ninguém na rua.

    O desejo de ter uma televisão colorida, foi mais forte que todo medo e receio de ser pego.

    - Uma tv, vai ser minha! Disse eu antes de pular o muro.

    - Pula logo! Depois a gente vê isso. Não podemos ficar parado aqui por muito tempo, pode chamar atenção. Disse Nil.

    - Vamos pular nós dois- respondi muito nervoso.

    - Vá primeiro, vou pular logo atrás de você. Não se preocupe, vai dar tudo certo. Disse Nil.

    - Está bem, mas não demore- respondi enquanto ia para a direção do muro, olhando para ambos os lados para ver se não vinha vindo ninguém. Comecei a olhar para as portas e as janelas da vizinhança e estava tudo tranquilo. No quintal também não havia ninguém. Esperei apenas um carro que vinha vindo no começo da rua passar e em seguida pulei o muro da casa e me escondi rente ao muro, no meio de uma cerca viva. Meu coração estava acelerado, o suor descia da minha testa e eu fiquei ali gelado com medo que alguém tivesse me visto e então chamasse a polícia. E se isso acontecesse o que eu iria dizer- fiquei pensando... surgiram algumas ideias como por exemplo: que eu fui pegar uma pipa, que um amigo meu tinha jogado meu tênis ali e eu havia entrado apenas para pegá-lo ou então que estava resgatando meu gatinho que havia fugido para lá, argumentos esses que a polícia certamente não iria acreditar. E se pegasse a gente saindo com o produto do roubo, aí estaríamos fodidos, minha mãe ia ficar furiosa comigo.

    E os dois que ainda não tinham entrado? Já havia dado tempo, pensei ansioso. Passaram-se mais alguns minutos e nada. Pensei em desistir. Lembrei-me o que minha mãe sempre dizia: o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. Subi um pouco o muro, apenas para ter a visão do que estava ocorrendo e foi então que vi Nil na calçada de costas para mim, em frente à casa. Assoviei baixo só para chamar a atenção dele. Ele olhou para trás e me disse:

    - Abaixe, vem vindo gente. Assim que passar a gente pula.

    - Andem logo, senão vou sair- disse eu muito nervoso.

    Assim que o pessoal passou eles pularam o muro. Eu fiquei mais tranquilo, embora a preocupação de alguém ter visto os dois agora não me abandonava. Só o sonho da tv nova me animava. Ia ser muito bom ter uma em casa para ajudar a passar o tempo livre. Minha mãe poderia acompanhar as novelas que tanto gostava. Isso me acalmava um pouco, mas não via a hora de arrombar a porta, pegar tudo que tinha que pegar e sumir dali.

    Mas Junior não apresentou estar com nenhuma pressa. Assim que pulou, foi a um canto do jardim, abaixou as calças e começou a cagar tranquilamente. Aquilo foi um insulto para mim. Aproximei-me do lugar aonde ele estava e num tom muito baixo para que ninguém ouvisse e disse furioso:

    - Essa é hora de cagar? Limpa essa bunda e vamos logo fazer o que tem que ser feito.

    -Primeiro preciso cagar- respondeu Junior.

    - Você não está em um banheiro público, estamos realizando um roubo. Não é hora e nem lugar para você fazer isso.

    Nil se aproximou e tentou me acalmar:

    - Não se preocupe, isso já virou uma marca registrada do Junior. Toda vez que ele entra numa casa dá dor de barriga e se ele não cagar dá azar.

    - Só me faltava essa! Como pode um ladrão, parar um crime em andamento para cagar? Onde eu estava com a cabeça para aceitar participar de um roubo com um cagão?

    - Nossa, você é muito nervoso! Disse Junior já limpando a bunda.

    - Eu penso assim. Se vamos roubar temos que ficar o mínimo de tempo possível dentro da casa, pois num minuto tudo pode acontecer. Eu disse muito irritado.

    - O que por exemplo? Perguntou Junior levantando a calça e fechando o cinto.

    - O dono da casa pode chegar, alguém pode ter visto e ter chamado a polícia... muitas coisas podem acontecer. Um verdadeiro ladrão não pode perder tempo, faça-me o favor!!

    Nil riu e disse:

    - Vamos olhar as janelas, porque foi instalado alarme na porta.

    - Como sabe que tem alarme? Perguntei.

    - Está vendo aquela caixinha branca com luz vermelha ali no canto? Respondeu Nil me fazendo observar mais de perto.

    A caixinha estava no alto, próximo ao telhado de onde saia um fio branco que passava pelo vão da porta da cozinha.

    - E se cortássemos o fio? Perguntei sem noção nenhuma.

    - Se isso resolvesse alguma coisa eu já teria feito, mas se fizer isso vai acionar, se forçarmos a porta também. Por aqui não tem mesmo jeito. Explicou Nil.

    - Vamos entrar pela janela. Disse Junior, verificando as possibilidades e já tirando um pé de cabra da mochila; rapidamente estourou o trinco abrindo a janela com facilidade. Porém havia grades de ferro, constatamos.

    - Maldito, colocou grades de ferro na janela. Disse Junior revoltado.

    Mas agora sem perder tempo, tirou uma serra da mochila e começou a serrar uma das finas barras de ferro da grade chumbadas na parede. Dentro de poucos minutos três barras de sustentação estavam serradas, então foi só forçar um pouco que a barra de cima se quebrou.

    Junior deixou a barra em minha mão e foi entrando com Nil para dentro da casa. Achei estranho. Para pular o muro, me colocaram na frente, agora que tudo estava mais fácil, me deixaram por último.

    Até achei graça, mas imediatamente, deixei a barra na grama e também entrei para o interior da residência.

    Fiquei deslumbrado com tantas coisas bonitas e de valor. Fui logo desconectando a televisão de marca, bonita grande e colorida.

    - Essa tv é minha- eu disse eufórico como uma criança diante da realização de um sonho.

    Junior e Nil procuravam dinheiro, joias, revólver, máquinas filmadoras, coisas de mais valor.

    Achou uma filmadora grande, bonita e nova, daquelas preferidas das pessoas de posse. Nil apareceu logo em seguida com duas máquinas fotográficas, um relógio de ouro, algumas correntes e anéis também de ouro. Colocaram tudo no sofá e quando Junior viu a tv já desinstalada que eu também coloquei no sofá, disse:

    - Só tira o vídeo cassete, a tv a gente não vai levar, é muito grande. Além de chamar atenção é muito pesada.

    - Negativo, protestei. Só entrei aqui por causa dela. Vou leva-la.

    Junior achou melhor não discutir, apenas disse:

    - Então é você que vai levar ela nas costas, nem conte comigo para levar esse peso.

    - Pode deixar que eu

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