Cicloviagens 2018
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Cicloviagens 2018 - Caroline De Barba
CICLOVIAGENS
2018
POR
CAROLINE DE BARBA
PARTE 1: OS CICLOAVENTUREIROS DE 2018
Eu que vos escrevo, Carol, sou apaixonada por ciclismo. E não poderia ser diferente. Nas minhas veias correm sangue italiano e francês. A Itália e a França sediam as maiores competições ciclísticas do mundo: o Giro de Itália e o Tour de France. Mas existe uma pitada de sangue bugre que corre nessas mesmas veias... E assim fui me apaixonar, não pelo ciclismo de estrada como nas grandes voltas, mas sim pelo MTB.
Também sou o cérebro da viagem, vulgo ‘cega pelo guia’. Música: nenhuma, adoro o silêncio.
Rodrigo, meu marido, vulgo ai minha bunda
. Música: I’m read to go home
.
Ricardo, meu cunhado, vulgo garanhão. Música ah se eu fosse marinheiro
.
Sozinha ou com essa 'dupla de gêmeos' fiz lindas cicloviagens em 2018. E são essas aventuras que vou contar nesse livro.
PARTE 2 – ESQUARTEJANDO UM SONHO- EXPECTATIVA: CHEGAR AO FIM DO MUNDO. REALIDADE: CHEGAR À CAMBARÁ DO SUL.
CAPÍTULO 1: DE ONDE BROTA UMA IDEIA DESSAS
Como surge a pira louca de uma viagem de bike? Vou contar para vocês...
Era setembro de 2017 e eu estava fazendo minha ronda diária nas minhas páginas do Facebook. De repente me deparo com o anuncio de lançamento de um livro: Pedalar é Possível
. Como sou uma consumidora voraz de literatura de aventuras reais, fui pesquisar mais a respeito da obra. OMG! O livro contava a história da viagem de bicicleta realizada por pai e filho para o Ushuaia. Mas o mais enlouquecedor foi descobrir a cidade de partida: Itajaí- SC. Pertinho assim
aqui de casa! Pirei! Comprei o livro na hora e assisti ao vídeo da tal viagem no Youtube.
Que lindo! Também quero! Também vou! Afinal, como diz o título do livro: pedalar é possível! Devorei o livro anotando tudo que era relevante para repetir a façanha, saindo aqui de casa. A ideia de não precisar pegar ônibus ou carro para começar uma expedição era simplesmente encantadora! Odeio rodovias.
Tracei a rota no Google e a quilometragem arrepiou os cabelos da cabeça: 5000 km! Não teria férias que chega para isso. Já tinha mandado meu marido arrumar uma bike decente para cicloviajar, pois teríamos que carregar barraca (as bikes dele não têm furação para bagageiro). Revi o roteiro e mandei cancelar a bike: iríamos somente até o Chuí esse ano. Eu picaria essa aventura para caber nas nossas férias. Seriam apenas 1100 km.
Como não me agrada pedalar pela BR 101, principalmente no verão, resolvi dar mais um crédito para o Antônio Olinto e peguei seu guia Caminhos do Sul para traçar a rota.
Sou apaixonada por serras e por lá iríamos passar até o centro do Rio Grande do Sul (o guia vai até Gramado). Rodrigo adora praia. Então, de São Francisco de Paula cortaríamos para o litoral. Seguindo o mais perto possível do mar até o destino.
Até São Francisco de Paula foi tranquilo mapear a viagem com o guia Caminhos do Sul, além do que já conheço essa região. Dali para baixo é que seria o problema: não conheço nadinha, nem o nome das cidades. Corri no Google. Adoro o Google, não vivo sem ele!
Comecei a procurar as cidades até o Chuí, passando entre a Lagoa dos Patos e o mar. Existe ali uma área de reserva ambiental e fiquei preocupada com hospedagens. Dizem que tem quilômetros de paria deserta por ali... Ouvi dizer uns 200 km...
Dito e feito! O roteiro ficou com dois dias super longos: 165 km entre Bojuru e Bacupari e 145 km entre Taim e Santa Vitória dos Palmares. O consolo era a altimetria dos percursos: nenhuma!
Fui dar uma espiada na direção dos ventos e não gostei nada do que eu vi. Parei de olhar. Fiquei com medo. Já pensou pedalar 165 km com vento na fuça?
Assim, com a rota pronta, tendo 14 dias de pedal, fui pesquisar as hospedagens. Mas sem uma data certa fica difícil pedir informações, ainda mais final de ano, quando surgem os terríveis pacotes
. Sondei nas escolas que trabalho o dia da alforria dos alunos (assim como a Lei Áurea há muita discussão antes de chegar há um consenso). Sem uma resposta definitiva, usei a data de férias do meu ilustríssimo marido para acabar com essa ansiedade: 20 de dezembro. Pronto: calibrei a planilha com as datas de chegada em cada lugar e fui para a odisseia de pesquisar hotéis.
Hotéis em 14 cidades diferentes... não é moleza não! Dá-lhe anotar para quem mandei mensagem para não me confundir! Nessas incontáveis horas na frente do computador descobri que o melhor lugar para pesquisar é no Google Maps. Aparece quase todas as opções, já me indica se é longe do centro e qual o preço aproximado. Coloca o Trivago no chinelo!
Também descobri que muitas pousadas não tem site, mas a esmagadora maioria tem Facebook! Maravilhoso! E o mais importante: descobri que entre Bojuru e Bacupari tem um lugar chamado Mostardas! (Quanto nome engraçado!) e com hospedagens!
Agora meu roteiro tinha 15 dias de pedal e o trecho de 165 km ficou dividido em dois trechos de 65 e 105 km. Ufa! Que alívio! Eu passaria a viagem toda me preocupando com esse dia de 165 km com certeza...
Porém, contudo, todavia... Como no filme das Panteras, nosso telefone tocou e era nosso querido chefe. Surgiu um grupo para guiar no Circuito das Araucárias. Data: 26\12 a 31\12. Adoro o esse circuito e meu sonho foi esquartejado novamente.
Minha primeira ideia foi cancelar tudo. Mas uma tristeza se abateu em mim e passei mais uma tesourada no roteiro. Iríamos percorrer apenas a parte das serras do roteiro, até São Francisco de Paula. Todo o resto ficaria para outras oportunidades. Nova data de saída: 01 de janeiro. Dias de pedal: apenas 7.
CAPIÍTULO 2: A VIAGEM COMEÇOU- MATANDO 30 KM DE CARA E CONHECENDO AS PIRAMBAS DE PRESIDENTE NEREU
Foto: Rio Itajaí- Mirim em Vargem Grande- Apiúna.
Dia 01 de janeiro. Nada como começar o ano com uma viagem de bicicleta! Assim, eu, Rodri (meu marido) e Rica (meu cunhado) deixamos o lar numa segunda- feira de manhã, no primeiro dia de 2018.
Precisamos cortar 30 km do pedal de 110 km para deixar o carro da Seledon (empresa de cicloturismo para qual trabalhamos) em Timbó. (Havíamos guiado um grupo pelo circuito das Araucárias do dia 26 ao dia 31 de dezembro.)
Às 9h 30 partimos pedalando numa Timbó que ainda dormia após os festejos de ano novo. O tempo estava nublado e nós apreensivos, chovia há três dias.
Pedalamos por asfalto plano até Rodeio. Uns 20 km. Os meninos já pararam no único mercadinho aberto para tomar sorvete e refri. O dono, barbudo e muito alegre, parecia o Papai Noel...
Após 6 km sacolejantes no calçamento irregular chegamos à cidade de Ascurra. E finalmente entramos em estrada de terra. A estrada margeia o grande rio Itajaí- Açú, proporcionando belos visuais. Em alguns trechos um paredão de rochas nos acompanhou. A água escorria por eles e um líquen verde brilhante crescia ali.
Rapidamente