Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Entrelinhas
Entrelinhas
Entrelinhas
E-book102 páginas1 hora

Entrelinhas

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Se "o que fica nas entrelinhas é o que me sufoca", faço da literatura meu ar, da poesia meu respiro, da escrita minha sobrevivência.
Entrelinhas reúne textos em prosa e poesia daquilo que está por ser dito, mas já é sentido. Expressa o que já é definido, mas não consegue ser vivido. Coloca nas entrelinhas do texto o que está nas entrelinhas do sentir. Porque entre essas linhas, há sentimento, amor, desejo, descobertas, autoconhecimento, diálogo, relações.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento19 de dez. de 2022
ISBN9786525433530
Entrelinhas

Relacionado a Entrelinhas

Ebooks relacionados

Poesia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Entrelinhas

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Entrelinhas - Marco Túlio Câmara

    Agradecimentos

    Milton diz que sonhos não envelhecem e também não se perdem. Se nenhuma escrita é solitária, o processo de sentir e existir tampouco é. Para que essas linhas pudessem ser preenchidas e publicadas, contei com o apoio espontâneo e caridoso de muita gente que me acompanha nesses tempos balzaquianos. Agradeço especialmente aos seguintes incentivadores:

    Aldine Mara, Aline Carvalho, Aline Vimiero, Alvino Amaral, Amaurílio Câmara, Ana Laura Fontes, Andreia Martins, Antunes Rafael, Aquiles Vilar, Bruna Vargas, Carolina Palma, Eni Pena Câmara, Fernanda Pônzio, Frederico Cabala, Gabriel Ramos, Gilberto Cardoso, Hanna Bhering, Hêmille Perdigão, Isabela Moreira, Italo Lana, Izadora Pimenta, Jéssica Dorta, Júlia Viotti, Lídia Breyner, Lilian Lima, Lilian Moura, Lucas Mariano, Luciana Salgado, Maria Cristina Souza, Maria Geralda Lima, Marina Barroso, Mateus Câmara, Mauro Mata, Mayara Apolinário, Mayara Barbosa, Nara Bretas, Natália Silva, Nathália Brandão, Nicholas Mendes, Núbya Guimarães, Patrícia dos Santos, Paula Carvalho, Paula Luiza, Priscila Christie, Rafael Daher, Rafael Giacomin, Raíra Barbosa, Ramone Sampaio, Renato Martins, Roger Passos, Samara Menezes, Sara Andrade, Sofia Fernandes, Stael Pena, Stenio Carvalho, Talita Gantus, Tamara Heringer, Thais Duarte, Thiago Nazar, Vera Lúcia, Yasmin Winter.

    Sem vocês, esse livro não existiria. Sem vocês, eu não seria.

    Prefácio

    Hêmille Perdigão¹

    Ouço ruflar por estas plantas, eu aquele

    Infinito silêncio a esta voz

    Vou comparando: e me recordo o eterno

    E as mortas estações, e a presente

    E viva, e seu rumor. É assim que nesta

    Imensidão se afoga o pensamento:

    E o naufragar me é doce neste mar.

    Giácomo Leopardi.²

    Entrelinhas, obra de estreia de Marco Túlio Pena Câmara, reúne contos e poesias escritos ao longo dos anos. Aquilo que, até então, ocupava a tela do computador, passa, agora, a ocupar páginas de livros, e, por conseguinte, os livros ocuparão as mãos e as mentes daqueles que aceitarem o convite do autor de lerem atentamente o que, até então, nunca esteve nas linhas principais. A pergunta inicial, que deve reger a leitura, é: afinal, o que, durante todos esses anos, estava apenas nas Entrelinhas ?

    A obra tem início com um poema em primeira pessoa, no qual há uma repetição das palavras: Sou feito de. O eu lírico, então, se forma na frente do leitor, explicando, a quem o lê, quais são os ingredientes que está misturando naquele processo. Em seguida, a primeira pessoa e o eu lírico desaparecem, cedendo espaço a um narrador em terceira pessoa, que permanece em cinco contos como um observador da rotina e dos sentimentos desse eu cuja formação presenciamos no poema de abertura. Por ser em terceira pessoa, o narrador pode analisar, julgar, entender e explicar aquilo que o eu vive, sente e não diz. O narrador desses cinco contos escava esse ser e joga luz sobre o não-dito e muito sentido. Incomodado, esse eu, agora tão exposto, retoma o controle narrativo. Dessa vez, não em forma de poesia, mas em narrativas em primeira pessoa, que se estendem por algumas páginas.

    Após ter sido acuado por um narrador analítico que o expôs, o eu se revela com suas próprias palavras, de um jeito que, conforme ele mesmo confessa, nunca havia se exposto antes. Tal exposição talvez tenha se dado após o incômodo de se ver narrado em terceira pessoa ou, talvez, porque ele pense que a confissão é para si mesmo e não para outrem, logo, não precisa ter vergonha, receios. Em Mais que a solidão me dá: a dor de encontrar, o narrador confessa: O uso da primeira pessoa não é em vão. Pela primeira vez, escrevo como desabafo direto, expondo-me nu a quem quiser ver. Todavia, ao contrário do que pensava, o fato de ser para si não tornou o processo mais fácil. Se o narrador em terceira pessoa escava e mostra o íntimo como quem busca uma pedra preciosa, o narrador em primeira pessoa não busca pedras pois não lida com nada sólido. O seu processo é de imersão em uma imensidão de líquido. Decorrente disso, esse conto, o último de uma sequência em primeira pessoa, termina em um afogamento na solidão: _ A so-li-dão! _ balbucio. / E me afogo.

    Em seguida, retorna o narrador em terceira pessoa, em um conto intitulado Para você o que você. Novamente, como já lido na primeira aparição desse narrador, assistimos ao processo de acordar desse eu que é o objeto de análise de toda a obra. Diante do afogamento do narrador em primeira pessoa, ou o narrador-mergulhador, o cetro da obra volta para as mãos do narrador em terceira pessoa, ou o narrador-escavador, que faz, novamente, aquilo que tanto aprecia, a saber, adentrar o silêncio do ser em seu processo de acordar: Eram 7h30 da manhã. Sem muito ânimo, olhou o relógio revoltado: a cama era o seu melhor abrigo.. Bem, se o narrador em primeira pessoa, após se confessar em vários contos, acabou por se afogar, nada melhor do que retomar a terceira pessoa sobre algo firme como um colchão, que afastará o perigo de novos afogamentos.

    Sentindo-se seguro sobre seu palpável colchão, o narrador em primeira pessoa se arrisca novamente, naquele gênero que lhe dá mais segurança: a poesia. Temos, então, É de mim tão desigual, com versos carregados de definições de si. Levando em conta que a canção que embala essa poesia é Quereres, de Caetano Veloso, talvez, diante de tantas autodefinições do talentoso músico brasileiro, como em um diálogo, o eu desta obra lhe responde e se define também. E, para se definir, nada melhor do que abandonar a forma narrativa e se tornar um eu lírico de uma poesia. As definições são: Sou consolo, Sou companhia, Sou simpatia, Sou carinho, Sou refúgio, Sou melancolia. O eu lírico se define com substantivos abstratos, ao invés de adjetivos. Usar adjetivos significaria ser mais um melancólico entre tantos, mais um carinhoso entre tantos,

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1