Lembranças de um Arigó: Uma viagem inesquecível e poesias
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Lembranças de um Arigó - Clodoaldo Pereira de Oliveira
Conteúdo © Clodoaldo Pereira de Oliveira
Edição © Viseu
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de 19.2.98).
Editor: Thiago Domingues Regina
Projeto gráfico: BookPro
Coordenação Editorial: Giselle Rocha
Consultoria Editorial: Marcelo Mezzari
Copidesque: Isis Maureen
Revisão: Júlia D’Elia Vinhal Rodrigues de Sousa
Capa: Marcella Baldassin
Diagramação: Ytana Mayanne
e-ISBN 978-65-254-4215-0
Todos os direitos reservados por
Editora Viseu Ltda.
www.editoraviseu.com
Agradecimentos
Agradeço a Deus em primeiro lugar, por minha existência, e depois aos meus pais Felipe Mateus Pereira e Maria Benvinda de Oliveira, que pela disposição e coragem, preocupados com a educação dos filhos para uma vida diferentes das suas, deixaram a terra natal em busca de melhores condições de vida.
Esta preocupação sobre nossos estudos era a principal e nós percebíamos. Até porque eles sempre repetiam que precisávamos estudar para termos uma vida digna. O mundo é cruel e quem não se prepara fica sempre à mercê da vontade alheia
, diziam.
Também agradeço aos meus irmãos Vicente de Paula Pereira, Messias de Oliveira Pereira e Maura Pereira Sena, que me passaram boas informações e assim pude chegar ao livro que ainda não diz tudo o que temos de informações colhidas, uma vez que me limitei a escrever apenas sobre o período até a nossa chegada a Porto Velho, parte que acredito que tenha sido a mais difícil, a mais marcante.
Prefácio
Ouvi dos meus pais passagens de suas vidas, de suas andanças e suas dificuldades. Volta e meia minha mãe argumentava sobre a difícil trajetória da sua vida e que isso com certeza daria um belo livro, de magnífica e vitoriosa história.
Aquela conversa me trazia sempre o desejo de um dia realizar a sua vontade e publicar um livro com parte de suas peregrinações. Deixar escrito para o conhecimento de muitos, um pouco do que foi a sua vida. Assim, entendia ser um sonho seu, alguém escrever sobre a sua vida.
Mas, somente após o seu falecimento em maio de 1995, resolvi colocar a ideia no papel. Lamento muito ter deixado o tempo passar sem pelo menos ter iniciado uma ação, antes deste acontecimento. Com certeza teria sido possível colher mais informações, perguntando a ela.
Infelizmente, me acomodei e perdi muito com esta demora. Mas, mesmo tardiamente, resolvi buscar na mente o que me fosse possível lembrar. Em busca de mais informações, solicitei aos meus irmãos Vicente de Paula, Messias e Maura, que me ajudassem com suas lembranças sobre nossas infâncias, passando para o papel, mesmo que fora da ordem de acontecimentos.
E assim o fizeram. Dos seus escritos utilizei apenas o que compreendia o período da viagem até Porto Velho-RO. O que me levou ao título de Lembranças de um arigó – uma viagem inesquecível.
O que seria a palavra arigó
?
No Google, encontrei exatamente como a minha mãe dizia quando chegamos a Belém:
Nos estados do Amazonas e Pará, principalmente, arigó é termo designativo dado aos nordestinos, em especial cearenses, que para cá migraram a fim de participar da
batalha da borracha, ou seja, extração do látex das seringueiras no esforço de guerra durante a Segunda Guerra Mundial. A maioria dos que para cá se deslocaram aqui se enraizaram, não mais regressando às suas terras de origem.
Uma viagem inesquecível?
A viagem tornou-se inesquecível, por sua duração de mais ou menos seis meses, com suas dificuldades e ocorrências, que levaram minha mãe a momentos de desespero e de muito choro.
Primeiro a bordo do navio Duque de Caxias
da Marinha do Brasil, por mais ou menos três dias de Fortaleza a Belém e depois a bordo de um navio a vapor chamado Chatinha
, da ENASA, por mais ou menos trinta dias de Belém a Porto Velho.
Mas, o mais importante, depois da conclusão da viagem, com a família já recomposta, é que minha mãe se considerava vitoriosa e dizia sempre: Sofri muito sem nunca desanimar para criar meus filhos, vê-los formados, donos de seus narizes e andando de cabeças erguidas.
E foi realmente assim, os seis filhos que chegaram à fase adulta não deram preocupações quanto a problemas de desvio de conduta. Conquistaram seus caminhos com muita dignidade, estudando e trabalhando. Era a isto que ela considerava vitória, mesmo com o sofrimento da perda dos que ficaram pelo caminho, visto as condições desumanas que enfrentou.
E as poesias?
Minha mãe adorava poesias e ainda lembro alguns poetas das suas preferências. Como Casimiro de Abreu, Olavo Bilac, Castro Alves, Gonçalves Dias e Fagundes Varela.
Razão que me fez incluir neste livro algumas de minhas poesias. Logicamente não estão na mesma grandeza dos poetas mencionados, mas que com certeza, ela daria uma boa nota. Nota de mãe.
Obrigado, mãe, por tudo que nos ensinou e desculpe-me em não ter realizado o seu sonho com antecedência.
O autor
Homenagem
Acróstico
Quando queremos fazer uma homenagem a alguém e fazemos versos usando cada letra do seu nome, fazemos um acróstico. E desta forma, resolvi homenagear meu tio/padrinho, Antônio Fernandes de Araújo, que me foi uma pessoa importantíssima.
Quando ainda criança, em Fortaleza, e meu pai já havia partido para o Amazonas, ele esteve sempre atento às nossas necessidades e auxiliou minha mãe até o dia da nossa partida.
E, após muitos anos, eu em Manaus e ele em Fortaleza, soube que eu gostaria de comprar uma casa em Fortaleza e resolveu ajudar-me na construção de uma.
Foi coisa de quem gosta de ajudar, de fazer alguém feliz sem cobrar nada. Preocupou-se em fazer tudo, como se estivesse fazendo para ele. Contratou trabalhadores, administrou a execução da obra e também executou alguns serviços que considerava importante sair à sua maneira.
Não fui o único a ter o privilégio da sua ajuda, isto fazia parte da sua maneira de ser. Bastava alguém mencionar uma necessidade, e lá estava ele, pronto a ajudar. Às vezes até saindo na frente, dando o pontapé inicial, como aconteceu comigo.
Um dia, visitando Fortaleza, e já na casa pronta, deitado e viajando no meu passado, resolvi fazer um acróstico em agradecimento. Até porque ele tinha sensibilidade poética e muita facilidade em expressar sua visão de vida, seus sentimentos. Fazia suas canções para a sua musa inspiradora, minha tia Rita, sua esposa.
Fiz o acróstico, sobre a sua ajuda, enfatizando o momento da minha partida de Fortaleza ao Amazonas.