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De repente, me sinto como sol nascente
De repente, me sinto como sol nascente
De repente, me sinto como sol nascente
E-book160 páginas2 horas

De repente, me sinto como sol nascente

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Sobre este e-book

Uma carta de amor à minha alma gêmea, que me observa além do tempo e do espaço com olhos nostálgicos.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento30 de mar. de 2023
ISBN9781667453897
De repente, me sinto como sol nascente

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    De repente, me sinto como sol nascente - Hitomi Iida

    De repente, me sinto como sol nascente

    Hitomi Iida

    Índice

    Prefácio

    Raízes

    América

    Alma Gêmea

    Primeiro Ato – Morte paterna, aquisição da cidadania, desemprego, fundo do poço?

    Segundo Ato – Seu funeral

    Amigos e Família

    Texas

    De repente, me sinto como sol nascente

    Posfácio

    Prefácio

    Uma sensação estranha de tempo continua a reviver em mim, assim como uma visita curta e tranquila à uma floresta apenas dizendo coisas sem sentido sabe? Não sentia há décadas a paz que é ficar esparramada na grama relaxando.

    Deitada em baixo das árvores, estico meu corpo ao máximo e posso ver um céu azul sem nuvens, isso me fez lembrar da minha infância num passado distante.

    Em Novembro de 2008 o céu do norte da Califórnia nos Estados Unidos me fez lembrar do lindo céu azulado a qual observava na zona rural de Aomori quando criança. Estando por mais de trinta anos em um país estrangeiro, não me sinto uma estranha, pois nesta paisagem, existe uma beleza universal.

    Desde muito tempo atrás, essa coisa conhecida como céu, que onde quer que eu esteja no mundo, independente da circunstância, me transmite sentimentos e sensações nostálgicas de momentos memoráveis.

    Portanto, quando olho para este lindo céu azul, com árvores cobrindo minha cabeça e um bando de pássaros voando, eu me pergunto, qual a diferença entre trinta anos atrás e agora... Mas, quando penso sobre isso, sinto que são apenas mudanças.

    Estou trinta anos mais velha e em um país diferente do meu. Não existem cabines telefônicas nas esquinas das ruas, é uma época em que não se pode viver sem um celular ou computador. Muitas coisas haviam mudado desde que meus pais disseram adeus à este mundo.

    Porém, algo básico como apreciar o aroma das flores, observar o azul do céu, sentir a brisa do vento, entre outras coisas, é fundamental para mim.

    Definitivamente, não há nada neste universo que seja imutável, deveriam ter me ensinado sobre isso. Eu estava convencida de que era verdade, mas sentia que havia alguma coisa dentro do meu coração que permanecia eternamente inalterado.

    Isso é algo que vai além das imagens de um belo céu, do cheiro das flores e da sensação do ar.

    Mas para mim, naquela tempo, não fazia ideia do que era.

    De qualquer maneira, foi tão incrível que acabei perdendo a noção do tempo. Foi nessa época que fui levada duas vezes ao pronto-socorro e finalmente percebi como é maravilhoso estar com uma boa saúde e poder admirar o encanto da vida.

    Já na realidade, a vida não é tão simples, mas, é cheia de beleza e mais incrível do que se imagina. Enquanto eu estava passeando tranquilamente na floresta, não poderia imaginar as adoráveis surpresas da vida que aconteceria um mês depois. No entanto, tudo que eu queria era permanecer em um estado de beleza estonteante.

    Ao meu lado, meu cão de estimação T-Bone que quando corria atrás dos seus brinquedos favoritos até não aguentar mais, ficava com sua língua rosa e alegre pelo ar o tempo todo. Tornou-se minha rotina diária levá-lo para o parque, ao invéz de ir com meu marido Clark.

    Eu penso nos dias felizes que se passaram enquanto eu estava prestes a ser sugada por mais um magnífico céu.

    Tudo começa com uma bela infância rodeada de paisagens infinitas.

    Raízes

    Por volta de 1970, em uma pequena cidade no interior de Aomori, Japão.

    O azul do céu tinge-se com o laranja do pôr do sol, e esta bela cor que não parece fazer parte deste mundo se reflete vívida e intrínseca na superfície da água. Consigo assistir tudo pela janela.

    Ok, agora é a hora!

    Secretamente saio de casa sem que ninguém perceba.

    Se eu perder este momento, qual será o propósito deste dia? Minha mãe que está preparando o jantar, me encontra saindo por um pequeno espaço na janela da cozinha e grita,

    Hitomi, onde você está indo? Com certeza ela me achou no final das contas.

    Então... estou indo para Matsushima. Comentei tranquilamente.

    Tento sair de casa com pressa. Estou desesperada para fugir daqui antes que minha mãe me pegue e me de uma bronca. Ela responde, Volte para o jantar!, mas parece que já estou em um universo muito distante. Assim que saio de casa, começo a andar devagar, bem devagar, esperando que minha diversão continue pelo maior tempo possível. Meu paraíso fica a cinco minutos de caminhada, bem em frente à minha casa, em uma praia onde era possível escavar a areia e encontrar moluscos.

    Uma pequena ilha com um formato marcante e distinto de um pinheiro, flutua sozinha ali. A ilha, que é o ponto de chegada dos cisnes da Sibéria, tem o título especial de monumento nacional natural, e que era também, um parque infantil perfeito para as crianças.

    Eu adorava ir para lá sozinha quando o pôr do sol estava no ponto mais belo. Mas, também gostava de ir à noite, quando a ilha ainda não era tão popular.

    Atravessava uma pequena ponte para chegar na ilha, andava na praia do cardume, sentava nas pedras ao lado da praia e na grama da ilha, apenas observando... Era sempre idêntico... O horizonte do oceano.

    Meus pensamentos também foram sempre os mesmos... Países do outro lado do mar que eu nunca tinha estado. Foi um momento misterioso, como se o tempo tivesse parado completamente.

    Era um lugar tão estranho que os sons e a quietude da natureza calmamente me consumiam, e essa quietude em si parecia uma espécie de som. Às vezes, somente as suaves frequências feitas por algum inseto correndo pela superfície da água ou a inocência de um caranguejo eremita brincando com meus pés, me fazem perceber que esse é apenas um ponto de contato com o mundo exterior.

    Este mar, este céu, toda a paisagem que me rodeia, era tudo meu.

    Existe um fim para este cenário ou espaço?

    Agora mesmo, o que está acontecendo além do mar?

    Talvez, só talvez, esteja ocorrendo um grande evento que poderia mudar a história.

    A guerra do Vietnã, a separação dos Beatles, o escândalo Watergate... Um mundo imenso e infinito se propagava diante dos meus olhos. Este lindo cenário interiorano era um macrocosmo de todo o meu mundo.

    Pensei nas palavras de Goethe a qual minha irmã me ensinou quando criança.

    ...O céu pode ser maior que o mar, mas o coração humano é maior que o céu...

    Meu coração naquela época era maior que o céu e o mar.

    Eu estava me escondendo neste momento sem poder dizer a ninguém, era como se apaixonar por alguém e ter que esconder isso. Meus parceiros amorosos eram simplesmente a natureza e a minha imaginação.

    ––––––––

    No fim da década de 70, é lançado o livro Roots de Alex Haley, contando uma história profundamente comovente de uma pessoa que descobriu sua ancestralidade africana há sete gerações, e que também foi televisionada no Japão. Como uma típica estudante do ensino médio, meu quarto estava inundado por pôsteres dos Beatles sob minha cama, e então, li todo aquele volumoso livro traduzido sem largá-lo. Depois de finalizar a leitura, as palavras de Shoutarou Yasuoka no posfácio eram,

    A existência humana não é exclusivamente uma experiência de morte... e sim, algo além dela... Isso ficou girando e girando na minha cabeça...

    Não se trata apenas de desaparecer... Que palavras incríveis!

    Sempre fico impressionada quando encontro expressões que vão além da morte. Tudo se acaba quando você morre? O que acontece depois disso? Fui atingida por uma sensação estranha, como se eu tivesse recebido uma misteriosa tarefa para responder, mas, na verdade, eu sabia a resposta dentro de mim há muito tempo.

    A praia dos cardumes onde os caranguejos eremitas brincavam com meus pés ainda estão além da janela do meu quarto no segundo andar. O horizonte que observo no belo pôr do sol se estende cada vez mais. Aliás, sou eu, apenas uma existência que morre em algum momento? Será isso?

    Hitomi, o jantar está pronto. Desça já. O tom alegre de costume da minha mãe, e o pôster do John Lennon tocando piano de cauda branca na parede do quarto, eram ambos um mundo distante.

    Eu ficava jogada na cama virada para cima, olhando para o teto em transe.

    ––––––––

    Meados da década 80,

    A universidade é uma época peculiar na vida de uma pessoa. Você não precisa trabalhar e tem tempo livre. É uma fase estranha e memorável já que você nunca vai esquecer os amigos e acontecimentos dessa época. Meu período na universidade foi exatamente como meu professor americano de literatura favorito descreveu.

    Houve um incidente do qual ainda me lembro vividamente, em uma cidade na região de Tohoku, no distrito de entretenimento, eu trabalhava meio período em um restaurante.

    Assim que terminei meu turno, fui chutado abruptamente no estômago por um cara com quem tinha acabado de terminar e, em seguida, desmaiei no canto da estrada. Os carros passavam rapidamente e seu amigo ficou ao lado dele o tempo todo, olhando para mim enquanto eu me contorcia de dor.

    Eu estava vivendo as palavras que minha amiga do dormitório feminino me disse e não paravam de ecoar dentro da minha cabeça,

    ...Hitomi, você é muito extrema... não há meio-termo com você. Mas você na verdade aparenta ser normal demais...

    Essa violência é uma retaliação contra ter uma personalidade extrema? Eu me perguntei.

    Posso acabar recebendo violência assim só por dizer que quero terminar?

    25 anos depois quando me reuni com minhas amigas do dormitório feminino, comentei sobre esse incidente.

    Kaori, você se lembra? Fui abusada fisicamente por aquele cara e fugi para o seu apartamento. Nunca me esqueci disso, mesmo depois que me mudei para os Estados Unidos. Sou muito grata a você, Kaori. Afinal, você me salvou de uma situação crítica.

    Posso estar sendo um pouco exagerada, mas tentei dizer a ela com toda sinceridade.

    Foi quando você saiu do dormitório e começou a morar com aquele cara? Lembro que você até parou de sair com a gente.

    A Atsuko que costumava amar a língua inglesa e os Estados Unidos, agora dirige uma floricultura com o marido, e continuou.

    Isso mesmo. Minha mãe morreu de câncer e ninguém mais pôde cuidar de mim... Eu também não tinha mais meu pai por perto, ele era assustador. Foi uma época infeliz quando fui pega por um cara estranho e me mudei com ele agindo como seu 'suporte financeiro'.

    Ah sim, eu me lembro... Por fim, Kaori, que sempre foi uma irmã mais velha para todas, com grande personalidade e que gostava de cuidar dos outros, começou a dizer que agora é casada com um advogado com quem namorava na época da faculdade e tinha uma vida de luxo.

    Se eu me lembro bem, você e eu puxavamos um carrinho de mão, indo e voltando por duas ou mais vezes com ele.

    Um carrinho de mão?

    Ah, desculpe. Aquilo não era um carrinho de mão. Era uma carriola que peguei emprestado do meu senhorio. Sim, isso mesmo. Era uma carriola.

    Uma carriola!

    O que é uma carriola? Eu geralmente consigo visualizar as coisas na minha

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