O amor não se isola: Um diário com histórias, reflexões e algumas confidências
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Sobre este e-book
"O amor não se isola", porém, não é um livro sobre a pandemia, e sim uma reflexão sobre a vida. Os relatos, extremamente pessoais e íntimos, mostram uma mulher apaixonada, inteligente, culta e bem-humorada, que tem a virtude de transformar amigos em fãs e fãs em amigos. Muitos deles são personagens do livro. Outros participam efetivamente: o prefácio é assinado por Octavio Guedes e a orelha, por Christiane Pelajo, colegas jornalistas da GloboNews.
A sucessão de histórias, casos e bastidores da TV surpreende e emociona. Impossível ficar indiferente à multiplicidade de papéis de Maria: a mãe que divide com a filha a paixão por musicais, a sobrinha que sofre com a internação do tio de 97 anos, a apresentadora que chorou ao vivo na TV, a fã que cantou com Hebe Camargo num karaokê. Em "O amor não se isola", Maria é filha, mulher, amiga, nora, madrasta e muito mais. Tudo junto e magistralmente misturado.
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Pré-visualização do livro
O amor não se isola - Maria Beltrão
A Deus, o Guia;
À mamãe e tio Milton,
pontos de partida e chegada;
A Ana, o centro;
A Bia, o complemento;
A Luciano, o idealizador
e companheiro desta
viagem literária.
A eles, meu lar,
toda a gratidão do mundo.
A virtude do cotidiano
Choro bom
Sonhos de corona
Procrastinando, pero no mucho
Chute de balde à distância
Salve, Jorge!
Minha dupla de riso
O x
da questão
Ao mestre, com carinho
Justa traição
O show tem que continuar
Fiat lux
Entre Joyce e Jones
O peso da pandemia
O sol, as cores e meus amores
A pequena Maria e a grande Mariazinha
Ainda hà esperança
Sobre ontem á noite
Sempre teremos Veneza
Hora da bonança
A nova e as antigas paixões
Parte 2
Mais um choro bom
Tio Milton não tem Covid
O que nos aproxima
As voltas que o mundo dà
Aquela nuvem, o azul do mar e nada mais
A presença na ausência
Me leva junto, poeta?
De perto ou isolado, ninguèm è normal
Pode me chamar de Polly
O futuro do presente
Ciao, maestro!
Um grande salto para a amizade
Vitor e minha Vitória*
Quanto riso, oh, quanta alegria! Que beleza o carnaval pòs-pandemia
Sò acaba quando termina
Cornélia, as loiras e o louro
Parte 2
Toda forma de amor
Vacina afetiva
Por Octavio Guedes
Maria, mas o livro é sobre o quê?
Sobre minha rotina, meu cotidiano
, respondeu.
Gargalhei.
Imagina a canção. Todo dia a Beltrão faz tudo sempre igual...
Inimaginável. Se Maria e tédio coubessem num mesmo planeta, um teria o CEP do deserto do Saara e o outro, o da Amazônia. Universos distantes, incompatíveis, incombináveis.
Pois não é que as primeiras linhas do livro deram razão à minha gargalhada? O leitor mal chegará nas próximas páginas, e Maria já terá confessado seu amor desmedido por Luciano, evocado a infinita saudade do pai, revelado a vastidão da cumplicidade musical com Ana. Tudo tão febril, tão intenso, capaz de fazer a Escala Richter parecer fita métrica de armarinho. Rame-rame, rotina... desculpem, mas a autora se enganou. Vocês não são convidados para este livro.
Mas pera lá. A leitura avança e, logo adiante, ela reza e celebra... a virtude do cotidiano. Peço desculpas e retiro minha gargalhada. É, sim, um livro sobre rotina. Mas, rotina da Maria, uma mulher múltipla e surpreendente. E como não poderia deixar de ser, em seu primeiro livro (e torcemos para que não seja filho único) ela nos oferece uma inesperada dimensão do que imaginamos ser cotidiano.
Quem assiste ao Estúdio I
conhece a forma como ela costuma abrir o programa: Tá aí? Então, entra!
. É a senha para eliminar qualquer barreira entre âncora e telespectador. A partir daquele momento, estão todos juntos, lado a lado, informando, debatendo, discordando, sofrendo, rindo e aprendendo. Reparem: todos juntos, lado a lado no mesmo sofá. Porque quando Deus criou Maria, Ele revogou o singular. Maria já nasceu primeira pessoa do plural. Ela é um nós
ambulante.
Neste livro, o mesmo convite é feito. Tá aí? Então esteja autorizado a entrar na intimidade da Maria. Com uma espontaneidade desconcertante, ela nos coloca dentro de seu lar. Que também é o lar do Tio Milton, da Tia Helena, da Cris e de quem mais aparecer, porque nem sua intimidade é singular.
Quer um exemplo? Imagine alguém voltando do trabalho, após reger uma orquestra de repórteres, comentaristas e entrevistados ao longo de infinitas três horas. Tudo ao vivo. Pensou em alguém cansada, quieta, exausta, curtindo o isolamento mental de um merecido exílio transitório?
Agora, foca na Maria! É assim que ela relata uma de suas viagens de volta para casa: Chiquinho está sofrendo muito com o confinamento
. Chiquinho? Quem será Chiquinho? Ela esclarece: o taxista. Aliás, o taxista amigo.
E assim Maria vai compartilhando conosco histórias, ensinamentos, dores e aflições nos inúmeros papéis que exerce na sua rotina: mãe, mulher, filha, madrasta, nora, patroa, amiga, jornalista, apresentadora, colega e tantos outros.
São experiências próprias e, ao mesmo tempo, universais. É sobretudo um compartilhamento de afetos, de compaixão, de exemplo de garra, de solidariedade e de empatia. Tudo muito bem escrito, estruturado e narrado. Maria tem um texto que encanta, surpreende e emociona.
Mas como Maria conseguiu transformar um livro sobre a rotina num enredo de ação? Pegue a palavra cotidiano e separe as últimas três letras: ano. Substitua o n
pelo M de Maria. Vira amo
. Justamente o sentimento que ela coloca a cada segundo em sua vida e que a faz tão especial.
A virtude do cotidiano
É aquela certeza no começo e no fim de cada dia: meu colo absoluto. O lugar anatomicamente perfeito para minha cabeça, meu ninho, também conhecido como o ombro direito (às vezes esquerdo) do melhor marido do mundo.
Na preguiça do acordar, fico ali, desafiando o despertador do celular que toca a cada nove minutos. Sim, meu dia começa com a segurança do colo absoluto, a segunda coisa mais reconfortante para o espírito depois da oração diária.
Mas voltemos ao colo: esse é o pedaço do todo que é Luciano Saldanha Coelho, a pessoa mais generosa que já conheci. Quer um exemplo? Tá vendo essa margem aqui?* Gastou um tempo enorme fazendo isso para mim, com a concentração de um jedi. Existe toda uma técnica para traçar essa margem. Para não manchar de grafite as outras páginas, ele coloca um pedaço de papelão ou algo assim... (ao contrário do meu amor, tenho essa mente rebelde que se distrai e que ando tentando domar com meditação. Incrível como os pensamentos podem tomar conta da gente de maneira sufocante, sem que se perceba. É muito bom ser senhora das minhas divagações. Divaguei de novo. Da próxima vez, vou prestar mais atenção no processo de traçar as margens). O exercício é aula de precisão. Luciano é um japonês e a margem, seu bonsai. Obra de arte cercada de beleza por todos os lados.
Quando