Jesus Histórico

De Adeilson Nogueira

Vinte séculos atrás, um bebê nasceu no estábulo de uma pousada, na província romana da Judeia. A vida daquele bebê imprimiu uma nova marca na história do mundo. Quando o menino Jesus nasceu, todas as nações conhecidas da Terra estavam sujeitas a um governo - o de Roma. Otávio, o segundo César, de sobrenome Augusto, era, na época em que Jesus nasceu, o monarca do mundo. Apesar de algumas restrições nominais, ele era um soberano absoluto, sem nenhum controle constitucional. Não é demais dizer que seu poder era ilimitado. Ele podia fazer o que quisesse com a propriedade, a liberdade e a vida de todo homem, mulher e criança de mais de trezentos milhões que compunham o Império Romano. Tal poder nenhum mortal jamais havia influenciado antes. Tal poder nenhum mortal jamais irá influenciar novamente. Mal sabia esse imperador romano, sentado no seu magnífico palácio no monte Capitolino, quem estava sentado em uma manjedoura em Belém, um vilarejo obscuro na remota província da Síria, cujos gritos infantis talvez se misturassem com o balido do bode ou o mugido das vacas, iria estabelecer um império, diante do qual todo o poder dos Césares se reduziria à insignificância. E assim foi... Jesus, o bebê de Belém, tornou-se, além de todos os outros, filósofos, guerreiros ou reis, o ser mais conspícuo que já pisou neste mundo. Antes do nome de Jesus de Nazaré, todos os outros desaparecem. Sem instrução, ele introduziu princípios que derrubaram os mais orgulhosos sistemas da filosofia antiga. Pela elocução de algumas palavras, que podem ser escritas em meia dúzia de páginas, ele demoliu todos os sistemas pagãos que o orgulho, a paixão e o poder haviam entronizado. Os deuses e deusas romanos - Júpiter, Juno, Vênus, Baco, Diana - fugiram antes da aproximação dos ensinamentos de Jesus, como os fantasmas que desaparecem antes do amanhecer.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 18 de mar. de 2022

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JESUS HISTÓRICO

Adeilson Nogueira

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO......................................................................................04

O FILHO DO HOMEM...........................................................................06

SERMÃO DA MONTANHA...................................................................39

CURAS.................................................................................................43

OS DOZE..............................................................................................54

MESSIAS..............................................................................................85

JULGAMENTO E MORTE....................................................................141

RESSURREIÇÃO.................................................................................156

TÚMULO...........................................................................................180

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INTRODUÇÃO

Vinte séculos atrás, um bebê nasceu no estábulo de uma pousada, na província romana da Judeia. A vida daquele bebê imprimiu uma nova marca na história do mundo. Quando o menino Jesus nasceu, todas as nações conhecidas da Terra estavam sujeitas a um governo - o de Roma.

Otávio, o segundo César, de sobrenome Augusto, era, na época em que Jesus nasceu, o monarca do mundo. Apesar de algumas restrições nominais, ele era um soberano absoluto, sem nenhum controle constitucional. Não é demais dizer que seu poder era ilimitado. Ele podia fazer o que quisesse com a propriedade, a 4

liberdade e a vida de todo homem, mulher e criança de mais de trezentos milhões que compunham o Império Romano. Tal poder nenhum mortal jamais havia influenciado antes. Tal poder nenhum mortal jamais irá influenciar novamente.

Mal sabia esse imperador romano, sentado no seu magnífico palácio no monte Capitolino, quem estava sentado em uma manjedoura em Belém, um vilarejo obscuro na remota província da Síria, cujos gritos infantis talvez se misturassem com o balido do bode ou o mugido das vacas, iria estabelecer um império, diante do qual todo o poder dos Césares se reduziria à insignificância.

E assim foi...

Jesus, o bebê de Belém, tornou-se, além de todos os outros, filósofos, guerreiros ou reis, o ser mais conspícuo que já pisou neste mundo. Antes do nome de Jesus de Nazaré, todos os outros desaparecem. Sem instrução, ele introduziu princípios que derrubaram os mais orgulhosos sistemas da filosofia antiga. Pela elocução de algumas palavras, que podem ser escritas em meia dúzia de páginas, ele demoliu todos os sistemas pagãos que o orgulho, a paixão e o poder haviam entronizado. Os deuses e deusas romanos - Júpiter, Juno, Vênus, Baco, Diana - fugiram antes da aproximação dos ensinamentos de Jesus, como os fantasmas que desaparecem antes do amanhecer.

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O FILHO DO HOMEM

Poucos anos antes do nascimento de Cristo, Júlio César pereceu na Câmara do Senado em Roma, perfurado pelos punhais de Brutus e outros assassinos. Na grande vitória da Pharsalia, César havia derrubado seu único rival, Pompeu, e havia concentrado o poder do mundo em sua única mão.

O Oceano Atlântico era um mar inexplorado, cujas profundezas nunca nenhum marinheiro se aventurou a penetrar. As índias 6

tinham apenas uma existência sombria e quase fabulosa. Havia rumores de que, sobre os desertos selvagens e inexplorados do interior da Ásia, tribos ferozes vagavam, varrendo para lá e para cá, como demônios das trevas; e histórias maravilhosas foram contadas sobre seu aspecto monstruoso e ferocidade de demônio.

O mar Mediterrâneo, então o maior corpo de água realmente conhecido no mundo, era apenas um lago romano. Foi a porção central do Império Romano. Ao redor de suas margens estavam agrupadas as províncias apinhadas e as majestosas cidades que davam a Roma celebridade acima de todas as dinastias anteriores, e que investiram o império dos Césares com fama que nenhum reino, império ou república moderna conseguiu eclipsar.

Jesus, o Filho do homem e o Filho de Deus, introduziu um sistema de ensino tão abrangente que se adapta a todas as situações imagináveis da vida; tão simples, que os mais iletrados, e até mesmo crianças, podem compreendê-lo.

Este bebê de Belém, cujas palavras eram tão poucas, cuja breve vida foi tão breve, e cuja morte sacrificial na cruz foi tão maravilhosa, ainda vive e reina neste mundo - um monarca mais influente do que qualquer outro, ou todos os outros soberanos do mundo. Seu império avançou majestosamente, com poder cada vez maior, no caminho de vinte séculos.

Como esta criança, a partir do momento em que o próprio nascimento já é datado, passava pela estação da infância e da infância, as frotas navais varriam o Mar Mediterrâneo e as legiões 7

romanas pisoteavam sanguinariamente as províncias subjugadas.

Havia conflagrações de cidades, devastação de campos, batalhas ferozes, matança, miséria, morte. Quase todos esses eventos estão esquecidos; mas o nome de Jesus de Nazaré se torna mais brilhante à medida que as idades passam.

Os eventos que precederam o nascimento de Jesus não podem ser melhor descritos do que na linguagem dos escritores inspirados:

"E no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. E o anjo veio a ela, e disse: Salve, tu que é altamente favorecido; o Senhor é contigo, abençoado és tu entre as mulheres. E, quando ela o viu, ela ficou perturbada com o que ele disse, e imaginou que tipo de saudação deveria ser. E o anjo disse-lhe:

"Não temas, Maria; porque encontraste graça diante de Deus. E

eis que tu conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho; e tu chamarás o seu nome JESUS. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e ele reinará eternamente na casa de Jacó; e do seu reino não terá fim.

Então disse Maria ao anjo: Como será isso, visto que não conheço homem algum?

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"E o anjo respondeu, e disse-lhe: O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá; por isso também a coisa santa que nascer de ti será chamada Filho de Deus. E eis que tua prima Elisabeth também concebeu um filho em sua velhice; e este é o sexto mês com ela que foi chamada de estéril. Pois com Deus nada será impossível.

E Maria disse: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo se apartou dela.

Isabel estava naquela época residindo no que era chamado de

região montanhosa da Judéia, ao sul de Jerusalém. Maria estava na Galiléia, o extremo norte da Palestina. "E Maria se levantou naqueles dias e foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá; e entrou na casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E

aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo; e ela falou em alta voz, e disse:

"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.

E de onde vem esta para mim que a mãe do meu Senhor venha a mim? por isso! logo que a voz da tua saudação soou aos meus ouvidos, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. E

abençoada é ela que acreditou; porque haverá uma execução daquelas coisas que lhe foram contadas do Senhor.

"E Maria disse: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador. Pois ele considerou a baixa propriedade de sua serva; pois eis que de agora em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada. Pois aquele que 9

é poderoso tem feito para mim grandes coisas; e santo é o seu nome. E sua misericórdia está naqueles que o temem de geração em geração. Ele mostrou força com os braços; Ele espalhou o orgulho na imaginação de seus corações. Ele derrubou os poderosos de seus assentos e os exaltou de baixo grau. Encheu os famintos de coisas boas e os ricos enviou vazios. Ele exaltou seu servo Israel, em lembrança de sua misericórdia; como falou aos nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre.

"Agora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Quando, como sua mãe, Maria, foi dada a José, antes de se reunirem, foi encontrada com o filho do Espírito Santo. Então José, seu marido, sendo um homem justo e não desejando torná-la um exemplo público, teve o cuidado de deixá-la em segredo. Mas, enquanto pensava nelas, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, dizendo: José, filho de Davi, teme não levar para ti Maria, tua mulher; porque aquilo que é concebido nela é do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.

"Ora, tudo isto foi feito para que se cumprisse o que foi dito do Senhor pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, a quem chamarão o seu nome Emanuel; que, sendo interpretado, é Deus conosco.

"Então José, sendo ressuscitado, fez como o anjo do Senhor lhe havia ordenado, e tomou para si sua mulher; e não a conhecia até que ela trouxesse seu filho primogênito.

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Maria, após sua visita a Isabel, permaneceu com ela cerca de três meses e depois retornou a Nazaré.

No ano de Roma 450, o imperador César Augusto ordenou que fosse feito um recenseamento geral da população da Palestina, para que ele pudesse, com exatidão, conhecer os recursos da província. O costume judaico era há muito tempo de que um homem deveria ser registrado em seu local de nascimento, em vez daquele de sua residência. Durante os meses de janeiro e fevereiro daquele ano, todos os caminhos estreitos da Judéia estavam apinhados de cavalgadas daqueles que procuravam seus lugares nativos para serem registrados de acordo com este decreto.

Entre esses humildes peregrinos havia dois, José e Maria, da obscura aldeia de Nazaré. Passeando pelas ravinas da Galiléia, pelas planícies de Samaria, e pela região montanhosa da Judéia, eles continuaram sua jornada, até que, no final do quarto dia, eles entraram na pequena vila de Belém, cerca de cinco milhas ao sul.

de Jerusalém.

Tantos viajantes haviam entrado na aldeia antes deles, que não havia mais espaço na pousada. Talvez até o estábulo pudesse ter sido recusado, se a condição da mulher não tivesse atraído o coração do hospedeiro. Mas lá ela e o marido encontraram um lugar para descansar.

Do lado de fora da aldeia, estendiam-se as planícies onde, centenas de anos antes, David observava os rebanhos de seu pai.

Nas mesmas encostas das colinas, os pastores cuidavam de suas 11

ovelhas ainda. Era aparentemente uma noite serena e sem nuvens. De repente, apareceu nos céus, descendo de entre as estrelas, a forma de um anjo. Os pastores simplórios olhavam o maravilhoso espetáculo com alarme. O anjo, radiante com a luz do céu, dirigiu-se a eles, dizendo:

"Não tenha medo; pois eis que vos trago boas novas de grande alegria, que será para todo o povo. Porque a ti nasceu hoje na cidade de Davi, Salvador que é Cristo o Senhor. E isto vos será por sinal: encontrareis o bebê envolto em panos, deitado numa manjedoura.

Quando estas palavras foram proferidas, o bebê nasceu; e imediatamente apareceu uma vasta multidão da hoste celestial -

a comitiva que acompanhara o celestial visitante do céu à terra.

Tal banda nunca encontrou olhos mortais. Com a voz simultânea eles cantaram, enquanto a melodia flutuava sobre as colinas silenciosas, "Glória a Deus nas alturas; e na terra paz e boa vontade para com os homens.

A voz da profecia anunciou, séculos antes, que o tão esperado Messias deveria nascer em Belém. Setecentos anos se passaram desde que o profeta Miquéias escreveu:

E tu, Belém, na terra de Judá, não és o menor entre os príncipes de Judá; porque de ti sairá o governador que governará o meu povo de Israel."

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Os anjos desapareceram e as profundezas celestiais retomaram sua calma habitual. Mas a cena e as palavras afundaram profundamente nos corações dos pastores, que acreditaram sem questionar este anúncio maravilhoso. O tempo predito pelos profetas - realmente veio? A longa observação do judeu sincero realmente chegou ao fim?

Apressando-se na ânsia da sua esperança, os pastores foram para Belém e encontraram Maria, José, e o bebê deitado na manjedoura. Tendo essa corroboração das palavras dos anjos, eles contaram a todos que encontraram a maravilhosa cena que haviam testemunhado. Todos se perguntaram; pois não era assim que esperavam que o Messias viesse. Mas Maria, a mãe, manteve todas essas coisas e ponderou-as em seu coração.

Embora o nascimento de Jesus fosse assim anunciado por um coro de anjos, parece não ter sido universalmente reconhecido que o Messias havia chegado. A evidência é abundante, a partir de passagens tiradas de escritores romanos e judeus, que havia uma expectativa geral na época, em todo o Oriente, de que alguém logo nasceria na Judéia, que governaria o mundo. As idéias que prevaleciam respeitando a natureza de seu reinado eram extremamente vagas. Tácito, Suetônio, Zoroastro, todos aludem a este homem vindouro, cujo advento foi tão minuciosamente predito nos escritos sagrados dos judeus.

Os sacerdotes persas, ou magos, estavam entre os homens mais instruídos da época. O que quer que fosse da ciência então conhecida era inseparavelmente misturado com religião.

Astrologia e astronomia eram estudos afins. Os Magos Persas ficaram surpresos com o aparecimento de uma estrela, ou 13

meteoro, de maravilhoso brilho. Eles interpretaram isso como um sinal de que o tão esperado Messias nasceu. Ao se aproximarem do meteoro, ele se moveu diante deles. Uma delegação do seu número foi nomeada para segui-lo. Isso os levou à Judeia. Eles então começaram ansiosamente a perguntar onde a criança nasceu. O rei Herodes ouviu estas estranhas notícias. Ele tremia de medo de que esse Messias profeticamente anunciado assumisse o poder real e o expulsasse de seu