Acessibilidade Digital no MOODLE: práticas recomendadas para formadores e professores
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Pré-visualização do livro
Acessibilidade Digital no MOODLE - Fernando Barreira da Silva
Dedico este livro aos meus pais, Cremilda Barreira (in memoriam) e Edvaldo Silva, que mostraram o melhor caminho a seguir, a tríade família, estudo e trabalho, muito trabalho.
AGRADECIMENTOS
- Agradeço à Deus por ter me dado força, sabedoria e segurança nesta caminhada.
- À minha amada Vanessa Barreira e aos meus filhos, Kauany, Mikael e Patrick, agradeço por compreenderem as minhas ausências e por estarem ao meu lado ao término de mais uma jornada.
- Aos meus professores João Piedade e Nuno Dorotea, por todas as orientações, paciência e disponibilidade. À professora Maria Puga, pelas orientações no desenvolvimento da revisão sistemática.
- À minha querida amiga Sandra Paulino pela disponibilidade de sempre e pelas dicas de configurações do MOODLE. À amiga Mariana Traverso e ao Felipe Monteiro pelo desenvolvimento das audiodescrições de todas as imagens deste livro.
À Marcelo Sales pelas orientações em acessibilidade digital e por abrir esta obra com o seu prefácio.
A todos os amigos do Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa-PT pelos momentos que compartilhamos, em especial ao amigo André Freitas (In memoriam), que sempre nos motivava com a sua capacidade de entrega de forma atempada e com a qualidade dos seus trabalhos.
E a todos os que de forma direta ou indireta participaram deste importante momento da minha vida acadêmica.
PREFÁCIO
Ainda lembro bem como comecei a pensar sobre acessibilidade em meus projetos digitais. Foi em 2012 que eu efetivamente iniciei meus estudos de forma aprofundada, que envolveria um misto de pesquisa e aplicação prática no decorrer dos anos seguintes, das Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) que são citadas e explicadas neste livro.
Neste ano atuei como desenvolvedor front-end para um dos maiores bancos da América Latina e fazia parte do time que estava desenvolvendo o novo site, para aquela época, da instituição. Lembro como se fosse hoje, quando ao participar de um evento de tecnologia chamado Front-In Sampa
(em São Paulo, Brasil) duas pessoas subiram no palco, Horácio Soares e Clécio Bachini, e começaram a exemplificar a falta de acessibilidade justamente do site do banco que eu fazia parte e que tinha sido lançado pouco antes do evento em questão. Eu estava na plateia e virei o meu crachá para que ninguém percebesse que eu era daquela instituição. Sim, me senti envergonhado naquele momento, principalmente por perceber que nada do que estava sendo apresentado era novidade pra mim. No entanto, eu não havia aplicado muito do que estava sendo apresentado. Claro que havia outros contextos, como o fato de eu não ser a única pessoa a tomar as decisões na ocasião, mas pessoalmente aquilo não deveria ser uma desculpa e foi essa a minha principal motivação ao iniciar os estudos sobre o tema.
Avançando alguns anos, chegamos em 2017 e neste ano eu não estava atuando mais como desenvolvedor front-end, mas sim como designer no time de experiência de usuário da mesma instituição financeira. Durante estes cinco anos eu participei pontualmente de diferentes ações e iniciativas em prol da acessibilidade, mas era claro que isso nunca foi uma prioridade para a instituição, porém sempre que eu tinha a oportunidade, não deixava de lado a acessibilidade nos projetos, mesmo que aplicada de forma parcial (ou como eu gosto de dizer em eventos, de forma clandestina
sem priorização). Sempre que isso trazia bons resultados (e sempre trazia) eu os exaltava em reuniões internas. Pessoalmente eu também desenvolvi alguns projetos relacionados a acessibilidade e foi justamente um desses materiais que gerou uma grande repercussão interna na instituição.
Como comentei, eu já estava atuando no time de design e uma das principais dificuldades do time era justamente compreender a tal
da WCAG. Então decidi trazer um de meus experimentos pessoais para a instituição, que era denominado Acessibilidade Toolkit
[1], onde a partir de um exercício conhecido como card sorting
eu solicitava para pequenos grupos de pessoas escolherem algumas cartas dentro de um conjunto (critérios da WCAG) que elas considerassem aplicáveis para os produtos e serviços que eram exibidos em uma projeção na parede.
O exercício se repetiu em diferentes outros cenários e com a boa repercussão, a aplicação também aconteceu em equipes de outras áreas de atuação na instituição. Foi literalmente um trabalho de formiguinha que culminou com a minha realocação interna como ponto focal de acessibilidade (em 2018) e a partir disso, tive autonomia para realizar pesquisas mais aprofundadas utilizando diferentes técnicas e envolvendo mais pessoas em diferentes produtos e serviços da instituição.
Mas afinal, o que essa história (resumida, diga-se) tem a ver com o livro do Fernando? Ao efetuarmos as conexões relacionadas aos processos necessários para que a acessibilidade seja aplicada em diferentes produtos e serviços, fica evidente o tamanho do esforço e o envolvimento de diferentes áreas para que tudo ocorra em perfeita sintonia.
Este livro lida com a base fundamental dos processos de aprendizado e ensino. Eu ainda não havia citado a minha vida antes de 2012 e é justamente aqui que podemos criar uma conexão com o livro.
Concluí o bacharelado em Desenho Industrial no ano de 2002. Antes disso fiz colégio técnico em Processamento de Dados. Na época eu não sentia falta de recursos de acessibilidade, primeiro porque não sabia que tais recursos poderiam me ajudar em diferentes cenários e segundo porque ainda era uma época em que não havia a modalidade online
e os cursos eram apenas presenciais. De qualquer forma, não lembro de um único professor que tive durante estes anos mencionar qualquer coisa a respeito da acessibilidade. O mesmo ocorreu em cursos posteriores e ainda hoje, lecionando em diferentes instituições, sei que muitos colegas e amigos professores também não mencionam em suas aulas questões relacionadas à acessibilidade.
Há um caminho a ser explorado aqui. Na verdade, há um longo caminho a ser explorado, pois quando falamos de acessibilidade, precisamos olhar para diferentes pontos de atuação e responsabilidades. Temos as barreiras atitudinais que podemos relacionar com o ato das pessoas envolvidas não citarem qualquer intenção de aplicação da acessibilidade. Temos as barreiras organizacionais, que podemos associar com os processos do dia a dia que determinam ações para a construção de diferentes produtos e serviços e que não contemplam desde as suas fases iniciais qualquer incentivo às boas práticas inclusivas e acessíveis. Temos barreiras arquitetônicas que podem estimular negativamente a participação de algumas pessoas em diferentes situações, como o período de aula após um dia exaustivo. Temos barreiras tecnológicas que estão diretamente relacionadas com o tema central deste livro e que podem impedir tecnicamente a aplicação prática da acessibilidade por conta das pessoas envolvidas, mesmo que elas já tenham ultrapassado as barreiras citadas anteriormente. E por fim, temos as barreiras informacionais que estão relacionadas diretamente com a aplicação de conteúdos que devem ser distribuídos para outras pessoas, mas que podem não ser claros o suficiente para que ocorra a compreensão dos mesmos por parte de todas as pessoas.
Há outros cenários possíveis, o que só comprova que o assunto ainda está longe de ter o seu fim. Ainda nem começamos. Mas definitivamente, ao ler o conteúdo deste livro, fica claro que mesmo que aos poucos e de forma esporádica, ainda existem pessoas se preocupando em como podemos melhorar a vida e as experiências de todas as pessoas.
Espero que gostem deste livro tanto quanto eu.
Marcelo Sales
Marcelo Sales é designer, há 20 anos desenvolve produtos e serviços digitais. Atualmente é CEO e fundador da Tudo é Acessibilidade, uma empresa com foco em capacitação e consultoria de acessibilidade digital. É criador do Guia WCAG (citado neste livro) e professor de acessibilidade em diferentes instituições e em seu próprio curso, o AccessBoost. É palestrante e membro do Grupo de Trabalho de Especialistas em Acessibilidade do W3C Brasil.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
1. INTRODUÇÃO
2. ENQUADRAMENTO
2.1. ACESSIBILIDADE DIGITAL COMO FATOR PROMOTOR DA EDUCAÇÃO PARA TODOS
2.2. DESIGN UNIVERSAL PARA APRENDIZAGEM E O DIGCOMPEDU
2.3. PADRÕES E NORMAS INTERNACIONAIS DE ACESSIBILIDADE
2.3.1. Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdo Web
2.3.2. Agente do usuário
2.3.3. Norma ISO/IEC 24751
2.3.4. Metodologia de Avaliação da Acessibilidade Digital
2.4. TESTES DE ACESSIBILIDADE
2.5. TECNOLOGIAS ASSISTIVAS
2.6. SISTEMA DE GESTÃO DE APRENDIZAGEM
2.7. ACESSIBILIDADE WEB EM SISTEMAS DE GESTÃO DA APRENDIZAGEM UTILIZADOS NA MODALIDADE DE ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA: REVISÃO SISTEMÁTICA
2.8. RECURSOS E CONTEÚDOS DIGITAIS ACESSÍVEIS
2.8.1. Links Descritivos
2.8.2. Formatação e estilos de texto
2.8.3. Alto Contraste de cores de texto
2.8.4. Tabelas e gráficos
2.8.5. Texto alternativo em imagens
2.8.6. Vídeo e áudio
2.8.7. Outras boas práticas
2.9. SISTEMA DE GESTÃO DE APRENDIZAGEM MOODLE
2.9.1. Plugins de acessibilidade
2.9.2. Conformidade de acessibilidade
2.9.3. Relatório de conformidade de acessibilidade
3. METODOLOGIA
3.1. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA
3.2. APRESENTAÇÃO DAS UNIDADES CURRICULARES ANALISADAS
3.3. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE
3.4. QUESTÕES ÉTICAS
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1. VERSÕES DO MOODLE
4.2. PLUGINS DE ACESSIBILIDADE
4.3. LOGIN ACESSÍVEL E PERFIL DO ALUNO
4.4. IDIOMAS
4.5. LINKS DESCRITIVOS
4.6. ELEMENTOS ESTRUTURAIS
4.7. CONTRASTE DE CORES
4.8. TEXTO ALTERNATIVO EM IMAGENS
4.9. VÍDEO E ÁUDIO
4.10. GLOSSÁRIOS
5. PRÁTICAS RECOMENDADAS PARA A OFERTA DE RECURSOS DIGITAIS ACESSÍVEIS NO MOODLE.
5.1. PLUGINS DE ACESSIBILIDADE
5.2. AUTENTICAÇÃO ACESSÍVEL
5.3. PACOTE DE IDIOMAS
5.4. TEMAS
5.5. VERIFICADOR DE ACESSIBILIDADE DO CURSO
5.6. ACESSIBILIDADE DO EDITOR ATTO
5.6.1. Hierarquia de títulos
5.6.2. Links descritivos
5.6.3. Texto alternativo em Imagens
5.6.4. Alto Contraste de cores de texto
5.6.5. Tabelas
5.6.6. Auxiliar de leitor de tela
5.6.7. Áudio e vídeo
5.7. JANELA DE LÍNGUA DE SINAIS
6. CONCLUSÕES
6.1. REFLEXÃO SOBRE OS RESULTADOS OBTIDOS
6.2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO E SUGESTÕES PARA TRABALHO FUTURO
6.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
1. INTRODUÇÃO
A educação é um direito de todos. Deve-se assegurar um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, reconhecendo os direitos das pessoas com deficiência