Memórias De Um Professor
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Memórias De Um Professor - Valdimiro Araújo De Souza
ÍNDICE
Prefácio 007
CAPÍTULO 1
O convite, a resposta e a origem 008
CAPÍTULO 2
O medo, a ansiedade e a recepção 015
CAPÍTULO 3
Onde tudo começou 025
Entre Sonhos e conquistas 028
CAPÍTULO 4
Recordações 032
CAPÍTULO 5
Emoções vividas 049
CAPÍTULO 6
Tempo bom 058
CAPÍTULO 7
Os primeiros frutos 065
Formaturas 065
Hospitais 066
Fanfarra do Ginásio Estadual 069
CAPÍTULO 8
Marcas do que se foi 070
CAPÍTULO 9
Recompensa 075
CAPÍTULO 10
As duas primeiras escolas 080
Grupo Marechal Rondon 080
O Ginásio Estadual de Naviraí 087
CAPÍTULO 11
Dias inesquecíveis 092
CAPÍTULO 12
Outros fatos 100
Fotos Diversas 104
CAPÍTULO 13
A resposta certa e outros episódios 109
CAPÍTULO 14
Linha do tempo 116
CAPÍTULO 15
APAE / CEDEN 128
ATAS 131
CAPÍTULO 16
SEN – Futebol profissional 139
CAPÍTULO 17
Os primeiros professores habilitados 139
Antônio Fernandes 142
Luiz Aparecido de Oliveira 143
Júlio Garcia Cagnin 144
Mário Antônio Pimpinatti* 145
Sílvio Fernandes Moreira 146
Gilberto Álvaro Pimpinatti 147
Valdimiro Araújo de Souza 148
CAPÍTULO 18
Orgulho e honra 151
CAPÍTULO 19
Frutos de nosso trabalho 156
Semeadura e colheita 156
Justa homenagem 163
CAPÍTULO 20
Epílogo 166
Patrocínio e Apoio 168
PREFÁCIO
*
O objetivo desta obra é a de relatar apenas memórias relativas ao autor e aos seus seis colegas de profissão que aceitaram o convite e vieram para Naviraí em 05.01.68, quando esta cidade e todo o Estado de Mato Grosso ainda estavam em fase de desenvolvimento, com extensas áreas de florestas e praticamente sem infraestrutura.
Também de registrar a vários episódios que foram marcantes na história de Naviraí, alguns curiosos e outros engraçados, bem como ocorrências trágicas. Os fatos não obedecem a uma cronologia, porque fui escrevendo à medida que deles lembrava. São memórias.
Não é possível narrar tudo sobre todos os (as) professores (as), antes e depois de nós (1968). No entanto, afirmo que deram sua contribuição para o desenvolvimento do Ensino e construção da cidade e reafirmo meu reconhecimento pelo importante trabalho que fizeram pela Educação de Naviraí, atuando com honestidade, responsabilidade, perseverança e o mais importante, com amor.
Seria preciso escrever não apenas um livro e sim uma coleção deles, para poder falar de tanta gente que foi importante para o desenvolvimento do ensino em nossa cidade e também porque não tenho essa capacidade.
Naviraí MS, 05 de julho de 2023.
Valdimiro Araújo de Souza.
Capítulo 1
*
O CONVITE, A RESPOSTA E A ORIGEM
Era dezembro de 1967. O sonho de seis jovens transformou-se em realidade com o recebimento do Certificado de Conclusão do Curso Normal, numa cerimônia realizada no principal clube da cidade de Tupi Paulista, Estado de São Paulo, na segunda quinzena do citado mês.
Foram muitos anos de estudo desde o curso primário. No meu caso, também de trabalho, porque trabalhava durante o dia e estudava a noite. Os outros amigos e colegas não precisaram trabalhar, mas eu sim. Desde criança já trabalhava para ajudar no sustento de casa. O mais difícil foi o de boia-fria
, pois tinha de acordar de madrugada, preparar minha marmita e ir para a rua esperar o caminhão passar e nos levar à lavoura de algodão ou de amendoim, mamona, milho, etc., conforme a época do ano.
Antes já havia trabalhado em diversos locais, mas todos sem registro. No penúltimo ano da conclusão do meu curso Normal, finalmente consegui um bom emprego, com um salário razoável, carteira assinada e boas perspectivas de crescimento.
Mas tinha consciência do desejo de minha mãe de ter um filho formado. Ver um filho professor era o sonho dela. Não podia decepcioná-la. Ela, que sempre foi mãe e pai para mim, porque, quando meu pai faleceu na cidade de Tupã/SP, eu tinha menos de quatro anos e não me lembro dele.
Posso dizer que tudo o que sou, tudo o que tenho e tudo o que Deus permitiu que eu realizasse na minha vida particular e profissional, foi graças à minha mãe, que lavava a roupa de várias famílias e ainda limpava o chão de diversas casas, para que eu pudesse estudar.
Estou relatando isso para que vocês compreendam o motivo de eu deixar o meu emprego e optar por Naviraí. A minha motivação era dupla: desejava exercer a profissão de professor e também ajudar financeiramente minha mãe.
O prefeito era Antônio Augusto dos Santos (em memória), popularmente chamado de Virote. Naviraí só oferecia o ensino primário (primeiro ao quarto ano). Não havia nenhum prédio escolar na cidade. O ensino primário funcionava em algumas casas.
Não havia também nenhum (a) professor (a) habilitado (a). Então, o prefeito ficou sabendo que em Tupi Paulista /SP, naquele ano (1967), os dois filhos do Sr. Lindolfo, proprietário de terras em Naviraí, iam concluir o magistério e que viriam morar na cidade.
O prefeito então enviou seu secretário de educação e seu tesoureiro para convidar os dois filhos do Senhor Lindolfo, recém-formados, e também pedir que eles indicassem mais cinco colegas, para lecionarem no ensino primário e no secundário.
No caso do ginásio (secundário) viemos para regularizá-lo, porque ele funcionou em 1967 de modo precário, contrariando a legislação vigente. E a legislação da época permitia que quem tivesse o curso de Magistério (normal) poderia lecionar no Ginásio, na carência de professor com curso superior ou CADES.
Assim, o Molina e o Durvalino, cumprindo ordens do prefeito, convidaram o Sílvio e o Antônio e pediram aos dois que indicassem mais cinco, para completar o número de oito disciplinas, uma vez que em Naviraí já havia uma professora de inglês disponível. Os irmãos Sílvio e Antônio eram frequentadores assíduos da casa do Gilberto. Assim, os dois primeiros a serem convidados foram os irmãos Gilberto e Mário. Eu fui convidado em seguida, depois o Luiz e o Júlio, totalizando sete.
Com exceção do Mário, nós seis éramos da mesma turma da Escola Normal de Tupi Paulista. Todos aceitamos o convite. Eu aceitei porque desejava exercer a profissão para a qual estava habilitado e também queria realizar o sonho de minha mãe de ver um filho a lecionar. Além disso, era um modo de retribuir uma pequena parte de tudo que recebi dela.
Viemos conscientes do nosso trabalho, ou seja, lecionar no Ginásio, regularizando-o perante a Lei e também no Marechal Rondon, cujo prédio estava em construção, onde seríamos os primeiros seis professores habilitados (curso normal). O Mário, irmão do Gilberto, não era formado, mas um bom professor de Matemática e não teve dificuldade em lecionar no primário.
Não havia prédio para o funcionamento do Ginásio. Em 68 ele funcionou provisoriamente na Rua Alagoas, num salão que depois foi ocupado pela Casa Rosa. O primeiro prédio escolar construído em Naviraí foi o Marechal Rondon, que era denominado de Grupo Escolar Marechal Rondon e foi originado das Escolas Rurais Mistas do Finoto em 1958. O Ginásio Estadual de Naviraí (Médici - prédio antigo) foi construído em 69, com turmas de primeira e segunda séries (hoje seriam 5ª e 6ª séries).
O Luizão aproveitou a carona e veio antes de nós, na mudança dos irmãos Sílvio, Antônio e família. Saíram de Tupi Paulista no dia 23 de dezembro de 1967 e passaram de 24 para 25 (Natal) entre Ivinhema e Naviraí, à beira de um córrego. Chegaram ao destino, propriedade do Sr. Lindolfo, no dia de Natal. Nessa mudança vieram o Sílvio e Tonhão e toda a sua família, e também o Luiz. Inclusive, aproveitamos a mudança da família para enviarmos alguns pertences que seriam guardados na casa do Virote, onde iríamos morar. O Luizão voltou para Tupi Paulista. Ele só veio mesmo conhecer Naviraí. Mas