O Voo Dos Atlantes

De Caciano De Souza

É a história contada pelo Deus Serpente ao jovem Rei dos Homens. Num passado remoto, os atlantes abandonam o seu planeta moribundo e migram em massa para o Planeta Éden e lá evolui uma avançada civilização. A catástrofe ambiental causada por uma guerra nuclear mundial, porém, vai provocar uma nova fuga em massa, dessa vez para o planeta Marte, aprazível e acolhedor. No entanto, com o passar dos milênios, uma nova guerra planetária entre atlantes e marcianos, vai provocar catástrofes em série no planeta, que forçarão a uma nova fuga, dessa vez para o Céu. Enfim o retorno para a Terra e o recomeço. Uma nova civilização nasce das cinzas da anterior. Porém, no final da Era do Gelo, um cataclismo de proporções planetárias vai provocar uma nova e dramática evacuação em massa. Mas para onde? A única opção é o Inferno, o Mundo Inferior.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 14 de fev. de 2019

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O VOO DOS ATLANTES

Histórias do Passado Longínquo - 1

Caciano de Souza

Copyright © by Caciano Oliveira de Souza 2016

Série Histórias do Passado Longínquo

de Caciano de Souza

1:  O Voo dos Atlantes

      2:  O Retorno dos Gigantes

          3:  Entre Deuses e Demônios

Sumário

O Encontro do Deus Serpente com o Rei dos Homens

Fuga do Planeta Atlantis

O Governo Invisível

O Início dos Tempos

Nas Profundezas do Inferno

Os Visitantes Vieram Armados

Os Reis de Chifres de Bode

Os Retirantes Chegaram Famintos

Nas Profundezas do Céu

A Emboscada do Gelo Vingador

A Água Purificadora

O Encontro do Deus Serpente com o Rei dos Homens

Eis o jovem príncipe Atabba, o predestinado a se tornar o primeiro sumo sacerdote humano e o futuro Rei dos Homens, caminha ele ao lado do pai pelas alamedas do jardim celeste.

O príncipe reflete sobre as histórias que ouvira de Taishan o Deus Serpente, seu pai, sobre como os atlantes construíram o Império de Nibbur por sobre as ruínas planetárias, após o Grande Cataclismo.

Conhecia muito bem as histórias e os feitos dos Grandes Ílus, os líderes dos atlantes e membros da alta nobreza da espécie felinim. Mas, e quanto aos ancestrais que eles tanto veneram? Qual é a história dos nossos mais longínquos antepassados? De onde vieram? Quais forças titânicas os moveram para que construíssem o mundo atlante? Quem foi o primeiro Taishan?

Atabba vira-se para o pai.

Taishan, ao ouvir o rol de perguntas metralhadas pelo filho, delicadamente faz-lhe sinal para que calasse.

Sorri divertido com a sua jovial ansiedade por respostas.

A impaciente curiosidade dos humanos não possui limites. É como se, inconscientemente, tivessem pressa de aprender tudo muito rápido porque o tempo urge.

O poderoso Deus Serpente para na sombra de uma frondosa árvore. O olhar do gigante passeia pela grandiosa cúpula de metal translúcido do Céu e para sobre o colosso azul e branco que, vagaroso, gira no firmamento.

Quanta infâmia! Cruel em último grau é o filho que corrompe, degrada e avilta o corpo da própria mãe.

Voltam a passear pelas alamedas do fabuloso jardim celeste e se aproximam da charmosa cabana de descanso do Deus Serpente e da Dama da Vida. O deus faz um sinal para que subam à varanda e se acomodem nas poltronas de vime.

Como é bom sentir o perfume da relva molhada e das flores na eterna primavera celeste e como é relaxante ouvir o canto dos pássaros.

Ficam em silêncio por alguns momentos, então o sorriso de Taishan torna-se algo amargo e se esvai. O Deus Serpente mira para algum ponto do barulhento pomar, como a buscar um pássaro que cantava, mas não, o que ele busca são palavras amenas para contar ao filho as histórias do passado longínquo. As histórias conforme lhe foram contadas pelo seu avô, o qual não medira as palavras e fizera uso de uma crueza atroz em suas narrativas.

Algum dia, a dolorosa verdade teria de vir à tona, para que o Homem soubesse de onde veio e porque, necessariamente, é um prisioneiro deste planeta.

Taishan olha para o jovem príncipe, que lhe lança um olhar de impaciente expectativa. Então, o Deus Serpente faz um largo gesto com as manzorras e começa a contar, sua voz poderosa e grave retumba no silêncio da manhã celeste.

Fuga do Planeta Atlantis

Muitos materiais levam dias para serem naturalmente reciclados, outros podem levar décadas ou mesmo centenas de anos. Alguns elementos, porém, por conta do seu uso abusivo e indiscriminado, causam sequelas imponderáveis já no curtíssimo prazo. É o caso dos efeitos da radioatividade no ar, no solo, na água, nas plantas e no corpo das pessoas e dos animais.

Mas como, se o oceano por onde Atlantis navega é o infinito espaço sideral?

O Deus Serpente faz uma breve pausa e sorri um sorriso irônico.

A seita dos Sonhadores atrai muitos adeptos por conta de sua doutrina. Seus devaneios quanto a viagens astrais têm algo de fascinante, mágico, mesmo sendo inverossímil para a maioria dos não crentes. Mas, para muitos, aquelas poucas horas passadas nos templos servem como uma válvula de escape para a desesperança. Uma possibilidade remota de salvação para suas almas, uma vez que  seus  corpos já denunciam nitidamente a podridão reinante.

Em suas pregações, sempre num tom apocalíptico, o profeta gesticula dramaticamente.

Após uma breve pausa, com a plateia atarantada e silenciosa, o profeta levanta o indicador em riste e diz, com voz grave e pausada:

Em tom ameaçador, recita a primeira lei das salvaguardas universais, evidentemente, de sua própria autoria.

O profeta conclui, então, em altos brados.

Fora do ambiente de fanatismo doutrinário da seita, ninguém dá a mínima importância para o que os Sonhadores dizem.

Exceto, e em absoluto segredo, as autoridades políticas e militares.

Para a imprensa, a seita é liderada por um bando de perigosos charlatães e seus seguidores, um rebanho de beatos maníacos. Para o povaréu, os Sonhadores são motivo de risos e piadas.

Exceto para os cientistas que trabalham para o governo da potência planetária de Atlantis, cuja capital é Nibbur.

...

Considerando as incomensuráveis distâncias siderais e o tempo compreendido em anos-luz entre o planeta Atlantis e os outros sistemas planetários, mesmo a avançada tecnologia espacial atlante, com os seus mais velozes engenhos, demoraria cerca de

20.000 anos para alcançar o sistema estelar mais próximo, a meros cinco anos-luz de distância.

Mesmo se, em algum momento, pudessem se locomover no espaço na velocidade da luz, os problemas de sobrevivência da tripulação de uma nave que estaria no espaço por talvez cinco anos, seriam enormes.

Os