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Sirion - O Começo
Sirion - O Começo
Sirion - O Começo
E-book368 páginas3 horas

Sirion - O Começo

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Sobre este e-book

Caros(as) Amigos(as), Esta é a Terceira Edição Revisada de “Sirion-O Começo” Nele são descritas as primeiras aventuras de nossa intrépida e bela protagonista, a jovem Cosmóloga Patrícia Peary McCoist Allison, que se vê servindo como Oficial conscrita do Corpo Especial de Levantamento, FEA (SAF – Special Attack Force) da Federação em um isolado e desértico planeta, riquíssimo em recursos minerais e violentamente disputado por raças antagonistas numa guerra sem quartel. Ali ela se sagra uma heroína de seu povo e desperta o interesse daquele que virá a ser o grande amor de sua vida, príncipe herdeiro de uma poderosa dinastia humana! O objetivo primordial desta Série, atualmente composta por 6 volumes, é traçar uma hipótese, baseada na História Alternativa, do que pode ter sido o passado mítico da humanidade, tendo por base as narrativas encontradas em textos milenares como os Vedas Hindus (Mahabharata, Ramaiana, Rigveda, Puranas,...), como a Epopéia de Gilgamex, o Kandiur Tibetano, as Estâncias de Dzian, os diálogos de Platão sobre Atlântida (Timeu e Crítias), as especulações sobre o continentes perdidos do Pacífico Central (Mú e as Tabuletas Naacal) e a própria Bíblia Hebraica, entre outros. Com base nestas diversas fontes e nos conhecimentos ortodoxos de Paleontologia, Arqueologia, Cosmologia, Pré e Proto História, estabeleci uma cronologia hipotética da evolução da vida no Planeta Terra e de como o nascimento de nossa espécie nela, eventualmente, se encaixaria. A “Última Fronteira” é um conto de ficção, mas é, também, uma especulação do que poderia ter sido nosso obscuro passado e sobre o que poderá, talvez, ser nosso ignoto futuro... Esta “História Alternativa” é contada através da vida de nossa bela e indomável heroína que terá um papel primordial no desenvolvimento da História Humana a partir dos primeiros contatos com civilizações e raças alienígenas que ocultam um segredo perdido nas brumas dos tempos... Durante milhares de anos a humanidade acreditou na existência de Deuses e Semideuses imortais. Vemos este mito presente em todas as civilizações antigas; Egípcios, Sumérios, Babilônios, Minuanos, Fenícios, Hebreus, Hindus... De onde surgiram esses mitos? Apenas do desejo humano de imortalidade? E de onde surgiu este conceito de “vida eterna” entre as populações primitivas? E se, numa época pregressa existiram, realmente, alguns indivíduos especiais cuja longevidade, cuja capacidade de auto-regeneração os elevou à categoria de “Deuses” entre os simples mortais? Ainda hoje, a expectativa média de vida humana mal atinge os 80 anos, isso em países desenvolvidos. Qualquer ser humano com 100 anos ou mais é considerado um caso especial, raríssimo, que dizer numa época, há 4 ou 5 mil anos atrás, quando esta mesma expectativa de vida mal atingia os 30 anos?! Imaginem essas populações primitivas convivendo que seres em aparência humanos, mas capazes de voar, donos de armas terríveis que podiam arrasar cidades inteiras num piscar de olhos, de máquinas que podiam fazer todo o trabalho pesado e que fendiam o espaço com facilidade, permanecendo vivos, geração após geração, entre os homens comuns... Não seriam estes seres, “eternos” considerados “Deuses”, Deuses das estrelas? Ou teriam sido, simplesmente, seres humanos de uma geração anterior, mais sábia, antiga e evoluída? Seriam eles frutos de uma civilização primerva que teriam conseguido ultrapassar a barreira do tempo? Mortais, mas extremamente longevos graças a um controle cuidadoso de sua saúde física e mental? Seriam privilegiados? “Deuses”? Ou apenas “Viajantes das Estrelas”, sujeitos à distorção espaço-temporal da Teoria da Relatividade?... Seriam estes possíveis Visitantes ou Viajantes das Estrelas nossos Deuses do Passado? Quem sabe... Mas... Esta é, apenas, uma estória de Ficção. Será... Notas do Autor: Nesta reedição foi incluída a “Linha do Tempo” dos eventos narrados na Saga “A Última Fronteira”, no momento composta pelo presente liv
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de mai. de 2017
Sirion - O Começo

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    Sirion - O Começo - Adrian Akar

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    SIRION – O Começo...

    Prefácio; O Começo:

    Desde os primórdios do alvorecer de sua cultura, o ser humano vem fitando o céu

    estrelado, a indagar-se sobre o que existirá no seio de sua vastidão...

    A cada nova etapa de seu lento evoluir, ele o vem povoando de deuses, gigantes e

    demônios, de seres estranhos, aterrorizantes e todo-poderosos, mas jamais admitiu

    que a imensidão que se estendia à sua volta fosse vazia e estéril...

    Com o despertar da ciência, as hipóteses, em sua busca de explicar a origem e o

    sentido da vida, se multiplicaram, sempre procurando, todas elas, meios de provar que

    a vida em nosso mundo não era um caso único, que os elementos aqui presentes

    eram comuns a toda a seara universal e que, conseqüentemente, a centelha de vida e

    consciência que aqui germinou poderia e deveria ter germinado nos milhares de

    milhões de mundos à nossa volta; muito mais cedo do que em nosso pequeno refúgio

    em não poucos...

    A admissão da existência de milhares de Civilizações Cósmicas é, pois, um fato

    largamente divulgado e aceito em nossa atual comunidade científica. Um fato curioso

    se levarmos em conta os milhares de anos em que um Teo e um Antropocentrismo

    ferrenhos marcaram o pensamento de nossa insipiente civilização tecnológica. Assim,

    assistimos à fascinante experiência de ver a gloriosa Coroa da Criação reduzida a

    um insignificante fruto de acasos fortuitos, habitante da fina casca de um planetinha

    azul, perdido entre os componentes dispersos de um diminuto sistema da borda

    externa de uma grande e vulgar galáxia espiral. Uma galáxia formada, como suas

    centenas de milhões de irmãs, pela grande explosão que, 13,7 bilhões de anos atrás,

    deu origem ao Universo conhecido!...

    Muito bem... Então, se não somos os únicos, aonde estão os outros?

    A ficção, desde tempos imemoriais, tem dado as mais diversas e curiosas respostas a

    esta pergunta, povoando nosso mundo e a vastidão que o cerca com toda a sorte de

    seres míticos que, ora bons, ora maus, conforme o estado de espírito de seus

    criadores, nos vem acompanhando ao longo das eras...

    Na verdade, os tempos mudam, os homens nem tanto! Em nossa civilização

    tecnológica, deuses se tornaram astronautas! Elfos, sereias, gnomos, princesas

    encantadas e bruxos perversos deram seu lugar a alienígenas; alguns bons, outros

    ruins, mas todos estranha e curiosamente humanos em sua essência!...

    As visões também se alteraram. Antes nos surgiam dos céus, deuses, anjos e santos

    mensageiros. Hoje são naves e seres extraterrestres que nos chegam do profundo

    espaço, invariavelmente nos períodos de maior dificuldade e insegurança, trazendo-

    nos suas mensagens de conforto ou de condenação!

    E o que diz nossa Ciência a respeito de tudo isso?

    Cética quanto às manifestações populares, ela continua a vasculhar o céu com seus

    poderosos instrumentos e, tal como o faziam magos e astrólogos na antiguidade, a

    buscar uma explicação racional para os fenômenos que ainda fogem à nossa

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    SIRION – O Começo...

    compreensão. Seus telescópios e rádiotelescópios nos levam a estrelas e galáxias,

    suas naves e robôs aos confins do sistema solar! Sua psicologia nos ensina que

    visões são alucinações, frutos da insegurança do eu coletivo. Que não existem

    discos voadores, deuses astronautas, dinossauros inteligentes, yets ou triângulos

    assombrados! Que as distâncias entre as possíveis civilizações são imensas e

    praticamente intransponíveis e que um contato de terceiro grau entre elas é quase

    certamente impossível; mas...

    Que elas existem!

    A despeito de, nunca, nossos cientistas haverem, conclusivamente, apresentado uma

    só prova, por mais humilde que fosse, de vida fora do diminuto ecossistema

    terrestre!...

    Afinal, a vida em outros mundos, a existência de outros planetas fora do sistema solar

    é, pura e simplesmente, uma questão de lógica e não de . Seria um absurdo

    completo admitir que, num universo de centenas de bilhões de sóis, o acaso houvesse

    feito surgir, a vida, exatamente aqui. Que ao longo de ~14 bilhões de anos, justamente

    neste ponto esquecido de uma galáxia igual a centenas de milhões de outras, a

    primeira nebulosa planetária houvesse começado a se condensar há 6 ou 7 bilhões de

    anos e que as reações físico-químicas que originaram os primeiros aminoácidos

    houvessem ocorrido, justamente, na atmosfera deste insignificante mundo azul. Que

    neste planetinha, neste nada, houvesse se produzido o primeiro oceano molecular, a

    primeira célula, o primeiro verme, o primeiro ovo, o primeiro ser a correr, a trepar, a

    voar, a pensar!...

    E...

    Por que não?...

    ----------XXX----------

    GADP-27/05/2016

    Registro EDA 011553-1/6 Registro da Série EDA 46665 Adrian & Pat Akar

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    SIRION – O Começo...

    PRÓLOGO

    O par de homens poderosos olhava para a ravina e para o espetáculo desolador da depressão

    abaixo. Dezenas de milhares de cadáveres insepultos dos inimigos alienígenas e de seus animais

    de guerra haviam sido, simplesmente, assados, esterilizados pelo napalm junto com as carcaças

    carbonizadas de seus veículos de guerra!

    Máquinas trabalhavam incessantemente, abrindo valas para enterrar os restos daquela

    hecatombe. Um esforço que muitos consideravam desnecessário e inútil, mais, até, uma medida

    estética do que propriamente sanitária!

    - Foi aqui? – o primeiro, que parecia estar no comando, perguntou.

    - Sim, Alteza!...

    - Por quanto tempo resistiram?

    - Quase 10 dias, Alteza!

    - Sobreviventes?

    - Do grupo original, oito... Seis feridos, dois deles em estado crítico, um dos quais sua

    Comandante...

    - Uma mulher?!

    - Jovem pelos padrões deles... Pelos relatórios, filha da Alta Nobreza de seu povo!...

    - Uma jovem Nobre dirigiu essa resistência? Tem seu nome?

    O outro consultou os registros na tela de cristal líquido que tinha nas mãos...

    - Patrícia Allison. Vinte e seis anos... Voluntária, conscrita...

    - Não é uma Amazona Guerreira?

    - Não, meu Senhor, são um povo estranho esses terrarans, - retrucou o outro com certo

    desprezo na voz - Suas vidas são cercadas de tabus antinaturais sobre hierarquia, sexo e nudez

    que consideram vergonhosa! – observou com um sorriso irônico - Por outro lado, suas mulheres

    são criadas como se fossem homens, ensinadas desde a juventude a se comportarem como tal,

    tendo de se valer por si próprias e sem a proteção de suas famílias, mesmo as nascidas em berço

    nobre como ela. São criadas para serem independentes e tratarem seus homens de igual para

    igual. Tem que ganhar seu próprio sustento e, se convocadas, lutar lado a lado com eles em suas

    batalhas. Se derrotadas ficam à mercê dos vencedores que as usam como lhes apetece. Não há

    honra, respeito ou piedade... Já que agem como iguais a seus homens, como iguais são tratadas

    na paz e na guerra! As divisões de classe são muito tênues, muito mais baseadas no poder

    econômico do que no berço do qual são oriundos. Seus títulos nobiliárquicos pouco significam

    se não forem associados à riqueza!... Seus dogmas religiosos são estranhos, impregnados de

    fanatismo e de uma intransigência que beira as raias da insanidade, origem da maioria de seus

    conflitos históricos!... Por outro lado, meu Senhor, - prosseguiu o homem com um sorriso

    mordaz – dizem que suas mulheres, entre quatro paredes, são amantes ardentes, ainda que,

    normalmente, infiéis!.

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    SIRION – O Começo...

    - Interessante... – observou o Príncipe, dedilhando rapidamente a pequena tela - É uma bela

    mulher!... Está muito ferida?

    - Foi atingida na coluna e teve uma das mãos devorada pelo animal de ataque de um oficial

    inimigo que ela matou em combate singular. Um de mais de 20, segundo o depoimento de outra

    Oficial sobrevivente, ela os matou a golpes de espada!

    - Muito bem, Altmer, vamos até lá, quero vê-los, e providencie a remoção de todos para a Casa

    da Vida. Que lhes seja ministrado o tratamento destinado à Nobreza e aos Heróis que é o que, na

    verdade, são! O que se passou aqui é um feito de honra e de glória! Sua memória não deve ser

    perdida!...

    - Tratarei de todos os detalhes pessoalmente, Alteza...

    - Menos de duzentos!... E agüentaram aqui por quase dez dias! Isolados... São duros esses

    terrarans, Altmer, precisamos trazê-los, realmente, para o nosso lado! Torná-los aliados que

    seja e esta pode ser uma ótima oportunidade, meu amigo!

    - Eles lutam como animais, Senhor, não seguem as regras de Kanli!

    - São animais... Sem dúvida, pelo que acabou de me descrever... Selvagens lutando sem honra e

    sem regras contra outros animais, meu caro Lorde Trandiz!... Que sejam eles, não nós!...

    Animais muito prolíficos e, alguns, diga-se de passagem, muito belos! – ponderou o Príncipe

    com um sorriso, fitando o prontuário médico de Patrícia que exibia seu pequeno corpo desnudo

    na tela. – Quero saber tudo, absolutamente tudo, sobre ela, providencie meu amigo!...

    - Tratarei disso pessoalmente, meu Príncipe!

    - Vamos, Altmer... – disse o Príncipe dando um tapa amistoso no ombro do Lorde, seu

    Comandante de Guerra, e devolvendo-lhe o aparelho... Vamos conhecer esta pequena,

    indomável e linda amazona e, se possível, salvar-lhe a vida!...

    --------------------

    Patrícia despediu-se de Karina e encerrou a ligação no videofone, ficando em silêncio a olhar as

    luzes de New York tremeluzindo na noite fria... Na manhã seguinte, iria se apresentar no

    gabinete do General McDougal e assumir suas funções burocráticas, nas quais deveria encerrar

    seu período como conscrita. O Coronel Robertson parecia francamente interessado nela e isso

    poderia ser um problema. Patrícia ainda se ressentia da morte de Alvarez e não queria começar

    outro relacionamento, não se sentia preparada. Por outro lado, desprezar ou hostilizar Robertson

    poderia ser um problema...

    - Droga! Patrícia Allison! Por que você não nasceu feia, sardenta e dentuça? – depois, viu seu

    reflexo no espelho no diminuto baby doll e sorriu, admirando o corpinho escultural – É...

    Alvarez, querido, eu queria tanto que você estivesse aqui agora! Eu devia ter aceitado seu

    jeitinho e ficado com você! Agora que você se foi... Como sinto sua falta meu doce Latin

    Lover!...

    Caminhou até a varanda do espaçoso quarto que ocupava no imenso apartamento de seus pais.

    Alice já voltara para a Inglaterra. Seus pais e seu irmão voltariam pela manhã. Paula ficaria por

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    SIRION – O Começo...

    uma semana, para fazer umas comprinhas, antes de voltar para a faculdade. Seu avô partira

    para a reserva na distante Austrália, ela estava, mais uma vez, só!...

    - Bem, ao menos estou viva!... E inteira! Vamos pagar para ver! Quem sabe o que o destino me

    trará?

    Voltou para o interior do quarto e olhou, sobre a penteadeira, o pequeno punhal com sua bainha

    cravejada de pedras preciosas, o presente de um Príncipe de um Império distante, um penhor à

    sua bravura em combate!

    - Será que um dia o conhecerei?

    Tirou o pequeno punhal de sua bainha e ficou a brincar com ele... Como seria a vida no

    Império? Valeria, realmente, à pena abandonar tudo e partir para um mundo tão distante quanto

    Arion na borda do centro da galáxia? O que encontraria lá?

    Guardou o punhal em sua bainha e o colocou ao lado de Sairento ShiA Morte Silente,

    agora sua, e pensou no que isso significava... Seu avô a escolhera como sua sucessora e guardiã

    da espada jurada. Um dia teria que começar a treinar alguém para substituí-la... Quando?

    Quem?...

    Perguntas demais que a angustiavam... Sempre fora uma pessoa responsável e previdente que

    procurara planejar de forma meticulosa seu futuro... Agora que este futuro se abria à sua frente,

    sentia-se perdida! Meu Deus! Eu me sinto tão sozinha!... Queria tanto encontrar alguém que me

    amasse de verdade e a quem eu pudesse me entregar plenamente! Alguém a quem eu pudesse

    seguir, simplesmente, sem dúvidas, sem medos, sem contestações! Meu Deus! Onde está você

    meu amor?! Meu Príncipe Encantado como diz Karina, zombando de mim!... Como eu

    gostaria que você existisse! Existisse... E fosse bom pra mim!

    E, com esse pensamento, se recolheu... Amanhã seria um novo começo...

    ----------XXX----------

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    SIRION – O Começo...

    SIRION

    Patrícia acordou preguiçosa e saiu do alojamento para o sol frio da manhã. Era um sol enorme,

    azul esverdeado e muito quente, mas estava muito distante, de modo que seu raio aparente era

    pouco maior do que o Sol da Terra, fazendo com que o planeta se situasse na Zona Habitável, a

    famosa Cachinhos de Ouro onde a vida humana se tornava viável.

    Sirion era um planeta quase do tamanho da Terra e com gravidade bastante semelhante, rico em

    metais e dotado de grandes reservas de hidrocarbonetos que indicavam um passado mais quente

    e menos árido do que o momento geológico em que ora vivia.

    A tectônica de placas, tão fundamental para a vida, era muito ativa ali e formara no planeta uma

    única e colossal massa de terra que concentrava quase metade de sua superfície, transformada,

    num gigantesco deserto cercado por uma estreita faixa de vegetação onde a vida animal se

    tornava possível, lembrando, em muito, o antigo subcontinente australiano na velha Terra.

    O peso da massa continental tombava o eixo do planeta que contava com um ciclo de estações

    extremas de frio e calor, tornando-o profundamente hostil. Não fosse sua riqueza mineral,

    Sirion, filho da estrela Alfa-Proteus, localizada no Cinturão de Orion, há quase 20 mil anos-luz

    da Terra, não seria um lugar de grande interesse para a raça humana, porém, o seu imenso

    potencial de exploração de commodities o tornava um centro estratégico de produção de

    petróleo, gás, xisto e carvão, o que unido às suas colossais e intocadas reservas de minerais

    pesados; Ferro, Manganês, Alumínio, Nióbio e outros o faziam um fornecedor de recursos

    indispensável à sedenta FEDCON.

    Patrícia coçou a cabeça e, ainda sonolenta, buscou uma xícara de café junto ao aparelho

    automático que ficava permanentemente ligado. Caneca fumegante em punho, examinou a mesa

    posta e pegou um sanduíche, sem dúvida preparado pela Cabo Janette no final da noite anterior.

    Sentou-se num banquinho do qual era possível observar a agitação que começava a dominar o

    acampamento e pensou consigo mesma que precisava de um banho quentinho. Ajeitou, com as

    mãos, os cabelos negros como a mais profunda das noites, cortados no estilo Chanel que era

    autorizado às Oficiais da Força da FEDCON e espreguiçou-se sensual como uma gatinha

    dengosa.

    Patrícia era 1º Tenente da Força de Contenção enviada para garantir a segurança do planeta.

    Não era uma oficial de carreira, mas uma conscrita cumprindo seu período obrigatório de 3 anos

    junto à Força, como era conhecido o exército da FEDCON, a Federação de Planetas que

    nascera a partir da expansão da raça humana, tendo por sede a Velha Terra.

    A conscrição era uma obrigação de todo cidadão da FEDCON. No caso de pessoas com nível

    superior, prestada a partir do momento de conclusão de sua vida universitária. Patrícia era

    Física, especializada em Cosmologia e detentora de um PhD em Modelagem Matemática,

    especialista no estudo de Pontes Einstein-Rosen, os Portais Galáticos que permitiam o

    traslado instantâneo de seres humanos e recursos materiais entre os sistemas da Federação e os

    do distante Império.

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    Fora o contato com o Império que permitira à FEDCON expandir-se pela Via Láctea nos

    últimos 130 anos, libertando-a dos grilhões que prendiam sua humanidade ao sistema solar e aos

    dispersos planetas habitáveis num raio de pouco mais de 100 anos-luz.

    Foi uma surpresa e um choque para a vasta população humana que então já somava mais de 20

    bilhões de almas. A raça humana não tivera suas origens na velha Terra, mas, tudo indicava, em

    um planeta distante, Árion, bem mais próximo ao centro da galáxia e de lá se espalhara pelo

    cosmo há milhões de anos. A prolífica população humana da FEDCON não passava de um

    grupo de Ovelhas Desgarradas que ora se juntavam, novamente, ao fluxo principal da

    civilização.

    De início haviam ocorrido alguns estranhamentos. O Gigantesco e longevo Império possuía

    uma tecnologia bastante superior à FEDCON, principalmente no que dizia respeito aos

    Portais de transporte de longa distância, as famosas Pontes Einstein-Rosen que lhe haviam

    permitido a conquista da Via Láctea, assim como seus surpreendentes avanços na medicina e na

    qualidade de vida.

    Enquanto na Federação a expectativa de um cidadão saudável com um padrão de vida que lhe

    desse acesso aos melhores recursos era de pouco mais de 120 anos, um cidadão comum do

    Império podia viver entre 400 e 500 anos sem dificuldade. Sua próspera nobreza podia viver

    mais de 1 milênio e dizia-se que os membros da Alta Nobreza e da família imperial podiam

    atingir a incrível cifra dos 5 mil anos de vida saudável, mantendo uma aparência física de 15

    anos para as mulheres e 20 para os homens, só vindo a sofrer um rápido e mortal

    envelhecimento ao final de suas longevas existências!

    O Império era uma estrutura quase feudal, a próspera nobreza dirigindo seus planetas e

    possessões divididos em Ducados, Condados e Baronatos, comandando uma população dócil de

    quase 100 bilhões de almas espalhadas por mais de mil planetas.

    Essa imensa massa anônima vivia uma vida próspera, mas sem acesso à educação formal além

    do que na FEDCON era considerado o nível médio-técnico, a nobreza concentrando o

    conhecimento científico e tecnológico em grandes colegiados aos quais apenas seus pares e

    cidadãos comuns de excepcional inteligência tinham acesso, o que, para estes, significava um

    meio legítimo de ascensão à baixa nobreza.

    Império e Federação, vencido o stress inicial, logo descobriram que tinham muito a oferecer um

    ao outro; os filhos pródigos da Federação Terrestre ou terrarans, como os membros da Alta

    Corte do Império ou Archontiá, pejorativamente os chamavam, eram um povo jovem e prolífico

    que, com a ajuda dos Portais do Império dera origem a um novo impulso de desbravamento e

    colonização. De sua parte, o Império contribuiu com sua tecnologia para ajudar neste impulso

    desbravador, colhendo os frutos dos novos mundos terraformados com suas técnicas de

    reformatação de mundos habitáveis, um processo em que a Federação ainda engatinhava.

    Infelizmente, a nova onda de expansão humana logo entrou em choque com os membros de uma

    raça mais antiga que povoava o braço espiral de Orion. Uma raça ancestral de seres com

    características reptilianas, chamados Saureanos pelos humanos e o confronto, como era de se

    esperar, se fez inevitável; a raça mais antiga relutando em ceder espaço à mais jovem e

    dinâmica que ansiava por conquistá-lo.

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    SIRION – O Começo...

    O confronto custara à FEDCON quase 2 bilhões de mortos antes que suas fronteiras com os

    Saureanos se consolidassem, mas as escaramuças ainda persistiam e era por isso que Patrícia e

    tantos outros jovens se encontravam ali, para defender as ricas províncias minerais do árido

    Sirion da

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