Sirion - O Começo
De Adrian Akar
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Sirion - O Começo - Adrian Akar
SIRION – O Começo...
Registro EDA 011553-1/6 Registro da Série EDA 46665 Adrian & Pat Akar
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SIRION – O Começo...
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SIRION – O Começo...
Prefácio; O Começo:
Desde os primórdios do alvorecer de sua cultura, o ser humano vem fitando o céu
estrelado, a indagar-se sobre o que existirá no seio de sua vastidão...
A cada nova etapa de seu lento evoluir, ele o vem povoando de deuses, gigantes e
demônios, de seres estranhos, aterrorizantes e todo-poderosos, mas jamais admitiu
que a imensidão que se estendia à sua volta fosse vazia e estéril...
Com o despertar da ciência, as hipóteses, em sua busca de explicar a origem e o
sentido da vida, se multiplicaram, sempre procurando, todas elas, meios de provar que
a vida em nosso mundo não era um caso único, que os elementos aqui presentes
eram comuns a toda a seara universal e que, conseqüentemente, a centelha de vida e
consciência que aqui germinou poderia e deveria ter germinado nos milhares de
milhões de mundos à nossa volta; muito mais cedo do que em nosso pequeno refúgio
em não poucos...
A admissão da existência de milhares de Civilizações Cósmicas
é, pois, um fato
largamente divulgado e aceito em nossa atual comunidade científica. Um fato curioso
se levarmos em conta os milhares de anos em que um Teo
e um Antropocentrismo
ferrenhos marcaram o pensamento de nossa insipiente civilização tecnológica. Assim,
assistimos à fascinante experiência de ver a gloriosa Coroa da Criação
reduzida a
um insignificante fruto de acasos fortuitos, habitante da fina casca de um planetinha
azul, perdido entre os componentes dispersos de um diminuto sistema da borda
externa de uma grande e vulgar galáxia espiral. Uma galáxia formada, como suas
centenas de milhões de irmãs, pela grande explosão que, 13,7 bilhões de anos atrás,
deu origem ao Universo conhecido!...
Muito bem... Então, se não somos os únicos, aonde estão os outros?
A ficção, desde tempos imemoriais, tem dado as mais diversas e curiosas respostas a
esta pergunta, povoando nosso mundo e a vastidão que o cerca com toda a sorte de
seres míticos que, ora bons, ora maus, conforme o estado de espírito de seus
criadores, nos vem acompanhando ao longo das eras...
Na verdade, os tempos mudam, os homens nem tanto! Em nossa civilização
tecnológica, deuses se tornaram astronautas! Elfos, sereias, gnomos, princesas
encantadas e bruxos perversos deram seu lugar a alienígenas; alguns bons, outros
ruins, mas todos estranha e curiosamente humanos
em sua essência!...
As visões também se alteraram. Antes nos surgiam dos céus, deuses, anjos e santos
mensageiros. Hoje são naves e seres extraterrestres que nos chegam do profundo
espaço, invariavelmente nos períodos de maior dificuldade e insegurança, trazendo-
nos suas mensagens de conforto ou de condenação!
E o que diz nossa Ciência
a respeito de tudo isso?
Cética quanto às manifestações populares, ela continua a vasculhar o céu com seus
poderosos instrumentos e, tal como o faziam magos e astrólogos na antiguidade, a
buscar uma explicação racional
para os fenômenos que ainda fogem à nossa
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SIRION – O Começo...
compreensão. Seus telescópios e rádiotelescópios nos levam a estrelas e galáxias,
suas naves e robôs aos confins do sistema solar! Sua psicologia nos ensina que
visões
são alucinações, frutos da insegurança do eu
coletivo. Que não existem
discos voadores, deuses astronautas, dinossauros inteligentes, yets ou triângulos
assombrados! Que as distâncias entre as possíveis civilizações são imensas e
praticamente intransponíveis e que um contato de terceiro grau entre elas é quase
certamente impossível; mas...
Que elas existem!
A despeito de, nunca, nossos cientistas haverem, conclusivamente, apresentado uma
só prova, por mais humilde que fosse, de vida fora do diminuto ecossistema
terrestre!...
Afinal, a vida em outros mundos, a existência de outros planetas fora do sistema solar
é, pura e simplesmente, uma questão de lógica
e não de fé
. Seria um absurdo
completo admitir que, num universo de centenas de bilhões de sóis, o acaso houvesse
feito surgir, a vida, exatamente aqui. Que ao longo de ~14 bilhões de anos, justamente
neste ponto esquecido de uma galáxia igual a centenas de milhões de outras, a
primeira nebulosa planetária houvesse começado a se condensar há 6 ou 7 bilhões de
anos e que as reações físico-químicas que originaram os primeiros aminoácidos
houvessem ocorrido, justamente, na atmosfera deste insignificante mundo azul. Que
neste planetinha, neste nada, houvesse se produzido o primeiro oceano molecular, a
primeira célula, o primeiro verme, o primeiro ovo, o primeiro ser a correr, a trepar, a
voar, a pensar!...
E...
Por que não?...
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GADP-27/05/2016
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SIRION – O Começo...
PRÓLOGO
O par de homens poderosos olhava para a ravina e para o espetáculo desolador da depressão
abaixo. Dezenas de milhares de cadáveres insepultos dos inimigos alienígenas e de seus animais
de guerra haviam sido, simplesmente, assados, esterilizados pelo napalm junto com as carcaças
carbonizadas de seus veículos de guerra!
Máquinas trabalhavam incessantemente, abrindo valas para enterrar os restos daquela
hecatombe. Um esforço que muitos consideravam desnecessário e inútil, mais, até, uma medida
estética do que propriamente sanitária!
- Foi aqui? – o primeiro, que parecia estar no comando, perguntou.
- Sim, Alteza!...
- Por quanto tempo resistiram?
- Quase 10 dias, Alteza!
- Sobreviventes?
- Do grupo original, oito... Seis feridos, dois deles em estado crítico, um dos quais sua
Comandante...
- Uma mulher?!
- Jovem pelos padrões deles... Pelos relatórios, filha da Alta Nobreza de seu povo!...
- Uma jovem Nobre dirigiu essa resistência? Tem seu nome?
O outro consultou os registros na tela de cristal líquido que tinha nas mãos...
- Patrícia Allison. Vinte e seis anos... Voluntária, conscrita...
- Não é uma Amazona Guerreira
?
- Não, meu Senhor, são um povo estranho esses terrarans
, - retrucou o outro com certo
desprezo na voz - Suas vidas são cercadas de tabus antinaturais sobre hierarquia, sexo e nudez
que consideram vergonhosa! – observou com um sorriso irônico - Por outro lado, suas mulheres
são criadas como se fossem homens, ensinadas desde a juventude a se comportarem como tal,
tendo de se valer por si próprias e sem a proteção de suas famílias, mesmo as nascidas em berço
nobre como ela. São criadas para serem independentes e tratarem seus homens de igual para
igual. Tem que ganhar seu próprio sustento e, se convocadas, lutar lado a lado com eles em suas
batalhas. Se derrotadas ficam à mercê dos vencedores que as usam como lhes apetece. Não há
honra, respeito ou piedade... Já que agem como iguais a seus homens, como iguais são tratadas
na paz e na guerra! As divisões de classe são muito tênues, muito mais baseadas no poder
econômico do que no berço do qual são oriundos. Seus títulos nobiliárquicos pouco significam
se não forem associados à riqueza!... Seus dogmas religiosos são estranhos, impregnados de
fanatismo e de uma intransigência que beira as raias da insanidade, origem da maioria de seus
conflitos históricos!... Por outro lado, meu Senhor, - prosseguiu o homem com um sorriso
mordaz – dizem que suas mulheres, entre quatro paredes, são amantes ardentes, ainda que,
normalmente, infiéis!.
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SIRION – O Começo...
- Interessante... – observou o Príncipe, dedilhando rapidamente a pequena tela - É uma bela
mulher!... Está muito ferida?
- Foi atingida na coluna e teve uma das mãos devorada pelo animal de ataque de um oficial
inimigo que ela matou em combate singular. Um de mais de 20, segundo o depoimento de outra
Oficial sobrevivente, ela os matou a golpes de espada!
- Muito bem, Altmer, vamos até lá, quero vê-los, e providencie a remoção de todos para a Casa
da Vida. Que lhes seja ministrado o tratamento destinado à Nobreza e aos Heróis que é o que, na
verdade, são! O que se passou aqui é um feito de honra e de glória! Sua memória não deve ser
perdida!...
- Tratarei de todos os detalhes pessoalmente, Alteza...
- Menos de duzentos!... E agüentaram aqui por quase dez dias! Isolados... São duros esses
terrarans
, Altmer, precisamos trazê-los, realmente, para o nosso lado! Torná-los aliados que
seja e esta pode ser uma ótima oportunidade, meu amigo!
- Eles lutam como animais, Senhor, não seguem as regras de Kanli!
- São animais... Sem dúvida, pelo que acabou de me descrever... Selvagens lutando sem honra e
sem regras contra outros animais, meu caro Lorde Trandiz!... Que sejam eles, não nós!...
Animais muito prolíficos e, alguns, diga-se de passagem, muito belos! – ponderou o Príncipe
com um sorriso, fitando o prontuário médico de Patrícia que exibia seu pequeno corpo desnudo
na tela. – Quero saber tudo, absolutamente tudo, sobre ela, providencie meu amigo!...
- Tratarei disso pessoalmente, meu Príncipe!
- Vamos, Altmer... – disse o Príncipe dando um tapa amistoso no ombro do Lorde, seu
Comandante de Guerra, e devolvendo-lhe o aparelho... Vamos conhecer esta pequena,
indomável e linda amazona e, se possível, salvar-lhe a vida!...
--------------------
Patrícia despediu-se de Karina e encerrou a ligação no videofone, ficando em silêncio a olhar as
luzes de New York tremeluzindo na noite fria... Na manhã seguinte, iria se apresentar no
gabinete do General McDougal e assumir suas funções burocráticas, nas quais deveria encerrar
seu período como conscrita. O Coronel Robertson parecia francamente interessado nela e isso
poderia ser um problema. Patrícia ainda se ressentia da morte de Alvarez e não queria começar
outro relacionamento, não se sentia preparada. Por outro lado, desprezar ou hostilizar Robertson
poderia ser um problema...
- Droga! Patrícia Allison! Por que você não nasceu feia, sardenta e dentuça? – depois, viu seu
reflexo no espelho no diminuto baby doll e sorriu, admirando o corpinho escultural – É...
Alvarez, querido, eu queria tanto que você estivesse aqui agora! Eu devia ter aceitado seu
jeitinho e ficado com você! Agora que você se foi... Como sinto sua falta meu doce Latin
Lover!...
Caminhou até a varanda do espaçoso quarto que ocupava no imenso apartamento de seus pais.
Alice já voltara para a Inglaterra. Seus pais e seu irmão voltariam pela manhã. Paula ficaria por
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SIRION – O Começo...
uma semana, para fazer umas comprinhas
, antes de voltar para a faculdade. Seu avô partira
para a reserva na distante Austrália, ela estava, mais uma vez, só!...
- Bem, ao menos estou viva!... E inteira! Vamos pagar para ver! Quem sabe o que o destino me
trará?
Voltou para o interior do quarto e olhou, sobre a penteadeira, o pequeno punhal com sua bainha
cravejada de pedras preciosas, o presente de um Príncipe de um Império distante, um penhor à
sua bravura em combate!
- Será que um dia o conhecerei?
Tirou o pequeno punhal de sua bainha e ficou a brincar com ele... Como seria a vida no
Império? Valeria, realmente, à pena abandonar tudo e partir para um mundo tão distante quanto
Arion na borda do centro da galáxia? O que encontraria lá?
Guardou o punhal em sua bainha e o colocou ao lado de Sairento Shi
– A Morte Silente
,
agora sua, e pensou no que isso significava... Seu avô a escolhera como sua sucessora e guardiã
da espada jurada
. Um dia teria que começar a treinar alguém para substituí-la... Quando?
Quem?...
Perguntas demais que a angustiavam... Sempre fora uma pessoa responsável e previdente que
procurara planejar de forma meticulosa seu futuro... Agora que este futuro se abria à sua frente,
sentia-se perdida! Meu Deus! Eu me sinto tão sozinha!... Queria tanto encontrar alguém que me
amasse de verdade e a quem eu pudesse me entregar plenamente! Alguém a quem eu pudesse
seguir, simplesmente, sem dúvidas, sem medos, sem contestações! Meu Deus! Onde está você
meu amor?! Meu Príncipe Encantado
como diz Karina, zombando de mim!... Como eu
gostaria que você existisse! Existisse... E fosse bom pra mim!
E, com esse pensamento, se recolheu... Amanhã seria um novo começo...
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SIRION – O Começo...
SIRION
Patrícia acordou preguiçosa e saiu do alojamento para o sol frio da manhã. Era um sol enorme,
azul esverdeado e muito quente, mas estava muito distante, de modo que seu raio aparente era
pouco maior do que o Sol da Terra, fazendo com que o planeta se situasse na Zona Habitável, a
famosa Cachinhos de Ouro
onde a vida humana se tornava viável.
Sirion era um planeta quase do tamanho da Terra e com gravidade bastante semelhante, rico em
metais e dotado de grandes reservas de hidrocarbonetos que indicavam um passado mais quente
e menos árido do que o momento geológico em que ora vivia.
A tectônica de placas, tão fundamental para a vida, era muito ativa ali e formara no planeta uma
única e colossal massa de terra que concentrava quase metade de sua superfície, transformada,
num gigantesco deserto cercado por uma estreita faixa de vegetação onde a vida animal se
tornava possível, lembrando, em muito, o antigo subcontinente australiano na velha Terra.
O peso da massa continental tombava o eixo do planeta que contava com um ciclo de estações
extremas de frio e calor, tornando-o profundamente hostil. Não fosse sua riqueza mineral,
Sirion, filho da estrela Alfa-Proteus, localizada no Cinturão de Orion, há quase 20 mil anos-luz
da Terra, não seria um lugar de grande interesse para a raça humana, porém, o seu imenso
potencial de exploração de commodities
o tornava um centro estratégico de produção de
petróleo, gás, xisto e carvão, o que unido às suas colossais e intocadas reservas de minerais
pesados; Ferro, Manganês, Alumínio, Nióbio e outros o faziam um fornecedor de recursos
indispensável à sedenta FEDCON.
Patrícia coçou a cabeça e, ainda sonolenta, buscou uma xícara de café junto ao aparelho
automático que ficava permanentemente ligado. Caneca fumegante em punho, examinou a mesa
posta e pegou um sanduíche, sem dúvida preparado pela Cabo Janette no final da noite anterior.
Sentou-se num banquinho do qual era possível observar a agitação que começava a dominar o
acampamento e pensou consigo mesma que precisava de um banho quentinho. Ajeitou, com as
mãos, os cabelos negros como a mais profunda das noites, cortados no estilo Chanel que era
autorizado às Oficiais da Força
da FEDCON e espreguiçou-se sensual como uma gatinha
dengosa.
Patrícia era 1º Tenente da Força de Contenção enviada para garantir a segurança do planeta.
Não era uma oficial de carreira, mas uma conscrita cumprindo seu período obrigatório de 3 anos
junto à Força
, como era conhecido o exército da FEDCON, a Federação de Planetas que
nascera a partir da expansão da raça humana, tendo por sede a Velha Terra.
A conscrição era uma obrigação de todo cidadão da FEDCON. No caso de pessoas com nível
superior, prestada a partir do momento de conclusão de sua vida universitária. Patrícia era
Física, especializada em Cosmologia e detentora de um PhD em Modelagem Matemática,
especialista no estudo de Pontes Einstein-Rosen, os Portais Galáticos
que permitiam o
traslado instantâneo de seres humanos e recursos materiais entre os sistemas da Federação e os
do distante Império.
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SIRION – O Começo...
Fora o contato com o Império que permitira à FEDCON expandir-se pela Via Láctea nos
últimos 130 anos, libertando-a dos grilhões que prendiam sua humanidade ao sistema solar e aos
dispersos planetas habitáveis num raio de pouco mais de 100 anos-luz.
Foi uma surpresa e um choque para a vasta população humana que então já somava mais de 20
bilhões de almas. A raça humana não tivera suas origens na velha Terra, mas, tudo indicava, em
um planeta distante, Árion, bem mais próximo ao centro da galáxia e de lá se espalhara pelo
cosmo há milhões de anos. A prolífica população humana da FEDCON não passava de um
grupo de Ovelhas Desgarradas
que ora se juntavam, novamente, ao fluxo principal da
civilização.
De início haviam ocorrido alguns estranhamentos
. O Gigantesco e longevo Império possuía
uma tecnologia bastante superior à FEDCON, principalmente no que dizia respeito aos
Portais
de transporte de longa distância, as famosas Pontes Einstein-Rosen
que lhe haviam
permitido a conquista da Via Láctea, assim como seus surpreendentes avanços na medicina e na
qualidade de vida.
Enquanto na Federação a expectativa de um cidadão saudável com um padrão de vida que lhe
desse acesso aos melhores recursos era de pouco mais de 120 anos, um cidadão comum do
Império podia viver entre 400 e 500 anos sem dificuldade. Sua próspera nobreza podia viver
mais de 1 milênio e dizia-se que os membros da Alta Nobreza e da família imperial podiam
atingir a incrível cifra dos 5 mil anos de vida saudável, mantendo uma aparência física de 15
anos para as mulheres e 20 para os homens, só vindo a sofrer um rápido e mortal
envelhecimento ao final de suas longevas existências!
O Império era uma estrutura quase feudal, a próspera nobreza dirigindo seus planetas e
possessões divididos em Ducados, Condados e Baronatos, comandando uma população dócil de
quase 100 bilhões de almas espalhadas por mais de mil planetas.
Essa imensa massa anônima vivia uma vida próspera, mas sem acesso à educação formal além
do que na FEDCON era considerado o nível médio-técnico, a nobreza concentrando o
conhecimento científico e tecnológico em grandes colegiados aos quais apenas seus pares e
cidadãos comuns de excepcional inteligência tinham acesso, o que, para estes, significava um
meio legítimo de ascensão à baixa nobreza.
Império e Federação, vencido o stress inicial, logo descobriram que tinham muito a oferecer um
ao outro; os filhos pródigos
da Federação Terrestre ou terrarans
, como os membros da Alta
Corte do Império ou Archontiá, pejorativamente os chamavam, eram um povo jovem e prolífico
que, com a ajuda dos Portais
do Império dera origem a um novo impulso de desbravamento e
colonização. De sua parte, o Império contribuiu com sua tecnologia para ajudar neste impulso
desbravador, colhendo os frutos dos novos mundos terraformados com suas técnicas de
reformatação de mundos habitáveis, um processo em que a Federação ainda engatinhava.
Infelizmente, a nova onda de expansão humana logo entrou em choque com os membros de uma
raça mais antiga que povoava o braço espiral de Orion. Uma raça ancestral de seres com
características reptilianas, chamados Saureanos
pelos humanos e o confronto, como era de se
esperar, se fez inevitável; a raça mais antiga relutando em ceder espaço à mais jovem e
dinâmica que ansiava por conquistá-lo.
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SIRION – O Começo...
O confronto custara à FEDCON quase 2 bilhões de mortos antes que suas fronteiras com os
Saureanos se consolidassem, mas as escaramuças ainda persistiam e era por isso que Patrícia e
tantos outros jovens se encontravam ali, para defender as ricas províncias minerais do árido
Sirion da