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Para Todo Inverno, Primavera
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E-book158 páginas2 horas

Para Todo Inverno, Primavera

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Sobre este e-book

Prana, a Cidade da Vida. Um lugar mágico, onde convivem pessoas comuns e seres mágicos, em uma harmonia singular, vê-se ameaçada pelos desejos nefastos de uma de suas mais proeminentes habitantes. O povo de Prana ainda precisa de heróis para salvar sua cidade? Para voltar a florescer, é preciso que a primavera recomece. Mas como acabar com um inverno interminável? Um livro de fantasia que debate questões filosóficas sobre como uma sociedade pode, ou não prosperar, a partir de ações singulares mas também do coletivo de um povo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de set. de 2023
Para Todo Inverno, Primavera

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    Para Todo Inverno, Primavera - Stefania Peixer Lorenzini

    Stefania Peixer Lorenzini

    Para Todo Inverno,

    Primavera

    Texto, Carta Descrição gerada automaticamente

    Para minha filha, Veronika.

    SUMÁRIO

    PARTE I

    Prana, a Cidade da Vida.

    As Quatro Elementais e o Velho Pax.

    O Dia da Confirmação – Parte 1.

    O Dia da Confirmação – Parte 2.

    PARTE II

    Basta que uma pequena coisa aconteça.

    A revolução também mora nos detalhes.

    É no hoje que moram as oportunidades.

    Ninguém é obrigado a nada.

    Escolher é uma dádiva.

    PARTE III

    Segue toda vida reto. Será?

    Ninguém disse que seria fácil.

    Sempre há tempo para redenção.

    Todo fim é um novo começo.

    PARTE I

    ~ CAPÍTULO 1 ~

    Prana, a Cidade da Vida.

    Era uma vez, numa terra muito distante, muito distante mesmo. Bota distante nisso. Na verdade, tão distante, que nem tenho certeza de que ela realmente existiu. Bom, nessa terra mais que distante, havia uma cidade de nome Prana, governada por uma grande feiticeira, a Regente Dana. Assim como ela, suas duas filhas, Alana e Briana também eram feiticeiras, pertencentes a uma longa e tradicional linhagem de poderosos alquimistas e bruxas. A Regente Dana, uma mulher muito sábia e generosa, tornou-se governadora de Prana por vontade do povo, que viu em sua magia, inteligência e fonte de segurança. Ela não tomava suas decisões sozinha, contudo: era orientada pela sabedoria e experiência de conselheiros e conselheiras, líderes da cidade e criaturas um tanto extravagantes, formas de vida muito antigas que ali viviam desde tempos longínquos, antes mesmo da própria cidade ser fundada.

    Prana, a cidade da vida, erguia-se em um vale a beira-mar, sendo cercada por montanhas de cumes nevados e florestas ricas de fauna e flora. Era uma cidade que parecia sempre estar em harmonia com a natureza, com suas casas tomadas de uma maneira muito artística pela vegetação do lugar. Os animais costumavam andar livres pelas ruas e era comum ver pássaros e borboletas muito coloridas, já que as pessoas cultivavam flores em todos os cantos da cidade.

    Os habitantes de Prana eram tão diversos, pessoas de todas as origens convivendo e se comunicando em diferentes línguas. Era um povo que lia bastante, sendo comum nas casas ter uma biblioteca particular. Inclusive, tinham o costume de trocar livros entre si, e fazer pequenas reuniões para conversar sobre as histórias que liam. E sempre havia música vindo de suas casas, pois era um povo que gostava muito de dançar.

    Eram também pessoas muito trabalhadoras. Viviam do comércio de trocas de coisas e serviços, e da agricultura, sendo suas necessidades básicas como educação e saúde, garantidas pelo governo. Além disso, por ser uma cidade portuária, recebiam viajantes de vários lugares, tanto com interesse em fazer trocas como para descanso, o que contribuía para enriquecer a cultura local.

    Havia muitas crianças na cidade, o que obrigou seus líderes a construírem parquinhos infantis por toda parte. Parquinhos esses que eram frequentados pelos próprios adultos, pois em Prana jamais se abandonava o espírito de criança. Um espírito que também era solidário, pois todos eram, de alguma maneira, responsáveis pelos menores, mesmo que eles tivessem seus próprios pais e uma casa para morar.

    O povo se ajudava porque se entendia, e porque sabia que independentemente da idade, sempre era possível aprender coisas novas uns com os outros. E assim como cuidavam de suas crianças, também respeitavam seus anciãos, pois no final da vida também é possível ensinar e aprender.

    A segurança dessa vida, ao mesmo tempo tão sossegada e divertida, era de responsabilidade da Regente, mas não só: ela confiava muito na intuição e força sobrenatural do Velho Pax, e nas Quatro Elementais, de quem o sábio era tutor e guardião.

    Maisha, Lenina, Io e Shui. Terra, Ar, Fogo e Água. As Quatro Elementais dominavam esses fenômenos naturais em todas as suas formas. E ainda que aprendessem a manipular cada fenômeno da natureza para proteger Prana, era comum que usassem suas habilidades para seu próprio divertimento, pois era como o Velho Pax sempre dizia: É importante educar o espírito para viver bem, mas sem a espontaneidade, ficamos sem espírito algum. E o que de mais espontâneo existe senão uma boa gargalhada?

    Bom, tudo parece perfeito, não é mesmo? Prana vive em paz há tanto tempo, que seu povo tomou essa vida como garantida, livre de grandes problemas. Mas nenhuma condição de paz é infinita já que a própria vida é movimento. Nascemos, crescemos, experimentamos nosso corpo e pensamento mudarem, e chegamos ao fim, como toda e qualquer criatura desse mundo. Até as Quatro Elementais, mesmo parecendo eternas, tiveram um começo e com certeza terão um final. Então, por que seria diferente com a história da Cidade da Vida?

    A verdade é que alguma coisa simplesmente não estava certa. E, no interior da Construção Secular, sede do governo de Prana, algo sem definição ganhava vida. O prédio central da cidade, que também servia de residência da família regente, era uma construção imponente, porém bastante prática.

    Sem muitos adornos no seu exterior ou interior, possuía uma biblioteca grande e aberta ao público, uma série de salões amplos para eventos cerimoniais e reuniões do governo, e quartos que não só abrigavam a família da Regente em exercício, mas também hospedavam líderes de outras cidades ou pessoas importantes que porventura desejassem visitar Prana. O prédio também possuía uma antiga prisão em seu subsolo, resquício de tempos mais rigorosos, além de salas, túneis e entradas secretas que poucas pessoas sabiam a localização.

    A Construção Secular costumava ser, assim como o restante da cidade, um lugar de alegria e festa, para além das decisões por vezes difíceis que ali eram tomadas. Mas nesses últimos meses parecia envolta por uma atmosfera estranha, de tensão e suspeita. Pois era ali que sentimentos e emoções estavam surgindo no coração de alguém importante para Prana, e que trariam consequências inimagináveis ao seu povo. E numa dessas saletas escuras e isoladas no subsolo da Construção, uma conversa aconteceu:

    – Estou enlouquecendo? – perguntou-se a jovem, vestida de uma longa capa de veludo azul muito escuro e adornado, com o rosto escondido pelo capuz.

    – Não, eu vivo. E posso fazer teus desejos mais profundos se realizarem – sussurrou sedutora, a sombra que pairava no canto mais escuro do aposento. O ambiente era úmido, frio, onde a luz parecia ser quase incapaz de penetrar. A jovem hesitou por um momento, mais por desconfiança que por medo. Ainda assim, falou, desdenhosa:

    – Seria mesmo você capaz de tornar tudo que desejo possível? Você, uma criatura tão sorrateira, incapaz de andar a luz do dia e apresentar ao mundo sua verdadeira face... Quem é você, que se acha tão poderoso a ponto de me insultar com sua mera presença?

    – Você me subestima, jovem feiticeira – rebateu a criatura, mexendo-se incomodada com o tom de desafio –, eu não preciso me apresentar ao mundo. EU SOU O MUNDO! – concluiu, exaltando-se numa voz profunda e assustadora, que tomou os quatro cantos do lugar. Naquele momento, um obscuro acordo foi selado, sobre o qual nada poderia ser feito...

    ~ CAPÍTULO 2 ~

    As Quatro Elementais e o Velho Pax

    Não muito distante do centro de Prana, no alto de uma de suas mais imponentes e verdejantes montanhas, uma edificação muito antiga erguia-se em meio a floresta. Um palacete feito de pedras cinzentas que na luz da aurora cintilavam cores as mais diversas, refletindo o brilho de pequenos cristais que faziam parte da composição de suas paredes.

    O Arco-íris, apelido dado pelo povo de Prana ao prédio, voltava-se para o mar, mas de lá se tinha completa visão da cidade abaixo, sendo o lugar perfeito para a vigilância de suas moradoras, as Quatro Elementais, e seu guardião, o Velho Pax.

    O prédio preso à montanha se dividia em cinco andares, de acordo com os aposentos de suas moradoras. O primeiro pavimento,

    que se misturava ao interior da montanha, de onde se tinha acesso à nascente de águas quentes, era a morada de Io, a Elemental do Fogo. Um andar acima, com janelas e pequenas varandas que davam para trilhas estreitas na floresta, ficavam os aposentos de Maisha, a Elemental da Terra. O terceiro andar era o central do castelo, onde ficava a entrada para o caminho principal de chegada, e no qual se abria um imenso salão cerimonial, sustentado por colunas de marfim de ao menos oito metros de altura. Com o piso de mármore verde esmeralda e janelas que iam do chão ao teto, o salão era iluminado por vitrais que contavam a história do surgimento da vida e dos fenômenos naturais, celebrando a amizade entre todas as criaturas, e sua conexão com o mundo. No centro, havia um pequeno lago artificial onde nadavam na água cristalina pequenos peixes coloridos. Nesse mesmo andar ficava também o alegre aposento do sábio, que era um grande colecionador de artefatos curiosos.

    No pavimento de cima, vivia Shui, a Elemental da Água, num quarto de onde brotavam dois pequenos riachos artificiais, que levavam água da montanha para fora do castelo, criando cascatas imensas que caiam no mar logo abaixo. E por fim, no topo da construção, vivia Lenina, a Elemental do Ar, num cômodo arejado e aberto por uma ampla sacada, que dava em direção ao mar e a cidade.

    O castelo tinha séculos de idade sendo uma das mais belas vistas que se tinha de Prana. Não eram todas as pessoas que podiam entrar no Arco-íris, ainda que fosse possível ir até lá e tentar. Dependendo de seu motivo, as portas se abriam. Era acessível, contudo, para os dois grandes festivais que ali aconteciam, nos solstícios de verão e inverno, em que todo o povo se reunia para celebrar a vida. Reuniões do governo, por vezes, aconteciam também no salão, quando assuntos difíceis de serem resolvidos precisavam de um ambiente, digamos, mais espiritual para reflexão de todos. Também era um lugar onde alguns líderes buscavam tranquilidade e orientação, sendo visitado constantemente por Dana. Hoje era um desses dias.

    Era muito comum ver a Regente circular por Prana sozinha, cumprimentando e tendo breves diálogos com os cidadãos de sua cidade. Não gostava de fazer cerimonias para sair da Construção Secular ou ser escoltada por guardas, afinal ela sabia se defender com muita destreza, apesar de ter se utilizado disso pouquíssimas vezes nessas três décadas de governo.

    Hoje, ao montar seu cavalo Lilo e tomar a direção do Arco-íris, era sobre esse tempo que sua mente perambulava: seus trinta anos de Regência, ela que não aparentava os 51 anos de idade que tinha. A não ser pelo olhar que emanava grande experiência

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