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Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês
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Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês
E-book206 páginas2 horas

Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês

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Sobre este e-book

O novo romance de Francisco Angulo, "Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês", é uma obra-prima do realismo mágico que cativará tanto o leitor casual quanto o estudioso de literatura. Angulo demonstra ser um digno condiscípulo de escritores como Gabriel García Márquez e Julio Cortázar em sua habilidade de misturar o cotidiano com o fantástico de uma maneira que parece absolutamente natural.

A trama segue as desventuras de Agustín, um aspirante a escritor que vive na pobreza em um bairro de Madrid, e seu peculiar amigo Luisito, que sempre está tramando algum plano descabido para ficar rico rapidamente. Quando Luisito envolve Agustín em um casamento falso com uma imigrante somali chamada Marilyn, uma hilariante cadeia de eventos absurdos e situações alucinantes é desencadeada.

O que distingue Angulo como um verdadeiro mestre da narrativa é a destreza com que entrelaça múltiplos elementos cômicos e dramáticos sem perder o fio condutor. Cada cena, por absurda que seja, surge de forma orgânica da anterior. Por exemplo, quando o trio é forçado a fugir da polícia no aeroporto, acabam entrando por engano em um casamento cigano e depois em um velório escocês.

Angulo exibe domínio da linguagem que lhe permite mudar de registro com facilidade, da prosa poética à fala coloquial madrilenha. Há também um virtuosismo na caracterização das personagens, que são ao mesmo tempo arquétipos e criaturas únicas e idiossincráticas.

Um dos maiores feitos do romance é a humanização de personagens marginais como Luisito, um velhaco do submundo madrilenho com um coração de ouro. A amizade entre este e o introspectivo Agustín parece ter ecos quixotescos. Também é um acerto o fato de Angulo evitar estereótipos ao retratar os ciganos, traçando retratos afáveis, porém verossímeis.

As situações delirantes que os protagonistas vivem poderiam derivar em um humor absurdo vazio, mas aqui sempre revelam verdades mais profundas sobre a condição humana. Quando Agustín sofre ataques de pânico e pensa que está morrendo, não podemos deixar de nos identificar com seus medos irracionais. Até os assassinos que perseguem Marilyn têm seus motivos ocultos.

Em suma, com "Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês" Angulo codeia-se com os mestres do realismo mágico sem parecer um imitador. Sua prosa ágil e lírica, sua imaginação transbordante e seu olhar compassivo fazem deste romance uma celebração das maravilhas e misérias da vida.

Recomendo enfaticamente que o universo de Angulo seja penetrado. Embora os elementos fantásticos pareçam improváveis, suas personagens respiram com uma autenticidade comovente. Depois de ler este romance, o mundo real será visto de forma diferente, mais misterioso, mais poético. Em suas páginas se encerra a essência do que nos torna humanos.

"Tive que escrever catorze romances de terror antes de conseguir escrever um de humor".

 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de out. de 2023
ISBN9798223848929
Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês
Autor

Francisco Angulo de Lafuente

Francisco Angulo Madrid, 1976 Enthusiast of fantasy cinema and literature and a lifelong fan of Isaac Asimov and Stephen King, Angulo starts his literary career by submitting short stories to different contests. At 17 he finishes his first book - a collection of poems – and tries to publish it. Far from feeling intimidated by the discouraging responses from publishers, he decides to push ahead and tries even harder. In 2006 he published his first novel "The Relic", a science fiction tale that was received with very positive reviews. In 2008 he presented "Ecofa" an essay on biofuels, whereAngulorecounts his experiences in the research project he works on. In 2009 he published "Kira and the Ice Storm".A difficultbut very productive year, in2010 he completed "Eco-fuel-FA",a science book in English. He also worked on several literary projects: "The Best of 2009-2010", "The Legend of Tarazashi 2009-2010", "The Sniffer 2010", "Destination Havana 2010-2011" and "Company No.12". He currently works as director of research at the Ecofa project. Angulo is the developer of the first 2nd generation biofuel obtained from organic waste fed bacteria. He specialises in environmental issues and science-fiction novels. His expertise in the scientific field is reflected in the innovations and technological advances he talks about in his books, almost prophesying what lies ahead, as Jules Verne didin his time. Francisco Angulo Madrid-1976 Gran aficionado al cine y a la literatura fantástica, seguidor de Asimov y de Stephen King, Comienza su andadura literaria presentando relatos cortos a diferentes certámenes. A los 17 años termina su primer libro, un poemario que intenta publicar sin éxito. Lejos de amedrentarse ante las respuestas desalentadoras de las editoriales, decide seguir adelante, trabajando con más ahínco.

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    Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês - Francisco Angulo de Lafuente

    Prólogo

    Onovo romance de Francisco Angulo, Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês, é uma obra-prima do realismo mágico que cativará tanto o leitor casual quanto o estudioso de literatura. Angulo demonstra ser um digno condiscípulo de escritores como Gabriel García Márquez e Julio Cortázar em sua habilidade de misturar o cotidiano com o fantástico de uma maneira que parece absolutamente natural.

    A trama segue as desventuras de Agustín, um aspirante a escritor que vive na pobreza em um bairro de Madrid, e seu peculiar amigo Luisito, que sempre está tramando algum plano descabido para ficar rico rapidamente. Quando Luisito envolve Agustín em um casamento falso com uma imigrante somali chamada Marilyn, uma hilariante cadeia de eventos absurdos e situações alucinantes é desencadeada.

    O que distingue Angulo como um verdadeiro mestre da narrativa é a destreza com que entrelaça múltiplos elementos cômicos e dramáticos sem perder o fio condutor. Cada cena, por absurda que seja, surge de forma orgânica da anterior. Por exemplo, quando o trio é forçado a fugir da polícia no aeroporto, acabam entrando por engano em um casamento cigano e depois em um velório escocês.

    Angulo exibe domínio da linguagem que lhe permite mudar de registro com facilidade, da prosa poética à fala coloquial madrilenha. Há também um virtuosismo na caracterização das personagens, que são ao mesmo tempo arquétipos e criaturas únicas e idiossincráticas.

    Um dos maiores feitos do romance é a humanização de personagens marginais como Luisito, um velhaco do submundo madrilenho com um coração de ouro. A amizade entre este e o introspectivo Agustín parece ter ecos quixotescos. Também é um acerto o fato de Angulo evitar estereótipos ao retratar os ciganos, traçando retratos afáveis, porém verossímeis.

    As situações delirantes que os protagonistas vivem poderiam derivar em um humor absurdo vazio, mas aqui sempre revelam verdades mais profundas sobre a condição humana. Quando Agustín sofre ataques de pânico e pensa que está morrendo, não podemos deixar de nos identificar com seus medos irracionais. Até os assassinos que perseguem Marilyn têm seus motivos ocultos.

    Em suma, com Um Casamento Cigano e um Funeral Escocês Angulo codeia-se com os mestres do realismo mágico sem parecer um imitador. Sua prosa ágil e lírica, sua imaginação transbordante e seu olhar compassivo fazem deste romance uma celebração das maravilhas e misérias da vida.

    Recomendo enfaticamente que o universo de Angulo seja penetrado. Embora os elementos fantásticos pareçam improváveis, suas personagens respiram com uma autenticidade comovente. Depois de ler este romance, o mundo real será visto de forma diferente, mais misterioso, mais poético. Em suas páginas se encerra a essência do que nos torna humanos.

    TIVE QUE ESCREVER CATORZE romances de terror antes de conseguir escrever um de humor.

    Assim começava o prólogo do romance. Nada na vida de Agustín havia sido simples. Ele trabalhava desde os quinze anos e sabia muito bem o que era ganhar cada peseta com o suor de sua testa. Ao contrário do que a maioria das pessoas pode pensar, nos países do chamado primeiro mundo também se passa fome, embora talvez não se chegue a morrer, pois sempre se pode sobreviver com pão duro ou, como Agustín vinha fazendo nos últimos dois anos, à base de macarrão com molho de tomate por cima, nada de luxos, nem salsichas, nem molho de tomate Orlando. Pode ser que aqui as pessoas não morram de fome, mas morrem de depressão e nojo...

    Cercado por pobres-diabos, alcoólatras, drogados, traficantes e, ainda assim, ele os considerava seu povo, pois havia visto como aqueles desgraçados eram capazes de roubar sua carteira para depois gastar o dinheiro comprando comida para os filhos do vizinho. Quando cortaram a luz da família do primeiro andar no inverno, Luisito, o traficante do quarto andar, que sobrevivia com pão molhado em óleo, vinho a granel barato e maços de cigarros africanos - pois o tráfico de maconha não lhe dava para mais -, lançou uma mangueira de seu apartamento até o do primeiro andar, compartilhando sua eletricidade.

    Muitas vezes lembrou-se do que um sargento lhe disse assim que entrou no exército para cumprir o serviço militar obrigatório:

    - Não se preocupem com trotes, aqui as sacanagens somos nós que fazemos.

    Quando os golpes vêm de dentro, quando o inimigo é o próprio governo, as minorias, os marginalizados e oprimidos se unem como irmãos. O inferno é mais acolhedor quando os demônios te aceitam na família.

    Um brinde ao sol com vinho barato: a resolução de Ano Novo do toxicômano, do alcoólatra, do traficante, do ladrão e da prostituta de começar uma nova vida. Mas ninguém escapa do inferno, talvez apenas Dante Alighieri em A Divina Comédia, e isso era ficção, um romance, uma comédia.

    Capítulo 1

    O Aeroporto

    Madri

    1988

    Estava me dirigindo ao aeroporto de Barajas em Madri, para buscar minha esposa, que vinha de uma longa viagem em um voo internacional. Estava nervoso, pois nunca a tinha visto e, embora no papel tudo parecesse simples, na hora da verdade começava a parecer mais complicado do que eu imaginara.

    Luisito se ofereceu para me deixar em sua velha van de segunda ou terceira mão. Mais do que me dar uma mão, o que ele queria era se certificar de que tudo desse certo, pois ganhava uma comissão pelos trâmites matrimoniais. Suponho que temia que eu pudesse escapar a qualquer momento.

    O pequeno despertador Titan Twin Bell tocou suas sininhas douradas de latão, cedo, por volta das seis. Levantei-me cedo para iniciar meus rituais, seguindo metodicamente cada um dos passos para não deixar com que os nervos tomassem conta do meu corpo. Tomei um chá de tília com uma torrada sem nada, nada de cafeína ou laticínios, não queria andar com dores de estômago e acabar fazendo besteira, como de costume. Precisava de tempo para acordar, é curioso, embora eu acorde facilmente, até que passe pelo menos uma hora, meu sistema vegetativo continua dormindo. Minha mente funciona corretamente, mas meu corpo não, como costuma-se dizer, não sinto frio nem calor. Como vinha sofrendo esse tipo de ataque desde criança, eu havia desenvolvido uma metodologia, uma maneira de agir, para forçar o organismo a se ativar.

    Luisito já estava lá embaixo tomando café da manhã no New York Café, que sempre me pareceu um nome muito pomposo para um barzinho numa viela de um bairro de má-morte.

    - E aí, cara! Quer um cafezinho? Vamos lá, hoje é seu casamento... - Ria sozinho. Para mim isso me causou torções no estômago.

    Começávamos bem, mal havia saído de casa depois de duas horas me preparando e a única coisa que tinha na cabeça era a sensação de que não ia dar certo. No melhor dos casos, talvez algumas horas prestando depoimento na delegacia e depois para casa com uma multa debaixo do braço. Já estava me vendo na frente do juiz pensando no que alegar em minha defesa. Seria considerado tráfico de pessoas? Fraude ao Estado? Talvez algo relacionado à exploração de mulheres? Não creio que as associações feministas ficariam muito satisfeitas.

    - Vamos, cara, anima essa cara. Toma um carajillo. – Longe de ajudar, quando alguém começa a perguntar como estou ou diz que estou pálido, o que faz é desencadear uma reação em cadeia descontrolada da qual nunca sei qual será o desfecho. 

    - Vamos, estamos atrasados.

    - Tá bom... como estamos hoje... - Bebeu o café com leite num gole só direto do copo e partimos.

    Ao entrar na van, lembrei dos velhos tempos, quando trabalhávamos como encanadores para seguradoras, embora na verdade fizéssemos de tudo: encanamento, eletricidade, construção, pintura... na maior parte das vezes com resultados decentes, quase profissionais. 

    Assim que partimos, voltaram os torções. Pensei que talvez devesse descer e ir ao banheiro do bar, mas antes de me decidir já estávamos a caminho do aeroporto.

    - Cara, que cara de enterro. Olha só se vai vomitar na van, hein.

    Longe de ajudar, quando alguém começa a perguntar como estou ou diz que estou pálido, o que faz é provocar uma reação em cadeia incontrolável, da qual nunca sei qual será o desfecho. 

    Só havia duas coisas que preocupavam Luisito: que eu sujasse a van e não cumprisse a minha parte do acordo. Provavelmente já havia gasto o dinheiro adiantado em um de seus negócios malucos. Certa vez montou uma barraquinha de cachorro-quente, a época em que estávamos vendendo Barbies Malibú, os trabalhos como biscates, o cultivo e venda de maconha... Do nada montava uma barraca de castanha ou uma creche. Era como se diz hoje um empreendedor, e como antes e agora, a única coisa que conseguia era perder tempo, dinheiro e paciência. Mas assim como eu não desanimava com minha ideia de ser escritor um dia, ele antes de sair de um já estava entrando em outro com ilusão, muita ilusão.

    - Essa é boa, agora sim, dessa vez eu fico rico! - Quantas vezes o ouvira dizer isso, boquiaberto, sem parar de falar sobre seu novo projeto, com uma cara de alucinado que dava medo.

    Não sei como, mas consegui chegar ao aeroporto sem vomitar. Agora só precisava me preocupar em ter bem controlado onde ficavam os banheiros. Muitas vezes, ao entrar em grandes lojas ou estações, eu observava todos os letreiros, memorizando a rota mais rápida para o banheiro mais próximo. 

    Em 1988, o aeroporto não estava tão movimentado, as companhias low cost ainda não existiam e não havia uma agência de viagens em cada esquina. O estacionamento do aeroporto estava vazio, alguns carros aqui e ali, sob as coberturas de chapa ondulada, mas pouco mais. Estacionamos o mais longe possível da entrada, já que era melhor que nos vissem descendo da van. Eu havia vestido a calça preta de veludo e a camisa branca que usei no casamento da minha prima Amparo. Pensei que, já que iria buscar minha esposa, o mínimo era estar bem arrumado. Luisito estava com as mesmas roupas de sempre, uma mistura esquisita de roqueiro e heavy metal, botas texanas, jeans azul desbotado, camisa preta e corrente grossa de ouro com um crucifixo no pescoço. Herança familiar, a única coisa que seu pai lhe deixou depois de morrer por causa da gim Larios, maços de Celtas Cortos e vinis do Camarón de la Isla.

    Na rua em frente à porta de entrada, uma fila de táxis se perdia na distância, a maioria dos motoristas formando grupinhos, conversando descontraidamente, embora de tempos em tempos rolasse confusão porque alguém furara fila ou pegara passageiros com quem outro já havia combinado.

    Agora o som dos motores a jato dos aviões que pousavam e decolavam podia ser ouvido e sentido. 

    Quando trabalhávamos juntos fazendo bicos, muitas vezes parávamos no Aeródromo de Cuatro Vientos para ver os aviões decolando e pousando. Luisito adorava tudo relacionado à aviação, embora para ser piloto fosse preciso ter muito dinheiro, então isso nunca passou de um sonho inalcançável. A vida seria muito diferente se tivéssemos nascido em outro bairro ou outra família, mas não se pode escolher onde nascer, tampouco escapar do inferno. Tenho certeza que em outra vida Luisito seria piloto e talvez eu escritor, quem sabe.

    Ao entrar pela porta principal, esbarrei de frente com um grupo de chineses, japoneses ou de algum país asiático. Ficava surpreso com a quantidade de gente que circulava pelo mundo de um lado para o outro. Para mim já era um mundo pegar o transporte público para ir ao centro de Madri, imagina viajar 14 horas para ir ao Japão e descobrir o quão pequeno é o meu mundo. Suponho que isso de viajar e conhecer o mundo não era para nós, já que nos contentávamos com coisas mais simples: uma cerveja Mahou e um bom prato de tortilha no New York, claro que me refiro ao bar em frente à minha casa.

    Tinha o contrato de casamento gravado a ferro em minha cabeça. A hora da verdade se aproximava, estávamos indo em direção ao balcão da imigração para perguntar por Marilyn, mas antes que pudéssemos ser atendidos, havia uma grande confusão com um negão enorme, que parecia muito irritado. Embora o homem falasse espanhol, estava

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