Guerreiros Da Tolerância
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Guerreiros Da Tolerância - Edomberto Freitas Alves Rodrigues
Guerreiros da tolerância
Edomberto Freitas Alves Rodrigues
Clube de Autores (independente)
O autor
Edomberto Freitas Alves Rodrigues. Formado em História pela UFMG e Filosofia pela PUC-MG. Professor de história em BH e Betim. Pesquisador de espiritualidade e filosofia. Escreveu a coleção Religare e outros livros espiritualistas. Agora ele traz seu novo romance: GUERREIROS DA TOLERÂNCIA. Nele, o leitor encontrará várias questões filosóficas e de autoconhecimento. Essa obra não se desconecta das anteriores, pois ainda apresenta as buscas e pesquisas espiritualistas do autor.
Capa: Edomberto Freitas
Sumário
Introdução
Minha vida em Acre
Encontro transformador
Um cristão como hóspede
Expectativas
Minhas lições sobre o sufismo
Nós e os cristãos
O inimigo se aproxima
Thomas retorna
Os problemas do cerco
O inimigo
oculto
Esperanças
Diálogos sobre a paz
Vislumbrando o céu
Meu casamento discreto
Resistindo e esperando
A queda e ascensão
Acompanhando Thomas
Missões no astral
Reencarnando para a paz
Uma nova vida, uma nova luta
A amizade com Erasmo
Meu pai contra o rei
Partida e reencontro
Querido leitor, permita-me levá-lo a uma jornada por entre as páginas deste livro, intitulado Guerreiros da Tolerância
. Nesta obra, mergulharemos fundo nas vidas e nas histórias de almas corajosas que enfrentaram as sombras da intolerância religiosa e da discriminação ao longo da história.
Nossos protagonistas são aqueles que escolheram ser faróis de esperança, defensores do diálogo e da compreensão, em meio aos conflitos religiosos que por vezes obscurecem o mundo. Eles enfrentaram desafios, perseguições e até mesmo a ameaça da morte, tudo em nome de uma causa maior: promover a paz, a harmonia e o respeito entre as diferentes crenças e religiões.
À medida que nos aprofundamos nessas narrativas, veremos como esses guerreiros da tolerância lutaram não com espadas, mas com palavras de sabedoria, gestos de compaixão e atos de coragem. Eles nos lembram de que a verdadeira força reside na capacidade de unir corações e mentes, independentemente das barreiras religiosas.
Este livro é uma homenagem a todos aqueles que dedicaram suas vidas à construção de pontes em vez de muros, que escolheram o amor em vez do ódio, que abraçaram a diversidade em vez da divisão. Ao explorar essas histórias inspiradoras, espero que você encontre inspiração para ser um guerreiro da tolerância em seu próprio caminho e para espalhar a luz da compreensão em nosso mundo muitas vezes tumultuado.
Então, com o coração aberto e a mente receptiva, convido você a embarcar nesta jornada conosco. Que as histórias que encontrará nestas páginas o inspirem e o guiem em sua própria busca pela paz e pela tolerância religiosa. Seja bem-vindo à nossa viagem, e que ela ilumine sua alma com a chama da tolerância e da aceitação.
Layla.
Abertura capítulo 01.jpgMinha vida em Acre
Minha vida em Acre começou após a cidade ser retomada pelos muçulmanos. A cidade ainda estava se recuperando dos horrores da guerra quando chegamos. Meu pai, Yusuf, era um comerciante dedicado, um sufista que via na espiritualidade uma forma de compreender o mundo.
Em nosso lar modesto, ele me ensinou os princípios do sufismo, a busca interior pela conexão com o divino. Era um refúgio de paz em meio ao caos das Cruzadas. No entanto, mesmo com os muçulmanos controlando a cidade, as tensões religiosas ainda eram palpáveis.
Minha vida e a de meu pai, Yusuf, eram uma jornada de tranquilidade em meio ao tumulto. Yusuf, um erudito sufista, encontrava a paz nas palavras de poetas místicos e nos ensinamentos espirituais que nos transmitira. Ele era um homem gentil, sábio e profundamente devoto, guiando-me com amor e sabedoria.
Vivíamos em nossa casa modesta, onde o aroma de incenso e o som suave de recitações preenchiam o ar. Meu pai era um comerciante habilidoso, cujos negócios o levavam a lugares distantes, expondo-me a culturas e línguas diversas. Essas experiências moldaram minha compreensão do mundo e a abertura da minha mente para a diversidade.
A cidade de Acre, recentemente retomada pelos muçulmanos, estava em processo de reconstrução e adaptação a uma nova realidade. As tensões religiosas e culturais eram evidentes, mas minha casa era um refúgio de compreensão e aceitação, onde meu pai me ensinava a importância da tolerância e do amor ao próximo.
Foi nesse cenário que nossa vida tranquila foi desafiada por um encontro inesperado, que acabou por testar nossas crenças e valores.
Minha rotina em Acre era simples, mas cheia de significado. As manhãs começavam com as orações matinais, guiadas por meu pai, Yusuf, que sempre encontrava beleza na conexão com o divino. As palavras suaves das preces preenchiam nosso modesto lar e nos envolviam em serenidade.
Depois da oração, eu ajudava meu pai em sua loja no mercado movimentado de Acre. O mercado era uma mistura de culturas e línguas, um lugar onde as mercadorias fluíam tão livremente quanto as histórias dos viajantes que chegavam de terras distantes.
À tarde, minha busca pelo conhecimento continuava. Eu passava horas lendo os escritos sufis e explorando os ensinamentos espirituais que meu pai me transmitira. Era uma educação que ia além dos livros, uma jornada interior de autoconhecimento.
As noites eram preenchidas com o suave aroma de incenso e as lições de meu pai sobre a vida, a espiritualidade e a tolerância. Em nosso lar, encontrávamos paz em meio às tensões religiosas que cercavam a cidade.
Essa era minha vida, uma busca por significado em um mundo que ainda se recuperava das cicatrizes da guerra das Cruzadas.
***
Sentei no chão do pequeno aposento, rodeada pelo suave aroma de incenso. Meu pai, Yusuf, estava diante de mim, com olhos serenos e sorrindo gentilmente.
— Pai, você sempre fala sobre os ensinamentos do sufismo e a busca interior. Mas o que isso realmente significa?
— Minha querida Layla, o sufismo é como uma jornada em direção à verdade e à conexão com o divino. É sobre olhar além das aparências e mergulhar profundamente em nosso próprio coração e alma.
— Mas como podemos fazer isso, pai? Como podemos olhar além das aparências?
— É uma jornada interior, Layla. Devemos aprender a silenciar a mente, a acalmar o turbilhão de pensamentos. É aí que encontramos a paz, a compreensão e, eventualmente, a presença de Deus.
— Mas e as diferenças entre as pessoas, pai? As tensões religiosas em Acre... como podemos superá-las?"
— O sufismo nos ensina que, sob a superfície, todos somos parte da mesma essência divina. As diferenças são apenas ilusões que criamos. Devemos praticar a tolerância e o amor, pois é assim que podemos encontrar a verdadeira unidade.
— Suas palavras são sempre tão inspiradoras, pai. Agradeço por me ensinar esses valores.
— Lembre-se, minha filha, a verdadeira riqueza está dentro de nós. Na jornada do sufismo, encontramos um tesouro infinito de paz e compreensão. Isso é o que compartilhamos e o que podemos oferecer ao mundo.
— Como o sufismo entende a unidade, pai?
Yusuf sorriu e continuou a compartilhar seus conhecimentos comigo.
— A compreensão da unidade no sufismo é profunda, Layla. Ele nos ensina que, apesar das aparências externas e das diferenças superficiais, todas as almas estão conectadas por uma única essência divina, como gotas no oceano do amor de Deus.
— Mas como podemos perceber essa unidade, pai?
— Através da contemplação e da meditação, mergulhamos em nosso próprio coração e buscamos a presença de Deus. À medida que avançamos na jornada espiritual, percebemos que a dualidade desaparece, e vemos a unidade em todas as coisas.
— Então, isso significa que devemos amar a todos, não importa a religião, pai?
— Exatamente, Layla. O amor e a compaixão são as chaves para a compreensão da unidade. Devemos estender a mão a todos, independentemente de sua fé ou origem, pois todos são reflexos do Divino.
— Suas palavras são como uma luz, pai. Quero seguir esse caminho de compreensão e amor.
— Isso me enche de alegria, Layla. Lembre-se de que a jornada do sufismo é uma busca constante, mas também é uma fonte infinita de paz e significado.
— Pai, os muçulmanos poderiam ter evitado o conflito entre os cristãos na primeira invasão?
Meu pai contemplou minha pergunta por um momento antes de responder.
— Minha querida Layla, na história, as tensões entre diferentes grupos religiosos nem sempre são fáceis de evitar. No caso das primeiras invasões, muitos fatores políticos, culturais e religiosos estavam em jogo, tornando o conflito praticamente inevitável.
— Mas o sufismo ensina a compaixão e a tolerância. Poderia ter havido uma maneira de promover esses valores e evitar a violência?
— Você está certa, Layla. O sufismo enfatiza a compaixão e a tolerância, e esses valores podem ser veículos para a paz. No entanto, em momentos da história, as paixões e interesses podem obscurecer esses princípios. É importante que continuemos a buscar a compreensão e o diálogo, na esperança de criar um mundo mais harmonioso.
— Eu entendo, pai. Mesmo em tempos difíceis, devemos sempre lutar pela compreensão e pela paz.
— Você é sábia além de seus anos, minha filha. Lembre-se de que a jornada do sufismo é uma busca contínua pela unidade e pela compreensão em meio às adversidades do mundo.
— Não entendo os cristãos, pai, Jesus também não pregava o amor e a tolerância?
Meu pai me olhou carinhosamente, apreciando minha busca por compreensão.
— Sim, minha filha, você está absolutamente certa. Jesus, como profeta e mestre, pregava o amor, a compaixão e a tolerância. Seus ensinamentos são muito semelhantes aos princípios do sufismo. No entanto, ao longo da história, as interpretações e ações dos seguidores de qualquer religião podem variar.
— Então, por que ocorrem esses conflitos, pai? Por que as pessoas se afastam dos ensinamentos de amor?
— É uma questão complexa, Layla. As tensões podem surgir de diferenças culturais, políticas e históricas. Às vezes, as pessoas se apegam a interpretações extremas ou distorcidas das escrituras, perdendo de vista os valores fundamentais. É nosso papel buscar o entendimento, promover o diálogo e compartilhar os princípios de amor e tolerância.
— Eu desejo que todos possam ver a beleza da compaixão, pai. Continuarei a buscar a compreensão e a paz, como você me ensinou.
— Isso é admirável, Layla. Seu compromisso com esses valores é um farol de esperança. Lembre-se sempre de que, apesar dos desafios, nossa busca pela verdade e pela paz é uma jornada nobre e digna.
— Eu ouvi um cristão dizer que eles queriam recuperar a cidade Jerusalém, que é santa para eles.
Meu pai assentiu, compreendendo as complexidades da situação.
— Jerusalém é, de fato, uma cidade sagrada para os cristãos, muçulmanos e judeus. Essa cidade tem sido um ponto de convergência de várias tradições religiosas ao longo da história. A busca por seu controle tem sido uma fonte de tensões e conflitos.
— Então, o que podemos fazer, pai, quando as pessoas lutam pelo controle de lugares santos?
— Nesses momentos, Layla, devemos continuar a promover a compreensão mútua e o respeito pelas crenças dos outros. É essencial lembrar que, apesar das diferenças religiosas, compartilhamos a humanidade comum. Devemos buscar a paz e a convivência harmoniosa, honrando as aspirações de todos.
— Eu concordo, pai. A paz e a compreensão são mais importantes do que qualquer terra ou lugar sagrado.
— Você é uma luz de sabedoria e compaixão, Layla. Continue a espalhar esses valores em seu coração e em seu mundo."
— Pai, agora me fala sobre a mamãe, como ela morreu?
Meu pai me olhou com tristeza nos olhos, relembrando um momento doloroso do passado.
— Sua mãe, Layla, era uma mulher incrível, cheia de amor e compaixão. Ela foi uma fonte constante de força e apoio para nossa família. No entanto, a vida é frágil, minha filha, e às vezes enfrentamos perdas que são difíceis de compreender.
— O que aconteceu, pai?
— Ela adoeceu gravemente quando você ainda era muito jovem. Apesar de todos os esforços, sua saúde se deteriorou rapidamente, e nós a perdemos para uma doença grave.
— Eu sinto muito, pai. Eu