Direto Ao Coração
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Direto Ao Coração - Marcos Avelino Martins
DIRETO AO CORAÇÃO
EDIÇÃO ESPECIAL COM 150 POEMAS EMOCIONANTES
TEXTOS, REVISÃO, PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO E CAPA:
MARCOS AVELINO MARTINS
(cygnusinfo@gmail.com)
IMAGEM DA CAPA:
https://pixabay.comgothic-2777564.jpg/
(imagem do Pixabay por Enrique Meseguer)
Copyright © 2023 by Marcos Avelino Martins
Direitos autorais reservados. Reprodução parcial ou total dessa obra não permitida sem expressa permissão do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo Artigo 184 do Código Penal.
M386
Martins, Marcos Avelino, 1953 -
Direto ao coração / Marcos Avelino Martins – Goiânia-GO
Edição do autor, Dezembro/2023
353p.
ISBN: 97-98-87-100322-0
1. Literatura. 2.Poesia. I. Martins, Marcos Avelino. II. Título
CDU:821.134.3(81)-1
Esta obra é inteiramente ficcional. Os personagens são criados a partir da imaginação do autor, e não são baseados em acontecimentos. Qualquer semelhança com situações ou pessoas, vivas ou mortas, é incidental.
Agradeço às inúmeras pessoas que contribuíram com histórias, postagens ou imagens que serviram de fonte de inspiração para alguns poemas desse livro.
APRESENTAÇÃO
Esta seleção especial foi preparada com muito carinho, contendo 150 poemas que falam direto ao coração, cutucando alguma ferida antiga, relembrando fatos que talvez façam o leitor disfarçar alguma(s) lágrima(s) furtiva(s), principalmente se algo parecido lhe aconteceu.
Caso isto aconteça com você, que está agora com esse livro em suas mãos, então ele já terá cumprido sua missão, que é despertar sentimentos de um passado que pode até não estar tão longe assim.
E afinal, uma das funções primordiais da Literatura é despertar emoções aos resilientes amantes de um bom livro. Quem não se lembra de um trecho inesquecível de algum livro que tenha lido, e que lhe deixou indeléveis marcas na memória?
Espero que se emocionem com algumas dessas histórias que minha amiga, a Poesia, soprou em minha mente, algumas delas enquanto eu dormia, sussurrando: "Vai, poeta, seu destino é escrever histórias de amor"...
15 MINUTOS
Foram 15 minutos apenas
Que cheguei atrasado
Para o primeiro encontro que tínhamos marcado,
Mas tive de resolver um problema no trabalho,
Demorei um pouco para sair,
E o tráfego estava terrível
Por causa de um acidente de trânsito.
Tentei ligar para ela,
Para avisar que me atrasaria,
Mas não atendeu.
E, quando cheguei,
Ela não estava mais lá,
Ou talvez nem tivesse ido, sei lá!
Liguei várias vezes para me desculpar,
Pela imperdoável falha,
Mas jamais atendeu,
Bloqueara meu número,
Ou simplesmente ficara magoada.
Depois daquele desastre,
Minha vida virou um inferno,
Problemas no trabalho,
Doenças de pessoas queridas,
Coisas demais para resolver
Em pouco tempo disponível,
E, depois de várias tentativas,
Apenas deixei de insistir em lhe telefonar.
Mas agora, alguns anos depois
Daquele dia nefasto,
Quando finalmente as coisas começaram
A voltar ao seu devido lugar,
Sem querer nos esbarramos
Numa festa de um amigo comum,
Que nem me lembrava que era amigo dela também.
Ela me olha com surpresa,
Claramente perturbada com o encontro casual,
E eu a cumprimento quase murmurando,
E, sem que eu esperasse,
Esboça um sorriso nervoso,
E somente então eu crio coragem
Para lhe pedir perdão pelo desencontro
Naquele dia nefasto,
Em que 15 minutos me afastaram dela,
E depois disto minha vida virara de cabeça para baixo,
Não sabia se porque nem Deus me perdoara
Por tê-la feito esperar no primeiro encontro,
Ou se era somente obra do Destino!
Ela ouve com espanto o que lhe dizia,
E revela que realmente ficara muito decepcionada,
Pensando que eu tinha me esquecido
Ou apenas fizera pouco caso,
E respondo que fora o pior dia de minha vida,
Seguido por outros dias ainda piores,
Pois jamais conseguira perdoar a mim mesmo
Por aquele trágico desencontro,
E revelo que jamais a esquecera,
E sequer conseguira ter qualquer outro relacionamento,
Pois ela me deixara marcas profundas,
E se entranhara em minha cabeça,
Tanto que, se eu soubesse onde morava (e não sabia),
Teria feito alguma vigília em frente à sua casa,
Até que conseguisse lhe pedir perdão...
Ela ri, quando ouve isto,
Aquele riso mágico que era sua marca registrada,
E me dá um abraço inesperado,
Forte, estreitando seu peito contra o meu.
Depois de alguns minutos naquele abraço doce,
Eu me afasto um pouco,
Seguro suavemente o seu queixo,
E, com lágrimas turvando-me o olhar,
Eu lhe suplico que me perdoe,
E pergunto se podemos começar de novo,
E ela responde com um leve beijo na boca,
Afasta-se um pouco, mas eu a beijo de novo,
Desta vez um beijo apaixonado,
Que tanto queria lhe dar naquela noite
Em que nos desencontramos, anos atrás,
E, naquele beijo interminável,
Em que nossas almas se mesclaram,
E se descobriram uma pela outra encantada,
Eu soube, definitivamente,
Que nunca mais nos desencontraríamos outra vez...
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OEBPS/images/image0002.pngA CAIXA DE TINTAS
Eras atrás, Deus estava pintando
Em seu ateliê divino,
Fazendo esboços de um novo universo,
Quando um pernilongo celestial atrevido
Começou a zumbir em Seu ouvido,
Até que Ele perdeu a paciência,
E, chateado, deu-lhe um piparote,
Mas errou o alvo, o pernilongo fugiu,
E, no gesto brusco,
A caixa infinita de tintas que usava
Voou pelos ares,
E, sabe-se lá por quais dobras do espaço,
Caiu sobre a Terra, ainda em evolução.
As tintas divinas se derramaram,
Tingindo de azul o mar,
De verde as florestas e campos,
De branco as nuvens e montanhas,
De vermelho as alvoradas e poentes...
Espalharam-se pelo arco-íris
E pelas flores e animais recém-criados,
Tornando aquele mundo ainda tão jovem
O mais belo que Ele já concebera.
Ao ver o rebuliço que sua caixa de tintas causara,
Deus por instantes ficou curioso,
Abriu Seu portal do espaço-tempo,
E, avançando os ponteiros
Por alguns milhões de anos,
Descobriu que no futuro
Aquele lindo mundo mágico,
Pelo qual sua caixa de tintas se derramara,
Acabaria por ter apenas três cores:
O negro da noite sem fim,
O gelo do frio glacial
E o cinzento da poeira radioativa,
Provocada por explosões nucleares
Que uma espécie sem noção explodira,
Tornando aquele um mundo morto!
Pesaroso, Deus fechou o seu portal,
Apagou as coordenadas daquele planeta,
Secou uma minúscula gota de lágrima
Que brotara irritante em Sua face,
E para sempre se esqueceu daquele mundo perverso!
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OEBPS/images/image0003.pngA HORA FINAL
A hora que tanto temíamos chegou,
É tempo de partir para o outro lado!
O inverno há tempos me abrigou,
E está sempre me mandando um recado...
Não chore, está tudo bem, é apenas a morte,
Um dia teria mesmo de acontecer,
E entre nós dois, melhor que seja eu,
Pois você é muito mais forte,
E, de um modo ou de outro, vai sobreviver
Em um mundo onde o seu amor morreu...
Fique aqui comigo até que eu me vá,
Mesmo se for só por um instante,
Segure firme a minha mão insegura...
Prometa que não me esquecerá,
Que serei sua lembrança incessante,
Depois do fim de nossa aventura...
Mas não fique triste, não há por que,
Não a olvidarei por um instante sequer,
Mesmo em um lugar qualquer no espaço...
Mas eu, não sei o que farei sem você,
Nesta esfera ou em outra qualquer,
Sempre me faltará um pedaço...
Estarei à sua espera, contando os dias,
Mesmo que o tempo não faça sentido,
Entre anjos e poetas, noutra realidade,
Cheia de Poesia, amigos e alegrias,
Esperando até que você também tenha partido,
Para juntos ficarmos, por toda a eternidade...
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OEBPS/images/image0004.pngA LONGA ESPERA
Sonhei contigo pela primeira vez
Numa fresca noite de primavera,
Perfumada como se houvesse buquês
De rosas vermelhas à minha espera.
Acordei depois suando em bicas,
Como se nos houvéssemos amado,
Com aquelas lembranças tão ricas
Na boca, como se me houvesses beijado.
Depois disto, aconteceu outras vezes,
Bastava eu adormecer que tu vinhas,
E assim sucedeu por vários meses,
Tuas fantasias penetravam nas minhas.
E sempre eu acordava cansado,
De tanto te amar em meus sonhos,
Exausto, mas estranhamente realizado,
Por causa desses encontros risonhos.
Mas, de repente, um dia sumiste,
E nunca mais contigo sonhei,
Por muito tempo despertava triste,
Pois nunca mais cansado acordei.
E agora, como por mágica, aqui estás,
Bem à minha frente, risonha e tão bela!
Será que, se eu te contar, acreditarás
Nessa história que daria uma novela?
Acreditarias que teus detalhes conheço,
Como aquela pinta que tens na barriga,
E sei até mesmo qual foi o preço
De tua tatuagem que tanto me intriga?
Será que se eu contar dessa longa espera
Até que eu te visse nesse momento,
Pensarias que é mentira ou quimera
Que te entranhaste em meu pensamento?
Ou será que terminarás confessando
Que acreditas nesse estranho amor,
E que tínhamos que acabar nos encontrando,
Pois de teus sonhos eu também era invasor?
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OEBPS/images/image0005.pngA LONGA ESTRADA
A longa e sinuosa estrada
Que conduz à tua porta
Enche de lágrimas minha face,
Mas, nesta vida agitada,
De que isto importa,
Por mais triste que me tornasse?
Quando passo pela tua casa,
Tua ausência me cutuca,
E tua lembrança me sufoca,
Infeliz pássaro sem asa,
Com essa saudade maluca,
Saltitando feito pipoca…
Olho esperançoso pela janela,
Ansiando vislumbrar o teu vulto,
Sonhando em rever teu sorriso,
Que minha tristeza congela,
A conceder um temporário indulto
A esse meu coração sem juízo…
E então, por alguns dias,
Esse teu provisório regresso
Trará alguns dias sem tortura,
Algumas breves alegrias
E lindos momentos de recesso,
Oásis de sanidade à minha loucura…
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OEBPS/images/image0006.pngA NOITE
Quando o seu olhar disparou
Sobre mim balas de AK-47,
Minha armadura se desintegrou
E se derreteu o meu trompete!
Vindas daquele olhar cataclísmico,
Bombas se espalharam pelos ares,
Meu coração sofreu um abalo sísmico,
Espalhando artérias por todos os lugares!
A lua saiu de sua órbita e fugiu,
Legando eternas noites sem fim
Sobre esse pobre país varonil,
E a última rosa morreu no jardim!
Foguetes incendiários cortaram o espaço,
Espalhando o terror sobre os amantes,
Meu coração precisou de um marca-passo
Para se curar de suas batidas galopantes!
Só restou em mim uma saudade incurável,
Que entre os meus órgãos se espalhou,
Depois, a noite se instalou, implacável,
E a sua ausência nunca mais me deixou!
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OEBPS/images/image0007.pngA NOITE QUE DUROU PARA SEMPRE
Na noite em que você partiu,
Começou o reinado de terror:
Tristezas como nunca se viu
E o fim do império do amor...
Esse nosso amor deflorado,
Achincalhado e deposto,
Foi enviado para o passado,
Onde nunca mais seria exposto…
Corvos e urubus se regozijaram,
Bruxas acenderam um fogaréu,
As cortes do inferno dançaram
E a escuridão desceu sobre o céu!
Depois, nada mais foi como antes,
De negro se vestiram as esquinas,
Mortalhas se espalharam triunfantes,
Carruagens infernais tocaram suas buzinas!
Os mortos se levantaram dos túmulos,
Vagando como indecifráveis zumbis,
Assassinatos chegaram a seus cúmulos,
Trucidando milhares de indefesos civis…
Mulheres lindas foram trancadas em jaulas,
Os rastros de violência se espalharam,
A liberdade foi banida das aulas,
E os amantes nunca mais se encontraram...
Tudo isto aconteceu em minha mente,
No instante em que você me deixou,
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OEBPS/images/image0008.pngA PRIMEIRA VEZ EM QUE TE VI
A primeira vez em que te vi,
Naquele sábado, ouvi trovões ribombando,
Quando nos apresentaram, um arrepio me percorreu,
Senti coisas que nunca antes senti,
Imediatamente vi que estava mudando,
No instante em que soube que o amor nasceu!
Jamais me ocorrera algo assim,
Tanto frisson num simples toque de mãos,
Mal consegui te dar um beijo na face,
Senti a insegurança tomar conta de mim,
Todos os meus esforços foram vãos,
Mesmo antes que o teu olhar faiscasse!
Será que percebeste o quanto me afetaste,
Simplesmente porque em minha mão tinhas posto
A tua mão firme? Não conseguia te dizer nada,
Só o meu olhar contava o que me causaste,
Pois não conseguia olhar nada que não fosse teu rosto,
Tão perto de mim, linda como se fosses uma fada!
Finalmente tomei coragem para te oferecer uma bebida,
Felizmente prontamente aceitaste, e enquanto bebias,
(Acho que com pena de como eu estava abalado),
Então te contei que sonhara contigo por toda a vida,
Sem nunca imaginar que realmente existias,
Sem ainda acreditar que te houvesse encontrado!
Percebi o teu espanto, ante a minha confissão espontânea,
E por alguns instantes, pareceste desconcertada,
Mas então, olhando-me firme nos olhos erráticos,
Confessaste que sentiras por mim uma atração instantânea,
E que talvez o destino nos tivesse juntado naquela balada,
Naquela noite linda, de desígnios enigmáticos...
Emocionado, segurei firme a tua mão palpitante,
E te levei para dançarmos uma balada que tocava,
E quase não acreditei no quanto eras incrível,
E colavas o teu corpo ao meu, de modo insinuante,
Em dez minutos, eu tinha certeza de que já te amava,
Depois de, por toda a vida, seres um sonho impossível...
Quando a música mudou, e começou a tocar sertanejo,
Puxaste-me pela mão, para longe da pista de dança,
E, sem aviso, enlaçaste meu rosto em um beijo insano!
Colada a mim, sentiste a explosão de meu desejo,
Nós dois ali atracados, bem no meio daquela festança,
Afogueados e sem nos afastarmos, naquele beijo tirano...
Finalmente nos desvencilhamos, olhando-nos com loucura,
E então me puxaste pela mão, em direção ao estacionamento,
Em direção ao teu carro, tiraste a chave da bolsa e me entregaste,
E saímos dali a toda, depois de mais um beijo sem censura,
Nossas mãos se aventurando, até chegar ao teu apartamento,
E mal entramos, entre loucos beijos, tua roupa toda tiraste...
Pelo resto da noite, exploramo-nos louca e mutuamente,
E nem parecia que nunca antes havíamos