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Para Desconstruir as Muralhas de Jericó: UCG EBOOKS, #5
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Para Desconstruir as Muralhas de Jericó: UCG EBOOKS, #5
E-book42 páginas27 minutos

Para Desconstruir as Muralhas de Jericó: UCG EBOOKS, #5

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Sobre este e-book

Em 1999 saiu a primeira versão deste ensaio no diário Haaretz, artigo que suscitou um vivo interesse por parte de uma vasta audiência. Aqui, um arqueólogo de campo dá conta da evolução da disciplina que na Palestina florescerá a partir do final do séc. XIX com um fundamental impulso religioso, já que explorando a inscrição no território das Sagradas Escrituras, paradigma que se perdurará até aos anos 1950-60. Mas a partir dos anos 1970 começam a emergir dados contraditórios em relação à aproximação que laboriosamente foi sendo tecida entre «arqueologia bíblica» e Bíblia. Com efeito, virá a apurar-se que os israelitas não vêm do Egito, não vaguearam pelo deserto, nem conquistaram a terra através de uma campanha militar. Mais ainda, o reino de David e Salomão não constituiu um império, não há sequer evidência de que tenha sido uma potência regional, quando muito um pequeno reino tribal. Herzog sinaliza a emergência de um novo paradigma na arqueologia, uma «revolução científica» nos termos de Thomas Kuhn, dando conta do fosso que se foi cavando entre arqueologia e mitos bíblicos e nacionais. Arqueólogos, historiadores e estudiosos da Bíblia têm vindo a convergir na compreensão de que as fases formativas do povo de Israel evoluíram de forma inteiramente diferente da apresentada na Bíblia. Apesar dos factos serem há muito conhecido, a historiografia nacionalista persiste na sua velha mitologia.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de dez. de 2023
ISBN9789895466092
Para Desconstruir as Muralhas de Jericó: UCG EBOOKS, #5

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    Para Desconstruir as Muralhas de Jericó - ZE'EV HERZOG

    1. Arqueologia, Bíblia e ideologia

    Desde os finais dos anos 1970 tem-se verificado uma verdadeira revolução no modo como os estudiosos israelenses veem a Bíblia enquanto fonte histórica fiável. Na sua maioria, os especialistas das áreas da Bíblia, da arqueologia e da história judaica antiga são unânimes em considerar que as fases formativas do povo de Israel evoluíram de forma inteiramente diferente da apresentada na Bíblia. Não obstante, estas ideias ainda não penetraram a consciência do público em geral. A maior parte dos israelenses (e dos judeus da diáspora) continuará a reagir com surpresa chocada perante conclusões como as seguintes: o povo de Israel não se estabeleceu temporariamente no Egito, não errou pelo deserto, não conquistou por meio de uma campanha militar a terra de Canaã e não a legou às Doze Tribos de Israel. O mesmo público mostrar-se-á ainda mais relutante em aceitar a ideia de que a Monarquia Unificada de David e Salomão – descrita na Bíblia como uma superpotência regional – não passava, quando muito, de um pequeno reino tribal. As polémicas asserções de que YHWH, o Deus de Israel, tinha uma esposa, e de que a antiga religião israelita só adotaria o monoteísmo numa etapa muito tardia da monarquia, seriam igualmente recebidas com ceticismo e repúdio pelo público.

    A discussão que gostaria de instigar relaciona-se com a história e a filosofia do conhecimento e com a interação entre a ciência e a sociedade. Nos inícios da década de 1960, o filósofo da ciência Thomas Kuhn estabeleceu o princípio de que as ciências não têm um desenvolvimento regular contínuo – pelo contrário, sofrem de tempos a tempos determinadas mudanças abruptas pelas quais todas as regras do jogo se alteram.¹ A estas mudanças Kuhn chama «revoluções científicas», e às regras do jogo «paradigmas». Pretendo defender aqui que a arqueologia de Israel atravessa de momento uma revolução científica tal como Kuhn a define. A mudança paradigmática centra-se na emancipação dessa arqueologia relativamente à abordagem bíblica, que lhe limitava as fronteiras, e na sua evolução rumo a uma abordagem social, que lhe alarga os horizontes.

    2. O florescimento da arqueologia bíblica

    Enquanto ciência, a arqueologia da Terra de Israel desenvolveu-se bastante tardiamente, entre finais do século XIX e inícios do século seguinte, a par e passo com a arqueologia das culturas imperiais do Egito, da Mesopotâmia, da Grécia e de Roma. Estes

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