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Revisitando 1967: UCG EBOOKS, #11
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E-book37 páginas26 minutos

Revisitando 1967: UCG EBOOKS, #11

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Sobre este e-book

Encarar as realidades de Israel e da Palestina como um caso colonial tem vastas implicações para a nossa compreensão do falhanço do «processo de paz». O debate académico sobre o processo de paz e as análises de progresso e fracasso baseiam-se meramente em relações de poder, nas intenções dos actores locais e das oportunidades, frequentemente carecendo da imprescindível dimensão histórica. Assim, o primeiro objectivo deste artigo é encarar historicamente o processo de paz como uma estratégia de um Estado colonial e como a resposta nativa ao mesmo.

Este ensaio afirma que o próprio «processo de paz» nasceu como conceito num determinado momento, em junho de 1967, e fez parte da tentativa do Estado colonial israelense de reconciliar o seu desejo de permanecer demograficamente um Estado democrático e judeu, após 1967, ao mesmo tempo que se expandia geograficamente, assim passando a governar mais alguns milhões de árabes.

Uma terceira afirmação revela como as elites política e militar israelenses entraram conscientemente neste dilema, ao contemplar a possibilidade de um cenário da sua própria autoria, ou de outros, que os colocaria como governadores da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

A partir destes três pontos, conclui-se que a solução de «dois Estados» e o processo que é suposto vir a concretizá-la são um plano israelense em duas partes, cuja lógica foi aceite, com modificações, pela coligação entre os EUA, a UE, a Rússia, a ONU, a maior parte do Estados Árabes, a liderança palestina da Fatah, a esquerda, o centro sionistas em Israel e, ainda, algumas figuras conhecidas do movimento de solidariedade com os palestinos. Foi o poder desta coligação e não a lógica da solução, que há tanto tempo mantém à tona o processo, apesar do seu notório fracasso.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de dez. de 2023
ISBN9789895306053
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    Revisitando 1967 - Ilan Pappe

    ILAN PAPPÉ

    Revisitando 1967

    O falso paradigma da paz, da divisão e da paridade

    Tradução Luís Lima

    Edição João Francisco Figueira e Vítor Silva

    KKYM + P.OR.K

    Lisboa, 2021

    1ª edição portuguesa © KKYM + P.OR.K, 2021. Todos os direitos reservados.

    ÍNDICE

    1. A universidade na colina

    2. O governo na colina

    3. A burocracia na colina

    4. O falso paradigma da paz

    Bibliografia

    Ficha técnica

    Ilan Pappé

    (un)common ground

    1. A universidade na colina

    Givat Ram, a colina de Ram, é uma ampla elevação que se estende no extremo ocidente da atual Jerusalém. A zona é ocupada por vários ministérios, pela Knesset, por parte da Universidade Hebraica e pelo Banco de Israel. Os israelenses de uma certa idade, origem étnica e socioeconómica desenvolveram uma atitude muito nostálgica em relação ao local. A colina faz uma aparição muito breve e pastoral no primeiro e famoso romance de Amos Oz, My Michael, publicado em 1968: «onde um pequeno rebanho de ovelhas pasta ao lado do gabinete do Primeiro-Ministro».¹ Hoje não há ovelhas à vista e os campos de pastoreio de outrora desapareceram há muito. Foram substituídos por um complicado sistema de estradas, portões de metal, pontes suspensas e um belo jardim de rosas.

    É muito improvável que fossem vistas ovelhas em qualquer lugar perto do gabinete do Primeiro-Ministro quando o livro de Oz foi publicado, em 1968. Mas as ovelhas pastaram nesta colina quando a aldeia palestina, Sheikh al-Badr, se encontrava ali. Algumas das suas casas ainda lá estão hoje, ao lado do Hotel Crown Plaza frequentado por membros israelenses da Knesset que não vivem em Jerusalém. Esta aldeia foi gradualmente engolida pela cidade e tornou-se um bairro urbano até ser etnicamente limpa pelas forças israelenses em 1948. Era um sítio com muita procura na cidade, pois tinha uma vista ampla sobre um dos marcos mais famosos de Jerusalém: o Vale da Cruz. A tradição diz que ali está a árvore que forneceu a madeira para a cruz de Cristo e que foi por isso que, naquele alegado local, os monges ortodoxos gregos ergueram um mosteiro impressionante, que ainda lá está, encurralado entre os novos bairros judeus incrustados de estradas.

    A oeste do mosteiro, encontra-se hoje um dos dois principais campus da Universidade Hebraica em Jerusalém. Foi construído

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