A mina da passagem e outros contos

De Valentim Magalhães

No primeiro conto, acompanhamos excursionistas que visitam uma mina próxima a Ouro Preto. Descendo por estreito túnel úmido, cheios de precauções, pois o teto instável apresenta perigos, os excursionistas emergem sujos e exaustos, mas com a experiência da vida em uma mina e a complexidade da extração de ouro em Minas Gerais. Já no segundo, as peripécias de um banqueiro, ostentando riqueza no aniversário de sua esposa, para desmentir boatos de falência e manter as aparências.

• Idioma: Português
• Editora: Pop Stories
• Data de lançamento: 3 de out. de 2023
• ISBN: 9786554115582

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A mina da passagem

A Max Fleiuss

Éramos sete os excursionistas em visita à mina da Passagem – uma esplêndida e nova mina que demora à distância de cerca de uma légua da cidade de Ouro Preto.

A manhã estava chuviscosa e úmida como todas as daquele mês de aguaceiros.

O véu da chuva prejudicava grandemente a vista da cidade; mal se distinguiam as igrejas, o palácio, a cadeia, rapidamente deixados atrás.

Todo o terreno em que foi aberta a estrada é de formação mineral.

Ora grandes lajedos negros, ferruginosos, em que brilham perites; ora trechos de argila clara, areias em que a mica cintila, pedras brancas, veiadas de negro, esfagulhando sob as patas ferradas dos animais; ora cortes de amianto, amarelo, abundante; por toda parte indícios de terrenos ricos de minérios.

Chegamos enfim à Passagem.

Dois companheiros de excursão, que conheciam o engenheiro inglês que dirige a mina, a ele nos apresentaram e pediram licença para a visita. O engenheiro acolheu-nos com a gélida cortesia britânica, e, tendo trocado conosco algumas palavras, deu as ordens precisas para a descida.

Faz-se esta por um buraco oblíquo, aberto no solo, de pouco mais de um metro de diâmetro, por onde sobem e descem, sobre trilhos estreitos, vagonetes para a condução do minério bruto, por meio de cabos de arame, movidos à força d’água. A primeira coisa que nos feriu a atenção foi uma imensa