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Nem todas as espécies envelhecem
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Nem todas as espécies envelhecem
E-book209 páginas2 horas

Nem todas as espécies envelhecem

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Sobre este e-book

O envelhecimento é um enigma a ser solucionado.
Esse processo, tradicionalmente, é estudado por meio de alguns modelos biológicos, como a mosca-das-frutas, algumas espécies de nematoides, ratos e camundongos. O que todas essas espécies têm em comum é seu rápido envelhecimento, o que é excelente em termos de orçamento para um laboratório e uma ótima estratégia a curto prazo – quem dispõe do tempo necessário para estudar espécies que vivem por décadas?
Mas as diferenças de expectativa de vida de uma espécie para outra são ordens de grandeza maiores do que qualquer variação de expectativa de vida que possa ser observada em laboratório. Foi isso o que me levou a estudar incontáveis fontes de informação numa tentativa de reunir pesquisas altamente especializadas em um livro de fácil compreensão. Queria enxergar a floresta além das árvores. Queria apresentar as diferenças de expectativa de vida entre as espécies por meio de uma sequência lógica e acessível. Este livro é minha tentativa de fazer justamente isso.
Quais são os mecanismos subjacentes às diferenças identificadas no processo de envelhecimento entre uma espécie e outra? Escolhi intencionalmente escrever a resposta a essa pergunta em linguagem clara. O envelhecimento é um assunto importante demais para ficar escondido atrás das portas do jargão científico formal. Este livro não existiria se o chá verde, as bibliotecas e a Internet não tivessem sido inventados. Embora a quantidade de dados que pesquisei para identificar os padrões essenciais seja enorme, este livro não é exaustivo. Não se trata de um árido livro acadêmico. Tentei dar vida a um tópico extremamente importante para a extensão da expectativa de vida humana. Apenas você pode decidir se consegui atingir esse objetivo.

Índice Analítico
Enxergando a floresta além das árvores
Desacelerando a vida
O problema da manutenção
A reprodução poderia estabelecer o marca-passo da senescência?
Os hormômios como marca-passo da senescência
O marca-passo imunológico da senescência
Fazendo a engenheira reversa do corpo
A via da neotenia
O envelhecimento começa quando o crescimento para?
Câncer
Fim
Agradecimentos
Bibliografia

 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de mar. de 2022
ISBN9798201293321
Nem todas as espécies envelhecem
Autor

Anca Ioviţă

Geriatrics physician,book author and life extension blogger whose idea of fun is swimming followed by sushi time

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    Nem todas as espécies envelhecem - Anca Ioviţă

    Isenção de responsabilidade

    Este livro tem como objetivo apenas fornecer informações relacionadas à Gerontologia. Essas informações são fornecidas e comercializadas tendo-se ciência de que a autora e o editor não estão oferecendo qualquer tipo de aconselhamento profissional. Caso sejam necessários conhecimentos técnicos, sugere-se consultar o profissional adequado. Este livro não contém todas as informações disponíveis sobre o assunto e não é especificamente voltado para a situação ou necessidades de determinados indivíduos ou organizações. Foram empregados todos os esforços para que este livro oferecesse o conteúdo mais preciso possível; no entanto, ele pode conter erros de tipografia ou de conteúdo. Por esse motivo, este livro deve servir apenas como um guia geral, e não como a principal fonte de informações relativas ao assunto tratado. Este livro contém informações que podem vir a tornar-se desatualizadas e tem como finalidade tão somente educar e entreter. A autora e o editor não serão responsabilizados por qualquer pessoa ou entidade no que diz respeito a qualquer perda ou dano incorrido, ou supostamente incorrido, direta ou indiretamente, em decorrência das informações contidas neste livro. O leitor, pelo presente, concorda em estar vinculado por esta isenção de responsabilidade ou, do contrário, poderá devolver este livro dentro do período de garantia para obter a total devolução do dinheiro.

    Referências são fornecidas apenas para fins informativos e não constituem endosso por parte de quaisquer websites ou outras fontes. O leitor fica ciente de que os websites listados neste livro podem sofrer alterações.

    Dedicado a cada mente investigativa que acrescentou um pequeno passo ao nosso entendimento acerca do envelhecimento

    Enxergando a floresta além das árvores

    O envelhecimento é um enigma a ser solucionado.

    Esse processo, tradicionalmente, é estudado por meio de alguns modelos biológicos, como a mosca-das-frutas, algumas espécies de platelmintos, ratos e camundongos. O que todas essas espécies têm em comum é seu rápido envelhecimento, o que é excelente em termos de orçamento para um laboratório e uma ótima estratégia a curto prazo – quem dispõe do tempo necessário para estudar espécies que vivem por décadas?

    Mas as diferenças de expectativa de vida de uma espécie para outra são ordens de grandeza maiores do que qualquer variação de expectativa de vida que possa ser observada em laboratório. Foi isso o que me levou a estudar incontáveis fontes de informação numa tentativa de reunir pesquisas altamente especializadas em um livro de fácil compreensão. Queria enxergar a floresta além das árvores. Queria apresentar as diferenças de expectativa de vida entre as espécies por meio de uma sequência lógica e acessível. Este livro é minha tentativa de fazer justamente isso.

    O envelhecimento é inevitável – ou, ao menos, foi isso o que me contaram. Nunca fui do tipo que aceita explicações prontas sem contestar só porque elas foram dadas por alguma autoridade. Assim, comecei a questionar se o envelhecimento ocorre da mesma forma para todas as espécies. Enquanto buscava por respostas, fiquei surpresa com a falta de diversidade de modelos biológicos na área da Gerontologia. Mas não me deixei desanimar e continuei buscando nos trabalhos mais obscuros que analisavam como outras espécies envelhecem e o que as poderia diferenciar. Foi assim que comecei a escrever as palavras que você está lendo agora.

    Se você já teve um animal de estimação, deve ter percebido que as expectativas de vida variam enormemente. Você pode não ter mudado muito ao longo de uma década, mas seu cachorro ou seu gato passaram a sofrer de doenças relacionadas à idade. Existe uma imensa variabilidade entre as expectativas de vida, tanto em termos de indivíduos pertencentes à mesma espécie quanto entre diferentes espécies. Quais são os mecanismos subjacentes às diferenças identificadas no processo de envelhecimento entre uma espécie e outra?

    Escolhi intencionalmente escrever a resposta a essa pergunta em linguagem clara. O envelhecimento é um assunto importante demais para ficar escondido atrás das portas do jargão científico formal. Este livro não existiria se o chá verde, as bibliotecas e a Internet não tivessem sido inventados. Embora a quantidade de dados que pesquisei para identificar os padrões essenciais seja enorme, este livro não é exaustivo. Não se trata de um árido livro acadêmico. Tentei dar vida a um tópico extremamente importante para a extensão da expectativa de vida humana. Apenas você pode decidir se consegui atingir esse objetivo.

    Confiabilidade é importante

    Dependendo do número de partes vitais e da resiliência de cada uma delas, os sistemas podem variar dos mais simples aos mais complexos. O envelhecimento é, antes de mais nada, uma consequência da complexidade [42]. Vejamos por quê.

    O mais simples de todos os sistemas possui apenas uma parte vital. Pode-se dizer que as bactérias são simples porque são organismos constituídos por apenas uma célula. Se qualquer fator interno ou externo matar essa única célula, o sistema inteiro entra em colapso e o organismo morre. Como será visto mais adiante, algumas bactérias apresentam uma forma de envelhecer que se assemelha à senescência clonal presente em organismos pluricelulares complexos, mas coloquei-as aqui por elas serem sistemas biológicos simples que todos conhecem.

    Quando observamos a complexidade crescente, a partir das bactérias até chegar ao ser humano – constituído de bilhões de células com diversas partes vitais –, fica claro que o envelhecimento passa a ser uma realidade. O tempo passa e cada uma dessas partes pode sofrer danos, que, embora pequenos, vão somando-se uns aos outros. Córneas embaçadas por conta da catarata normalmente não levam ninguém à morte, a menos que a pessoa insista em dirigir carros e atravessar a rua sem ajuda. Geralmente, as pessoas com catarata vivem por muitos anos, mas acrescente a isso insuficiência cardíaca e doença renal crônica. Não é de se surpreender que uma pneumonia em estágio avançado possa matar um idoso enquanto que, na maior parte das vezes, pessoas mais jovens conseguem se recuperar — a pneumonia pode ser a gota d’água. Em última análise, todos os pequenos e grandes danos sofridos por um ser humano complexo levam ao estágio final da degeneração: a senilidade.

    A matemática do envelhecimento

    Inovações, em geral, surgem dos lugares mais inesperados. As pessoas buscam pela fonte da juventude desde tempos remotos, mas apenas recentemente o envelhecimento em si recebeu uma descrição quase matemática.

    A solução veio de pessoas que vendiam seguro de vida. Se você quer fazer disso seu ganha-pão, precisa estimar corretamente a probabilidade de um indivíduo X morrer neste ano, no próximo e assim por diante. Se você errar os cálculos, poderá acabar cobrando menos do que deveria e vai acabar perdendo o emprego. Se cobrar a mais, as pessoas vão preferir cuidar elas mesmas de suas economias. A fim de estabelecer o equilíbrio necessário, os corretores de seguro começaram a criar tabelas de expectativa de vida e perceberam que a probabilidade de uma pessoa falecer dobrava a cada 8 anos, sendo que a menor taxa de risco se encontra em torno da puberdade. Isso é conhecido como duplicação do risco de mortalidade em relação ao tempo na Gerontologia, a ciência do envelhecimento [34].

    Humanos são a única espécie que compra seguro de vida, mas o modelo da duplicação do risco de mortalidade permanece o mesmo na maior parte das demais espécies, mamíferos ou não. O que difere é o intervalo de tempo em que a probabilidade de morte duplica.

    Além da duplicação do risco de mortalidade, outro aspecto matemático do envelhecimento é uma queda na fertilidade [34]. Essa queda pode acontecer gradualmente ou de forma praticamente abrupta, como nas fêmeas do grupo dos mamíferos durante a menopausa.

    Esse processo de envelhecimento é [55]:

    progressivo;

    endógeno;

    irreversível;

    prejudicial ao indivíduo.

    Como é do interesse dos seres vivos se reproduzirem quantas vezes sua condição física e o meio ambiente permitirem, é automaticamente de seu interesse também sobreviver pelo tempo mais longo possível. Um organismo faz tudo o que pode sob a pressão exercida por predadores, recursos insuficientes e o desejo de propagar seus genes para uma prole que também seja capaz de sobreviver! De acordo com a teoria do soma descartável, se um animal for predado na metade da vida, não faz sentido deslocar recursos desnecessários empregados na reprodução para o reparo de genes no DNA que talvez nunca tenham a chance de serem usados [34]. Mas se as condições ambientais se tornarem mais favoráveis e os animais conseguirem reproduzir-se nos estágios mais avançados da vida, aperfeiçoar a manutenção é, com certeza, uma boa aposta.

    A velocidade da senescência

    Ao longo deste livro, uso os termos envelhecimento e senescência como sinônimos para fins práticos. Na literatura gerontológica, envelhecimento refere-se à passagem de tempo, sem mencionar se o sistema mudou para melhor ou para pior. Senescência descreve o desgaste comum a muitos sistemas após dias, semanas, meses ou décadas, dependendo de sua confiabilidade e expectativa de vida. Mas, quando as pessoas falam sobre envelhecimento de forma casual, geralmente se subentende degeneração.

    A primeira grande lacuna existente na Gerontologia comparativa foi preenchida quando três padrões de senescência foram reconhecidos [34].

    Estes três padrões colocam o restante do livro em perspectiva:

    senescência rápida;

    senescência gradual;

    senescência lenta ou imperceptível.

    A senescência imperceptível foi a mais difícil de ser aceita pela comunidade gerontológica. Todas as três são importantes para que se possa enxergar a floresta além das árvores quando o assunto é o envelhecimento em si.

    A senescência rápida é impressionante. O salmão do Pacífico, do gênero Oncorhynchus, passa por um processo de deterioração de seus órgãos logo após a desova. A parede da aorta fica mais espessa; fungos desenvolvem-se em sua pele, e o peixe morre cerca de dois dias depois. É muito raro salmões do Pacífico reproduzirem-se duas vezes durante a vida [34].

    Pode-se pensar que a senescência rápida constitui uma exceção, já que a evolução favorece espécies que se reproduzem repetidamente, mas a senescência rápida não impede que ocorram múltiplos impulsos reprodutivos. O bambu floresce repetidamente por décadas, mas para de florescer poucos meses antes de sucumbir à morte [34]. O rápido crescimento do bambu é um elemento recorrente em espécies que apresentam senescência rápida; por isso, seu uso é tão difundido na fabricação de produtos sustentáveis.

    Algumas vezes, a senescência rápida desenvolve-se em apenas um sexo. O rato-marsupial-australiano macho, conhecido como antequino-marrom (do gênero Antechinus), morre de exaustão após copular com várias fêmeas [34].

    O denominador comum da senescência rápida é, principalmente, a determinação hormonal, especialmente a secreção de cortisol, um hormônio do stress. Outros mecanismos ainda esperam para serem descobertos.

    A senescência gradual é uma forma mais branda, da qual os seres humanos são um bom exemplo. O envelhecimento ocorre ao longo de décadas, o que – dada a expectativa média de vida humana – significa que, durante um terço da vida, você cresce; durante outro terço, você vive como um adulto maduro e, no último terço, perde o que construiu durante os estágios anteriores. Com raras exceções, como o rato-marsupial mencionado antes, a maior parte dos mamíferos passa pelo processo de senescência gradual [34].

    Com a senescência lenta ou imperceptível, as coisas começam a ficar interessantes. Espécies que passam por esse tipo de processo de envelhecimento apresentam um risco de mortalidade constante ao longo de toda a vida, enquanto que suas taxas de fertilidade permanecem as mesmas ou podem até mesmo aumentar. Em outras palavras, elas são potencialmente imortais.

    Uma classificação ainda mais precisa da senescência de acordo com o risco de mortalidade e a fertilidade é a seguinte [112]:

    senescência positiva – os indivíduos de uma espécie desenvolvem sinais de desgaste ao longo do tempo, seu risco de mortalidade aumenta e a fertilidade diminui;

    senescência imperceptível – os sinais de envelhecimento aparentemente não existem e os indivíduos mais velhos têm a mesma probabilidade de morrer que os mais jovens, enquanto que a fertilidade permanece

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