Eve Contra O Exército Da Escuridão
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Eve Contra O Exército Da Escuridão - João De Oliveira
Copyright © 2024 João Pedro de Oliveira Pacheco
Todos os direitos reservados.
ISBN: 9786500909623
ii
SUMÁRIO
CAOS NO MULTIVERSO .................................................................... 5
OH, A JUVENTUDE... ........................................................................... 7
CASOS DE FAMÍLIA.......................................................................... 14
VIAGEM PARA O OUTRO MUNDO ............................................... 23
HORA DE CONHECER O MESTRE ................................................ 36
MUDANÇA DE PLANOS ................................................................... 50
É TEMPO DE CARNIFICINA ........................................................... 60
SOZINHA NA ESCURIDÃO .............................................................. 73
ESCAPANDO DA MORTE ................................................................ 79
IRMÃ AO RESGATE .......................................................................... 85
O SER HUMANO TEM APENAS UMA VIDA ................................ 91
TEMOS QUE PEGAR O TREM ...................................................... 103
A IMBATÍVEL E IMPIEDOSA GUARDA-COSTAS ................... 109
OS FEITOS DE UMA MENTE DOENTIA ..................................... 117
REENCONTRO E TRAGÉDIA ....................................................... 131
O ESPÍRITO PRECISA SER REVIGORADO ............................... 146
EMBATE DE TITÃS ......................................................................... 157
SENTIU SAUDADES? ....................................................................... 167
UM ÚLTIMO ADEUS ....................................................................... 185
PRÓLOGO:
CAOS NO MULTIVERSO
No início dos tempos, antes mesmo do homem ou uma planta se quer existir, havia o vazio eterno. E antes deste vazio, existiam monstros. Criaturas ferozes, sanguinárias e brutais.
Caçavam outras espécies em grupo ou devoravam os próprios criados. Junto com essas feras, existiam entidades tão antigas quanto o próprio tempo que as vigiavam. Eram tão severas e sociopatas quanto as criaturas as quais observavam. Essas tais entidades apenas tinham dois objetivos: caos e dominação.
A partir do momento em que o universo se expandiu e criou infinitas formas de vida por todo o multiverso, as entidades sabiam que estava na hora de se espalharem. Cada uma teve seu primeiro contato com suas respectivas civilizações escolhidas. Incialmente, iludiam as populações, fazendo-as acreditarem que eram deuses misericordiosos e pacíficos que tinham como objetivo contribuir para a evolução das culturas em seus respectivos planetas ou realidades. Antes que pudessem se dar conta de que foram enganados, o suposto salvador havia dominado toda a realidade e a governaria por uma era de sofrimento e morte até ir embora para procurar por outras almas ingênuas para enganar.
Há 24 anos atrás, mesmo que a grande maioria não se lembre, o planeta Terra recebeu a segunda visita de Lócus, o Destruidor de Mundos e Domador de Viúvas. Após ser banido da realidade dos mortais há séculos atrás, Lócus fez questão de deixar o Devorador de Almas para trás. Em junho de 2020, Eleanor White, sob influência do talismã, ativou o artefato e deu início a uma série de eventos catastróficos que dizimou 2/3 da população da Terra durante a Guerra Vermelha. Com o mundo quase devastado pela miséria, Lócus estava pronto para governá-lo, mas ele não contava com a atitude nobre e altruísta de bravos guerreiros 5
resistentes ao seu terror. A última coisa que Lócus, já enfraquecido, testemunhou, foi um adolescente disparando um tiro de escopeta serrada em sua cabeça. Após os efeitos do talismã serem revertidos, a realidade foi reescrita e o Destruidor de Mundos foi apagado da existência. Eu, a Morte, ainda me lembro de tudo isso como se fosse ontem. São poucos os quais guardam lembranças de uma outra vida, mas o importante era que tudo estava de volta ao seu estado normal e as almas inocentes poderiam continuar vivendo como se nada tivesse acontecido.
Entretanto, essa não seria a última vez que uma entidade sádica do multiverso visitaria a Terra. E, eu, mais uma vez não interferiria diretamente no conflito a menos que fosse necessário. É
uma pena que alguns heróis do passado não estejam mais entre os mortais. Eu os recebi no Limbo e cada um aguarda por seu merecido destino. Porém, quando a ameaça da Escuridão é iminente, heróis podem surgir de qualquer lugar, e Evangeline Anderson Simmons não me deixa mentir...
Bom, notavelmente, você não sente nenhum tipo de empatia pela Evangeline, já que não teve a oportunidade de conhecê-la. Contudo, acredite, até mesmo os guerreiros mais corajosos da galáxia possuem um início não ideal.
6
CAPÍTULO 1:
OH, A JUVENTUDE...
Sexta-feira, 15 de julho de 2044
Nova York, EUA
Nunca tive a oportunidade de crescer. Apenas fui criado e permaneci da mesma forma desde o primeiro sangue inocente derramado. Dito isso, nunca passei pelo mesmo processo de amadurecimento que os homens. Vidas de todas as idades já chegaram ao Limbo. Confesso que a maioria dos adolescentes me chamou a atenção. Eles se parecem com os adultos, mas ainda mantém um espírito de criança. Não são tão maduros ou experientes quanto os mais velhos, porém, se tivessem tido uma vida plena, talvez fossem até melhores que seus acolhedores. Eu podia observar que, no fundo, queriam provar que eram capazes de quaisquer
desafios.
Agarravam
qualquer
chance
de
se
apresentarem como ousados e destemidos quando, na realidade, estavam apenas enganando a si próprios para não se deixarem ser intimidados. Todavia, nem todos os jovens compartilhavam a mesma audácia, e a infeliz protagonista da minha história também não parecia uma das mais promissoras...
Evangeline Anderson Simmons pode ser considerada uma garota comum para os padrões de normalidade dos humanos, se fossem criados com o mínimo de decência. Era meiga, educada, rígida e reservada. Houve um tempo que sua gentileza era invejável, mas tais aspectos generosos de sua personalidade foram se tornando menos visíveis com o passar do tempo. Amigos mais próximos a apelidariam carinhosamente de Eve
. Sua família era humilde, de classe média alta, e viviam em Nova York. Seus pais eram figuras bem carismáticas ou, pelo menos, pode-se dizer que um deles ainda continuou. Enquanto seu pai, Phil Simmons, um professor de engenharia elétrica em uma universidade particular, 7
continuou tomando conta da casa, sua mãe, Sally Anderson, uma cientista de cunho misterioso, por outro lado, foi recebida por mim no Limbo. Fiquei triste em dar a ela as más notícias sobre sua morte. Ela me fez prometer que vigiaria sua filha, para o bem ou para o mal. Só espero que eu não tenha que recebê-la tão cedo assim como a mãe. Eve também tinha um irmão de oito anos de idade que se chamava Eric. Era uma criança brincalhona e tímida.
Desse modo, apenas se comunicaria e se abrira com sua família, ou, principalmente, com a irmã. Tinha um pouco de dificuldade em se enturmar com as outras pessoas da sua idade se comparado a
mana
. Ainda assim, ambos os irmãos nunca deixavam de compartilhar a tradicional camaradagem um com o outro, embora a casa virasse um inferno toda vez que Eric invadia o quarto da irmã para usar uma de suas calcinhas como máscara de super-herói.
Os dois tiveram uma infância muito simples por mais que tivessem nascido em um mundo mais moderno e digital. A humanidade aperfeiçoou sua tecnologia sofisticadamente a ponto de alcançarem o espaço. Enquanto vários projetos de exploração pela Via-Láctea se expandem, o homem ambicioso já criou uma sociedade inteira na Lua. Pessoas com talentos únicos e raros são selecionados para visitarem a cidade ou, quem sabe, instalarem uma nova vida no que chamavam de o novo paraíso
. Para a sorte da Trinity School, oito de seus melhores estudantes do segundo ano do Ensino Médio foram selecionados para participarem de um projeto inédito financiado pela Corporação Atlas nesta mesma metrópole. Após uma feira de ciências bem-sucedida, a empresa ficou impressionada com as habilidades individuais de cada aluno e enviou uma série de recomendações para o principal representante da cidade lunar, que aceitou gentilmente. A maioria, como Eve, tinha 16 anos de idade. Além da garota, havia o seu antigo melhor amigo, Michael Mike
Green, um garoto inteligente, consideravelmente gentil, estratégico, pensador, hábil com as palavras, mas um pouco egoísta, e esta mesma atitude 8
levou os dois a várias discussões e brigas no passado; esse comportamento poderia explicar o porquê de não se falarem muito após o início do Ensino Médio, mas não parecia ser a principal razão. O outro participante seria o namorado de Eve, Thomas
Tom
Lee, um moleque não muito perspicaz, porém, dedicado, esperto e especialista em videogames. As próximas duas candidatas eram as melhores amigas da nossa heroína: Julie Fox, uma jovem que vivia com a cara grudada no celular e a aluna mais inteligente da turma; e Alice Stewart, que, em poucas palavras, era a menina modelo da classe e a garota propaganda da escola. Em seguida, haveria Megan Williams, uma colega que costumava andar com Eve, Julie e Alice; entretanto, ninguém gostava dela e era suspeita de ter inveja da beleza de Stewart, mas ela já compartilhava um histórico hostil com Eve. Os dois últimos participantes eram o inseguro Jordan Ray e a miudinha Lucy Campbell. Eu garanto a você que ninguém dos oito escolhidos sabia o que os aguardaria há milhões de anos-luz de distância da Terra.
No turno matinal, na sala do segundo do Ensino Médio, durante uma aula cansativa de Biologia, uma supervisora da Corporação Atlas interrompe a explicação da professora com um sorriso genérico:
- Atenção, participantes do Projeto Estrelas Cadentes, nossa corporação dividiu os oito candidatos em quatro duplas.
Passaremos os nomes dos grupos neste instante...
- Espera! – Alice levantou a mão – Pensei que nós fossemos escolher nossos parceiros.
- Bem, a Corporação Atlas resolveu agir antes da hora, visto que faltam dois dias para a viagem – Respondeu a supervisora para o desanimo de Stewart – Eis as seguintes duplas: Jordan Ray e Megan Williams... – Uma dupla potencialmente 9
tóxica – Lucy Campbell e Julie Fox... – Aparentemente, seria a dupla mais quieta de todo o projeto – Thomas Lee e Alice Stewart... – Ambos se davam bem e tinham um bom senso de camaradagem (e eu diria que até mais do que isso) – Por último, Evangeline Anderson Simmons e Michael Green – Essa última escolha fez Eve quase desmaiar de aflição – É isso, pessoal.
Vemos vocês no Domingo. Não se esqueçam dos documentos solicitados.
Assim que a representante da Corporação Atlas saiu pela porta, todos começaram a discutir as últimas novidades, e Eve parecia bem desanimada com a notícia. O seu namorado, que se sentava na cadeira de trás na fileira em que a garota se encontrava, tentou consolá-la:
- Não é tão ruim assim. Ele é seu amigo, não é?
- O problema é que eu nem sei mais o que nós somos... –
Murmurou Eve.
Se você perguntasse a mim ou a Eve o porquê desse distanciamento de uma amizade genuína, eu acredito que a resposta poderia ser bastante incerta. Há certas coisas na vida que não parecem ter explicações lógicas ou complexas. Muitas vezes, acontecem
espontaneamente
sem
o
reconhecimento
dos
envolvidos. Dito isso, pode-se argumentar que os maiores elementos que contribuíram contra o relacionamento dos dois foram as intenções e as ambições as quais não chegavam a um acordo.
Mike não estava presente durante o anúncio, pois estava no pátio participando de um torneio semanal de soletração aprovado pela escola. O vencedor de cada semana tinha seu nome registrado em um placar fixo pendurado no canto esquerdo superior do pátio e ganhava uma porção de nachos personalizada. O evento recente 10
havia se iniciado há quarenta minutos e os participantes já estavam desgastados mentalmente e vocalmente. Mike sentava-se em uma cadeira ao lado de uma mesa de salgadinhos. Abriu uma garrafa d’água e jorrou metade do líquido da garrafa em sua boca enquanto respirava exaustivamente:
- Eu preciso de mais! – Pedia o jovem para um monitor próximo – Não posso parar!
O sinal já havia batido e todas as turmas desceram para o intervalo. O torneio ainda continuava e, diante desse contexto, Eve foi ao encontro do velho amigo:
- Oi, Mike. Tudo bem? – Aproximou-se a garota e fez Mike quase se engasgar com a água.
- Evangeline Anderson Simmons?! – Ele ficou surpreso ao ver que a jovem finalmente resolveu interagir com ele – Falando comigo?! Esse dia não pode ficar cada vez melhor, não é?
- Escuta, tem uma coisa que eu preciso te contar sobre o Projeto Estrelas Cadentes...
- Eu sei! Vai ser um show, minha cara! – Garantiu Mike –
É melhor você e sua dupla causarem uma boa impressão.
- Então, você acabou sendo selecionado para ser o meu par
– Eve se sentiu estranha afirmando aquilo.
- Jura?! – Mike sorriu, porém, conteve a explosão de entusiasmo – Isso é ótimo...
- Próxima palavra! – Alertou a coordenadora no microfone, fazendo Mike se concentrar e esvaziar a sua mente instantaneamente – Exploração
.
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Mike apertou rapidamente o botão vermelho em suas mãos, soltando um zumbido que chamou a atenção da coordenadora.
- E-X-P-L-O-R-A-Ç-Ã-O.
- Certíssimo! – Exclamou a mulher – Mais um ponto para Michael Green!
- Essa é minha quinta semana consecutiva, ou seja, estou prestes a bater o meu recorde! – Mike voltava a conversar com Eve
– Só perdi uma vez para aquele metido do Raphael Smith... NÃO
VOU DESISTIR SEM LUTAR, SMITH! – Gritou Mike para o garoto sentado no outro canto o qual ajeitava a sua gravata borboleta sem dar muita atenção para o bobo da corte
que o desafiava – Exibido! Ele todo pomposo com aquela gravatinha...
- MICHAEL! – Eve lembrava-se muito bem de quando era obrigada a erguer a voz para fazer o amigo reconhecer a sua presença – A viagem é no Domingo. Você já se organizou?
- Está tudo certo, Evinha
.
- Por favor, não estamos na sétima série... – Eve odiava aquele apelido – Bem, eu acho que é isso. Eu apenas queria te avisar e me certificar se tudo estava em ordem.
- Você já vai embora? – Estranhou Mike - Já estou quase acabando. Poderíamos tomar um cafezinho...
- Eve! – Alice a chamava para se reunir ao grupo – Vem, menina!
- Já vou, gente! – Avisava Eve – Eu preciso ir.
- Ah, sim...
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- Até mais, Mike – A garota se despediu e foi ao reencontro das risadas de suas amigas e um abraço de Tom.
- É. Até mais, Eve – Mike sentiu-se