Mestre Das Emoções
De Odair Comin
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Mestre Das Emoções - Odair Comin
Mestre das Emoções
Um guia para entender o papel das emoções em suas decisões diárias.
Odair Comin
LinhaDados Bibliográficos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Mestre das Emoções | Odair Comin.
ISBN 9781658722483
Copyright © 2014-2024 by Odair Comin
O conteúdo desta obra é da responsabilidade do autor, detentor do Direito de Autor. Proibida a venda e reprodução parcial ou total sem autorização.
Sobre o Autor
Odair Comin | Psicólogo Clínico há mais de 20 anos, com foco em Hipnoterapia e Meditação Terapêutica. Casado, pai de duas filhas e autor de diversos livros. É criador do Canal no Youtube Medditus Brasil e também criador da plataforma Medditus PRO | Meditação Terapêutica. Tem seus estudos focados em Psicologia, Hipnose, Meditação, Filosofia, PNL e Neurociência.
Dedicado à
minha esposa Vanessa e
minhas filhas Mariana e Rafaela.
Sumário
Conhece-te a ti Mesmo
01. | O Mundo dos Sentidos
02. | O Mundo das Ideias
03. | Dor e Prazer
04. | A Interrelação Mente-Corpo
05. | A Paixão
06. | A Admiração
07. | A Apatia
08. | A Tristeza
09. | O Desejo
10. | A Vaidade
11. | O Medo
12. | A Cólera
13. | A Ira
14. | O Ódio
15. | A Mágoa
16. | A Inveja
17. | A Emulação
18. | O Ciúme
19. | A Angústia
20. | A Ansiedade
21. | O Amor
22. | A Força Invisível Inteligente
23. | Torne-se Mestre das Emoções
Epígrafe
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.
Marilena Chauí
Prelúdio
Regressa a ti mesmo e saberás quão simples é para ti o inventário
Péricles
O
amor ao saber, a Filosofia, foi de fato a primeira ciência a buscar explicações para a essência humana. Dela advieram todos os questionamentos, dúvidas e reflexões a respeito do que é a vida, como nos envolvemos com a experiência de estarmos vivos, e quais as possibilidades para se ter uma boa vida. Sentimentos, paixões, vícios, virtudes e valores; conceitos de bem e mal, certo e errado, ética e moral. Desde os primórdios, a Filosofia é a grande tecelã, que através dos tempos vem tecendo e aprimorando este ser chamado: humano.
Buscamos informações sobre o mundo em que vivemos, sobre tudo o que se passa ao nosso redor. Buscamos estar sempre bem atualizados com as notícias que chegam como enxurrada nos meios de comunicação de massa. Queremos nos aperfeiçoar em nossas profissões com diferentes cursos, com a intenção de permanecermos competitivos no mercado de trabalho. Sabemos tudo sobre nosso time, nosso hobby, a raça do nosso cão; sobre cinema, literatura, televisão; sobre os últimos lançamentos daquilo que nos interessa. Identificamos o que está na moda e nos preocupamos demasiado com nossa aparência e estética.
Temos muito com o que nos preocupar, aprender e saber, e isso até certo ponto é bom. Entretanto, nos dirigimos ao externo para nos preencher e ignoramos o vasto e imenso mundo interior. Pouco sabemos sobre nós mesmos, sobre nossos pensamentos e sentimentos, sobre nossos desejos mais íntimos.
Somos ignorantes quando se refere a falarmos sobre nós mesmos. Será que não nos consideramos importantes? Será que não temos nada de bom e interessante? Será que não vale a pena fazer um curso cujo tema seja você? Será que não somos uma boa companhia para nós mesmos? Será que não somos dignos de fazer um estudo, uma expedição em nosso mundo pessoal? Talvez o Ser Humano sofre tanto porque desconhece a si mesmo. Porque não aprendeu a ser feliz. Porque não aprendeu a arte do bem viver. Sofre porque é escravo, porque não aprendeu a ser livre. Porque abandona a si próprio para seguir as massas ou alguém. Dolorida verdade do ser, é o que nos expõe Santo Agostinho: Como ignora a liberdade que liberta, é-lhe útil ser enganado
. Triste verdade não conseguir ou não saber governar a si mesmo.
Todos sabemos o quão importante é a autoconsciência e o autoconhecimento. Ao retornar a nós mesmos, fazendo uma jornada interior, somos capazes de entender melhor quem somos, nossas habilidades, nossas fraquezas e nossos desejos. O inventário
mencionado na frase inicial de Péricles refere-se à exploração e avaliação honesta de nossas próprias características e experiências. A frase sugere que, ao nos conhecermos profundamente, podemos perceber que muitas vezes as soluções para nossos desafios e problemas são mais simples do que imaginamos. Isso nos lembra da importância de olhar para dentro de nós mesmos em busca de respostas e soluções, em vez de procurá-las apenas no mundo exterior.
Voltar-se para dentro e conhecer o mundo interno e as emoções é fundamental para o desenvolvimento pessoal e o bem-estar emocional. Entender nossas emoções, pensamentos, valores e motivações nos ajuda a nos conhecermos melhor. Isso nos permite identificar nossas forças e fraquezas, compreender nossos padrões de comportamento e tomar decisões mais alinhadas com nossos verdadeiros desejos e necessidades. Conhecer nossas emoções nos permite lidar melhor com elas. Ao reconhecer e compreender nossos sentimentos, somos capazes de regular nossas emoções de forma mais eficaz, evitando reações impulsivas e desenvolvendo maior resiliência emocional.
Quando estamos em sintonia com nossos sentimentos e valores, podemos viver de acordo com nossa verdadeira essência. Isso nos permite ser autênticos e genuínos em nossas interações com os outros, cultivando relacionamentos mais autênticos e significativos. Voltar-se para dentro nos ajuda a aceitar todas as partes de nós mesmos, incluindo aquelas que podem ser mais difíceis de enfrentar. Ao reconhecer e aceitar nossas imperfeições e vulnerabilidades, desenvolvemos uma maior compaixão por nós mesmos e cultivamos uma autoimagem mais positiva.
Muitas vezes, podemos experimentar conflitos internos relacionados a desejos, crenças ou valores conflitantes. Ao explorar esses conflitos internos e entender suas origens, podemos encontrar maneiras saudáveis de resolvê-los e viver em maior harmonia conosco mesmos. Um forte senso de autoconsciência e autoconhecimento está intimamente ligado ao bem-estar mental. Conhecer nossas emoções e compreender como elas influenciam nosso comportamento nos ajuda a lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão de maneira mais eficaz, promovendo uma melhor qualidade de vida.
Em síntese, voltar-se para dentro e conhecer nosso mundo interno e nossas emoções é essencial para o crescimento pessoal, o equilíbrio emocional e o bem-estar geral. Isso nos permite viver de maneira mais autêntica, compassiva e significativa. Vamos juntos nessa jornada para tomar consciência e entender o papel das emoções em suas escolhas diária e o impacto que elas tem em sua vida. A sua liberdade e gestão emocional são fundamentais para a saúde mental, bem como para ter uma vida mais saudável e feliz.
Conhece-te a Ti Mesmo
Para conhecer a si mesmo, talvez seja necessária uma autorreflexão sobre seus pensamentos, sentimentos, palavras e ações...
Odair Comin
O
homem torna-se humano pela relação com o outro. É um Ser racional bio-psico-social-espiritual, dotado de cinco sentidos, com os quais entrará em contato com o mundo e apreenderá a realidade externa, construindo a interna e individual. É dotado de um aparelho psíquico com um cérebro (mente) capaz de receber, armazenar e articular diferentes conteúdos por meio do pensamento e da razão. Na medida em que interage, começa a utiliza-la juntamente com as paixões. Terá uma memória, onde guardará tudo o que for aprendido e vivenciado; isso também o impactará de forma percebida e/ou não percebida (inconsciente) durante a vida. O Ser Humano também nasce com a capacidade de sentir dor e prazer, além das paixões em potencial; esses sentimentos o acompanharão em maior ou menor intensidade durante o tempo todo.
No processo de tornar-se humano, mais precisamente a formação deste, entram o ensino das virtudes e sua gradativa prática, é claro que nesse processo aparecem as paixões e os vícios, que somos propensos a aprender mesmo sem sermos ensinados. Teremos duas espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A intelectual é adquirida pelo ensino, pela educação, por isso requer tempo. Já a moral advém do hábito, a qual apenas praticando teremos em nós. O ator assim se torna pela prática da atuação, o tenista pela prática do tênis, o médico pela prática da medicina: essas são as intelectuais. Do mesmo modo as virtudes morais: tornamo-nos tolerantes na medida em que toleramos, tornamo-nos corajosos por atos de coragem, justos pela prática da justiça. Portanto, nenhuma delas é inata, antes sim é aprendida e vivenciada, podendo ser mudada em qualquer momento da vida.
O que é inato ou do instinto não pode ser mudado, como a possibilidade de sentir dor, prazer ou o próprio medo instintual, além da utilização dos cinco sentidos; cada um tem uma especificidade e não podemos mudar. De forma literal, não dá para saborear com os olhos, por exemplo. O que é por natureza de uma forma, não poderá comportar-se de outra. Mesmo que joguemos mil vezes um objeto para cima, ele não aprenderá a ficar suspenso no ar. A água molha, o fogo queima, o animal carnívoro comerá carne, esta é a sua essência e não pode ser mudada. Ademais, todo o resto é aprendido e passível de ser reaprendido, mudado; aprender algo novo por certo trará novas conexões internas e consequentes transformações. A natureza nos dá sim a capacidade, a potencialidade de aprender virtudes e, tal capacidade se aperfeiçoa com o hábito.
O oculto em nós é maior que o percebido. Conhecemo-nos tão pouco que muitos pensam morrer quando estão passando bem, e muitos julgam passar bem quando estão próximos da morte
, dizia Pascal. Nosso saber de si é limitado. Só sei que nada sei
, dizia o mais sábio dos homens – Sócrates. Por isso, essa eterna busca para saber mais sobre nós mesmos, ampliando nossa percepção de si, o tão famigerado autoconhecimento. Esta também é uma busca para nos ajudar, para nos aprimorar enquanto seres humanos. E quem é capaz de se conhecer e de ajudar a si mesmo? Como se pode conhecer e se ajudar? Cada cabeça uma sentença
, cada mente que chega a essa pergunta traduzirá de uma forma diferente as respostas. Para auto-ajudar-se, é necessário autoconhecer-se, conhece-te a ti mesmo
, no templo de Delphos estava a chave onde cada Ser Humano poderia abrir as portas de sua mais íntima sabedoria, espírito ou alma. Ao conhecer- se poderá auto-ajudar-se. A receita
parece a mesma para todos, porém a forma de fazer este banquete será diferente para cada um.
Como conhecer a si mesmo? Aqui está a grande pergunta, uma dúvida que atravessa milênios e, mesmo com toda a evolução da cultura humana e seu privilegiado pensamento e criatividade, a resposta ainda parece esconder-se dentro de cada um. Tão escondida que alguns desistem de procurar, outros nunca nem quiseram tentar, enquanto muitos ignoram totalmente sua existência e poucos a acham. Sua busca é digna de comparação com os ícones e mitos gregos, através de Homero, Sófocles e outros. O herói parte em busca do desconhecido, do tesouro, da pessoa amada, de seu destino. E como dizia Nietzsche, ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu
. É uma jornada solitária, essa busca pelo misterioso e maravilhoso mundo interno.
Temos coisas que percebemos em nós e queremos mudar ou melhorar, enquanto outras, queremos que permaneçam como estão. Esta é talvez a parte mais fácil, todavia, não somos apenas o que percebemos ou o que acreditamos que somos; mas também o que ignoramos, e que por certo nos afeta, ou seja, o oculto, o desconhecido de nós mesmos. Por isso às vezes sofremos, adoecemos, vivemos em conflito, empobrecemos espiritualmente. O caminho é a busca do saber de si, o mais completo e abrangente possível. Este não está no outro, no céu ou nas estrelas, mas dentro de cada um.
Para conhecer a si mesmo talvez seja necessária uma autorreflexão sobre seus pensamentos, sentimentos, palavras e ações. Questionamentos sobre o que causa dor e o que causa prazer, o que lhe traz tristeza e o que lhe traz felicidade. O que gosta de fazer, o que faz por conveniência, obrigação ou desgosto. Quais são os motivos que o levam a fazer algo, a viver mais um dia, a amar. Descobrir porque sonha o que sonha, qual o sentido da própria vida. Buscar os princípios que regem sua existência, as raízes que alimentam sua vida e de onde vem a seiva.
É difícil perceber e mesmo admitir que temos falhas; nos zangamos com alguém que perceba erros em nós. Isso tira nossas certezas, nos faz experimentar sensações imprevisíveis e impensadas. Se estamos doentes, até aceitamos com certa tranquilidade esse mal em nós, mas se nos dizem que agimos mal, que escolhemos errado, que educamos mal nossos filhos, que não sabemos fazer nosso trabalho com excelência, isso nos aborrece. Pascal pergunta: como se explica que um coxo não nos irrite e um espírito coxo nos aborreça?
. Para ele, a resposta é que um coxo reconhece que os demais andam direito, enquanto que um espírito coxo
acredita que os outros é que mancam. Portanto, são as incertezas que nos aborrecem. Sabemos ou não que estamos com alguma dor e que andamos direito; mas não temos certeza de que fizemos a melhor escolha.
Quando o outro vê coisas em nós que não percebemos, nossa mente torna-se um terreno minado. Uma das alternativas pode ser ignorar essa percepção alheia e permanecer na rota. A outra requer ousadia, requer sair do campo da certeza incerta, para uma nova possibilidade que ainda está por acontecer. Por certo escolhida, diferente e, quem sabe, melhor – racional. A mudança acontece independente de nossa vontade. A diferença está em ser comandado pela mudança e a possibilidade de comandá-la, dar-lhe o melhor direcionamento de acordo com nossa vontade. Só poderemos fazer isso na medida em que nos conhecemos.
O primeiro indício de que estamos no caminho do autoconhecimento é a percepção de que algo pode ser mudado ou melhorado, de que algo novo foi percebido, uma nova descoberta sobre si mesmo; estar sempre aberto para que a interação consigo mesmo e com o mundo possa fluir sem preconceitos, com tolerância, tranquilidade e coragem.
Nessa busca é necessário o auto-acolhimento, não importando o quão difícil seja entrar em contato com o oculto de si. Independe o quanto erramos, mas sim quanta possibilidade de acerto podemos criar e efetivar a partir de agora. Não importa quantos pensamentos, sentimentos, palavras e ações que não foram adequados, e sim o que de bom poderá ser feito a partir dessa aprendizagem. Tudo isso precisa ser acolhido, olhado com surpresa, com admiração. Isso faz parte de mim, sou eu, e agora que sei, o que posso fazer para mudar ou melhorar. Um olhar de contemplação sobre si. Como será bom tornar-se amigo de si, poder contar consigo mesmo.
O Mundo dos Sentidos
"É essa interação dos sentidos que constrói nosso ser,
que nos molda internamente..."
Odair Comin
N
ada se cria ou se origina no vácuo, no vazio. Nossa realidade interior é construída pela realidade externa, pelo mundo do qual fazemos parte, com o qual entramos em contato e interagimos. Essa construção é intermediada pelos nossos sentidos: tato, audição, olfato, gustação e visão. Um depende do outro e todos estão presentes em cada um deles. O real interno se torna uma estrutura de ideias e pensamentos, que formarão nosso ser a partir do mundo sensível. Uma realidade particular e que só existe daquela forma e para aquela pessoa em especial, por isso somos únicos. Por meio de uma cadeia de raciocínios nosso intelecto chega a novas compreensões de fatos e ideias. Nessa interação, os sentidos estão presentes o tempo todo, o que também chamamos inteligência. Não há uma separação entre eles e o raciocínio, pois estes podem se tornar auxiliares valiosos na compreensão dos fenômenos da natureza, sempre visando à razão e à fundamentação.
Vejamos, portanto, cada um dos cinco sentidos e suas funções:
Tato ou sinestesia: nosso corpo é um grande receptor de informações, a pele que o reveste serve de escudo e, ao mesmo tempo, receptáculo de percepções diversas. Pelo tato identificamos as sensações de frio e calor, dor e prazer, pressão de algum objeto, uma vibração, cócegas ou afagos. Os estímulos impactam em maior ou menor intensidade, dependendo da região em que o mesmo é exercido. A pele é nossa guardiã e emite sinais quando de alguma forma o corpo está em perigo.
Sabemos da importância da estimulação tátil desde a tenra infância. Mesmo instintivamente nos animais isso é exercido. No humano também é de fundamental importância. Aprendemos muito por meio do corpo, das sensações que são experimentadas no decorrer da vida. Com o tato, vamos identificando sensorialmente o mundo ao nosso redor, e ele pode ser bastante desenvolvido. Nos cegos, por exemplo, onde este sentido é mais aguçado pelo fato de ser mais requisitado e treinado, é possível ver com as mãos
. O toque torna-se os olhos, e muito da realidade é captado por meio deste sentido. Entretanto, esse desenvolvimento mais aguçado pode ser alcançado por qualquer indivíduo que se predisponha a treinar seus sentidos, quaisquer que forem.
Audição: nossos ouvidos nos põem em contato com as diferentes vibrações do mundo ao nosso redor. Estas são transmitidas pelas moléculas de ar, entram pelo canal auditivo, atingem a membrana timpânica, que começa a vibrar na mesma frequência da fonte do qual o som é emitido. O som pode ser grave ou agudo, ele estimula nosso cérebro, nossa mente fica mais alerta, mais criativa, mais ágil. Estimula nosso corpo, o faz dançar, se movimentar, se envolver com o ritmo ditado pela música. Esta, quando é de nosso gosto, nos faz bem, nos põe mais leves e instaura a alegria. Também os sons produzidos pela natureza: da chuva, do rio, o canto dos pássaros, o mar e tantos outros que nos encantam, nos surpreendem, bem como o silêncio. Este também é música para nossos ouvidos, ele nos conforta, nos faz bem; se traduz em paz, tranquilidade, serenidade.
O silêncio é requisitado para ouvir a si mesmo, para pensar; ouvir as vozes que ecoam em nosso mundo das ideias. Sons que são lembranças, que estão presentes e que são possibilidades. O som e o silêncio, o ouvir e o falar. Ambos nos movem, ambos nos paralisam. Ambos nos impactam e possuem valores importantes ao nosso aprender, na educação e formação enquanto humanos. É preciso harmonia, é preciso equilíbrio.
Olfato: este sentido capta as moléculas que se desprendem das diferentes substâncias com as quais entramos em contato, seja um perfume, o cheiro do queijo, do abacaxi, da goiaba, do álcool, ou de algo em decomposição. Ele possui um papel importante, mesmo na sobrevivência dos organismos, pois distingue o agradável do desagradável, o bom do estragado. Identifica se tal alimento é comestível ou não, alertando até mesmo de possíveis perigos. Também essencial na reprodução, captando o cheiro dos parceiros sexuais.
Os aromas causam diferentes impactos em nossas vidas. Um perfume nos trará sensações agradáveis, prazerosas; nos sentimos atraídos por estes estímulos e, estando em ambientes bem cheirosos, nos sentimos bem. Ao contrário, o odor ruim nos faz mal, nos causa nojo, buscamos um distanciamento. Podemos até nos acostumar com o mau cheiro, mas isso não garante que não nos fará mal. É claro que cheiros bons também podem estar ligados a coisas ruins, ambos podem remeter a qualquer lembrança.
Os aromas estão sempre presentes, de infância que perpetuam pela fase adulta, da comida da avó, da mãe, do perfume que ela usava ou o nosso próprio, o cheiro da casa em que vivia, de alguma especiaria, de uma guloseima ou da pessoa querida na infância ou adolescência. Alguns acreditam que eles podem até mesmo nos curar. Portanto, assimilamos o mundo sensível e construímos o mundo das ideias também pelos aromas com os quais convivemos. Com eles, aprendemos muito sobre o bem viver, com eles apreendemos o universo ao nosso redor, possibilitando uma experiência mais doce, mais perfumada.
Gustação: é responsável por reproduzir o gosto que os alimentos ou substâncias que entram em contato com a boca possuem. Os sabores se traduzem em doce, salgado, azedo e amargo. Distinguimos os diferentes sabores, e se eles são agradáveis ou não. Estes são armazenados em nosso mundo interno, e servem de referência para nossas próximas experiências com tais alimentos ou substâncias. É a realidade externa filtrada pelo sentido da gustação. Os quais são experimentados e aprendemos a gostar disso ou daquilo. Normalmente somos influenciados pela família, pela mídia, pela escola ou pelo meio social como um todo. Desenvolvemos uma relação de prazer com algumas coisas ou de preconceitos com outras, rejeitando mesmo sem ter experimentado.
Visão: este nos mostra um mundo colorido, nos mostra a luz, a escuridão, o brilho. A visão nos parece ser um sentido cada vez mais estimulado. Ele avisa os demais de algo ruim, ao mesmo tempo em que pode aguçar ainda mais para as coisas boas. A vida ao nosso redor é bastante visual; a maioria das mídias utiliza-se da imagem para passar as informações. Estas nos impactam mais: uma imagem vale mais que mil palavras
, diz o senso comum. Elas são captadas do mundo sensível e as internalizamos, tornando-as ideias. Daremos uma interpretação própria a estas figuras que são gravadas em nossa memória. Com o tempo exercerão poder sobre nós mesmos, para nos trazer bem estar ou nos deixar mal. O senso comum também diz que os olhos são as janelas de nossa alma
. A estes é concedida a responsabilidade de mostrar a realidade externa ao nosso espírito, ao mesmo tempo em que o forma.
Podemos ver a vida sempre com os mesmos olhos, ou podemos sempre ver com diferentes. O monótono pode tornar-se surpresa, dependendo de como encaramos o fato, qual percepção lançamos para os acontecimentos ao nosso redor. Proust dizia que a única verdadeira viagem não é viajar por centenas de diferentes países com o mesmo par de olhos... mas ver a mesma terra através de uma centena de diferentes olhos
. Somos nós a determinar para qual vista nos abriremos.
Os sentidos não trabalham separadamente, todos se interdependem e interagem para produzir e reproduzir a perfeição da natureza. É essa interação que constrói nosso ser, que nos molda internamente; cria e recria nosso conhecimento, nosso saber, nossas experiências, vivências e aprendizagens. É o mundo dos sentidos a construir o mundo das ideias, e este por sua vez a afetá-lo.
O Mundo das Ideias
"Tudo o que existe dentro de nós não passa de ideias; e
ideias podem ser mudadas..."
Odair Comin
O
Ser Humano, em contato com o mundo sensível começa a construir a realidade interna, ou o mundo das ideias. Um espaço do qual apenas o indivíduo tem total acesso, só ele realmente conhece e sabe o que se passa neste universo particular. O externo é decodificado por filtros próprios, ganhando contornos e significados compreensíveis e apenas possíveis porque é aquele ser em especial que está a interagir. Essa interação sinaliza a construção da identidade individual, caráter, personalidade, vícios e virtudes de um ser a influenciar e ser influenciado pela realidade. É exatamente com o conteúdo do mundo das ideias que cada pessoa irá viver e conviver, construir e reconstruir, estabelecerá contatos, crenças, criará bloqueios ou ultrapassará limites; elaborará a vida de forma positiva ou negativa, dolorosa ou prazerosa, medrosa ou corajosa, feliz ou triste. O mundo das ideias é a reunião de todos os nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes.
Uma ideia não é um pensamento, mas resulta deste. O ato de pensar, de articular, é que se traduz numa ideia. Esta é uma representação, uma imagem construída pela