Sombras e outros contos
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Sobre este e-book
"Os olhares de seus futuros inimigos seriam mais suaves do que os olhares de medo e assombro que viu ali. Mas sua vida poderia mudar. Poderia? Talvez."
"Sombras e outros contos" traz como conto principal "Sombras", uma visão distópica de uma sociedade regida pela religião num cenário pós-tecnológico. Nessa coletânea também se encontram "Família número três" e "Pequenos fatos", ambos selecionados para publicação em coletâneas pela Editora Andross; além de "Roberto Alba, 496", "A estranha passageira", "Tic Tac", "Sentimentos a outrém" e "Vielas".
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Sombras e outros contos - Fabio Domingues
I
O MUNDO VAI ACABAR!
, era o que todos diziam, Carlos também pensava assim; ou crescera pensando, era o que seus pais o diziam, e como os foi dito pelo Mestre. O mundo vai acabar!
, era o que o Mestre estava dizendo neste momento, num dia particularmente mais quente do que os outros, num templo enorme e com pouca ventilação, o que tornava o calor quase insuportável, mas esse calor não era nada comparado às chamas do Inferno; pelo menos era o que todos ali afirmavam dando graças a Deus pelo calor que passavam longe daquele lugar temível e escuro.
SE NÃO FIZERMOS ALGO, SERÁ NOSSO FIM!
. Carlos nunca sabia quando diziam algum conselho ou davam alguma ordem, talvez fosse um discurso ambíguo; já havia lido sobre em algum momento da sua vida. E ele ficava ali, apenas observando, às vezes expressava alguma coisa, assim como seus pais o faziam durante as reuniões, tinha certo receio de ser o diferente dali. Ser diferente era ruim.
EM UM MÊS!
, ele gostava de bradar sua ordens de forma pausada, para que todos prestassem atenção, ou tivessem tempo de assimilar, imaginava, FAREMOS UMA VIAGEM À CAPITAL...
, outra pausa, com pouco barulho neste intervalo, APENAS COM O PODER EM NOSSAS MÃOS, E NAS MÃOS DO SENHOR, PODEREMOS NÃO SER PUNIDOS PELA IRA DIVINA!
. Agora sim, barulho, cada qual exclamava à sua maneira, gritavam, pulavam, exaltavam, concordavam mas ninguém dizia nada além disso.
VAMOS DECIDIR AGORA, UM LÍDER PARA A EXPEDIÇÃO, QUE SERÁ COMANDADA PELO PRÓPRIO DEUS, E POR MIM, COMO SEU ÚNICO MENSAGEIRO!
. Silêncio absoluto. Liderança? Sequer sabiam o conceito dessa palavra. Toda sua vida foram comandados, apenas ouvir o termo liderança
já lhes causava tremores, alguns grunhiram coisas inaudíveis, entreolhavam-se. QUEM, POR DEUS, LIDERARÁ A EXPEDIÇÃO?
.
Carlos já não podia estudar, sequer ler, a não ser que soubesse ler as marcas de cinzas, mas isso seria considerado feitiçaria e heresia punível com torturas e posterior desprezo e exílio, amava seus pais, não poderia ser exilado. Por alguns segundos prevaleceu o silêncio. O Mestre enchia os pulmões para bradar novamente, até que viu um braço tímidamente erguer-se do meio do rebanho. O pulmão que se enchia de oxigênio e gases tóxicos deixara de inflar, e sua expressão tornou-se confusa, apontou o braço erguido e sorriu. VENHA ATÉ AQUI!
. O caminho que deveria andar durante a expedição com certeza seria menor do que o corredor que levava ao Mestre. Os olhares de seus futuros inimigos seriam mais suaves do que os olhares de medo e assombro que viu ali. Mas sua vida poderia mudar. Poderia? Talvez.
II
Venha, pegue essa espada
. Carlos ainda não se acostumara com todo aquele aparato. É a espada ungida pelo próprio Criador, destinada a uma grande missão em seu nome
. Atrás de si havia uma enorme fileira de soldados, todos trajavam um uniforme branco e preto, com alguns detalhes em vermelho, levavam à direita do cinto espadas rústicas, e ao lado esquerdo, velhas armas enferrujadas provavelmente datadas do final do século XX. Vá meu irmão, salve-nos todos em nome de Deus!
.
Houve uma salva de tiros pela guarda oficial do Mestre.
Partiram todos os soldados. Marchavam entoando hinos e louvores; após certo tempo a marcha ficou totalmente fora de ritmo, mas isso não importava, dentro de