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Sombras e outros contos
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Sombras e outros contos
E-book56 páginas39 minutos

Sombras e outros contos

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Sobre este e-book

"Os olhares de seus futuros inimigos seriam mais suaves do que os olhares de medo e assombro que viu ali. Mas sua vida poderia mudar. Poderia? Talvez."

"Sombras e outros contos" traz como conto principal "Sombras", uma visão distópica de uma sociedade regida pela religião num cenário pós-tecnológico. Nessa coletânea também se encontram "Família número três" e "Pequenos fatos", ambos selecionados para publicação em coletâneas pela Editora Andross; além de "Roberto Alba, 496", "A estranha passageira", "Tic Tac", "Sentimentos a outrém" e "Vielas".

IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de jul. de 2016
ISBN9781370074709
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    Sombras e outros contos - Fabio Domingues

    I

    O MUNDO VAI ACABAR!, era o que todos diziam, Carlos também pensava assim; ou crescera pensando, era o que seus pais o diziam, e como os foi dito pelo Mestre. O mundo vai acabar!, era o que o Mestre estava dizendo neste momento, num dia particularmente mais quente do que os outros, num templo enorme e com pouca ventilação, o que tornava o calor quase insuportável, mas esse calor não era nada comparado às chamas do Inferno; pelo menos era o que todos ali afirmavam dando graças a Deus pelo calor que passavam longe daquele lugar temível e escuro.

    SE NÃO FIZERMOS ALGO, SERÁ NOSSO FIM!. Carlos nunca sabia quando diziam algum conselho ou davam alguma ordem, talvez fosse um discurso ambíguo; já havia lido sobre em algum momento da sua vida. E ele ficava ali, apenas observando, às vezes expressava alguma coisa, assim como seus pais o faziam durante as reuniões, tinha certo receio de ser o diferente dali. Ser diferente era ruim.

    EM UM MÊS!, ele gostava de bradar sua ordens de forma pausada, para que todos prestassem atenção, ou tivessem tempo de assimilar, imaginava, FAREMOS UMA VIAGEM À CAPITAL..., outra pausa, com pouco barulho neste intervalo, APENAS COM O PODER EM NOSSAS MÃOS, E NAS MÃOS DO SENHOR, PODEREMOS NÃO SER PUNIDOS PELA IRA DIVINA!. Agora sim, barulho, cada qual exclamava à sua maneira, gritavam, pulavam, exaltavam, concordavam mas ninguém dizia nada além disso.

    VAMOS DECIDIR AGORA, UM LÍDER PARA A EXPEDIÇÃO, QUE SERÁ COMANDADA PELO PRÓPRIO DEUS, E POR MIM, COMO SEU ÚNICO MENSAGEIRO!. Silêncio absoluto. Liderança? Sequer sabiam o conceito dessa palavra. Toda sua vida foram comandados, apenas ouvir o termo liderança já lhes causava tremores, alguns grunhiram coisas inaudíveis, entreolhavam-se. QUEM, POR DEUS, LIDERARÁ A EXPEDIÇÃO?.

    Carlos já não podia estudar, sequer ler, a não ser que soubesse ler as marcas de cinzas, mas isso seria considerado feitiçaria e heresia punível com torturas e posterior desprezo e exílio, amava seus pais, não poderia ser exilado. Por alguns segundos prevaleceu o silêncio. O Mestre enchia os pulmões para bradar novamente, até que viu um braço tímidamente erguer-se do meio do rebanho. O pulmão que se enchia de oxigênio e gases tóxicos deixara de inflar, e sua expressão tornou-se confusa, apontou o braço erguido e sorriu. VENHA ATÉ AQUI!. O caminho que deveria andar durante a expedição com certeza seria menor do que o corredor que levava ao Mestre. Os olhares de seus futuros inimigos seriam mais suaves do que os olhares de medo e assombro que viu ali. Mas sua vida poderia mudar. Poderia? Talvez.

    II

    Venha, pegue essa espada. Carlos ainda não se acostumara com todo aquele aparato. É a espada ungida pelo próprio Criador, destinada a uma grande missão em seu nome. Atrás de si havia uma enorme fileira de soldados, todos trajavam um uniforme branco e preto, com alguns detalhes em vermelho, levavam à direita do cinto espadas rústicas, e ao lado esquerdo, velhas armas enferrujadas provavelmente datadas do final do século XX. Vá meu irmão, salve-nos todos em nome de Deus!.

    Houve uma salva de tiros pela guarda oficial do Mestre.

    Partiram todos os soldados. Marchavam entoando hinos e louvores; após certo tempo a marcha ficou totalmente fora de ritmo, mas isso não importava, dentro de

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